A educação musical e a Síndrome de Down



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Transcrição:

A educação musical e a Síndrome de Down Priscila Fernandes de Oliveira Santos pririlica@yahoo.com.br Universidades Estadual de Maringá Resumo. O presente trabalho se baseou em uma pesquisa bibliográfica referente à Educação Musical e sua aplicação ao ensino para indivíduos com Síndrome de Down. Para uma co-relação do ensino musical com crianças com esta síndrome, se fez necessária uma investigação envolvendo vários aspectos pertinentes ao funcionamento e aplicação da educação para pessoas com necessidades especiais, bem como aspectos qualitativos e quantitativos relacionados ao ensino educacional para crianças com necessidades especiais, a relação destes com a deficiência mental, como também todos os aspectos que envolvem a educação destinada à crianças especiais. O estudo traz também importantes relações da arte com indivíduos com necessidades especiais, processo de formação de professores especialistas em educação musical especial, inclusão de alunos especiais em escolas regulares, como também implicações importantes relacionadas ao ensino-aprendizagem musical para a pessoa com Síndrome de Down. Palavras-chave: Síndrome de Down, Educação Musical, Formação Docente. Introdução O principal objetivo desta revisão bibliográfica foi compreender como se dá a educação destinada a indivíduos com necessidades especiais, em especial a Educação Musical para crianças com Síndrome de Down, assim como todos os aspectos relacionados a este ensino específico. Tornou-se importante então investigar parte da base científica e histórica da síndrome, o caminho educacional percorrido pelo aluno com Síndrome de Down, uma constatação da trajetória da Educação Musical no Brasil e a relação da arte, particularmente da música, com a pessoa com necessidades especiais. A presente pesquisa se justifica no interesse pessoal em estudar a aplicação da Educação Musical para indivíduos com Síndrome de Down, devido a um trabalho que desenvolvi em aulas particulares de instrumento com um aluno com Síndrome de Down, no qual pude perceber resultados surpreendentes, tanto para mim, quanto para a família do aluno.

Porém, este trabalho desencadeou um interesse muito grande em estudar a Educação Musical para Crianças com necessidades especiais, em especial a Síndrome de Down e todos os aspectos referentes a este ensino. Este trabalho também se fez importante, pois de alguma maneira, poderá contribuir, por meio de pesquisa específica, para a formação de conhecimento do tema proposto, pois este em muitas vezes se faz um tanto obscuro ou mesmo distante de muitos educadores musicais atualmente. É de suma importância uma pesquisa enfocando tal tema perante a formação do aluno graduado em música, que na maioria das vezes não se sente hábil a tal processo de educação, fazendo-se necessária uma formação conseqüente e um processo de informações pertinentes a tal proposta educacional, podendo contribuir para minimizar o desconhecimento sobre como se dá o ensino de música para indivíduos com necessidades especiais. A primeira constatação encontrada ao iniciar este trabalho, foi a dificuldade em encontrar materiais e bibliografias específicas relacionadas ao ensino da música para com indivíduos com Síndrome de Down. Também foi percebido que ainda há uma carência de trabalhos enfocando a inclusão social da pessoa com necessidades especiais, assim como trabalhos que discutem metodologias destinadas ao ensino do mesmo. Por meio de indagações sobre o histórico da Síndrome de Down, suas bases científicas e educacionais, constatou-se que a criança com Síndrome de Down pode, de maneira verdadeira, se relacionar socialmente, educacionalmente e musicalmente, como qualquer outra criança. Isso porque seu desenvolvimento intelectual é o mesmo, porém mais lento, ocasionando uma série de modificações no contexto pedagógico do objetivo proposto. Educação para indivíduos com Síndrome de Down.

Dentre os fatores mais importantes, verificados para se alcançar os objetivos almejados na educação de crianças com Síndrome de Down, encontra-se a estimulação, fator este imprescindível ao desenvolvimento da criança especial. Em relação à educação para o indivíduo com Síndrome de Down, considera-se importante que o conhecimento não seja transmitido para a criança, e sim construído por ela de forma ativa. Comparando a vivência de um aluno com de necessidades especiais e outro normal em escolas regulares, é importante que esta seja o mais próxima possível, com atenção e respeito às limitações de cada um, vindas por parte dos alunos e de todos os participantes da rotina escolar. A inclusão de um aluno com necessidades específicas em escolas de ensino regular, pôde ter reconhecido valor e especificações, depois da implantação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (Lei 9394/96). Esta lei se preocupou em estabelecer regras para a educação especial, em relação a conteúdos, professores, espaço físico, entre outros componentes importantes que facilitam o aprendizado de uma criança com necessidades especiais. A educação e a arte compartilham os mesmos ideais, buscam o homem criativo, que diante do conhecimento de seus limites e dos outros compreende e transforma, busca viver em harmonia e age em seu mundo interior e social. (Andretta & Nardes, 2000, p. 45). Educação Musical para indivíduos com Síndrome de Down/ Formação do professor de música para a atuação com crianças especiais. Segundo Andretta et.al. (2000), a arte pode ser facilitadora no momento da inclusão e as propostas de criatividade através do estímulo devem ser adaptadas às necessidades específicas de cada aluno.

Faz-se importante então pensar sobre a formação e o espaço de atuação do educador musical que se propõe à educação especial. Tal tema foi objeto de debate no XI Encontro da Associação brasileira de Educação Musical ABEM. Não basta que tais preocupações sejam levantadas apenas por órgãos responsáveis diretamente pela educação. É preciso que a sociedade em geral se preocupe com questões educacionais que abranjam este ensino, como a conscientização das necessidades de cuidados específicos com estes alunos vindas por parte de professores, pais, escolas e próprios alunos. Em alguns casos, a educação musical realizada com indivíduos que possuem necessidades especiais, como para pessoas com Síndrome de Down é desenvolvida por educadores, sem formação especializada na área musical, faltando-lhes princípios básicos sobre a educação musical e em educação especial, o que pode acarretar ao aluno um prejuízo na aprendizagem devido à mera repetição do conteúdo, como o cantar de algumas canções. Tal comportamento pode ser visto na falta de capacitação de professores que se propõe a este tipo de trabalho, em oposição àqueles que se destinam a atuar nesta classe especial, daí então a importância de se pesquisar meios para o agir musicalmente com crianças tão especiais. A responsabilidade de capacitar professores para o ensino inclusivo é do Ministério da Educação que tem feito isto por meio de programas específicos. Contudo, parece ser das universidades a responsabilidade em desenvolver pesquisas que solucione problemas sociais, como os relacionados aos indivíduos com necessidades especiais. Pensando em música como arte e fazendo uma relação entre ela e a pessoa com necessidades especiais, pôde-se ver que, a arte de uma maneira geral possibilita uma ampliação nas dimensões dos objetivos esperados no ensino-aprendizagem especial. Isso porque se evidencia a particularidade de cada um. Os conteúdos musicais, aplicados em aulas para crianças com Síndrome de Down, como para todas as crianças, de maneira nenhuma podem se resumir no aprendizado de canções, escrita e leitura tradicional. Precisa, então, ser um trabalho que considere a música como área de conhecimento e que esteja consciente do papel que a mesma pode

desempenhar na formação integral do indivíduo com Síndrome de Down. Assim, a música precisa ser trabalhada a partir de experiências de criação, execução e apreciação musical. Um dos grandes problemas encontrados pelos professores de educação musical quando atuam com crianças com necessidades especiais, está ligado à concepção de algumas pessoas, que por si próprias e às vezes até transparecendo isto para os alunos com necessidades especiais, é a de que a aula de música nem sempre é vista como área de conhecimento e sim como recreação. A Educação Musical tem como principal proposta desenvolver a sensibilidade estética e artística, favorecer a atenção e a memorização, proporcionando aos alunos a possibilidade de fazer e apreciar música da sua realidade e de outros contextos. A música então se mostra importante na educação de uma criança com Síndrome de Down, pois pode facilitar o crescimento de seus conhecimentos, suas relações sociais, liberdades de expressão e facilita suas capacidades de comunicação. É maravilhoso ver que a música como estímulo, no momento certo e adequado, tem a capacidade de retirar estas pessoas deste mundo de incapacidades onde eles estão rotulados; neste momento, eles ficam livres deste estigma da deficiência mental (Uricoechea, 2003, p. 122). Em crianças com Síndrome de Down, a música exerce um papel importante para o processo de alfabetização, possibilitando improvisações e composições espontâneas, com os alunos podendo construir seus próprios textos e letras musicais. Como pôde ser visto em todo este trabalho, para o professor que se demonstre interessado em trabalhar com Educação Musical para indivíduos com necessidades especiais, cabe se atentar a diversos aspectos pertinentes a esta educação como, conhecer os objetivos pessoais que o levaram a esta escolha, conhecer da melhor maneira possível, onde, como e o que deseja e precisa fazer para obter grandes resultados e para que consiga auxiliar o aluno com Síndrome Down. A Educação Musical é importante no processo de aquisição de habilidades básicas para o aprendizado de toda e qualquer

criança destacando sobretudo as portadoras de deficiência mental. (Uricoechea, 1997, p. 28). BIBLIOGRAFIA ANDRETTA, Scheila, NARDES, Carla Mara. A arte de integrar pela arte: uma experiência da arte como mediadora na relação educativa indivíduo/escola/comunidade. In: III Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, Anais. Curitiba, p.40 52. 2000. BEVERIDGE, Michael. La integración escolar de los niños com Síndrome de Down: políticas, problemas y processos. In: RONDAL, Jean A. et al. Síndrome de Down: perspectivas psicológicas, psicobiologia y sócio educacional. Madri, Ministério de Trabajo y Assuntos Sociales, 1996. CONCEIÇÃO, Thaynah Patrícia Borges, GIRARD, Taíla Celestino, Música e Educação Especial: uma contribuição para o desenvolvimento da pessoa com necessidades especiais. ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL 10, 2002, Natal, Anais do XI Encontro Nacional da ABEM FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE SÍNDROME DE DOWN Perfil das percepções sobre as pessoas como Síndrome de Down e do seu atendimento: aspectos qualitativos e quantitativos; Brasília, 1999. FREIRE, Ricardo Dourado, OLIVEIRA, Verônica, MESQUITA, Mariana, A inclusão social de uma criança com necessidades especiais em aula de música. ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, Rio de Janeiro 10, 2004. p. 918-924. GRIFFITHS, Anthony J. F, MILLER, Jeffrey H., SUZUKI, David T., LEWONTIN, Richard C., GELBART, William M. Introdução à genética; Guanabara Koogan S.A. 7ª edição: Rio de Janeiro, 2002. JOLY, Iza Leme. Música e Educacão Especial: uma possibilidade concreta para promover o desenvolvimento de indivíduos. Revista Educacão Santa Maria- RS, v. 28- n. 02, 2003. JOLY, I.,Z.,L.,Aplicação de procedimentos de musicalização infantil em crianças deficientes, 1994. Dissertação ( Mestrado em educação especial)- Centro de Educação e Ciências Humanas- Universidade Federal de São Carlos, São Paulo. MANTOAN, Maria Teresa Eglér.Caminhos pedagógicos da inclusão: a formação do professor tal como a percebemos e realizamos. FE/UNICAMP/SP,1997

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