8º Congresso de Pós-Graduação A INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSAS Autor(es) DAYANNE TEODORO DA SILVA LÍVIA ROBLES DE CAMARGO Orientador(es) ELI MARIA PAZZIANOTTO FORTI 1. Introdução Segundo a organização mundial de saúde (OMS), a população idosa é definida como aquela a partir dos 60 anos de idade nos países em desenvolvimento e acima de 65 anos nos países desenvolvidos (SCHNEIDER; IRIGARAY, 2008). A capacidade do individuo em realizar atividades básicas da vida diária (ABVD s), até as ações mais complexas, que se relacionam com as atividades instrumentais da vida diária (AIVD s), como ir a locais distantes utilizando transporte, fazer compras, preparar a própria refeição, arrumar a casa, lavar e passar, tomar remédio na hora correta, cuidar das finanças e usar o telefone, para uma vida independente pode ser definida como capacidade funcional (CF). Em idosos é comum observar uma diminuição da CF devido principalmente, a redução da capacidade do sistema cardiorrespiratório, nervoso e osteo-muscular (CAMARA et al., 2008; CÂMARA; SANTARÉM; SCHNEIDER; MARCOLIN; DALACORTE, 2008). Rosa et al. (2003) observam que a CF também é influenciada por fatores psicossociais, demográficos, culturais e socioeconômicos, que estão relacionados diretamente ao estilo de vida de cada individuo como fumo, bebida, comida em excesso, prática de atividade física, sedentarismo, estresse e relações sociais. Segundo Matsudo et al. (2001) e Rogatto et al.(2009) a atividade física é definida como qualquer movimento corporal que resulte em um gasto energético acima dos níveis de repouso. Nos dias atuais, a atividade física está sendo considerada por profissionais da saúde como um fator importante para o sucesso do processo do envelhecimento. Visto que a capacidade funcional depende da eficiência em desenvolver as atividades diárias, sendo elas ABVD s ou AIVD s, são utilizados testes físicos para avaliar a capacidade funcional do idoso, que permitem verificar desde possíveis alterações longitudinais da capacidade funcional até o resultado de intervenções baseadas em programas de atividade física. Mesmo com a complexidade da rotina diária e heterogeneidade da população idosa, a capacidade funcional pode ser avaliada de forma global em um único teste, o teste de caminhada de seis minutos (CAMARA, 2008). Nos últimos anos o teste de caminhada de seis minutos (TC6) tem sido utilizado frequentemente na prática clínica e em pesquisas, avaliando as respostas globais e integradas dos sistemas envolvidos durante o exercício, principalmente o estado funcional do sistema cardiovascular e respiratório, além de programas de prevenção, reabilitação e terapêutico. A diminuição da distância percorrida está relacionada com dificuldades em realizar as AIVD s (CAMARA, 2008; BRITO; SOUZA, 2003; PIRES et al., 2007; TRISLTZ, 2007).
2. Objetivos Avaliar os efeitos da atividade física sobre capacidade funcional de mulheres idosas. 3. Desenvolvimento Trata-se de uma pesquisa experimental, que foi realizada nas dependências da igreja católica Nossa Senhora Auxiliadora, bairro Cidade Jardim na cidade de Americana-SP (grupo da 3ª idade praticantes de atividade física) e na igreja católica Santo Antonio bairro Santa Rita de Cássia na cidade de Santa Bárbara d Oeste-SP (grupo não praticante de atividade física). Participaram desse estudo, 20 voluntárias, idosas, que foram divididas em 2 grupos: praticantes de atividade física (PAF) as quais praticavam ginástica localizada e aeróbia; e não praticantes de atividade física (NPAF). Foram incluídas no estudo mulheres com idade entre 60 a 75 anos, no grupo de PAF, deveriam praticar atividade física orientada e supervisionada, com freqüência mínima de três vezes por semana, já para o grupo NPAF, não poderiam participar de nenhum tipo de atividade física orientada, supervisionada e com freqüência maior que duas vezes por semana. Foram excluídas do estudo indíviduos cardiopatas, portadores de doença pulmonar, doenças e/ou dores incapacitantes, tabagistas, obesas (IMC > 30kg/m²), com hipertensão arterial e diabetes mellitus não controlados. As participantes da pesquisa foram avaliadas através de uma ficha de avaliação contendo dados pessoais, sinais vitais, características antropométricas, além de questionamento sobre a prática da atividade física e doenças. Para mensurar a capacidade funcional foi realizado o teste de caminhada de seis minutos. As pacientes foram orientadas a caminhar em uma superfície plana durante 6 minutos, o mais rápido possível, sem correr, o terapeuta não acompanhou as participantes e, sim as informou sobre o tempo transcorrido além de incentivá-las verbalmente a cada minuto. Foi utilizado a Escala de Borg Modificada para quantificar a percepção de dispnéia e cansaço de membros inferiores, que é uma escala vertical de 0 a 10, onde 0 representa nenhum sintoma e 10 sintoma máximo (CAVALLAZZI et al., 2005; ROSA et al., 2006) As variáveis pressão arterial e frequência respiratória foram verificadas em repouso, antes do início do teste e no 6º minuto, imediatamente após o término do teste, enquanto que as variáveis frequência cardíaca e Borg de dispnéia e de membros inferiores foram verificadas em repouso, no 3º minuto e no 6º minuto. As voluntárias foram orientadas a interromper o teste no caso de dores em membros inferiores, fadiga, taquicardia ou qualquer outro fator limitante. Após o final dos seis minutos a distância percorrida foi anotada. Para a realização do teste foram necessários os seguintes equipamentos: balança, cronômetro, trena, monitor de frequência cardíaca, esfigmomanômetro e estetoscópio. Para a interpretação dos resultados do TC6 e sua posterior comparação estes foram expressos como porcentagem dos valores previstos. O cálculo do valor previsto, ou de referência, para a distância no TC6, foram realizados por meio das equações propostas por Enright e Sherril (1998), determinando-se o percentual do previsto para cada teste realizado segundo recomendado por Troosters et al., (1999). Mulheres: Distância TC6 (m) prevista = (2,11 x altura cm) (2,29 x peso kg) (5,78 x idade) + 667m. Análise Estatística: para a análise dos resultados foi utilizado o teste Kolgomorov Smirnov e os testes não paramétricos de Mann-whitney e de Wilcoxon. Onde um valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. 4. Resultado e Discussão Observa-se que a caracterização da amostra em relação a idade e a antropometria das voluntárias PAF e NPAF, foi constatado que não houve diferença significativa, comprovando tratar-se de um grupo homogêneo. A média e desvio padrão, da idade e das características antropométricas das voluntárias estão descritas na tabela 1. Quando conferidos os valores da distância percorrida prevista entre as voluntárias do grupo PAF e NPAF, não foi evidenciada diferença significativa (Tabela 2). Já na comparação dos valores da distância percorrida obtida entre as voluntárias do grupo PAF e NPAF, pode-se observar diferença significativa, evidenciando que as voluntárias do grupo praticantes de atividade física atingiram uma distância maior que a do outro grupo (Tabela 2). Quando comparados os valores da distância percorrida prevista e a obtida, para o grupo de voluntárias PAF, não foram evidenciadas diferenças significativas, evidenciando que as voluntárias do grupo PAF atingiram a distância prevista para a sua idade, peso e altura dentro do TC6 (Tabela 3). Por outro lado, quando comparados os valores da distância percorrida prevista e obtida, para o grupo de voluntárias NPAF, foram evidenciadas diferenças significativas, evidenciando que as voluntárias do grupo NPAF não atingiram a distância prevista para a sua
idade, peso e altura dentro do TC6 (Tabela 3). O TC6 foi bem aceito e tolerado por todas as participantes, não havendo nenhuma ocorrência inesperada durante a realização do teste. Pires et al., (2007) realizaram um estudo para correlacionar a distância percorrida no TC6 entre diferentes faixas etárias. Foram avaliados 122 voluntários, saudáveis e sedentários, com idade entre 18 e 80 anos que foram divididos em três grupos de acordo com a faixa etária. No grupo acima de 60 anos a distância percorrida obtida foi de 457,39 ± 64,1 metros. No presente estudo a distância percorrida obtida das voluntárias não praticantes de atividade física foi de 369,30 ± 65,5 metros. Essa diferença pode estar relacionada com o fato de Pires et al.2007 terem realizado o trabalho com voluntários de ambos os sexos o que não ocorreu no presente estudo. Barata et al., (2005) realizaram um estudo com 25 mulheres com idade entre 64 e 82 anos que praticavam dança, hidroginástica ou atividades domésticas, 90 minutos por semana, e atividades domésticas, sendo consideradas sedentárias, onde a média da distância percorrida no TC6 foi de 371,0 ± 86,1 metros, comparando com o presente estudo, as idosas PAF percorreram uma distância maior, enquanto que as idosas NPAF percorreram distância similar ao mesmo. Esse resultado similar pode estar relacionado com o fato de que as voluntárias de Barata et al., (2005) praticavam um tempo menor de atividade física do que as voluntárias desta estudo. Krause et al., (2007) em um estudo semelhante, observou um declínio da aptidão cardiorrespiratória em idosas não praticantes de atividade física, o que também pode ser observado neste estudo através da menor distância percorrida do grupo não praticante de atividade física. Coelho e Burini (2009) afirmam que a pratica de atividade física pode interferir positivamente na capacidade funcional de idosos e, Mota et al.2006 ressalta que a atividade física melhora a capacidade funcional do idoso e consequentemente sua saúde e qualidade de vida. Cripriani et al.,(2010) realizaram um estudo com idosas com média de 69,26 anos, aplicaram um programa de atividade física durante 10 meses, avaliando a capacidade funcional, antes e após o programa, através de testes de flexibilidade, coordenação, agilidade / equilíbrio dinâmico, resistência de força e resistência aeróbia geral, onde o índice de aptidão funcional geral (IAFG) foi obtido através da somatória dos testes. Observaram melhora no IAFG das idosas participantes do programa, demonstrando que mesmo com o processo do envelhecimento é possível melhorar a aptidão física dos idosos e, como consequência facilitar o desenvolvimento das AVD s dos mesmos. Considerando que com o decorrer do processo de envelhecimento há um declínio na capacidade funcional, neste estudo pode-se evidenciar que os idosos que praticam atividade física têm um menor declínio da CF do que os que não praticam atividade física. Demonstrando, que a atividade física é um importante fator para se obter uma melhor CF no processo de envelhecimento, melhorando, assim, a qualidade de vida dos idosos, pois facilita a execução das AVD s e AIVD s. 5. Considerações Finais Conclui-se que há uma redução sobre capacidade funcional de idosas, porém quando submetidas a atividades físicas observa-se valores em níveis esperados. Referências Bibliográficas BARATA, V.F.; GASTALDI, A.C.; MAYER, A.F.; SOLOGUREN, M.J.J. Avaliação das equações de referência para predição da distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos em idosos saudáveis brasileiros. Rev Bras de Fisioter, v.9, n.2, p.165-171, 2005. BRITTO, R.R.; SOUSA, L.A.P. Teste de caminhada de seis minutos uma normatização brasileira. Fisioter em Mov, v.19, n.4, p.49-54, 2006. CAMARA, F.M.; GEREZ, A.G.; MIRANDA, M.L.J.; VELARDI, M. Capacidade funcional do idoso: formas de avaliação e tendência. Acta Fisiatr, v.15, n.4, p. 249-256, 2008. CÂMARA, L.C.; SANTARÉM, J.M.; FILHO, W.J. Atualização de conhecimentos sobre a prática de exercícios resistidos por indivíduos idosos. Acta Fisiatr, v.15, n.4, p.257-262, 2008. CAVALLAZZI, T.G.L.; CAVALLAZZI, R.S.; CAVALCANTE, T.M.C.; BETTENCOURT, A.R.C.; DICCINI, S. Avaliação do uso da Escala Modificada de Borg na crise asmática. Acta Paul Enferm, v.18, n.1, p.39-45, 2005. CIPRIANI, N.C.S.; MEURER, S.T.; BENEDETTI, T.R.B.; LOPES, M.A. Aptidão funcional de idosas praticantes de atividades física. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v.12, n.2, p.106-111, 2010. COELHO, C.F.; BURINI, R.C. Atividade física para prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis e da incapacidade funcional. Rev Nutr, v.22, n.6, p.937-946, 2009.
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