Relatório de Estabilidade Financeira I Semestre 2013



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Transcrição:

Relatório de Estabilidade Financeira I Semestre 2013

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I Semestre 2013 3

4 Relatório de Estabilidade Financeira Publicação semestral do Banco Nacional de Angola (BNA) É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira, volume x, nº x. Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos. Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráficos de autoria exclusiva do Banco Nacional de Angola. Banco Nacional de Angola Av. 4 de Fevereiro nº 151 - Luanda - Angola Caixa Postal 1243 Tel.: (+244) 222 679200 www.bna.ao IMAGEM Objectivo Do Relatório De Estabilidade Financeira No âmbito das atribuições conferidas ao Banco Nacional de Angola, por intermédio da sua Lei Orgânica, Lei n.º 16/10, de 15 de Julho, para a prossecução da política económica do Executivo, compete-lhe, além da condução, execução, acompanhamento e controlo das políticas monetária, financeira, cambial e de crédito, velar pela estabilidade do sistema financeiro nacional, assegurando, com essa finalidade, a função de financiador de última instância. Assim, em virtude desta prerrogativa, impende sobre o mesmo o dever de elaborar e publicar, com periodicidade regular, Relatórios relativos às suas atribuições, entre os quais o Relatório de Estabilidade Financeira. O presente relatório tem como objectivo principal identificar potenciais riscos para o sistema financeiro angolano e dar a conhecê-los ao mercado. Tendo presente que não é a única instituição financeira com influência na estabilidade do sistema financeiro angolano, o conteúdo deste documento reflecte apenas as análises e opiniões do Banco Nacional de Angola.

I Semestre 2013 5 Índice Geral SUMÁRIO EXECUTIVO 10 1. Enquadramento Macro económico-financeiro 12 1.1. Apreciação Global 12 1.2. Contextualização Internacional 14 1.3. Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro 18 1.4. Perspectivas para o Segundo Semestre de 2013 26 2. Operações dos Mercados Monetário e Cambial 27 2.1. Operações de Regulação Monetária 27 2.1.1. Emissão de Títulos do Banco Central 27 2.1.2. Operações de Mercado Aberto (OMA) 28 2.1.3. Grau de Execução das Operações de Regulação de Liquidez 28 2.2. Outras Operações Monetárias 28 2.2.1. Facilidades Permanentes de Liquidez 28 2.2.2. Redesconto 29 2.3. Evolução das Taxas de Juro e de Câmbio 29 2.3.1. Taxas de Juro da Política Monetária 29 2.3.2. Taxas Nominais de Juro de Títulos do Mercado Primário 30 2.3.3. Taxa LUIBOR 31 2.4. Operações Cambiais 32 2.4.1. Taxas de Câmbio 33 2.5. Evolução da Liquidez 34 2.6. Base Monetária 35 3. Sector Externo 35 3.1. Grau de Abertura da Economia 36 3.1.1. Taxa de Cobertura Global das Importações 36 3.2. Conta de Bens 37 3.2.1. Reservas Brutas 38 4. Sistemas de Pagamentos 38 4.1. Disponibilidade 38 4.2. Distribuição das operações ao longo do dia 38 4.3. Exposição ao Risco 39 4.4. Desempenho do Serviço de Compensação de Valores (SCV) 39 4.5. Desempenho do Subsistema Multicaixa - Terminais de Pagamento Automático 40 4.6. Desempenho do Subsistema de Transferências a Crédito 40 4.7. Concentração do Suporte Tecnológico a nível dos Sistemas de Pagamento 41

6 5. Organização do Sistema Financeiro 41 5.1. Estrutura e Composição 41 5.2. Localização de Rede de Agências e Dependências 43 6. Supervisão Prudencial 44 6.1. Sistema Bancário - Visão Geral 44 6.1.1. Activo 44 6.1.2. Passivo 45 6.1.3. Capital Próprio 47 6.2. Adequação do Capital 47 6.3. Qualidade dos Activos e Risco de Crédito 48 6.4. Rendibilidade 53 6.5. Liquidez e Gestão de Fundos 55 6.6. Sensibilidades a Variação de Mercado 59 6.7. Estabilidade Financeira 60 6.8. Testes de Sensibilidade do Sistema Bancário 61 6.8.1. Análise de Cenário 61 6.8.2. Análise de Sensibilidade da Taxa de Câmbio 62 7. Supervisão Comportamental 63 7.1. Educação Financeira 63 7.1.1. Taxa de Bancarização 66 7.2. Processos de Reclamação 67 7.2.1. Reclamações por tipo de cliente 68 7.2.2. Reclamações por matérias 68 7.2.3. Estado dos processos de Reclamações 69 7.2.4. Reclamações por resultados 69 7.2.5. Reporte estatístico de reclamações dos Bancos 70 7.2.6. Portal do Consumidor de Produtos e Serviços Financeiros 71 7.3. Processos de Condições Contratuais 71 7.3.1. Estado das Condições Contratuais 72 7.3.2. Tipologia dos Cartões 72 7.3.3. Condições Contratuais por Bancos 73 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO BNA 74 SIGLAS 74 ANEXO : 74 Anexo 1: Liquidez (analise de cenário) Tipologia de Activos 74 Anexo 2 - Balanço 74 Anexo 3 - Demonstração de Resultados 74

I Semestre 2013 7 Índice de Gráficos Gráfico 1 - Cobweb da Estabilidade Macroeconómica em Angola 12 Gráfico 2 Evolução dos Indicadores que compõem a Cobweb 13 Gráfico 3 Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional 14 Gráfico 4 Índice de Clima Económico Mundial 15 Gráfico 5 Índice de Volatilidade - VIX 16 Gráfico 6 Yields das obrigações de Governos internacionais a 10 anos 16 Gráfico 7 Cor Tier 1 do Sistema Bancário Internacional 17 Gráfico 8 Índice de Preços das Commodities 18 Gráfico 9 Crescimento Económico do Sector Petrolífero e não Petrolífero 18 Gráfico 10 Evolução da Estrutura do PIB 19 Gráfico 11 Produção de Petróleo vs. Preço de Ramas Angolanas 19 Gráfico 12 Reservas Internacionais Líquidas e Variação Mensal KZ/USD 20 Gráfico 13 Indicadores Cambiais 20 Gráfico 14 - Inflação 21 Gráfico 15 Crédito Líquido ao Governo Central e BT de 90 dias 22 Gráfico 16 Crédito à Economia e Depósitos 22 Gráfico 17 índice de Vulnerabilidade Financeira 23 Gráfico 18 Índices de Herfindall Hirschman: Concentração das Quotas de Mercado e Concentração Sectorial23 Gráfico 19 Componente do M2 por níveis de Liquidez 24 Gráfico 20 Multiplicador Monetário 24 Gráfico 21 Grau de Aprofundamento Financeiro 25 Gráfico 22 Indicadores Crescimento de Crédito 25 Gráfico 23 Evolução da Taxa de Câmbio 33 Gráfico 24 Grau de Abertura da Economia 36 Gráfico 25 Taxa de Cobertura das Importações 36 Gráfico 26 Conta de Bens 37 Gráfico 27 Conta Corrente vs. PIB 37 Gráfico 28 Reservas Brutas e Meses de Importação de Bens e Serviço 38 Gráfico 29 Indisponibilidade SPTR por Sessão (em hh:mm) 38 Gráfico 30 Distribuição dos Pagamentos no SPTR 39 Gráfico 31 Montante dos Cheques e Ordens de Saque Compensados 40 Gráfico 32 N.º TPA Activos versus Não Activos 40 Gráfico 33 Numero das Transferências efectuadas no STC 41 Gráfico 34 Activo Total por Controlo Accionário 42 Gráfico 35 Crédito Total por Controlo Accionário 42 Gráfico 36 Crédito Mal Parado por Controlo Accionário 42 Gráfico 37 Depósitos Totais por Controlo Accionário 42 Gráfico 38 Resultado Liquido por Controlo Accionário 43 Gráfico 39 Quota de Mercado por Número de Agências 43

8 Gráfico 40 Composição do Activo em Junho de 2012 44 Gráfico 41 Composição do Activo em Junho de 2013 44 Gráfico 42 Activo por Moeda 44 Gráfico 43 Composição Passivo em Junho de 2012 46 Gráfico 44 Composição do Passivo em Junho de 2013 46 Gráfico 45 Passivo por Moeda 46 Gráfico 46 Solvabilidade 48 Gráfico 47 Rácio de Solvabilidade por nº de Bancos 48 Gráfico 48 Crédito Total/Activo 49 Gráfico 49 Crédito por Sector de Actividade Económica 50 Gráfico 50 Crédito Mal Parado/ Crédito Total 50 Gráfico 51 Provisões Crédito Mal Parado/ Crédito Mal Parado 51 Gráfico 52 Crédito Mal Parado na Africa Subsariana 51 Gráfico 53 Activo Remunerado / Activo Total 53 Gráfico 54 ROA e ROE 53 Gráfico 55 Rentabilidade dos Activos 54 Gráfico 56 Rentabilidade dos Capitais Próprios 54 Gráfico 57 Composição da Margem Financeira em Junho de 2013 55 Gráfico 58 Margem Financeira/ Resultado Liquido 55 Gráfico 59 Evolução dos Níveis de Liquidez 56 Gráfico 60 Disponibilidades e Aplicações de Liquidez 56 Gráfico 61 Desfasamento por prazo no sistema financeiro 57 Gráfico 62 Composição da Liquidez 58 Gráfico 63 Crédito Total/Depósito Total 58 Gráfico 64 Activos Líquidos sem Títulos/ Activo Total 58 Gráfico 65 Activos Remunerados / Passivo Remunerados 59 Gráfico 66 Exposição Cambial Aberta Líquida/ Fundos Próprios Regulamentares 60 Gráfico 67 Índice de Estabilidade Financeira 60 Gráfico 68 Matriz de Risco 61 Gráfico 69 Estrutura de Liquidez 62 Gráfico 70 Estrutura de Liquidez 62 Gráfico 71 Volatilidade de Taxa de Câmbio 63 Gráfico 72 Evolução Homóloga das Contas e Cartões 63 Gráfico 73 Evolução Homóloga das Contas por Bancos 64 Gráfico 74 Contas por Províncias (Iº Trimestre e IIº Trimestre 2013) 64 Gráfico 75 Tipologia de Documentos IIº Trimestre 2013 65 Gráfico 76 Tipologia de Movimentos em contas Bankita 65 Gráfico 77 Estrutura por Género IIº Trimestre 2013 65 Gráfico 78 Estrutura Etária IIº Trimestre 2013 66 Gráfico 79 Estrutura por Actividade Profissional 66

I Semestre 2013 9 Gráfico 80 Evolução da Taxa Estimada de Bancarização 67 Gráfico 81 Contribuição das Contas Bankita para a Bancarização IIº Trimestre 2013 67 Gráfico 82 Reclamações por Tipo de Bancos 68 Gráfico 83 Reclamações por Tipo de Cliente 68 Gráfico 84 Reclamações por Matéria 69 Gráfico 85 Estado dos Processos de Reclamações 69 Gráfico 86 Estado das Condições Contratuais 72 Gráfico 87 - TIPOLOGIA DOS CARTÕES 72 Gráfico 88 Condições Contratuais por Bancos 73 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 Crescimento do PIB 26 Tabela 2 Operações no Mercado Aberto e TBC 28 Tabela 3 - Facilidade de Absorção de Liquidez Overnight 29 Tabela 4 Taxas de Juro Médias Politica Monetária 30 Tabela 5 Taxas de Juro Mercado Primário 30 Tabela 6 Taxa Luibor 31 Tabela 7 Venda de Divisas 32 Tabela 8 Evolução da Liquidez 34 Tabela 9 Stock Base Monetária 35 Tabela 10 Listagem de Bancos 41 Tabela 11 - Crédito por Sector Institucional 49 Tabela 12 Crédito por Sector de Actividade Económica 50 Tabela 13 Crédito Vencido por Sector de Actividade Económica 52 Tabela 14 Depósitos por Sector de Actividade 52 Tabela 15 Gaps de Liquidez 57 Tabela 16 Gaps de Liquidez por Moeda 57 Tabela 17 Reclamações por Resultados 70 Tabela 18 Reporte Estatístico por Tipos de Bancos 70 Tabela 19 Visitantes do Portal por Países 71

10 SUMÁRIO EXECUTIVO No primeiro semestre de 2013, apesar dos níveis de vulnerabilidade fiscal e cambial ligeiramente superiores aos registados no semestre homólogo do ano precedente, os riscos subjacentes ao sistema financeiro angolano associados ao seu enquadramento macroeconómico situaram-se em níveis reduzidos, devido à tendência favorável das condições macroeconómica e financeira dos seguintes factores: i) da actividade internacional por via de uma menor incerteza, que tem influenciado a recuperação da economia mundial, ii) do sector real e estabilidade de preços em virtude do maior poder multiplicador da moeda através do crédito e iii) da desaceleração progressiva da evolução do índice de preços internos. O canal de transmissão dos riscos para o sistema financeiro angolano continua a observar-se pela dependência que as contas externas têm face às exportações petrolíferas do impacto da sua variabilidade nas receitas fiscais e, consequentemente, nas necessidades de financiamento do Estado, nas taxas de juro e nos recursos disponíveis dos bancos comerciais para a expansão e diversificação do crédito à economia. Nessa perspectiva, o Estado angolano visando uma maior estabilidade macroeconómica, tem em curso a implementação de um conjunto de medidas, para atenuar os impactos fiscais e económicos dos choques externos, em que se destacam i) a constituição do Fundo Soberano, ii) a criação de condições para a constituição de um mercado secundário de dívida pública para promover a diversificação das fontes de financiamento à economia, bem como, iii) a criação de condições para o aumento do nível de produção de petróleo para compensar a diminuição do preço desta commodity no mercado internacional, que se prevê ocorrer no ano de 2013. No âmbito da programação fiscal, está prevista uma maior arrecadação de recursos, resultantes do diferencial do preço de petróleo e espera-se que a obrigação de movimentação de contas em moeda nacional para liquidação de bens e serviços fornecidos por entidades residentes, em decorrência da nova Lei cambial para o Sector Petrolífero, reforce a utilização da moeda nacional, estimule a criação de novos produtos financeiros; bem como o crescimento e diversificação do sistema financeiro. A regulação de liquidez, através das Operações de Mercado Aberto, foi o principal instrumento de controlo da liquidez utilizado pelo BNA, permitindo a esterilização de excedentes de liquidez e a evolução equilibrada dos agregados monetários, tendo a Base Monetária se situado em nível compatível com os objectivos da sua programação. O equilíbrio da evolução dos agregados influenciou por outro lado a inflação no período, que se situou em 9,19%, próximo da meta estipulada no programa macro executivo para este ano, de 9,00%. O Sistema de Pagamentos de Angola- SPTR manteve a sua regularidade funcional e disponibilidade no primeiro semestre de 2013, não obstante eventuais situações de risco potencial inerente à própria actividade, relativas à exposição ao risco operacional no SPTR e a dependência acentuada dos participantes dos subsistemas da SPA a um número reduzido de fornecedores de software de sistemas de pagamentos e core banking, bem como, as falhas de energia e de rede de internet. Relativamente à estabilidade do sistema financeiro, destaca-se a publicação, de normas sobre a Governação Corporativa e o Controlo Interno, e a submissão à consulta pública de propostas de normas sobre i) Grandes Riscos e Limites de Concentração, ii) Risco País e Garantias Recebidas, bem como, o lançamento de um estudo de impacto de uma possível revisão das regras prudenciais sobre provisões. O volume de negócios da banca continuou a expandir-se, com o crescimento dos índices de depósitos e créditos. Contudo, a actividade bancária continua concentrada em 5 (cinco) Bancos.

I Semestre 2013 11 Os Bancos de capitais privados nacionais registaram maior volume de negócio, maior captação de depósitos e maiores resultados, enquanto, os Bancos de capitais privados estrangeiros foram os que mais financiaram a economia e registaram menores níveis de atrasos no reembolso do crédito. Por sua vez, os Bancos de capitais públicos nacionais apresentaram menor volume de negócio, captaram menos depósitos, influenciando deste modo o seu nível de intermediação financeira. O agregado de bancos revelou capacidade adequada de cumprir com as suas obrigações de curto prazo. Contudo, a qualidade dos activos deteriorou-se devido ao aumento considerável do crédito vencido e dos níveis altos de concentração do crédito por sector de actividade económica. Os níveis de rentabilidade, por seu lado, apesar de favoráveis, diminuíram comparativamente ao período homólogo. Na generalidade, o sistema bancário angolano continua a demonstrar nível de capitalização suficiente para suportar os riscos económicos e financeiros, proporcionado pela acumulação das reservas e pelos resultados transitados, o que se reflecte no alto nível de solvabilidade do sistema bancário, 17,98%. Os resultados das análises de sensibilidade revelam a permanência de um rácio acima dos 10%, nos choques de apreciação e depreciação da taxa de câmbio, bem como nos cenários de migração 1 (um) e 2 (dois) níveis de risco de crédito, com excepção do cenário extremo de uma migração para 3 (três) níveis de risco, em que o sistema bancário apresentaria um rácio de solvabilidade de 1,67% muito abaixo do limite mínimo regulamentar. De igual modo, o sistema bancário demonstra resiliência a um cenário de levantamentos de 50% do total de depósitos e na eventualidade de um cenário extremo de levantamentos de moeda (corrida aos Bancos), necessitaria de apenas Kz 1.114.000 milhões, cerca de 26,35% dos depósitos. No primeiro semestre, o Índice de Estabilidade Financeira, revelou maior estabilidade do sistema financeiro em relação ao período homólogo, influenciado pelo aumento dos activos líquidos e pela maior capacidade de os Bancos honrarem os seus compromissos de curto prazo com terceiros, bem como pela maior estabilidade cambial reflectida na diminuição dos níveis de variação da taxa de câmbio face o dólar. Relativamente à inclusão financeira, o primeiro semestre foi caracterizado pelo contínuo aumento dos níveis de inclusão financeira, consubstanciados no crescimento das contas Bankita, em todo o território nacional e do nível de bancarização da economia angolana. Destaca-se para o efeito o sucesso da campanha Bankita, bem como maior nível de penetração da rede bancária a nível nacional. 1 A metodologia do IVF é fornecida pela caixa 1.

12 1. Enquadramento Macro económico-financeiro 1.1. Apreciação Global O desempenho registado no PIB não petrolífero em 2012, tal como nos sectores dos Transportes, Energia, Construção e Obras Públicas, induziu o crescimento real da economia angolana em cerca de 5,18%, que representou uma ligeira aceleração relativamente ao período anterior. Já em 2013, está projectado um abrandamento do nível de actividade económica real, esperando-se uma taxa de crescimento em torno de 5,14%. Tal como no ano anterior, é expectável que este crescimento seja impulsionado por um desenvolvimento contínuo do sector não petrolífero, subjacente a um programa de investimentos públicos destinado a estimular a diversificação da economia. Estas perspectivas favoráveis pesaram na manutenção da classificação da dívida pública angolana em BB-, atribuída pela Fitch em Maio do presente ano, assim como o outlook em positivo, sugerindo que existem perspectivas favoráveis à sua evolução e consequentemente uma melhoria do rating na próxima avaliação. Esta tendência é também justificada pela Agência de rating que aponta a redução da vulnerabilidade externa, a implementação de reformas macroeconómicas e adopção de medidas preventivas pelo Executivo. Adicionalmente foram identificadas melhorias na política monetária e na estabilidade da taxa de câmbio no mercado oficial, como factores importantes que contribuíram para que o crescimento anual do IPC tenha permanecido num dígito. Segundo as projecções mais recentes do FMI, os preços internacionais do petróleo deverão registar uma redução anual de 4,70% nos próximos dois anos. O governo pretende aumentar a produção média diária de 1,78 milhões de barris (mdb) registados em 2012 para 1,84 mdb em 2013. Portanto, o aumento da produção petrolífera em Angola poderá compensar parte da alteração dos preços desta matéria-prima, esperada para 2013. De referir que, segundo o Banco Mundial, a actividade associada à inauguração da produção de gás natural liquefeito em Junho de 2012 poderá adicionar 2 pontos percentuais (p.p.) ao crescimento do PIB em 2013, caso a produção atinja o máximo da capacidade instalada. Em termos gerais, a partir do mapa de estabilidade macroeconómica, Cobweb, infere-se que os riscos subjacentes ao sistema financeiro angolano associados ao seu enquadramento macroeconómico situam-se em níveis bastante reduzidos face aos seus respectivos referenciais históricos. De facto, o desempenho dos indicadores macroeconómicos mais relevantes demonstrou uma crescente estabilidade, facto que tem caracterizado a economia angolana. Todavia, os níveis de vulnerabilidade fiscal e cambial são superiores aos registados no semestre homólogo. Gráfico 1 - Cobweb da Estabilidade Macroeconómica em Angola Vulnerabilidade Actividade Internacional 5 Vulnerabilidade De Condições Monetárias e Financeiras Vulnerabilidade Externa Vulnerabilidade Fiscal Vulnerabilidade Cambial Vulnerabilidade da Estabilidade de Preços Vulnerabilidade do Sector Real 2009 - II Semestre 2008 - II Semestre 2011 - I Semeste 2012 - I Semestre 2013- I Semestre Fonte: Bloomberg, BNA, FMI, AIA, MINFIN, INE-Angola, Ministério do Planeamento, Ministério dos Petróleos, CESifo, SNL, Thomson Reuters, Banco de Portugal.

I Semestre 2013 13 A redução acentuada dos níveis de risco, no primeiro semestre de 2013, deveu-se sobretudo ao desempenho macroeconómico do País, resultante da recuperação da produção petrolífera, proporcionando elevadas receitas que contribuíram para o aumento das reservas internacionais, bem como do crescimento contínuo do sector não petrolífero. Por outro lado, a inflação decresceu para 9,19%, no final do período em análise, na vizinhança da meta estipulada pelas autoridades para este ano (9,00%). Apesar de uma magnitude menor do risco cambial, a Cobweb evidencia um agravamento do mesmo, motivado fundamentalmente pelo spread entre as taxas de câmbio no mercado formal e informal, e uma maior vulnerabilidade fiscal devido à expansão dos gastos do executivo programados para 2013. Podese visualizar a evolução dos indicadores subjacentes ao mapa da Cobweb, no gráfico abaixo. Gráfico 2 Evolução dos Indicadores que compõem a Cobweb 6,0 Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional 3,00 Índice de Vulnerabilidade Externa 4,5 2,25 3,0 1,50 1,5 0,75 0 Fev-06 Set-06 Abr-07 Nov-07 Jun-08 Jan-09 Ago-09Mar-10 Out-10 Mai-11 Dez-11J ul-12f ev-13 Vulnerabilidade da Actividade Internacional Média Amostral 0,00 Jan-07 Set-07 Mai-08 Jan-09 Set-09 Mai-10 Jan-11 Set-11 Mai-12 Jan-13 Vulnerabilidade Externa Média Amostral 4 Índice de Vulnerabilidade da Estabilidade de Preço 5,00 Índice de Vulnerabilidade Câmbial 3 3,75 2 2,50 1 1,25 0 Fev-06 Set-06 Abr-07 Nov-07 Jun-08 Jan-09 Ago-09Mar-10 Out-10 Mai-11 Dez-11J ul-12f ev-13 Vulnerabilidade da Estabilidade de Preço Média Amostral 0 Mar-07 Set-07 Mar-08 Set-08 Mar-09 Set-09 Mar-10 Set-10 Mar-11 Set-11 Mar-12 Set-12 Mar-13 Vulnerabilidade Cambial Média Amostral 5,00 Índice de Vulnerabilidade do Sector Real Índice de Vulnerabilidade Fiscal 5,00 3,75 3,75 2,50 2,50 1,25 1,25 0 Ago-07 Jan-08 Jun-08 Nov-08 Abr-09 Set-09 Fev-10 Jul-10 Dez-10M ai-11o ut-11m ar-12a go-12j an-13j un-13 Vulnerabilidade do Sector Real Média Amostral 0 Jan-07 Jul-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 Jul-09 Jan-10 Jul-10 Jan-11 Jul-11 Jan-12 Jul-12 Jan-13 Vulnerabilidade Fiscal Média Amostral Índice de Vulnerabilidade de Condições Monetarias e Financeiras 4,00 3,25 2,50 1,75 1,00 Dez-06 Fev-07 Abr-07 Jun-07 Ago-07 Out-07 Dez-07 Fev-08 Abr-08 Jun-08 Ago-08 Out-08 Dez-08 Fev-09 Abr-09 Jun-09 Ago-09 Out-09 Dez-09 Fev-10 Abr-10 Jun-10 Ago-10 Out-10 Dez-10 Fev-11 Abr-11 Jun-11 Ago-11 Out-11 Dez-11 Fev-12 Abr-12 Jun-12 Ago-12 Out-12 Dez-12 Fev-13 Abr-13 Jun-13 Vulnerabilidade de Condições Monetárias e Financeiras Média Amostral Fonte: Bloomberg, BNA, FMI, AIA, MINFIN, INE-Angola, Ministério do Planeamento, Ministério dos Petróleos, CESifo, SNL, Thomson Reuters, Banco de Portugal. Cálculos efectuados pelo BNA.

14 1.2. Contextualização Internacional O primeiro Semestre de 2013 foi caracterizado por uma diminuição acentuada nos riscos que se podem materializar a nível global. A menor incerteza, que tem minado a recuperação da economia mundial, contribuiu para que a vulnerabilidade financeira associada à actividade internacional se situasse em níveis mais confortáveis relativamente ao período homólogo (gráfico 4). De realçar, que houve uma diminuição acentuada na percepção de riscos a nível global, em especial, à redução da incerteza sobre a política fiscal nos Estados Unidos da América e à expectativa de continuidade do Banco Central Europeu (BCE) em fornecer apoio necessário se as condições de financiamento na área do euro piorarem. As projecções de Abril do FMI apontaram uma ligeira melhoria do crescimento em 2013 e um reforço gradual do crescimento a partir de 2014. Conquanto, apesar das projecções referidas denotarem uma ligeira recuperação da actividade económica mundial, estas foram revistas em baixa, face às perspectivas macroeconómicas apresentadas no início do ano. Importa destacar a heterogeneidade no desempenho das diversas economias, a que surgem associados riscos de natureza diferente. Por um lado, a divergência entre os EUA e a Zona Euro tem-se acentuado, visto que, a economia norte-americana continuou a crescer a um ritmo moderado, superior ao observado nas economias avançadas, num contexto em que a conduta de política monetária teve em grande parte do semestre, um carácter expansionista. Por outro lado, no que respeita às economias emergentes e em desenvolvimento, as projecções apontam para níveis de crescimento robustos, embora inferiores às previsões anteriores. Acredita-se que este abrandamento, particularizando a China, poderá atrasar a recuperação do crescimento económico mundial. Tal contexto, a agudizar-se, representaria uma situação tendente a desencadear riscos para o sector financeiro angolano. Apesar de a China ser actualmente uma das forças mais influentes da procura global pelo crude, a relevância da adversidade deste cenário torna-se maior, se considerarmos que a economia chinesa é responsável por mais de 50% da procura que satisfaz a oferta de ramas angolanas. Deste modo, num contexto de internacionalização, os principais riscos para a economia angolana estariam associados não só a um potencial agravamento da crise da dívida soberana na Zona do Euro, como também a um pior desempenho económico dos países que compõem a procura pelas ramas angolanas. O canal de transmissão dos riscos para o sistema financeiro angolano continua a passar pela dependência que as contas externas têm face às exportações petrolíferas, do impacto da sua variabilidade nas receitas fiscais, e, consequentemente, nas necessidades de financiamento do Estado, nas taxas de juro e nos recursos disponíveis dos bancos comerciais para a expansão e diversificação do crédito à economia. Gráfico 3 Índice de Vulnerabilidade da Actividade Internacional 6 5 4 3 2 1 0 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Vulnerabilidade Actividade Internacional Média Amostral Fonte: FMI, Bloomberg, CESIfo, SNL, Thomson Reuters. Cálculos efectuados pelo DEE/BNA

I Semestre 2013 15 Do Indicador de Clima Económico produzido pelo CESifo pode-se inferir que apesar da situação actual da economia global ainda se considerar frágil, esta apresentou melhorias relativamente ao período homólogo, e que as expectativas económicas para os próximos 6 meses podem ser consideradas positivas, com o valor mais elevado (108,8 pontos) desde o 1.º trimestre de 2011. A média dos dois primeiros trimestres sinaliza um nível mais elevado em 7,61% comparativamente ao período homólogo (+95,5 p. p. neste semestre, em relação aos 88,7 pontos do semestre homólogo). Gráfico 4 Índice de Clima Económico Mundial 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Índice de Clima Económico Mundial Situação Presente Expectativa dos Próximos 6 Meses A implementação do programa Outright Monetary Transactions (OMTs), programa de compra de dívida soberana de curto prazo emitida por alguns países da Zona Euro, que foi anunciado em Setembro de 2012, ajudou a diminuir as preocupações do mercado sobre alguns aspectos de riscos soberanos, como o risco de redenominação cambial. O spread entre as yields exigidas às obrigações de 10 anos dos títulos das economias da periferia com as da Alemanha reduziram, possibilitando àquelas economias a beneficiarem das melhores condições de mercado para emitirem dívida. Convém referir que esta evolução favorável na percepção de riscos associados ao recente histórico da Zona Euro ocorrida neste semestre é contemporânea a acontecimentos potencialmente desestabilizadores. Como exemplo, no semestre em foco, o Chipre entrou numa crise bancária e soberana que poderia ter efeitos de contágio à saúde de muitos outros bancos europeus. Contudo, tal como referenciado supra, a demonstração credível das autoridades da zona monetária europeia em fornecer todo o apoio necessário para evitar que os cenários mais pessimistas se materializem, garantiu a confiança dos participantes dos mercados financeiros. Num contexto de desaceleração de preços na Zona Euro, em Maio o BCE reduziu a taxa de juros de referência para as suas operações de refinanciamento em 25 pontos base para 0,50%, e a taxa de facilidade de cedência de liquidez em 50 pontos base para 1,00%. O Banco do Japão, também optou por um novo pacote de estímulos à economia num conjunto mais amplo de medidas de política que envolve simultaneamente uma expansão orçamental do Governo e reformas estruturais. Já nos Estados Unidos da América, desde o final de 2012, a Fed manteve a taxa dos Fed Funds entre 0,00% e 0,25%, e comprometeu-se a adoptar continuamente os seus programas de Quantative Easing até existir uma melhoria substancial nas perspectivas para o mercado de trabalho norte-americano e sob a condição de que as expectativas inflacionárias permaneçam ancoradas. Contudo a evolução favorável no mercado de trabalho fez a Fed anunciar que não daria seguimento à sua recente conduta expansionista. No Reino Unido, a variação anual do IPC atingiu 2,70% em Maio, retornando ao nível médio do período entre Outubro de 2012 e Março de 2013, após declínio para 2,4% em Abril. O Banco de Inglaterra manteve a taxa de juros de renumeração das reservas de bancos comerciais (official bank rate) em 0,50%, e o programa de compra de activos através da emissão de reservas bancárias em GBP 375,00 mil milhões.

16 Esta combinação de factores foi de extremo alívio para os mercados financeiros. Neste contexto, observou-se uma acentuada redução da percepção de risco, medida pelo Chicago Board Options Exchange Volatility Index (VIX), que atingiu o nível de 11,3 pontos em 14 de Março, o menor valor desde o início da crise do subprime nos EUA. Neste contexto, tal como ilustrado no Gráfico 5, as yields da dívida soberana dos EUA, Reino Unido e da Alemanha permaneceram perto de níveis historicamente baixos, reflectindo uma maior procura por títulos de dívida soberana nas economias consideradas mais seguras. Gráfico 5 Índice de Volatilidade - VIX 90 80 70 60 50 40 30 VIX 20 10 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Gráfico 6 Yields das obrigações de Governos internacionais a 10 anos 6,000 5,000 4,000 3,000 2,000 1,000 0,000 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 ALEMANHA EUA JAPÃO INGLATERRA De referir, que a Autoridade Bancária Europeia recomendou para 2012 que os bancos europeus devessem aumentar o seu rácio core Tier 1 para além dos 10%, sendo esta recomendação executada pelos principais sistemas bancários europeus e pelos Estados Unidos da América. Este aumento reflecte, particularmente, as operações de recapitalização dos principais grupos bancários. Contudo, apesar dos níveis de solvabilidade serem maiores nos sistemas bancários, as preocupações sobre a resiliência desses sistemas permaneceram.

I Semestre 2013 17 Na Zona Euro, as operações de recapitalização têm sido essencialmente executada pela redução dos activos ponderados pelo risco e um processo de desalavancagem, cujos custos associados reflectiram parcialmente numa fraca rentabilidade desses sistemas bancários e na capacidade dos bancos em acumular lucros. A rentabilidade dos bancos dos Estados Unidos da América e do Reino Unido também foi limitada. Particularizando os indicadores de estabilidade financeira para o sistema bancário português, ao qual o Sistema Financeiro Angolano (SFA) detém elevada exposição, na sua carteira de activos internacionais, estes sugerem uma melhoria substancial nos seus níveis de liquidez. Todavia, embora os maiores níveis de solvência e para além da rentabilidade limitada, o ano de 2012 também ficou caracterizado pela materialização do risco de crédito, com o rácio de crédito mal parado a subir. Gráfico 7 Cor Tier 1 do Sistema Bancário Internacional 16% 14% 12% Rácio Capital Tier 1 10% 8% 6% 4% 2% 0% França Alemanha Itália Espanha Reino Unido Estados Unidos Portugal 2008 2009 2010 2011 2012 8,59% 10,16% 11,10% 11,30% 12,89% 8,53% 10,25% 11,47% 11,54% 13,88% 6,74% 8,29% 8,95% 9,97% 11,46% 8,53% 11,83% 12,52% 12,39% 13,27% 8,53% 11,83% 12,52% 12,39% 13,27% 10,29% 11,29% 12,37% 12,73% 13,14% 6,80% 7,90% 8,10% 9,60% 10,00% A China, país que possuí a maior parcela de investimento em Angola, registou uma desaceleração no seu crescimento, o que teve um impacto não só sobre os mercados asiáticos, mas também sobre os preços globais das commodities. Segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas da China, o crescimento homólogo da economia chinesa abrandou para 7,60% no primeiro semestre de 2013, uma descida de 0,90 pontos percentuais em relação ao crescimento do período homólogo e 0,20 pontos percentuais em relação à média de crescimento do ano passado. Com a inflação sob controlo, o Banco da República Popular da China (BOC) tomou em 2012 medidas para estimular a economia, numa tentativa de suavizar o processo de desaceleração do crescimento económico. Posto que, no período analisado, o BOC conservou a taxa da política monetária em 6,00% e as taxas das reservas obrigatórias em 18,00% para os bancos de pequena dimensão e 20,00% para os bancos de grande dimensão. O final do 1.º semestre de 2013 foi marcado por oscilações nos índices de preços das principais commodities, registandose uma tendência decrescente. Com o nível confortável de reservas petrolíferas dos EUA e com as perspectivas do abrandamento da procura global, influído pela redução da procura chinesa em importar produtos energéticos, influenciaram a descida do preço do crude. A média do índice do preço do petróleo, calculado pelo FMI no 1.º Semestre de 2013, registou uma diminuição de 5,12% relativamente ao semestre homólogo. Enquanto, em termos médios, o índice de preços das commodities excluindo o petróleo subiu 0,38% em relação ao período homólogo. Já a média do índice de preços das commodities alimentares cresceu 6,80%.

18 Gráfico 8 Índice de Preços das Commodities 300 250 200 150 100 50 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Commodities Preço do Barril (Brent) Preço dos Alimentos 1.3. Condições Macroeconómicas Internas e Desenvolvimento Financeiro Apesar dos riscos globais que podem afectar o preço do petróleo e concludentemente a economia angolana, existem factores suficientemente robustos que suportam as previsões de forte aceleração do crescimento do País. As últimas estimativas do PIB efectuadas pelo Ministério do Planeamento apontam para um crescimento real de 5,14% para 2013, sinalizando um abrandamento da actividade económica quando comparado com ano anterior (5,18%), mas superior ao crescimento verificado no ano de 2011. Neste ano, enfatiza-se o desempenho do sector da agricultura, em virtude de se observar uma recessão sectorial de 22,50%, em 2012, para uma recuperação de 8,60%, em 2013. Apesar de se prever uma desaceleração na taxa de crescimento real do PIB petrolífero em 1,72p.p., de 2012 para 2013, contudo o PIB não petrolífero continuará a ter um crescimento real notável de 6,49%, evidenciando uma aceleração de 0,85p.p. justificado pelo desempenho do sector da Energia (22,40%). Progressivamente, a actividade económica continua a diversificar-se, visando a redução da dependência das importações, o que é positivo para a saúde do sistema bancário, pois permitiria um maior enriquecimento das fontes de financiamento. Gráfico 9 Crescimento Económico do Sector Petrolífero e não Petrolífero Crescimento Económico Angolano (%) 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00-2,00-4,00-6,00-8,00 2010 2011 2012 2013 (p) PIB petrolífero -2,87-5,57 4,31 2,59 PIB não petrolífero 7,80 9,74 5,64 6,49 PIB pm 3,45 3,86 5,18 5,14

I Semestre 2013 19 Gráfico 10 Evolução da Estrutura do PIB Peso dos Sectores de Actividade Económica no PIB 60 38 15-8 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013-30 Agricultura Pescas e derivados Diamantes e outros Petróleo Indústria trasnformadora Construção Energia Serviços mercantis Outros Em termos acumulados, registou-se uma produção total de 303,25 milhões de barris, o que perfaz uma produção média diária de 1,68 mbd durante o semestre. De referir que o petróleo continua a ser o produto mais representativo do total das exportações (96,95%). Simultaneamente, o preço das ramas angolanas, contribuiu positivamente para o aumento das receitas petrolíferas. No período em análise, registou-se uma diminuição no preço da matéria-prima, tendo passado de uma média de USD 113,70/barril no primeiro trimestre de 2012 para USD 106,69/barril. Gráfico 11 Produção de Petróleo vs. Preço de Ramas Angolanas 140,00 2500,00 $/Barril 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2000,00 1500,00 1000,00 500,00 0,00 Milhões de Barril/dia Produção de Petróleo Preços das Ramas Apesar de se ter continuado a viver num clima de incerteza na arena internacional, no final do semestre, o saldo da conta de bens foi favorável para a acumulação das Reservas Internacionais Líquidas (RIL). As receitas provenientes do sector petrolífero possibilitaram o aumento das RIL para USD 32.443,13 milhões, em Junho de 2013, uma variação de 6,92% face ao período homólogo. Tal posição traduz o reforço crescente da solvabilidade externa e preservação da estabilidade cambial, como pode ser observado pela evolução da taxa de câmbio Kz/USD.

20 Gráfico 12 Reservas Internacionais Líquidas e Variação Mensal KZ/USD 4.000.000 10% 3.500.000 8% Milhões de KZ 3.000.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 6% 4% 2% 0% -2% KZ, USD (Taxa de Variação Mensal) 500.000-4% 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 RIL Variação Mensal da Taxa de Câmbio Nominal de Referência Em relação à evolução da taxa de câmbio, assistiu-se a uma depreciação da taxa média de referência, passando de Kz/ USD 95,359 em Junho de 2012 para Kz/USD 96,311 em Junho de 2013, correspondendo a uma depreciação de 1,00%. Porém, apesar da baixa volatilidade da taxa de câmbio de referência, nota-se um maior spread do valor do Kwanza face ao Dólar Norte-americano, entre o mercado formal e informal. Em economias como a angolana, devido às distorções que causam no lado real da economia, este spread costuma ser um importante factor de risco a considerar. A taxa de câmbio de referência, do mercado secundário de notas e a do mercado informal registaram depreciações de 1,00%, 1,02%e 2,47%, respectivamente, o que evidencia a evolução desproporcional das diferentes taxas de câmbio. Gráfico 13 Indicadores Cambiais 100,0000 95,0000 90,0000 85,0000 80,0000 75,0000 70,0000 65,0000 60,0000 100,0000 90,0000 80,0000 70,0000 60,0000 50,0000 40,0000 30,0000 20,0000 10,0000-2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Tx CÂMBIO Nominal de Referencia Kz/ Us$ Taxa de Câmbio Real Efectiva 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00-2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 25,0000 20,0000 15,0000 10,0000 5,0000 Volatilidade da Taxa de Câmbio Diferencial das taxas de Câmbio

I Semestre 2013 21 No primeiro semestre de 2013, registou-se uma desaceleração progressiva da evolução do índice de preços internos, conduzindo a uma inflação média mensal de 0,61%, tendo-se registado no final de Junho uma inflação homóloga de 9,19%, próxima da meta projectada até ao final do ano. A estabilidade do crescimento dos preços tem efeitos positivos sobre a economia, uma vez que garante maior solidez e confiança na moeda nacional, aumentando os níveis de poupança e estimulando os agentes económicos a investir. Este contexto permitiria uma melhoria na gestão eficiente da política monetária, um dos requisitos desejáveis para o desenvolvimento do sistema financeiro em Angola. As taxas de juro activas em moeda nacional (MN) do crédito ao sector empresarial registaram um aumento em todas as maturidades. Quanto às taxas de juro em moeda estrangeira (ME), a sua evolução foi em sentido contrário em todas as maturidades, excepto na maturidade de até 180 dias, na qual observou-se um aumento de 3,71 p.p., passando de 8,94%, no final do ano de 2012, para 12,64% em Junho de 2013. Em relação às taxas de juro do crédito a particulares observou-se uma redução na maturidade de até 180 dias, enquanto as demais maturidades aumentaram. Quanto às taxas de juro em moeda estrangeira (ME), a sua evolução foram no mesmo sentido, com excepção da maturidade a mais de 1 ano, que registou uma diminuição de 1,57 p.p., passando de 5,71%, em Dezembro de 2012 para 4,14% no final de Junho. Consequentemente, continuou a verificar-se uma diminuição nos custos de financiamento do sector empresarial, justificando os esforços de promover a diversificação da actividade económica registada. Gráfico 14 - Inflação 15% 40% Taxa de Variação Homóloga 14% 13% 12% 11% 10% 30% 13% 20% 10% 0% 9% -10% 8% I II III 2011 IV I II III IV I II III IV I II 2012 2013-20% Variação Homóloga Índice dos Alimentos (ELD) Variação Homóloga IPG Variação Homóloga IPC No período em análise as receitas fiscais arrecadadas situaram-se Kz 1.171.171,50 milhões correspondendo a um aumento de 10,47% em relação ao valor observado no período homólogo, contribuindo assim para um aumento dos depósitos do Governo Central no BNA. O crédito líquido ao Governo Central registou uma diminuição de cerca de 95,42% contra uma diminuição de 75,36%, no período homólogo do ano anterior. Na análise deste quadro pode-se inferir uma maior capacidade do Estado em autofinanciar-se, o que reflecte um indicador positivo de estabilidade orçamental.

22 Gráfico 15 Crédito Líquido ao Governo Central e BT de 90 dias 1000000 25,00% 500000 20,00% 0 15,00% -500000 10,00% -1000000 5,00% -1500000 IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II 2008 2009 2010 2011 2012 2013 0,00% Crédito líquido ao Governo Central Bilhetes do Tesouro 91 dias Continua a observar-se uma redução das necessidades de financiamento do Governo, criando oportunidades para o sistema bancário canalizar recursos que alavanquem a economia. A média do semestre em análise implicou uma taxa de transformação de 74,9%, superior em 5,57 pontos percentuais face à média do período homólogo. De referir que no mês de Junho o Comité de Política Monetária (CPM) do BNA reduziu o coeficiente de reservas de caixa incidente sobre os depósitos em moeda nacional, de 20% para 15%, visando a redução do custo do capital para os agentes que recorrem ao crédito bancário. Gráfico 16 Crédito à Economia e Depósitos 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Taxa de Transformação No primeiro semestre de 2013 o Índice de Vulnerabilidade das Condições Monetárias e Financeiras registou menor vulnerabilidade para a economia de Angola, baseado nas condições monetárias e no desenvolvimento financeiro. Pode ser verificado que, em geral, ao longo do ano o índice tem evoluído de forma oscilatória, mas abaixo da sua média amostral. Comparativamente ao ano 2011 infere-se que as condições monetárias e financeiras em Angola continuam a estar mais favoráveis.

I Semestre 2013 23 Gráfico 17 índice de Vulnerabilidade Financeira 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Vulnerabilidade De Condições Monetárias e Financeiras Média Amostral Para avaliar o grau de concentração do sector bancário, utilizou-se o índice de Herfindall Hirschman. Tal como ilustra o gráfico 18, o índice demonstra um menor grau de concentração das quotas de mercado no sector bancário, sugerindo uma maior concorrência no mesmo, comparativamente aos períodos anteriores. Adicionalmente, apesar do crédito ainda estar concentrado em 61,34% em quatro sectores de actividade económica, tem-se verificado uma maior diversificação de crédito aos sectores de actividade económica relativamente aos anos anteriores. Tal constatação está subjacente no Índice de Concentração Sectorial (Gráfico 18). Em Junho de 2013, o crédito seguiu concentrado em alguns sectores de actividade, destacando-se os sectores de Outras Actividades de Serviços Colectivos Sociais e Pessoais (20,71%), Particulares (17,63%), Comércio por Grosso ou a Retalho (16,33%) e Construção (10,23%). Este cenário sugere a existência de um elevado rácio do crédito por alguns sectores sobre a carteira de crédito total, o que pode vulnerabilizar o sector bancário perante abrandamentos dessas indústrias. A existência de um possível risco de concentração, implícito no crédito concedido aos referidos sectores, pode dar origem a um pêndulo desproporcional entre a necessidade de crédito para esses sectores e seu preço, sob pena do valor real deste último ser distorcido. Gráfico 18 Índices de Herfindall Hirschman: Concentração das Quotas de Mercado e Concentração Sectorial 0,1800 0,1700 0,1600 0,1500 0,1400 0,1300 0,1200 0,1100 0,1000 Dez/06 Mar/07 Jun/07 Set/07 Dez/07 Mar/08 Jun/08 Set/08 Dez/08 Mar/09 Jun/09 Set/09 Dez/09 Mar/10 Jun/10 Set/10 Dez/10 Mar/11 Jun/11 Set/11 Dez/11 Mar/12 Jun/12 Set/12 Dez/12 Mar/13 Jun/13 0,4000 0,3500 0,3000 0,2500 0,2000 0,1500 0,1000 0,0500 0,0000 Dez/06 Mar/07 Jun/07 Set/07 Dez/07 Mar/08 Jun/08 Set/08 Dez/08 Mar/09 Jun/09 Set/09 Dez/09 Mar/10 Jun/10 Set/10 Dez/10 Mar/11 Jun/11 Set/11 Dez/11 Mar/12 Jun/12 Set/12 Dez/12 Mar/13 Jun/13 Índice de Herfindall HH DO CRÉDITO POR SECTOR DE ACTIVIDADE ECONÓMICA Em relação à detenção de moeda por níveis de liquidez, pode-se comprovar com o gráfico 19, que os agentes económicos preferiram deter moeda na sua forma mais líquida. A componente do M2 que permite efectuar gastos de consumo na forma mais directa foi superior à do semestre homólogo. Particularizando, o grau de preferência por liquidez, quando definido como o rácio de notas e moedas em circulação com M2, aumentou em 0,72%, enquanto o rácio de depósitos à ordem com M2 aumentou em 8,84%.

24 Gráfico 19 Componente do M2 por níveis de Liquidez 10 08 Proporção do M2 06 04 02 00 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 M1/M2 QUASE Moeda/M2 Em Junho, o multiplicador monetário aumentou face ao período homólogo, passando de um rácio de 3,42 para 3,86, podendo significar um maior poder multiplicador da moeda através do crédito, como consequência do aumento do M3 (8,98%) e redução da Reserva Monetária (3,40%). Concomitantemente, este indicador poderia ressaltar uma maior capacidade dos bancos na criação de moeda (através do crédito) para um determinado número de depósitos comparativamente ao período homólogo. Gráfico 20 Multiplicador Monetário 5000000 5 3750000 3,75 Milhões de Kz 2500000 2,5 mm 1250000 1,25 0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 0 M3 RM MULTIPLICADOR MONETÁRIO A relação existente entre o M2 e o PIB não petrolífero, medida pelo grau de aprofundamento financeiro, evoluiu para cerca de 60,73%. Este baixo nível de aprofundamento financeiro indicia necessidade de maior sofisticação financeira. Tal como referido no Relatório de Estabilidade Financeira de 2012, os preceitos da nova Lei Cambial aplicável ao sector petrolífero poderão impor uma outra dinâmica na criação das condições necessárias para um maior aprofundamento financeiro, através de uma rápida expansão de liquidez dos bancos.

I Semestre 2013 25 Gráfico 21 Grau de Aprofundamento Financeiro 4 500 000,00 0,80 Milhões de Kz 3 500 000,00 2 500 000,00 1 500 000,00 0,65 0,35 M2/PIB não Petrolifero 500 000,00 Dez/06 Mar/07 Jun/07 Set/07 Dez/07 Mar/08 Jun/08 Set/08 Dez/08 Mar/09 Jun/09 Set/09 Dez/09 Mar/10 Jun/10 Set/10 Dez/10 Mar/11 Jun/11 Set/11 Dez/11 Mar/12 Jun/12 Set/12 Dez/12 Mar/13 Jun/13 0,20 Ao longo do primeiro semestre de 2013 o hiato do rácio crédito/pib, uma medida de índole macroprudencial, foi oscilante. Uma variação positiva desse hiato sugere um crescimento do crédito superior ao crescimento da riqueza gerada pela economia, o que terá exacerbado as pressões sobre o aumento do crédito vencido observado. Outra medida de natureza macroprudencial é o desvio da evolução do crédito face à sua evolução de equilíbrio de longo prazo. Esta relação registou ao longo do ano desvios positivos. Deste modo, sendo o hiato do rácio do crédito ao sector privado com o PIB positivo, pode ser inferido que o papel da intermediação financeira não esteja a acompanhar o potencial do crescimento económico. Interpretada a outra medida, o hiato do crédito à economia, infere-se que o semestre finaliza com a taxa de crédito a ser ligeiramente inferior ao seu valor óptimo (definido como uma tendência retirada pelo filtro Holdrick- Prescott). Gráfico 22 Desvio crédito/pib Face ao seu Potencial 3000000 150000 300 80 2500000 100000 250 60 2000000 50000 200 40 1500000 0 150 20 1000000-50000 100 0 500000-100000 50-20 0-150000 0-40 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 dez/08 mar/09 jun/09 set/09 dez/09 mar/10 jun/10 set/10 dez/10 mar/11 jun/11 set/11 dez/11 mar/12 jun/12 set/12 dez/12 mar/13 jun/13 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 dez/08 mar/09 jun/09 set/09 dez/09 mar/10 jun/10 set/10 dez/10 mar/11 jun/11 set/11 dez/11 mar/12 jun/12 set/12 dez/12 mar/13 jun/13 M2 Aprofundamento Financeiro Crédito à Economia E Tendência Hiato Rácio Crédito à Economia_PIB Tendência Hiato

26 1.4. Perspectivas para o Segundo Semestre de 2013 As projecções mais recentes do FMI apontam um crescimento um pouco acima dos 3,00% para 2013, continuando abaixo da previsão de 3,30%, divulgada em Abril. O Fundo também reduziu a sua previsão de crescimento em 3,80% (para 2014). Este valor é inferior ao previsto nas projecções de Abril, em grande parte devido à queda da procura interna, do crescimento em várias economias consideradas críticas, e ao prolongamento da recessão na Zona Euro. Algumas das economias dos BRICS, que tinham sido até então o motor da recuperação a nível global, contribuíram para agravar a situação, devido a uma redução do crescimento potencial destas economias, pela desaceleração do crédito e pela possibilidade das condições financeiras mundiais se tornarem menos acomodatícias. A África do Sul, o Brasil e a Rússia foram as economias emergentes que sofreram maiores revisões em baixa. Prevê-se que estas cresçam 2,5% em 2013. O crescimento económico da China foi também revisto em baixa, passando de uma previsão de 8,00% para 7,80% em 2013, em resultado de uma diminuição da procura, de uma desaceleração da produção industrial, dos sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho e por apresentar condições de mercado monetário mais rígidas. A nível regional, espera-se que neste ano a África Subsaariana continue a crescer fortemente devido ao facto da procura interna e dos preços das commodities apresentarem níveis relativamente elevados. Prevê-se que esses factores, juntamente com o fortalecimento da procura externa projectada, assegurem que o crescimento da região da SADC seja em média 4,90% em 2013 e 5,70% em 2014. Tabela 1 Crescimento do PIB Jan Abr Jun 2012 2013 2012 2013 2012 2013 2014 ECONOMIA MUNDIAL 3,20 3,50 3,20 3,30 3,20 3,10 3,80 ECONOMIAS AVANÇADAS 1,30 1,40 1,20 1,20 1,20 1,20 2,10 EUA 2,30 2,00 2,20 1,90 2,20 1,70 2,70 REUNO UNIDO -0,201,000 0,20 0,70 0,20 0,90 1,50 ZONA EURO -0,40-0,20-0,60-0,30-0,60-0,60 0,90 JAPÃO 2,00 1,20 2,00 1,60 2,00 2,00 1,20 ECONOMIAS EMERGENTES 5,10 5,50 5,10 5,30 5,10 5,30 5,40 E EM DESENVOLVIMENTO CHINA 7,80 8,20 7,80 8,00 7,80 7,80 7,70 ÍNDIA4 4,50 5,90 4,00 5,70 4,00 5,60 6,30 BRASIL1 1,00 3,50 0,90 3,00 0,90 2,50 3,20 RUSSIA3 3,60 3,70 3,40 3,40 3,40 2,50 3,30 NIGÉRIA0 - - 6,30 7,10 6,30 7,20 - ÁFRICA DO SUL 2,30 2,80 2,50 3,00 2,50 2,50 2,90 SADC 4,86 4,79 4,76 5,10 4,76 4,2 5,90 O agravamento das perspectivas para a economia mundial penaliza os preços do petróleo, principal canal de transmissão da evolução da actividade económica global para Angola, os quais foram revistos em baixa, prevendo-se uma redução anual de 4,70% nos próximos dois anos (de USD 100,09/barril em 2013 para USD 95,36/barril em 2014). Para o caso de Angola, o Banco Mundial e a OCDE, prevêem respectivamente que o País crescerá a 7,20% e 8,20% em 2013. Estas previsões assentam numa expectativa de crescimento do sector petrolífero e da exploração de gás natural liquefeito, no aumento do consumo privado e na implementação do programa de investimentos públicos em infra-estruturas, que possibilitará o crescimento da actividade da construção civil, na produção de energia eléctrica e no desenvolvimento do sector de transportes e comunicação. No entanto, refira-se que o sector petrolífero continuará a ser um importante factor no crescimento do país, representando 45% do produto total.