Processo: CONCORRÊNCIA N.º 005/2006 Assunto: JULGAMENTO RECURSO ADMINISTRATIVO - HABILITAÇÃO Recorrente: TAMA ENGENHARIA LTDA A Comissão Permanente de Licitação - CPL da Centrais Elétricas de Rondônia S/A CERON, formalmente designada por meio da RES-097/2006, julga e responde o Recurso Administrativo interposto pelo Licitante TAMA ENGENHARIA LTDA, com fulcro na Lei 8.666/93, Art. 109, 4º, e demais dispositivos aplicáveis, nos termos a seguir aduzidos: Dos Fatos Trata-se de recurso administrativo interposto onde a autora alega que: 1) atende ao critério de capacidade técnica, através de cópia do contrato e aditivos firmados entre a recorrente e Alusa Engenharia Ltda., para levantamentos topográficos e projetos executivos do Programa Luz para Todos na Unidade de Negócios Sul - UNS; 2) anexou cópia do contrato de prestação de serviços como comprovação de capacidade técnica e procedimento habitual em processos licitatórios; 3) no item 10.5.3 do Edital, não faz menção alguma da necessidade da empresa ter registrado em seu nome atividades objeto do edital, esta obrigatoriedade está vinculadas ao acervo técnico do profissional; 4) as 80 AEP s levantadas pela Recorrente e aprovadas pela Recorrida são, não apenas semelhantes, mas exatamente o mesmo formato do objeto do Edital, e que não cabe dizer que as obras deveriam estar registradas em nome da Recorrente, pois em momento algum o edital menciona tal necessidade. Encerra seus argumentos requerendo que seja provido o recurso, para reconsiderar a decisão da CPL, acatando as razões e declarando-a habilitada à concorrência nº 005/2006. Das Contra-razões Chamadas a manifestarem-se na defesa de seus interesses, além de outras informações, foi dito pelas licitantes: Construtora e Instaladora Rondonorte Ltda. 1) que a interpretação do edital foi equivocada pela Recorrente, pois o item 10.53 é solicitado a apresentação de no mínimo um atestado de capacidade técnica e o documento apresentado é um contrato de prestação de serviços auxiliares para elaboração de projetos, ou seja, contratação de mão-de-obra sem elaborar projetos, e que em diligencia a comissão poderá comprovar que a responsabilidade técnica do contrato não é da recorrente e sim da Alusa S.A ; 2) que pelos documentos apresentados a Recorrente não conseguiu comprovar que já elaborou projeto de redes elétricas. Conclui solicitando que seja mantida a decisão inicial, com a continuidade de inabilitação da Recorrente. CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala 05 78.916-623 Porto Velho RO 1/5
EPLAN, Engenharia, planejamento e Eletricidade Ltda. 1) atestado de capacidade técnica tem que ser em nome da parte interessada, contratos e outros documentos não tem o condão de substitui-lo; 2) a recorrente ao apresentar a documentação exigida, não o fez dentro das exigências do edital; 3) Recorrente não exercitou a seu direito de impugnar o edital no tempo determinado; 4) que o objeto licitado tem que ser exeqüível e exigências editalícias cumpridas, se não, estará caracterizado o vício impregnado na licitação. Conclui solicitando seja recebida a impugnação dando-lhe provimento para manter inabilitada a Recorrente. Mosquini Engenharia Ltda. 1) a empresa não cumpriu o que determina o item 10.5.3 do edital, não comprovando que possui capacidade técnica; 2) que o documento apresentado não é um atestado de capacidade técnica e sim um contrato de prestação de serviços, não pode essa CPL se ater a Cláusulas Contratuais para dirimir quanto a capacidade técnica; 3) a licitante não apresentou na ato da habilitação o documento solicitado, sendo intempestiva a apresentação nesta data; 4) a CPL não se equivocou, mas fez tão somente proferir a decisão administrativa, sem excesso de formalismo, sem exigência ilegal e muito menos sem ferir o princípio da igualdade, zelando pelos ditames da lei que norteiam os recursos públicos. Conclui sua peça recursal, pedindo, sem nenhuma mácula, pela observância da lei e que se mantenha a inabilitação da licitante. NO MÉRITO Registra-se que no decorrer da publicação do certame, não houve qualquer impugnação ao procedimento licitatório, sendo, portanto aceito pela Recorrente as condições estipuladas em Edital, que conforme ensina a doutrina e jurisprudência é a Lei interna entre as partes, sancionada pela Recorrente ao formalizar sua proposta. O edital traz as seguintes exigências: 10.5.1 registro ou inscrição no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREA, da sede da licitante, comprovando possuir como responsável técnico engenheiro eletricista, sendo que o mesmo deverá ser detentor de acervo técnico expedido pelo CREA, demonstrando já ter executado uma das seguintes obras no mínimo: Seccionamento de circuitos de RDU; construção, ampliação e reforma de RDU em 13,8 kv ou superior. CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala 05 78.916-623 Porto Velho RO 2/5
10.5.2 prova de possuir em seu quadro de pessoal, engenheiro eletricista, detentor de acervo, demonstrando já ter executado os serviços de elaboração de projeto, objeto deste edital.. A comprovação do vínculo com a licitante poderá ser feita através de: 10.5.3 no mínimo 01 (um) atestado de capacidade técnica fornecido por empresa do setor elétrico, pública ou privada, demonstrando já ter executado serviços de elaboração de projetos de RD com características iguais ou semelhantes ao objeto deste Edital; Como podemos observar, tratam-se de exigências distintas, ou seja, uma é a capacidade técnico-profissional e a outra capacidade técnica- operacional. O Tribunal de Contas da União, em seu livro intitulado Licitações & Contratos - Orientações Básicas, ensina: Página 125: Qualificação técnica O licitante interessado na execução de obras, prestação de serviços ou fornecimento de bens para a Administração deverá qualificar-se tecnicamente para participar de licitações públicas. (...) A comprovação de capacidade técnica, no caso de licitações relativas a obras e serviços, dar-se-á mediante atestados fornecidos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais competentes, e por meio de certidões de acervo técnico (CAT). (grifo e negrito nosso) Página 126: A qualificação técnica para participação em licitações de obras e serviços pode ser exigida tanto do licitante quanto da existência de profissional capacitado pertencente ao seu quadro permanente de pessoal. (grifo e negrito nosso) CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala 05 78.916-623 Porto Velho RO 3/5
Página 129: Será solicitado atestado de capacitação técnica, tanto do profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido por entidade competente, como das empresas participantes da licitação, com fulcro no inciso I do parágrafo 1º, c/c o inciso II do art. 30 da Lei nº 8.666/1993 e Artigo nº 37, inciso XXI da Constituição Federal, sem, contudo, vincular este atestado ou declaração à execução de obra anterior. Decisão 767/1998 Plenário (grifo e negrito nosso) Portanto inexistem dúvidas quanto a legalidade das exigências distintas claramente expressas no Edital. Não existe qualquer previsão legal, que ampare a substituição do Atestado de Capacidade Técnica por Contrato de Prestação de Serviços. A Recorrida desconhece qualquer procedimento habitual em processos licitatórios que permita anexar cópia de contrato como comprovação de Capacidade Técnica. E ainda, dizer que Também não cabe dizer que estas obras deveriam estar registradas em nome da Tama Engenharia Ltda, pois no Edital, em momento algum é mencionado essa necessidade, conforme transcrição do item 10.5.3 acima. mostra total desconhecimento de procedimentos licitatórios, pois do que serviria um atestado de capacidade técnica, se não, emitido em favor da participante do certame, já que é a principal interessada em comprovar sua capacidade técnica? A Recorrida, ao analisar a situação narrada pela Recorrente e após a análise do mérito, atem-se ao cerne da questão em julgamento onde a Comissão sustenta que a Recorrente não apresentou o Atestado de Capacidade Técnica, exigido no item 10.5.3 do Edital. Aquele que não apresenta os documentos exigidos ou apresenta-os incompletos ou defeituosos descumpre seus deveres e deverá ser inabilitado, é lição de Marçal Justen Filho in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos 11ª Edição Dialética pag. 352. DECISÃO Considerando o exposto, a legislação aplicável, e, por apresentar o documento as condições mínimas para ser admitido, a Comissão decide: CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala 05 78.916-623 Porto Velho RO 4/5
Conhecer o Recurso interposto pela Licitante Tama Engenharia Ltda, para no mérito negar provimento total, mantendo a decisão exarada na ata de julgamento da HABILITAÇÃO fls. 714 e 715 dos autos, que considerou a Recorrente inabilitada para o Certame; Concordar com o teor das Impugnações apresentadas pelas Licitantes Construtora e Instaladora Rondonorte Ltda, EPLAN Engenharia, planejamento e Eletricidade Ltda e Mosquini Engenharia Ltda; Encaminhar os autos, com as informações pertinentes à autoridade superior na pessoa do Senhor Diretor Presidente, para que sofra o duplo grau de julgamento, com o seu De Acordo, ou querendo, formular opinião própria; Dê-se ciência da decisão à Recorrente e demais interessadas. Porto Velho RO, 23 de novembro de 2006. Moisés Nonato de Souza Presidente da CPL CERON R. José de Alencar n.º 2613 Baixa da União, térreo, sala 05 78.916-623 Porto Velho RO 5/5