Plataforma de E-maintenance Aplicada a um Sistema Logístico de Viaturas



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Transcrição:

Plataforma de E-maintenance Aplicada a um Sistema Logístico de Viaturas Adriano A. Santos 1, Zita A. Vale 2, Rui Abreu 2 Instituto Superior de Engenharia do Porto, 1 Departamento de Engenharia Mecânica 2 Departamento de Engenharia Electrotécnica Sistemas de Energia Rua Dr. António Bernardino de Almeida 431, 4200-072 Porto, Portugal Telef.: +351 22 83 40 500, Fax: +351 22 83 21 159 E-mails: {ads, zav, 1071014}@isep.ipp.pt RESUMO A evolução tecnológica, com particular incidência nas tecnologias de informação, e a necessidade de uma integração cada vez mais profunda do sector da manutenção na gestão estratégica global da empresa, contribuíram para o aparecimento dos sistemas de e-maintenance. Por outro lado, os conceitos associados à manutenção deverão estar cada vez mais associados à manutenção remota. Assim, o desenvolvimento de plataformas de e-maintenance, entendidas como a agregação de software e hardware e outras tecnologias integradas, permitiram implementar serviços, que foram determinantes para a evolução deste conceito. Nesta comunicação apresenta-se uma plataforma de e-maintenance aplicada a um sistema automatizado de pesagem de viaturas na indústria cimenteira. O sistema é baseado na monitorização constante da degradação dos componentes críticos que, através de um sistema de alertas, permite antecipar as falhas notificando, atempadamente, a equipe de operadores específicos. A aplicação foi desenvolvida na Framework SLV Cement da empresa Cachapuz. Possuindo vários módulos de gestão da manutenção esta plataforma permite definir e controlar todo o fluxo de informação. Palavras-chave: E-maintenance, Manutenção Preventiva, Manutenção Proactiva, Detecção de avarias, Plataformas de e-maintenance, Sistemas de apoio à decisão. 1. INTRODUÇÃO No passado a manutenção foi entendida como simples trabalho de reparação, onde as máquinas eram operadas até que acontecesse uma falha, pois não existia forma de as prever. Nos anos 50 iniciaram-se práticas de engenharia da fiabilidade, trazendo os conceitos de manutenção preventiva e manutenção planeada, baseada na conhecida curva da banheira [1]. A manutenção planeada conduzia, normalmente, à interrupção das operações normais de fabrico e à indução de avarias quer por falta de intervenção quer por más reparações. Identificadas estas e outras limitações, foi proposto nos anos 70, um novo conceito de manutenção preventiva designada de Manutenção Baseada na Condição, ou seja, Manutenção Condicionada. Neste método de manutenção, as acções preventivas são tomadas quando os sintomas das falhas são reconhecidos através da monitorização ou por diagnóstico permitindo a tomada de acções apropriadas e no tempo correcto, prevenindo-se assim as possíveis falhas. Na senda de uma manutenção mais eficiente e de estratégias adequadas aos sistemas de fabrico baseados na e-automação, as novas abordagens à manutenção são de grande proeminência. Esta nova realidade existe num contexto em que há acesso à informação em tempo real e uma profunda integração entre a produção e a manutenção, o que levou ao aparecimento de um novo paradigma, que podemos denominar de e-maintenance. Existem hoje em dia várias concepções e definições diversas para este termo, mas a definição que mais se adequa à abordagem efectuada no presente trabalho é a que considera a e-maintenance como uma tecnologia de manutenção proactiva baseada na internet, que consiste numa avaliação remota e em tempo real do estado da degradação dos diversos activos de um sistema, tais como equipamentos, produtos ou processos. A e-maintenance tem um papel relevante a desempenhar nas empresas actuais, permitindo que no futuro a manutenção adquira um estatuto e um posicionamento estratégico que não tem na actualidade pelo que os diversos contributos, tanto da comunidade científica como do mundo empresarial, serão de crucial importância para a afirmação da e-maintenance como disciplina científica. O presente trabalho perspectiva ser mais um contributo para esse desiderato. Embora este seja oriundo do mundo académico, possui uma estreita ligação à realidade empresarial. Esta comunicação procura contribuir para a consolidação das plataformas de e-maintenance na indústria. Neste sentido a comunicação foi organizada da seguinte forma: na secção 2 faz-se uma análise ao sector da manutenção, nas suas múltiplas vertentes, tendo como ponto de

referência a e-maintenance. Na secção 3 apresentam-se algumas plataformas de e-maintenance criadas nos últimos anos que no mundo académico que no empresarial, na secção 4 apontam-se as características principais do sistema de suporte à plataforma de e- maintenance bem como as suas característica. Finalmente, na secção 5, apresentam-se as conclusões deste trabalho. 2. MANUTENÇÃO NA PERSPECTIVA DA E-MAINTENANCE Hoje em dia a manutenção assume uma preponderância cada vez maior no sector produtivo devido essencialmente ao aumento da produtividade, da disponibilidade, da segurança, da qualidade do produto e da satisfação do cliente num contexto onde as margens de lucro são cada vez mais apertadas [2]. De facto, a função manutenção desempenha um papel crítico na capacidade da empresa para competir numa base de custo, qualidade e cumprimento dos prazos, pelo que se torna inevitável, a sincronização entre a manutenção e os requisitos da produção [3]. Com a evolução dos conceitos de manutenção do domínio de práticas de avaria, paragem e reparação para tecnologias de prever e prevenir, entrou-se num campo ideal para o e-maintenance [4] com um inevitável impacto no serviço ao cliente, na qualidade do produto e na redução dos custos. Por outro lado, transporta-se a manutenção para o patamar o nível da degradação do equipamento, ou invés do tradicional período de tempo de uso, passando-se das tradicionais práticas MTBF (Mean Time Between Failures) para as recentes tecnologias MTBD (Mean Time Between Degradation). Figura 1. Estrutura do sistema manutenção (Figura adaptada de [5]) Sabendo que a Manutenção é a combinação de todas as acções técnicas, administrativas e de gestão, durante o ciclo de vida de um bem, destinadas, da forma mais económica possível, a mantê-lo ou repô-lo num estado em que possa cumprir a função requerida esta remetenos de imediato para duas estratégias de manutenção, conforme se ilustra na Figura 1. Por um lado, temos uma abordagem preventiva, onde a manutenção é levada a cabo de modo a prevenir avarias ou falhas. Por outro lado, existe uma abordagem correctiva, agindo após a manifestação da avaria ou falha. A Manutenção Condicionada baseia-se na monitorização dos parâmetros de degradação de componentes e na realização de acções subsequentes. Neste sentido, as actividades de manutenção só serão iniciadas após a avaliação de parâmetros condicionais, monitorizados em intervalos regulares, sob pedido ou de forma permanente. O esquema deste acompanhamento apresenta-se na Figura 2. Figura 2. Manutenção condicionada (Figura adaptada de [6]) O termo e-maintenance emergiu nos inícios do ano 2000, fruto da exploração de estratégias de manutenção e serviço mais eficientes, aplicadas aos modernos sistemas de fabrico. Em paralelo foram desenvolvidas outras abordagens da manutenção tais como manutenção próactiva baseada em condições, manutenção colaborativa, manutenção remota, acesso à informação em tempo real e integração da produção com a manutenção [7]. Todo este conjunto de abordagens convergiu e contribuiu para o aparecimento de um novo paradigma que passou a ser designado como e-maintenance. Embora não existe uma definição consistente para um sistema inteligente de e-maintenance, este pode ser definido como uma tecnologia de manutenção preditiva baseada na internet e Web-enabledenabled que consiste na avaliação inteligente da degradação da máquina, e-prognóstico e e-diagnóstico de modo a permitir ao fabricantes e clientes ter as máquinas em condições de quase-zero-avarias. avarias. A avaliação remota e em tempo real da informação relativa ao desempenho da máquina, requer a integração de diversas tecnologias, incluindo sensores, agentes de avaliação, comunicações wireless, integração virtual e plataformas de interface. De uma forma geral, e-maintenance pode ser considerada o símbolo da mudança gradual dos tipos tradicionais de manutenção [8] para tipos mais preditivos/proactivos. A manutenção regular periódica deverá ser avançada e deslocada para uma filosofia de manutenção inteligente, de modo a satisfazer azer elevados requisitos de fiabilidade [9]. Os Koç e Lee [10] referem e-maintenance como manutenção preditiva, que proporciona apenas funções de monitorização e prognóstico preditivo. A figura 3 apresenta essa visão do e-maintenance e sua integração na empresa [4].

Figura 3. Visão da e-maintenance integrado na empresa (Figura adaptada de [4]) 3. PLATAFORMAS DE E-MAINTENANCE O grande impulso da e-maintenance deveu-se ao desenvolvimento de plataformas de investigação, que permitiram que estudantes, grupos de investigação e empresas aprofundassem este conceito. Este, suportado por plataformas de software, hardware e novas tecnologias de comunicação integraram um novo serviço denominado de e-maintenance.. A maioria das plataformas criadas nos últimos anos ainda se mantém em funcionamento hoje em dia e, a título de exemplo, podemos citar as plataformas ICAS, PROTEUS e TELMA entre outras. O projecto ICAS (Integrated Condition Assessment System) é um software comercial desenvolvido pela IDAX Inc., cujos direitos e licença são detidos pela Marinha Norte Americana (U.S. Navy). Tem uma arquitectura configurável, do tipo concha, permitindo a implementação e monitorização de maquinaria e Manutenção Baseada em Condições (CBM). Actualmente o ICAS está instalado em mais de 100 navios da marinha norte americana [11]. Com o intuito de experimentar o conceito de e-maintenance,, não apenas do ponto de vista da investigação mas também tendo em conta os requisitos industriais, o CRAN (Centre de Recherche en Automatique de Nancy) fez a concepção e desenvolvimento de uma plataforma completa de e- maintenance: : a plataforma TELMA [12]. Esta plataforma é baseada no processo físico ligado tanto à arquitectura de automação como à arquitectura de manutenção. Foi desenvolvida a partir de componentes do mercado para ter, na medida do possível, características de um contexto industrial. A plataforma TELMA suporta um processo físico dedicado à desbobinagem de fita metálica. Este processo é tudo similar às aplicações industriais concretas tais como corte de chapa metálica ou o corte de bobinas de papel. A plataforma encontra-se localizada na Universidade de Nancy e foi desenvolvida principalmente para o suporte da e-maintenance, através da integração de estratégias de manutenção proactiva consistentes com o proposto em OSA/CBM [13] e avaliação dos impactos estratégicos nos desempenhos de um sistema global de produção: Produtividade (disponibilidade, manutabilidade, ), qualidade, custos, etc. A ideia original do projecto PROTEUS [14] dedicado à manutenção industrial assenta na integração de todas as ferramentas necessárias, cuja amplitude de funções varia desde a detecção de alarmes até à gestão de peças sobressalentes, com o objectivo de optimizar custos e melhorar a produtividade. Esta optimização pode ser vista como uma extensão dos princípios do controlo automático na empresa, em particular o conceito de malha fechada aplicado ao processo produtivo. O objectivo do PROTEUS é pois a integração de vários subsistemas através de uma arquitectura genérica (baseada na Web) e de modelos coerentes de componentes heterogéneos. 4. PLATAFORMA SLV_EMAINT SLV Sistema Logístico de Viaturas A aplicação SLV Cement [15] é uma aplicação no âmbito da automatização logística dos processos de pesagem da indústria cimenteira. O SLV faz a introdução do conceito de auto-serviço, que culmina no grau de autonomia e na minimização de erros, possibilitando aos motoristas efectuarem a operação de carga ou descarga de forma completamente autónoma. O sistema preconiza a optimização dos processos de carga e descarga através de um conjunto de heurísticas que permite gerir limites máximos de viaturas no interior da unidade e nos pontos de carga ou descarga, planear o percurso que as viaturas devem percorrer rer para concluírem correctamente as operações delineadas e facultar aos motoristas a possibilidade de efectuarem de forma independente as operações de carga ou descarga, digamos, que o SLV fornece acesso 24/7 à unidade industrial permitindo reduzir consideravelmente o número de operadores afectos aos locais de operação, Figura 4. Figura 4. Plataforma SLV A plataforma lógica do SLV foi desenhada e desenvolvida para ambiente Microsoft, com sistema de informação personalizado em base de dados SQL Server

2000/2005, e implementada usando protocolos universais e as mais recentes tecnologias, conferindo a necessária flexibilidade e robustez à solução, potenciando a sua evolução. A comunicação entre os intervenientes do sistema é efectuada através de rede de dados o que fornece elevada performance, disponibilidade e segurança. Através da plataforma analítica é possível disponibilizar aos gestores, toda a informação de negócio capital à sua tomada de decisão, uma vez que a mesma é recolhida de diferentes fontes de dados, é agregada, tratada e sujeita a cálculo, originando um conjunto de relatórios, indicadores e gráficos pormenorizados, Figura 5. (gestão de documentos), e-team (gestão de equipes), e-sparts (gestão de peças de reserva) de modo a maximizar a eficiência das acções de manutenção. Figura 6. Arquitectura base do sistema SLV_EMAINT A figura 7 ilustra o aspecto geral do front-end SLV, encontrando-se expandido o separador E-maintenance associado às funcionalidades da plataforma desenvolvida. Figura 5. Comunicação entre agentes SLV Actualmente a manutenção do sistema no terreno tem uma componente preventiva e curativa. Contudo, e dado que estamos na presença de sistemas de alta disponibilidade, são necessárias abordagens mais fiáveis para garantir a continuidade de serviço. Estamos a falar de sistemas críticos, cuja paragem de determinado componente do sistema implica a paragem da fábrica. Parte da solução passou pela criação de uma plataforma de e-maintenance,, que permitiu optimizar todo o processo de manutenção do sistema através de diagnósticos atempados e sustentados pela análise de degradação dos componentes, antevendo e alertando para a potencial quebra de serviço. O SLV_EMAINT efectua a gestão das equipes de manutenção, muitas vezes multidisciplinares, e proporciona às mesmas meios de resolução dos problemas, através do envio de avisos por e-mail ou SMS, com a documentação necessária para a rápida resolução do problema. SLV_EMAINT O sistema desenvolvido assentou numa arquitectura modular no sentido de assegurar os objectivos bem como permitir a evolução futura. Apresenta-se na Figura 6 a arquitectura base da plataforma desenvolvida [16]. A plataforma assenta em duas componentes centrais: o Front-End responsável pela gestão das funcionalidades existentes no módulo assegurando a sua integração na plataforma SLV do ponto de vista de utilizador e o MGM (Módulo Gestão da Manutenção) - módulo central para gestão das funcionalidades de e-maintenance assegurando o planeamento e controlo das tarefas de manutenção a realizar. Aqui definem-se incidentes (definição de regras para intervenção) e geração de serviços de manutenção (pedidos de intervenção efectiva). É efectuada a articulação com módulos complementares como e-doc Figura 7. Interface Front-End SLV [16] O módulo MGM é utilizado no planeamento e controlo das tarefas de manutenção a realizar. É a este nível que se definem e caracterizam os diferentes alarmes do sistema, workflow de execução e critérios de intervenção. Este módulo é o núcleo central da aplicação de E-maintenance,, articulando de forma harmoniosa as necessidades de intervenção, com a alocação dos meios operacionais, físicos e de suporte documental mais adequado às tarefas a realizar. As tarefas de manutenção assentam numa filosofia baseada em condições assegurada por uma serie de princípios base tais como: 1. Incidentes - definição de processos de intervenção, através de condições previamente estabelecidas. O sistema é parametrizado de acordo com a especificidade da instalação e pode ser continuamente actualizado, com a definição de novos incidentes. 2. Serviços - Processo ou pedido de intervenção sobre o sistema, associando as acções relevantes para a resolução do incidente. 3. Agente de validação - motor ou processo de validação periódica de condições para criação de serviços de manutenção de modo automático.

Na Figura 8 apresentam-se as interligações entre os princípios enunciados anteriormente e os relacionamentos entre as entidades onde é definido o fluxo do processo de manutenção. Figura 8. Relacionamento entre entidades [16] Estas relações asseguram a interligação, e monitorização dos sistemas em tempo útil, ao conjunto de variáveis chave através das quais se despoleta os eventos e procedimentos de intervenção para a resolução de reais ou potenciais problemas no funcionamento do mesmo. A interface desenvolvida é uma abstracção da componente física do sistema. O módulo SLV_EMAINT recebe um conjunto de informações que foram lidas, processadas e transmitidas pelos meios físicos do sistema responsáveis pela ponte entre os equipamentos (autómatos, sistemas HMI, sensores, células de carga, etc.) e o ERP (Enterprise Resource Planning). Por outro lado, a implementação de um módulo genérico e abrangente que contemple a multiplicidade de entidades não é de simples execução pelo que terá que contemplar um conjunto alargado de ligações para assegurar a abstracção com as diferentes entidades a integrar e a monitorizar. Assim e face ao contexto deste trabalho, desenvolveu-se um protótipo do caso em estudo onde se demonstra o conceito tendo por base situações habituais durante o período de funcionamento do sistema. Assim, com a entrada em serviço do novo sistema pretende-se obter uma melhoria dos procedimentos de manutenção, fluxograma actual da manutenção dos níveis de papel, Figura 9. Figura 9. Caso de estudo, avaria de impressora [16] Onde as equipes de manutenção efectuam revisões periódicas aos equipamentos validando, visualmente, o momento ideal para a substituição do papel. Inerente a este procedimento está ainda associado um conjunto de factores críticos como avaliações incorrectas, intervalos de validação desajustados ou consumos não previstos que se traduzirão em cenários de ruptura e falta de papel com impossibilidade de emissão de documentação para motorista. Associado a este processo que por si só é falível, o motorista terá que notificar a expedição da falta de papel reencaminhando-a a para o Responsável de Manutenção com a respectiva quebra da qualidade do serviço e a intervenção urgente das equipes, aumento dos custo da manutenção: A mudança desta filosofia traduziu-se no fluxograma representado na Figura 10, capaz de antecipar eventuais situações críticas de paragem, na medida em que se baseia na monitorização constante de níveis críticos, a definir pelos responsáveis da exploração, podendo inclusivamente tirar partido do histórico da unidade industrial no sentido de fazer previsões de consumos e de tendências. Figura 9. Caso de estudo, avaria de impressora [16] 5. CONCLUSÕES Com este trabalho pretendeu-se desenvolver um novo módulo para o sistema de gestão SLV Cement da Cachapuz. O módulo agora desenvolvido, SLV_EMAINT plataforma de e-maintenance, dotou o sistema com capacidades de gestão da manutenção, aquisição de dados, monitorização da degradação de componentes, gestão de peças, gestão documental e gestão de equipes de trabalho. A adopção de estratégias de manutenção adequadas, coadjuvadas pelas potencialidades que o e-maintenance introduz, contribui de forma decisiva para a optimização da eficácia produtiva. Por outro lado, a análise dos indicadores e a monitorização permanente dos componentes torna-se de crucial importância para garantir altos níveis de disponibilidade. Deve salientar-se se ainda que as equipes de manutenção passam a dispor de ferramentas de alerta eficazes, suportados por módulos de documentação simplificando-se e evitando-se erros de execução. As ordens de serviço são complementadas com a informação de todo o conjunto de acessórios e peças de substituição necessários à resolução dos incidentes ocorridos. Este facto conduz a intervenções rápidas e eficazes, potenciando a continuidade de serviço, facto preponderante para as unidades de produção contínua. Outro aspecto a realçar deste trabalho prende-se com a cooperação entre organizações. Nesta solução a

manutenção é uma tarefa efectuada em parceria quer por equipes locais, com configurações variáveis quer pela equipe de suporte da Cachapuz. [15] http://www.cachapuz.com. [16] Rui Abreu, Estratégias de implementação de plataformas de e-maintenance na indústria, Dissertação de Mestrado, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Out. 2009. 6. AGRADECIMENTOS A apresentação deste trabalho foi suportada pelo CIDEM Centro de Investigação e Desenvolvimento em Engenharia Mecânica do Depto. Engenharia Mecânica do Instituto Superior de Engenharia do Porto. 7. REFERÊNCIAS [1] Patrick D. T. O'Connor. Practical Reliability Engineering, 4ª Edição, John Wiley & Sons, 2002. [2] A. C. Marquez e J.N.D. Gupta. Contemporary maintenance management: process, Framework and supporting pillars, in Omega 34(3), pp. 325 338, 2006. [3] K. Pinjal, L. Pintelon, A. Vereecke. An empirical investigation on the relationship between business and maintenance strategies, in International Journal of Production Economics, Vol. 140, pp. 214 229, 2006. [4] J. Lee e Ni j. Infotronics-based intelligent maintenance system and its impacts to closed-loop product life cycle systems, in Reliability Engineering and System Safety, Elsevier, Vol. 93, pp. 1165 1187, 2008 [5] Doumeingts, G., Y. Ducq, B. Vallespir, e S. Kleinhans. Production management and enterprise modeling in Computers in Industry, Vol. 42, pp.245-263, 2000. [6] Brito, Mário e Eurisko Estudos, Projectos e Consultoria, S.A. - Manual Pedagógico PRONACI (Programa Nacional de Qualificação de Chefias Intermédias Manutenção), Publicações AEP, 2003. [7] Muhammed Ucar e Robin G. Qiu. E-maintenance in support of e-automated manufacturing systems, in Journal of the Chinese Institute of Industrial Engineers, Vol. 22, No. 1, pp. 1-5, 2005. [8] Han T, Yang B-S. Development of an e-maintenance system integrating advanced techniques, in Computer Industry, 57(6), pp. 569 580, 2006. [9] Tao B, Ding H., Xion YL. IP sensor and its distributed networking application in emaintenance, in Proc. of the IEEE international conference on systems, man and cybernetics, Vol. 4, pp. 3858 3863, 2003. [10] Koc M, Lee J. A system Framework for next-generation e-maintenance system, in Proc. of 2th international symposium on environmentally conscious design and inverse manufacturing, Tokyo, 2001. [11] Mike DiUlio, Brian F., Chris Savage, Ken Krooner. Revolutionizing Maintenance Through Remote Monitoring via ICAS & Distance Support in Naval sea systems command (NAVSEA), USA. [12] E. Levrat and B. Iung. TELMA: A full e-maintenance platform in Centre de Recherche en Automatique de Nancy Université, 2007. [13] Lebold, M. e M. Thurston. Open Standards for Condition-Based Maintenance and Prognostic Systems, in Proc. of 5th Annual Maintenance and Reliability Conference-MARCON 2001, USA, 2001. [14] Thomas B., Xavier R., Denis R., Andreas S., Jacek S., Jean-Pierre T., Mario T., e Noureddine Z. PROTEUS - Creating distributed maintenance systems through an integration platform in Computers in Industry, Vol. 57(6), 2006.