O ATO DE PLANTAR ÁRVORES PROPORCIONANDO MELHORIAS NO ESPAÇO E NA QUALIDADE DE VIDA DO USUÁRIO (730)



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Transcrição:

O ATO DE PLANTAR ÁRVORES PROPORCIONANDO MELHORIAS NO ESPAÇO E NA QUALIDADE DE VIDA DO USUÁRIO (730) BARON, Morgana (1) ; MEDVEDOVSKI, Nirce Saffer (2) (1) Acadêmica em Arquitetura e Urbanismo, bolsista FAPERGS no Naurb UFPel, Pelotas/RS (ganabaron.rs@hotmail.com) (2) Profª. Dra. Associada FAUrb UFPel, coordenadora do Naurb UFPel, Pelotas/RS (nirce.sul@gmail.com.br) Resumo A vegetação no meio urbano permite a integração do espaço construído com as áreas verdes a fim de formar a paisagem da cidade. As árvores, os arbustos e outras plantas menores constituem elementos de composição e de desenho urbano que auxiliam na estrutura das cidades caracterizando os ambientes por suas formas, cores e modo de agrupamento e assim organizam, definem e até delimitam espaços. A pesquisa apresenta embasamento no tema arborização, com estudo de caso no bairro Porto em Pelotas. Ao buscar efetivas soluções de transformação urbana procura-se tirar partido do elemento árvore para qualificar a moradia de interesse social e seu entorno. Realizou-se um levantamento com mapeamento visual das principais ruas do bairro a fim de identificar informações referentes à implantação e manutenção arbórea no local. Com o auxílio da bibliografia foram formuladas variáveis físico-espaciais para análise dos estudos de caso. Dessa forma, pretende-se desenvolver uma espécie de catálogo elegendo alguns dos possíveis arranjos com soluções urbanísticas compreendidas entre: porte, espécie e posicionamento da árvore. Os moradores da Balsa poderão considerar, amparados pelo catálogo, opções físicas viáveis atuantes na transformação das frentes de seus lotes. A ideia principal é que mudando a situação paisagística de cada moradia local, a ação será intensificada trazendo mudanças em uma realidade urbana de Pelotas que aparentemente encontra-se esquecida. Palavras-chave: Arborização, Requalificação Urbana, Ação Participativa. Abstract The vegetation in the urban environment allows for integration of the built environment with green areas to form the city's landscape. Trees, shrubs and other plants are smaller elements of composition and urban design to assist in characterizing the structure of city environments by their shapes, colors and so well organized and assembly, to define and enclose spaces. The research foundation presents the theme trees, with a case study in the neighborhood in Port Pelotas. In seeking effective solutions for urban transformation seeks to take advantage of the element tree to qualify for social interest housing and its surroundings. We conducted a survey of visual mapping of the main streets of the neighborhood to identify information regarding the implementation and maintenance of trees on site. Thus, with the aid of references were made to the physic-spatial analysis of case studies. Therefore, we intend to develop a sort of catalog electing some of the possible arrangements with urban solutions between: size, type and placement of the tree. Residents of Ferry may consider, supported by the catalog, physical options viable active in the transformation of the fronts of their lots. The main idea is that changing the situation of each local housing landscape, action will be enhanced by bringing changes in an urban reality of Pelotas is apparently forgotten. Keywords: Arborization, Urban Requalification, Participatory Action.

1. INTRODUÇÃO A vegetação no meio urbano permite a integração do espaço construído com as áreas verdes a fim de formar a paisagem da cidade. As árvores, os arbustos e outras plantas menores constituem elementos de composição e de desenho urbano que auxiliam na estrutura das cidades caracterizando os ambientes por suas formas, cores e modo de agrupamento e assim organizam, definem e até delimitam espaços. (MASCARÓ, 2010). Falcón (2007) afirma ser a árvore a principal protagonista dos benefícios meio ambientais proporcionados pelo verde urbano. Mascaró (1996) argumenta na mesma direção descrevendo a árvore como forma vegetal mais característica da paisagem urbana, à qual se incorpora em estreita relação com a arquitetura ao longo da história. Considerada hoje mais em sua condição de ser vivo que como objeto de composição espacial, contribui para se obter uma ambiência urbana agradável. O tratamento da massa de vegetação proporciona noção de espaço, condição de sombra e de frescor, mas também ornamento frente às estruturas permanentes dos edifícios. Mascaró (2010) enfatiza uma importante característica da árvore, oferecer sombra, assim, além de proteger aos edifícios da insolação indesejada, matiza suas superfícies planas, criando um efeito de filtro dinâmico. Nesse sentido, Gouvêa (2002) faz referência a tais propriedades e lembra que as árvores funcionam como elemento de purificação do ar nas áreas urbanas além de elavar a umidade realtiva do ar e minimizar os efeitos das partículas em suspensão como a poeira (FIG. 1). No contexto brasileiro é comum ver muitas intervenções urbanas que não utilizam a vegetação nem se preocupam com o que deveria ser seu objetivo primeiro: atender e melhorar a vida das pessoas. Por isso, a vegetação poderia ser bem mais utilizada para corrigir e melhorar problemas de proporção e escala como os formados por massas de construções descontínuas, enorme quantidade de postes, muros, semáforos, fiações, outdoors e tanta poluição visual. (ABBUD, 2006). Além disso, Mascaró (2010) acrescenta que a vegetação deveria ser usada também, para promover a biodiversidade e o bem estar dos habitantes, valorizam áreas, servem como complementação alimentícia e fonte de remédios para as populações carentes, embelezando seus deteriorados espaços de moradia. A pesquisa é desenvolvida na cidade de Pelotas-RS, especificamente no bairro Porto, região popularmente chamada Balsa. Uma área histórica, que vivenciou forte decadência econômica que refletem nas deficiências de infraestrutura, saneamento básico além de encontrar dificuldades em adquirir melhorias urbanísticas já que essa se encontra aparentemente esquecida pelo poder público. Figura 1- Croquis esquemáticos mostrando os benefícios da implantação arbórea Fonte: Gouvêa, 2002: 93 e 126

2. OBJETIVO A pesquisa apresenta embasamento no tema arborização e pretende usar a massa arbórea como revés para qualificar o espaço urbano. Desse modo, as ações de requalificação da Balsa buscam-se empregar representações da informação de fácil assimilação pela comunidade, tais como ilustrações, fotos, mapas e croquis usando o elemento árvore já que esse proporciona inúmeros benefícios para o meio urbano. Esse trabalho, desenvolvido na Universidade Federal de Pelotas, compreende parte de um subprojeto da pesquisa SOCIOTIC financiado pelo FINEP, que busca o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para viabilizar as Tecnologias Sociais (TS) e ampliar a interação de forma participativa da comunidade. O estudo de caso é na região da Balsa, onde se desenvolve o projeto de extensão da universidade na busca soluções de transformação social através do uso da arborização como elemento de qualificação da moradia de interesse social e da ambiência urbana que a envolve. 3. JUSTIFICATIVA A pesquisa apresentada foi motivada através de um projeto de extensão interdisciplinar da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) chamado Programa Vizinhança, que identificou a necessidade de estabelecer relações com a comunidade vizinha ao novo Campus da UFPel, localizado no antigo Frigorífico Anglo. O programa constatou que a região se encontrava carente de infraestrutura urbana e outros serviços. O uso das ferramentas de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), sua aplicação aliada ao conhecimento podem permitir o diálogo com a comunidade portuária e, desse modo, promover mudanças no olhar dos usuários frente a sua realidade, justificando assim a possibilidade de interação da comunidade num processo de construção conjunta no esforço de amparar o local com benefícios físicoespaciais. Esse estudo faz parte de uma pesquisa mais ampla abordando o tema de desenvolvimento em Tecnologia Social (TS) em Habitação de Interesse Social (HIS), na cidade de Pelotas-RS, em que o tema da arborização urbana se enquadra no subtema de requalificação participativa da infraestrutura do bairro. A região de estudo (FIG. 2) é formada por moradias precárias e apresenta sérios problemas de infraestrutura urbana. Através da aplicação do Diagnóstico Rápido Participativo Urbano (DRUP), constatou-se quais são as necessidades prioritários ao olhar dos usuários, onde a carência de árvores foi detectada como um dos temas predominantes na opinião da comunidade. Figura 2- Vistas aéreas da Balsa no bairro Porto em Pelotas/RS

4. METODOLOGIA A primeira etapa do trabalho que foi desenvolvida dentro do projeto de Extensão Vizinhança e constituiu na aplicação do DRUP na Balsa. A análise desse resultado se deu pelo recurso de mapas conceituais, através da ferramenta Cmap Tools, e por hierarquização de palavras-chaves. Quatro temas foram os mais citados, sendo eles: pavimentação, segurança, arborização e cuidado com os resíduos sólidos. Posteriormente ocorreu uma revisão bibliográfica e estudos de casos que abordaram a proposta da participação dos moradores na ação de qualificação do bairro através do plantio de árvores proporcionando assim, a identificação do usuário com o seu espaço de uso e vivência. No seguimento foi realizado um levantamento técnico espacial com informações registradas em planta cadastral da Prefeitura de Pelotas, além de anotações complementadas por um levantamento fotográfico e de medições. O levantamento se desenvolveu em duas das principais ruas do bairro a fim de identificar, espaços viáveis para o porte arbóreo e suas restrições. A análise dos dados foi realizada com base nos parâmetros da legislação do Departamento de Políticas Ambientais da Secretaria de Qualidade Ambiental.Com base na sistematização dos dados e na análise dos resultados, o trabalho pretende formular um catálogo elegendo algumas das variáveis, tais como: porte, espécie e posicionamento da árvore. Com esse material, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) deverão amparar uma ação participativa onde a comunidade possa avaliar e escolher a melhor solução de arborização para aplicar na frente de seu lote, escolhendo os elementos do catálogo e visualizando estas escolhas através da realidade virtual. 5. RESULTADOS PARCIAIS Em um primeiro momento, foi realizado o DRUP que mostrou a vegetação como um tema relevante na região de estudo. A revisão bibliográfica contribuiu para apontar os benefícios da árvore no meio urbano e as formas e restrições quanto a sua implantação e manutenção. Em seguida, ocorreu um levantamento técnico das principais ruas do bairro (FIG. 3) a fim de localizar as espécies arbóreas do local e os espaços viáveis para a implantação de árvores. Dando seguimento ao trabalho, será formulado um catálogo com diferentes soluções espaciais envolvendo a árvore como elemento compositivo. As TICs serão utilizadas para fazer uma simulação em meio virtual onde à comunidade possa visualizar as diversas alternativas para frente da sua residência e assim, realizar uma ação participativa que contribua com a infraestrutura urbana da Balsa. A simulação de alternativas de paisagem urbana, com e sem a presença da vegetação, e com possibilidade de escolha de suas características, servirá como fator motivacional dos usuários e assim, insentivar os moradores a cultivar o verde em suas moradias. Dessa maneira, a ideia principal é que mudando a situação paisagística de cada moradia do bairro, a ação será intensificada, trazendo mudanças em uma realidade na paisagem urbana de Pelotas que atualmente se encontra desqualificada.

Figura 3- Vista panorâmica da Rua Paulo Guilain (rua de maior fluxo da Balsa). REFERÊNCIAS ABBUD, Benedito. Criando paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. 3 Ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2006. DRUP Relatório Técnico Programa Vizinhança. Pelotas, CD- ROM, 2011. FALCÓN, Antoni. Espacios verdes para una ciudad sostenible: Planificación, proyecto, mantenimiento y gestión. Barcelona: Gustavo Gili, 2007. GOUVÊA, Luiz Alberto. Biocidade: Conceitos e critérios para um desenho ambiental urbano, em localidades de clima tropical de planalto. São Paulo: Nobel, 2002. MASCARÓ, Lucia. Ambiência Urbana. Porto Alegre: Sagra- D.C. Luzzatto, 1996. MASCARÓ, Lucia. Vegetação Urbana. 3 Ed. Porto Alegre: Masquatro, 2010. MASCARÓ, Juan Luis. Loteamentos Urbanos. Porto Alegre: L. Mascaró, 2003.