O presente trabalho busca refletir a produção de significados relacionados ao universo lúdico e a importância do brincar, através da disseminação das



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Transcrição:

ESPALHANDO A ARTE DE BRINCAR: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO DE EXTENSÃO LUDOTECA EM MOVIMENTO Área Temática: sociedade e educação. Anilde Tombolato Tavares da Silva (Coordenadora da Ação) Autores participantes: Anilde Tombolato Tavares da Silva 1 Palavras-chave: ludicidade, brincar, criança, educação. Resumo Cândida Alayde de Carvalho Bittencourt 2 Marta Regina Furlan de Oliveira 3 Marta Silene Ferreira de Barros 4 Sandra Regina Mantovani Leite 5 Taila Angélica Aparecida da Silva 6 O presente trabalho busca refletir a produção de significados relacionados ao universo lúdico e a importância do brincar, através da disseminação das 1 Doutora em Educação, coordenadora do projeto de extensão Ludoteca em Movimento, docente do departamento Educação da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: anildetombolato@gmail.com 2 Doutora em Educação, docente do departamento de artes visuais da Universidade Estadual de Londrina, consultora do projeto de extensão Ludoteca em Movimento. 3 Doutora em Educação, colaboradora do projeto de extensão Ludoteca em Movimento, docente do departamento Educação da Universidade Estadual de Londrina. 4 Doutora em Educação, colaboradora do projeto de extensão Ludoteca em Movimento, docente do departamento Educação da Universidade Estadual de Londrina. 5 Doutora em Educação, professora do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina, colaboradora do projeto de extensão Ludoteca em Movimento. 6 Estudante do 1º ano do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina, estagiária do projeto de extensão Ludoteca em Movimento.

atividades realizadas pelo Projeto de extensão Ludoteca em Movimento / UEL. As ações desenvolvidas pelo projeto tem apresentado resultados significativos especialmente destacando a importância do brincar como aspecto importante no desenvolvimento da criança na sua totalidade. Dentre os aspectos importantes à formação da criança destaca-se o artístico, criativo, educacional, assim como o físico, psíquico e o social. Nesse sentido, a proposta busca auxiliar as instituições tanto escolares como não escolares em relação ao atendimento da criança, visando um reconhecimento do espaço lúdico na infância. As atividades são realizadas junto às crianças e professores de uma ONG, que atua com crianças carentes e em situação de risco, Instituições de Educação Infantil e Anos Iniciais: municipal, filantrópica e particular da cidade de Londrina. Os trabalhos lúdicos realizados com as crianças objetivam valorizar a brincadeira, repensando a realidade vivida e buscando uma forma diferente de brincar e explorar a brincadeira, seja no espaço da própria instituição ou da própria Ludoteca da UEL. Busca assim, ressaltar o conhecimento do espaço, descoberta do brincar, brinquedo, jogos e brincadeiras diversas, especialmente as de origem históricas. Assim, surge o desejo de expandir para que todas as crianças possam desfrutar as diferentes possibilidades do brincar. Introdução O presente trabalho busca refletir a produção de significados relacionados ao universo lúdico e a importância do brincar, através da disseminação das atividades realizadas pelo Projeto de extensão Ludoteca em Movimento / UEL. As ações desenvolvidas pelo projeto contam com a parceria do Programa de Extensão Ludoteca/UEL e tem apresentado resultados significativos especialmente destacando a importância do brincar e dos processos criativos como aspecto importante no desenvolvimento da criança na sua totalidade. Através do espaço da brinquedoteca, localizada no campus universitário e nas ações lúdicas em uma ONG, que atua com crianças carentes e em situação de risco, em duas Instituições de Educação Infantil e Anos Iniciais: filantrópica e particular da cidade de Londrina, os trabalhos lúdicos realizados com as crianças objetivam valorizar a brincadeira, repensando a realidade vivida e buscando uma forma diferente de brincar e explorar a brincadeira, seja no espaço da própria instituição ou da própria Ludoteca da UEL. O projeto viabiliza o atendimento as crianças destas instituições, no desenvolvimento da sociabilidade e de habilidades criativas e expressivas, por meio de atividades lúdicas, sempre enfocando a importância do brincar para o desenvolvimento infantil; assim como a formação continuada de seus professores, possibilitando o acesso ao mundo lúdico do brinquedo / brincadeiras para crianças de diferentes camadas sociais e faixas etárias. Além de levar brinquedos, fantoches, jogos e outros recursos; enfatiza-se a intencionalidade das ações partindo de leituras e planejamentos organizados pelos envolvidos no projeto. E, especialmente ofertar oficinas aos educadores que atuam diretamente com as crianças no sentido de contribuir com a formação teórico e prática no sentido de ampliar seus conhecimentos em relação às necessidades das crianças.

O principal ingrediente é o brincar e este é um dos elementos que circunda os estudos realizados pelos docentes e discentes estagiários que participam do projeto e que deve ser levado muito a sério pelos seus participantes. Firmando assim, seu compromisso com a importância do brincar e a brincadeira para o desenvolvimento do ser humano. O brincar e o desenvolvimento da criança. É notório que o "brincar" vem sendo alvo de investigações desde épocas muito remotas, como na educação greco-romana Mesmo assim, sempre foi visto como "algo" sem valor, sendo que apenas nos séculos XV e XVI que nas sociedades ocidentais as crianças foram afastadas das atividades consideradas adultas e constituiu-se o brincar para as crianças. A visão da infância como um período particular, circundado pela brincadeira, somente se consolidou no século XVII. O brinquedo e brincadeira passaram a ser vistos como especifico das crianças e como algo supérfluo, passatempo. E somente na metade do século XX, é que se intensificam pesquisas que ressaltam a importância do brinquedo e da brincadeira para o desenvolvimento infantil gerando uma gama de discussões que acabam por confirmar que brincar é fundamental não só para o desenvolvimento infantil, mas para todo o ser humano. Na antiguidade, segundo Àries (1981), tanto crianças, quanto adultos participavam de atividades lúdicas e isso representava um aspecto essencial na vida dos indivíduos. As trocas grupais eram de grande relevância, onde crianças tinham seus espaços livres para jogos, porém participavam também dos jogos dos adultos. Na sociedade atual, o fator tempo e o lazer direcionado principalmente para a televisão, vem dificultando o envolvimento com atividades lúdicas, brincar nas ruas foi substituído por programas televisivos, computador ou o vídeo game. Embora os jogos e as brincadeiras tenham sobrevivido para as crianças, com o avanço tecnológico tornaram-se mais individualizados, ameaçando as interações sociais. Hoje existem crianças, principalmente das classes sociais mais elevadas, que passam horas e horas em atividades individuais, interagindo somente com máquinas. Outro agravante são atividades extra-escolares que as crianças são envolvidas como: aulas de reforço, esportes, entre outros, não sobrando tempo para o brincar livre e espontâneo. Estudos demonstram que brincar é essencial para a sobrevivência do ser humano, tanto quanto a nutrição. O brincar é fundamental para o desenvolvimento físico, social, intelectual e afetivo da criança Piaget (1971) destaca que enquanto a criança brinca, assimila o mundo ao seu redor, sem compromisso com a realidade, passa a atribuir aos objetos funções próprias, não dependendo da natureza dos mesmos. Constata-se que cada vez mais as crianças distanciam-se do brincar, por inúmeros motivos: trabalhar, estudar, não atrapalhar os adultos, e acabam assim, por perder a oportunidade de brincar que é o elemento fundamental para o desenvolvimento integral do ser humano. Muitas frases como estas: "brincar é perder tempo", "aqui não é lugar de brincar", "brincar só com jogos educativos", recheiam os meios escolares e as

famílias e cada vez mais, confirmam o mito de que brincar não e necessário, mas supérfluo. Sob esta ótica, o brincar fica separado das "coisas serias". Para Cunha (1988) enquanto brinca a criança desenvolve a curiosidade, iniciativa, auto-confiança e pode exercitar situações de aprendizagem que favoreçam a linguagem, a concentração, o pensamento e a atenção. Geralmente, identificamos o brincar somente através de atividades e condutas associadas a jogos, brinquedos e brincadeiras. Pressupõe-se, portanto, que o lúdico esteja presente nas diferentes trocas infantis, expresso pela liberdade e espontaneidade, pela satisfação e prazer, alem da motivação íntima decorrente do próprio "estar brincando". Brincar independe de objetos, jogos ou brinquedos sofisticados, pois as crianças podem "estar brincando" e com criatividade transformar, por exemplo, um pano em urna boneca e tampinhas de garrafas em um jogo. Assim, o brincar depende muito mais da atribuição do significado ou da função dada a qualquer objeto ou interação. O "brincar", dotado de natureza livre e espontânea parece a principio, incompatível com a rigidez e a busca de resultados concretos típicos da exigência social, onde se entende que o desenvolvimento é associado a estratégias sérias. Entretanto, parece que o lúdico e o prazer caminham no mesmo sentido, ou seja, propiciam a elaboração de conhecimentos e o desenvolvimento de inúmeras habilidades. Todo ser humano é forjado por suas relações sociais e históricas, construídas ao longo de suas diversas experiências sendo, produto e produtor de seu meio. Nesse sentido, Apropriar-se dos objetos da cultura, das diversas linguagens e de todo aparato criado pelo homem significa também apropriar-se da construção histórica humana, Por isso é fundamental salientar que... Ao criar a cultura humana os objetos, os instrumentos, a ciência, os valores, os hábitos e costumes, a lógica, as linguagens, criamos nossa humanidade, ou seja, o conjunto das características e das qualidades humanas expressas pelas habilidades, capacidades e aptidões que foram se formando ao longo da história por meio da própria atividade humana. (MELLO, 2007, p. 86) Nessa perspectiva, todas as atividades realizadas pelo homem em sua trajetória de vida são consideradas importantes para o seu desenvolvimento humano, sendo físico ou psíquico. Assim, consideraremos o brincar e demais atividades lúdicas como essenciais para o desenvolvimento das capacidades humanas, das relações sociais, da construção de novas idéias, hipóteses, resoluções de problemas, a criar e imaginar, além de poder adentrar na realidade social vivenciada pelo adulto. No brincar, casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais. Em outras palavras, é brincando que a criança se humaniza, aprendendo a conciliar de forma afetiva a afirmação de si mesma à criação de vínculos afetivos duradouros. (OLIVEIRA, 2000 p.7) Algo que chama a atenção, é o fato de que nossas crianças por mais que se esforcem, não conseguem acompanhar por vontade própria esse ritmo de vida do mundo adulto, do mundo moderno. Mesmo assim, como pais,

educadores e sociedade, desrespeitamos essa criança e a forçamos a acompanhar a lógica da sociedade capitalista, comandada por uma rígida lógica, onde tudo gira em torno da idéia de que tempo é dinheiro. No entanto, olhar para o mundo com os olhos de criança pode nos revelar outra forma de perceber a realidade, aponta Kramer (2007). Desta forma, para elaborar uma proposta nesta perspectiva de trabalho que respeite a criança, torna-se essencial considerar a infância como eixo primordial. No nosso entendimento, as brincadeiras fazem parte desta vivência. Mesmo que parte da sociedade atribua um baixo status social ao brincar, vendo-o muitas vezes como perda de tempo. Precisamos enquanto educadores, pesquisadores, defender o uso desta prática na instituição escolar e também fora dela. E mais do que isso, é preciso aprofundar o estudo sobre esta temática, pois se acreditarmos que a ludicidade é desnecessária, certamente esta concepção trará implicações sobre a constituição da infância. Conclusões Consideramos importante e fundamental o espaço da ludoteca, mas, buscamos como uma ramificação, ter mobilidade, levando o brincar e diversas atividades lúdicas aos diferentes espaços. O objetivo principal do PROJETO LUDOTECA EM MOVIMENTO é fazer dessas atividades não somente para as crianças, mas um trabalho de integração entre formação de professores, outros profissionais envolvidos com as instituições, e estagiários pertencentes ao projeto. Como o próprio nome ressalta, estar em movimento é lançar mão de uma proposta integradora com a comunidade, propiciando Ensino, Pesquisa e Extensão. Um movimento de ir além da Universidade, para propiciar possibilidades de desenvolver um olhar que considere a criança como sujeita de direitos, alguém com voz e vez, garantindo-lhe o direito à infância. Acreditamos que como educadores devemos enfatizar o respeito pela infância desta criança. Infância caracterizada pela criação, imaginação, fantasia, brincadeiras, características específicas desta fase que contribuem para a compreensão de mundo e apropriação de conhecimentos específicos e científicos pela criança. Através das atividades desenvolvidas pelo projeto Ludoteca em Movimento, presenciamos experiências únicas e socializantes com o brincar, possibilitamos olhares diferenciados para o desenvolvimento da criança inserida neste espaço lúdico, ampliando as formas e os entendimentos quanto à valorização do ser humano, à socialização e o crescimento como pessoa. É preciso estar disposto a trilhar um caminho em que a infância se traduz como potencialidade e o brincar tem papel fundamental. Uma infância que pela experiência do brincar não tem como princípio levar a um porto seguro, mas a um lugar de vertigem, de extravio, de perigo, da coragem de lançar-se rumo ao desconhecido, para abrir caminho na construção de sua história. Precisamos enquanto educadores, pesquisadores, defender o uso desta prática na instituição escolar e também fora dela. E mais do que isso, é preciso aprofundar o estudo sobre esta temática, pois se acreditarmos que a ludicidade é desnecessária, certamente esta concepção trará implicações sobre a constituição da infância.

Referências ARIÉS, Phillipe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. PIAGET, Jean A. A Formação do Símbolo na Criança: Jogos, sonhos e imitação. Rio de Janeiro: Zahar, 1971. CUNHA, N. H. S. Brinquedo, Desafio e Descoberta: subsídios para a utilização e confecção de brinquedos. Rio de Janeiro: MEC/FAE, 1988. FRIEDMAN, A. O direito de brincar. São Paulo: Scritta: Abrinq, 1992. MELLO, S. A. Algumas Implicações pedagógicas da Escola de Vigotsky para a educação infantil, in: Preposições: Revista quadrimemestral da FE Unicamp, 1999.. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-cultural. PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 25, n. 1, 83-104, jan./jun. 2007 OLIVEIRA, V. B. de. O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópilis, RJ: Vozes, 2000. SANTOS, S. M. P. dos. Brinquedoteca: Sucata vira brinquedo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. KRAMER, Sonia. A Infância e sua singularidade. In: BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do (orgs). Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.