Análise Sectorial OIL & GAS

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Transcrição:

Análise Sectorial OIL & GAS

Índice Enquadramento Sectorial...3 Principais Tendências...5 Análise Relativa.....7 Petrolíferas Europeias....9 Petrolíferas EUA...1 Prestadoras de Serviços...11 Conclusão...12 Glossário...12 2

Enquadramento Sectorial A presente análise pretende estudar o actual enquadramento do sector de Oil & Gas, cujo desfasamento entre a procura e oferta levou a uma reviravolta de 18º no último semestre de 214. Iniciando com uma comparação do sector vs. o mercado accionista, é interessante destacar que o crude a níveis historicamente elevados acima dos USD 1 por barril não se traduziu em ganhos superiores do sector face aos índices. Pelo contrário, as cotadas underperformaram nos últimos anos, intensificando as perdas em 214, devido às sucessivas quedas no preço, e nem o mini-rally do preço após Março de 215, que levou à estabilização de preço entre USD 5-6 por barril, inverteu esta tendência. YTD 8,81% 13,67% YTD -5,69% 1,74% 214-12,9% 4% 214-8,7% 11,39% 213 4,3% 17% 213 21,6% 29,6% 212 -,2% 14% 212 2,8% 13,41% -2,% -1,%,% 1,% 2,% -2,% -1,%,% 1,% 2,% 3,% 4,% Eurostoxx 6 Eurostoxx Oil & Gas S&P 5 S&P 5 OIL GAS Tal como previamente referido, a notável queda nos preços do crude que Oferta vs. Procura ocorreu no segundo semestre de 214 e 1 estendeu-se até Março de 215, 95 colocando o preço do ouro negro 8 próximo dos USD 4 por barril (cerca de 9 6 4 6% de desvalorização face aos 85 2 máximos), despoletou-se devido a um 8 desfasamento entre a procura e oferta. 215 Se por um lado, o crescimento anémico da economia europeia, a desaceleração das economias emergentes e a crescente adopção de outras fontes de energia Energy Intelligence Group Oil Product Demand Data Energy Intelligence Group Total Supply Data Generic 1st 'CL' Future (dta) (gás, renováveis, etc.) provocou um choque negativo no lado da procura; por outro, o boom de petróleo de xisto (shale oil) nos EUA figura como o principal catalisador do choque positivo na oferta, intensificado pela possível retirada das sanções ao Irão. Como tal, e seguindo o racional de uma das principais leis económicas - Procura e Oferta-, esta disparidade é corrigida por uma queda no preço. O impacto da exploração de petróleo e gás de xisto no mercado é facilmente identificável não só pelas maiores taxas de crescimento de produção de crude nos EUA, mas principalmente pela redução da exposição da maior economia do mundo às importações de crude (embora 12 1 3

outros países - Canadá, Argentina e China - produzam shale oil, os Estados Unidos surge como o maior player neste segmento). No entanto, esta produção é caracteristicamente mais cara (vs. exploração convencional), fragmentada (constituída por várias empresas de reduzidas dimensões) e nos EUA não pode ser exportada (excepto em casos especiais), o que exacerba os riscos associados a esta num ambiente de reduzidos preços do crude. Produção vs. Importações - EUA 14 35 3 84 25 64 2 44 15 1 24 5 4 215 DOE EIA US Crude Oil Production (MBPD) US Imports Crude Oil (dta) No passado, os desfasamentos de petróleo na esfera da oferta eram cortados pela raiz através de uma redução da produção pela OPEP Organização de Países Exportadores de Petróleo que representa 4% da produção mundial de crude. Contudo, e de forma a manter as suas quotas de mercado, num ambiente de crescente produção de shale oil, a OPEP (com especial enfâse a Arábia Saudita que explora crude aos menores preços) decidiu aumentar as quotas de produção. O objectivo é inundar o mercado, para que o preço recue até valores insustentáveis para os produtores de petróleo de xisto, provocando assim uma redução na produção de petróleo não-convencional e permitindo que a OPEP mantenha a sua quota de mercado. No entanto, a eficácia desta estratégia é questionável, dado que a produção de crude (OPEP, EUA e outros) continuou a tendência crescente desde a fatídica reunião da OPEP em Novembro de 214, que levou o crude a desvalorizar 1,23% numa única sessão. Outros vértices pressionam o racional de ajustamento via contracção da oferta: a (possível) retirada das sanções do Irão que reintroduz um player de notável dimensão e o verdadeiro preço de breakeven da produção de xisto. Ainda assim, e embora a produção não convencional apresente menor rentabilidade vis-à-vis a convencional, o (menor) custo marginal de petróleo de xisto sustenta a continuação da sua produção, mesmo aos níveis de preço actuais. De facto, casas de investimento projectam que o intervalo crítico da produção de shale encontra-se entre os USD 45 65 por barril, com preços inferiores a USD 45 a pressionar significativamente a produção de shale dos EUA e preços acima da banda superior a impulsionar esta. Em suma, um novo alvorecer ocorre no sector, onde o crude negoceia a valores distantes do standard de USD 1 por barril e sem nenhum player a ostentar a posição de Rei e Senhor. 33 32 31 3 29 Produção OPEP vs. Inventários 28 215 Bloomberg Total OPEC Crude Oil Production Output Data DOE Cushing Oklahoma Crude Oil Total Stocks Data (dta) 8. 6. 4. 2. 4

Principais Tendências As principais tendências no sector de Oil & Gas resultam da adaptação das empresas ao novo contexto de preços menores de crude, que refreou o sentimento de euforia observado no passado. Assim: O novo contexto de preços reduzidos. A U.S. Energy Information Administration estima que em 22 o WTI negoceie nos USD 73 por barril e o Brent nos USD 79/bbl. Num timeframe mais curto, e considerando o desempenho dos futuros a 5 anos vs. contractos spot, projectamos que o crude transaccione entre USD 42-56 por barril em 215. Apenas significativos (e pouco prováveis) choques à procura (aceleração no crescimento económico) ou à oferta (destruição de campos de produção devido a conflitos) poderão inverter esta alteração de um novo contexto para o anterior paradigma. 15 14 13 Projeções Preço - Brent & WTI 125 11 Contrato à vista vs Futuro 5Yr Projecção BiG Research 12 11 1 95 8 9 8 7 6 212 213 22F 225F 23F 235F 24F 65 5 35 56 42 Brent WTI Fonte: U.S. Energy Information Administration 5GM COMB Comdty ; BiG Research Generic 1st 'CL' Future Redução no investimento/capex: As petrolíferas encetaram, como resposta à queda dos preços, planos de redução de custos e investimentos em novos projectos de exploração (em 215 diminuições de 2% a 25% face a 214). Esta contracção é visível pela redução nas plataformas de extracção, com especial intensidade 21 17 13 9 Plataformas de Extração 5 215 Baker Hughes United States Oil And Gas Rotary Rig Count Data Baker Hughes Total World (ex. US) Oil And Gas Rotary Rig Count Data nos EUA, onde o preço de produção do shale apresenta níveis de rentabilidade inferiores. Consolidação do sector via M&A: O segmento de Oil & Gas norte-americano encontra-se fragmentado, com especial destaque no que se refere à subindústria do petróleo de xisto. Com a recente queda do crude é expectável que, de forma a ganhar escala e reduzir custos, ocorram fusões e aquisições. De facto, o 2º () e 3º (Baker Hughes) players do segmento de serviços petrolíferos anunciaram uma fusão 5

em finais de 214 e, já em 215 a Shell ofereceu GBP 47 mil mn pela britânica BG. A propulsar o M&A no sector de shale dos EUA encontra-se a crescente alavancagem das petrolíferas aumento de 2,5x 1 no sector entre 26 e 214 que origina boas oportunidades de aquisições dos players de reduzidas dimensões que não aguentam o pagamento de empréstimos num contexto de baixos níveis de preço por um elevado período. A aquisição pela Noble Energy da alavancada Rosetta Resources figura como exemplo. Crescente alavancagem como meio de rendibilidade para o accionista: O sector de Oil & Gas é historicamente indicado como uma das escolhas preferenciais na procura por dividendo. No entanto, o actual contexto de reduzidos preços pressiona a geração de cash flow das cotadas e consequentemente a sua capacidade de manter o pagamento de dividendos em linha com os valores distribuídos no passado. Conjuntamente, as taxas de juro reduzidas transformam o mercado obrigacionista numa alternativa de angariação de fundos atractiva, o que aumenta o risco que as majors petrolíferas invertam a tendência de reduzida alavancagem com o intuito de manter o payout para os seus accionistas (i.e. financiar dividendos via recurso a dívida). Constrangimentos no armazenamento: Uma das estratégias utilizadas pelos produtores/refinadores passa por armazenar o crude de forma a esperar por preços mais elevados para vender este. A tendência decrescente do preço de crude encetada nos 8 meses levou a que os níveis de armazenamento atingissem valores historicamente elevados, e levantaram a questão da sustentabilidade desta estratégia. Cada vez mais, o mercado receia que a redução na capacidade de armazenamento leve a que o mercado seja inundado por crude (até porque à medida que a capacidade de armazenamento diminuiu, o preço para armazenar aumenta e reduz a rentabilidade da estratégia) o que poderá pressionar ainda mais os preços, via excesso de oferta. 1 BIS Quarterly Review, Março 215 6

P/BV P/BV João Lampreia Análise Relativa Os títulos sobre análise encontram-se numerados em seguida: Geografia Sector: Oil & Gas Market Cap Avg. 3-Day Volume Dividend Yield YTD Títulos País Segmento (em Mn) (em Th. shares Traded) (em %) (em %) Statoil Noruega E&P 455.977 4.328 5,3 8,99 Exxon Mobil Corp EUA E&P e R&D 351.56 1.57 3,33-9,6 Chevron Corp EUA E&P e R&D 188.245 6.556 4,28-1,76 Royal Dutch Shell (RDSA) Holanda E&P e R&D 163.35 7.473 6,2-6,74 EUA Prestação de Serviços 114.351 5.88 2, 5,44 Total França E&P e R&D 16.754 6.44 5,48 4,8 BP Reino Unido E&P e R&D 79.92 29.8 6,48 6,47 ConocoPhillips EUA E&P 78.89 5.797 4,61-8,29 EUA Prestação de Serviços 38.84 11.262 1,51 15,95 Repsol Espanha E&P e R&D 23.219 9.342 8,42 8,65 Galp Portugal E&P e R&D 9.122 1.38 3,14 3,47 Valores denominados no câmbio doméstico Organizado por Market Cap (decrescente) E&P - Exploração e Produção/Upstream ; R&D - Refinação e Distribuição/Downstream A análise de múltiplos em seguida será realizada considerando as 11 cotadas em estudo. A análise da evolução operacional, elaborada no próximo capítulo, encontra-se dividida em 3 subgrupos petrolíferas europeias (6), petrolíferas norte-americanas (3) e prestadora de serviços (2). Tendo em conta o mais fragmentado mercado de Oil & Gas norte-americano, caracterizado por várias empresas de menor dimensão, situação exponenciada com o aparecimento de petróleo de xisto, a análise deste focar-se-á nos 3 principais players. No caso Europeu, devido ao carácter mais concentrado do sector, e embora não seja efectuado um estudo exaustivo, o número de cotadas em análise permite um overview completo. O subsector de prestação de serviços, constituído pelas empresas que fornecem equipamentos e serviços às petrolíferas, é analisado através de duas cotadas que conjuntamente dominam o sector a e uma vez que a posição relativa, dimensão e liquidez retiram atractividade a outros nomes do segmento. 3,3 2,9 2,5 2,1 1,7 1,3 Total RDSA,9 Exxon Mobil BP P/E 215E vs P/BV Statoil Galp Chevron Corp,5 Repsol 12,5 17,5 22,5 27,5 32,5 P/E215E *ConocoPhillips 3,3 2,9 2,5 2,1 1,7 1,3,9 Total RDSA Exxon Mobil Corp Statoil BP Repsol P/E 216E vs P/BV Chevron Corp Galp ConocoPhillips,5 9, 14, 19, 24, 29, P/E216E *ConocoPhillips P/E15E: 159,94x ; P/BV:1,61x Numa leitura inicial aos múltiplos de P/E e P/BV é claro o prémio a que negoceiam as cotadas norte-americanas face às europeias. De facto, a Repsol, Total e Shell destacam-se com múltiplos a desconto face ao sector, ao contrário da ConocoPhillips (com um P/E15E elevadíssimo) e das prestadoras de serviços. 7

EV/Sales EBITDA Margin João Lampreia 2,25 1,75 1,25,75 Statoil EV/Sales vs. EV/EBITDA Total ConocoPhillips Chevron Exxon Mobil Corp Repsol Galp BP RDSA,25 2, 4, 6, 8, 1, 12, 14, 16, 18, EV/EBITDA 4 35 3 25 2 15 1 Repsol 5 EBITDA Margin vs. Crescimento EPS Chevron Total Exxon Mobil Corp Galp BP RDSA Statoil *ConocoPhillips,,1,2,3,4,5,6 EPS Grwoth 16E/15E *ConocoPhillips EBITDA Margin: 26,72%; EPS Growth: 5,81% No que se refere aos múltiplos de EV/Sales e EV/EBITDA, a segregação geográfica já não é tão evidente. Não obstante, a Shell e Total continuam a apresentar um perfil mais descontado face às congéneres. As superiores margens e perspectivas de crescimento nos lucros por acção sustenta em parte os prémios relativos das empresas norte-americanas. Destaque ainda para as superiores margens de EBITDA e perspectivas de crescimento dos EPS das cotadas com maior exposição ao segmento de upstream (Statoil e ConocoPhillips), cuja historicamente mais elevada rentabilidade não apresenta significativas alterações neste novo contexto de menores preços do crude. 8

Petrolíferas Europeias 16% Tx. Crescimento Receitas (base=21) 15% Tx. Crescimento EBITDA (base =21) 14% 12% 5% 8% Total BP Royal Dutch Shell Repsol Statoil Galp % Total BP Royal Dutch Shell Repsol Statoil Galp A espanhola Repsol destaca-se pela negativa, com quedas sucessivas nas receitas e EBITDA, penalizada pela nacionalização da Repsol YPF pela Argentina, que constringiu significativamente as actividades de exploração da Repsol na América Latina. O efeito da queda dos preços de crude é comprovável pela redução no crescimento das receitas das petrolíferas em 214, em diferentes escalas. 45 Margem EBITDA 25% Tx. Crescimento Resultado Líquido (base=21) 35 15% 25 15 5% 5 Total BP Royal Dutch Shell Repsol Statoil Galp -5% Total BP Royal Dutch Shell Repsol Statoil Galp No que se refere à margem EBITDA, nota para a clara disparidade da norueguesa Statoil face as congéneres, devido ao perfil mais upstream, historicamente caracterizado por margens superiores. Por outro lado as ibéricas Repsol e Galp, com um significativo enviesamento na unidade de R&D no volume de negócios, apresentam as menores margens. Nota para a tendência decrescente do resultado líquido, com apenas a Repsol a inverter o comportamento. Net Debt/EBITDA 4 3 2 1 A Galp apresenta rácios de alavancagem significativamente superiores às peers tal disparidade é parcialmente justificada pela estratégia de investimento no segmento de E&P, que surge como driver de crescimento da empresa no futuro. Total BP Royal Dutch Shell Repsol Statoil Galp 9

Petrolíferas EUA 14% Tx. Crescimento Receitas (base=21) 14% Tx. Crescimento EBITDA (base=21) 12% 6% 8% 2% Exxon Mobil Corp Chevron Corp ConocoPhillips 6% Exxon Mobil Corp Chevron Corp ConocoPhillips A ConocoPhillips realizou um spin-off da unidade de refinação e distribuição em 211/212, criando a Phillips 66, e transformando-se apenas numa empresa de upstream. A estratégia sustenta a significativa queda em 211, em discordância com a Exxon Mobil e Chevron. Destaque também para a clara tendência de queda no EBITDA, reflectida pelas 3 cotadas em análise, mesmo em períodos de bonança nos preços de crude. 4 Margem EBITDA 15% Tx. Crescimento Resultado Líquido (base=21) 3 125% 2 75% 1 Exxon Mobil Corp Chevron Corp ConocoPhillips 5% Exxon Mobil Corp Chevron Corp ConocoPhillips A evolução das receitas e margem EBITDA da ConocoPhillips encontra-se em claro contraciclo, com a aposta no segmento de E&P a beneficiar a margem EBITDA. Não obstante a maior rendibilidade do sector de E&P, a queda nos preços de crude na 2ª metade de 214 penalizou a margem EBITDA da ConocoPhillips, ao contrário da Chevron e Exxon, cuja diversificação permitiu o suavizar desse efeito. Em linha com a evolução do EBITDA, a rubrica de resultado líquido também observa uma tendência descendente. Net Debt/EBITDA 1,5 -,5 Exxon Mobil Corp Chevron Corp ConocoPhillips Embora o rácio de dívida líquida relativamente ao EBITDA ostente uma trajectória ascendente nos últimos 2 anos, é importante destacar os reduzidos valores de alavancagem. De facto, o sector de Oil & Gas é caracteristicamente pouco alavancado, com apenas as produtoras de shale que financiaram a sua expansão via leverage a registarem posições financeiras mais débeis. 1

Prestadoras de Serviços Tx. Crescimento Receitas (base=21) Tx. Crescimento EBITDA (base=21) 19% 19% 16% 16% 13% 13% A e exibem um comportamento positivo no que se refere à evolução de receitas. Contudo, e analisando a rubrica de EBITDA, é possível verificar uma divergência nos desempenhos das cotadas, com a a encetar quedas sucessivas em 212 e 213. Posteriormente, e em seguimento de um programa de redução de custos criado devido a depressão nos preços de crude, a recuperou a tendência positiva. Margem EBITDA Tx. Crescimento Resultado Líquido (base=21) 3 2% 18% 25 16% 2 14% 12% 15 Semelhantes conclusões são obtidas na análise da margem de EBITDA e Resultado Líquido, com a a registar uma evolução mais volátil. De facto, e embora registando uma queda em 214, a apresenta em todos os períodos uma rendibilidade operacional superior, atribuível talvez à sua posição de liderança no mercado. 1,5 1,5 Net Debt/EBITDA As prestadoras de serviços também registam alavancagens reduzidas, em linha com o sector. Não obstante, a figura desfavoravelmente nos últimos períodos, comparativamente a. 11

Conclusão O contexto actual do sector de Oil & Gas origina grandes desafios para as majors petrolíferas. Após quatro anos de estabilidade de preços (USD 1 por barril) o ouro negro perdeu o seu brilho ao encetar uma queda de 6% em pouco mais do que 9 meses. Os problemas estruturais que estabeleceram o sentimento negativo excesso de oferta vs. desaceleração na procura não apresentam solução no curto-prazo, criando um novo paragdima de reduzidos preços do crude. Não obstante, a redução de planos de investimento e consolidação do sector via M&A, como respostas ao actual ambiente depressivo de preços permitem diferenciar oportunidades de investimento interessantes. Na esfera europeia, o mix geográfico e de segmentos (upstream e downstream) permite que a Total e Shell suavizem o efeito adverso dos preços baixos e continuem a evidenciar um perfil operacional interessante. Conjuntamente, os múltiplos a desconto face aos peers (europeus e norte-americanos) e underperformance relativa face aos peers europeus de menor dimensão sustentam a preferência pelas cotadas supracitadas a nível global. 1No caso norte-americano, a Exxon Mobil e Chevron apresentam desempenhos operacionais e perfis de múltiplos alinhados, e negoceiam a desconto face aos congéneres geográficos (incluindo prestadoras de serviços). Adicionalmente, a menor exposição ao preço do crude nos mercados internacionais reduz o seu risco e justifica a visão positiva sobre estas no bloco americano. View Sectorial & Stock Picking Visão Sector Neutral Glossário Picks Long Total Royal Dutch Shell Upstream Segmento de exploração e produção (E&P) do crude. Corresponde à primeira fase na cadeia de valor do crude. Downstream Segmento de refinação e distribuição (R&D) do petróleo. Corresponde à segunda fase na cadeia de valor do crude. Brent Petróleo bruto leve do Mar do Norte. Representa um dos principais benchmarks de preço do petróleo numa esfera global. West Texas Intermediate (WTI) Petróleo bruto refinado nos EUA, representado o benchmark de preço nessa região. Os seus superiores custos de transportes sustentam o histórico desconto do WTI face ao Brent. 12

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