AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA



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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA ASSESSMENT OF NUTRITIONAL STATUS OF ELDERLY INDIVIDUALS OF PHYSICAL ACTIVITY Danielle Barbosa 1 Edilcéia D. A. Ravazzani 2 RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil nutricional de um grupo de idosos praticantes de atividade física de uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba. Estudo transversal que envolveu 22 idosos na sua maioria mulheres, a coleta de dados foi realizada de fevereiro à maio de 2011, as variáveis utilizadas foram peso, altura, idade, sexo. Por meio do cálculo do IMC o perfil nutricional do grupo foi definido, sendo considerada ainda a circunferência abdominal, ingestão hídrica e aplicado um levantamento sobre o número de refeições realizadas.os resultados evidenciaram que 47,7,% apresentam excesso de peso e 66,7% da amostra circunferência abdominal classificada como muito elevada. Além disso, Diabetes e Hipertensão foram às patologias mais prevalentes no grupo. Em relação à ingestão hídrica, esta foi considerada baixa (média 990ml/dia), os idosos avaliados também referiram realizar cerca de 2 a 3 refeições diárias. O perfil nutricional avaliado resulta na inadequação do estado nutricional, pois cerca de metade da população avaliada apresenta sobrepeso e obesidade e alto risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares uma vez que apresentam circunferência abdominal classificada como muito elevada. Este perfil pode ser resultado da baixa freqüência de atividade física e ingestão alimentar inadequada. 1 Graduanda em nutrição Faculdades Integradas do Barsil UniBrasil. Rua Nicarágua 446 apto 42 bloco C. E-mail: daninha.barbosa@hotmail.com 2 Especialista em Nutrição Clínica. Docente das Faculdades Integradas dos Brasil Unibrasil.

Descritores: Idosos; atividade física; avaliação nutricional. ABSTRACT The aim of this study was the nutritional status of a group of seniors engaged in physical activity of a Unit of Health of Curitiba. Sectional study that involved 22 mostly elderly women, the data collection was conducted from February to May 2011, the variables used were height, weight, age, sex. By calculating the BMI of the nutritional profile of the group was defined and is still considered waist circumference, water intake and implemented a survey on the number of meals. The results showed that 47,7% overweight and obesity respectively, waist circumference 66.7% classified as very high so Diabetes and hypertension were the most prevalent diseases in the group. Regarding water intake, this was considered low (990ml/dia), the elderly also evaluated reported performing about 2 to 3 meals a day. The nutritional status assessed results in inadequate nutritional status, because about half of the studied population is overweight and obesity and high risk for developing cardiovascular diseases since they are classified as abdominal circumference very high. This profile may be the result of the low frequency of physical activity and inadequate dietary intake. Keywords: Elderly, physical activity, nutrition assessment.

Introdução O envelhecimento populacional está ocorrendo no mundo todo, porém de maneira mais rápida e, principalmente, em países em desenvolvimento como o Brasil que, em 2000, tinha em sua população 12 milhões de idosos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística sobre o crescimento da população idosa mostram que o Brasil se tornará, em 2025, o país com a sexta maior população nessa faixa etária, com 31,8 milhões de idosos (1). Sendo assim, a ciência da nutrição vem se estabelecendo como instrumento básico e eficaz no alcance do bem viver através de numerosas pesquisas sobre fatores biopsicossociais que interferem no estado nutricional, do surgimento de novas técnicas e conhecimentos sobre composição corporal e envelhecimento, das atividades funcionais de macro e micronutrientes e dos cuidados a serem observados na prescrição dietética e no planejamento alimentar atendendo às necessidades nutricionais e melhorando os hábitos alimentares da pessoa idosa (2). Para se obter o perfil nutricional do idoso é importante um acompanhamento adequado, deve-se buscar um protocolo específico para a avaliação nutricional. Com ela buscam-se dados a respeito de parâmetros da dieta, antropométricos, bioquímicos e clínicos. Dados socioeconômicos e outras investigações sobre o estilo de vida contribuem para análise (3). Da mesma forma, existe também dificuldade para a realização da intervenção dietética no idoso, uma vez que os hábitos alimentares já se encontram muito arraigados e pode haver dificuldade de memorização das novas informações. No

entanto, se todos esses fatores forem bem investigados, a prescrição dietética poderá ser mais bem definida e os resultados serão mais efetivos (1). Alterações fisiológicas e anatômicas do próprio envelhecimento têm repercussão na saúde e na nutrição do idoso. Essas mudanças progressivas incluem redução da capacidade funcional, alterações do paladar (pouca sensibilidade para gostos primários como sal e doce), alterações de processos metabólicos do organismo e modificações na composição corporal (1). Com o processo de envelhecimento, a composição corpórea do indivíduo idoso se altera, elevando a quantidade de tecido adiposo e reduzindo o tecido muscular. Ocorre também redistribuição do tecido adiposo, diminuindo nos membros e aumentando na cavidade abdominal (principalmente visceral) (1). A obesidade central tem estado associada com o aumento de risco de morbimortalidade cardiovascular. Mesmo entre aqueles com peso dentro da faixa de normalidade, a adiposidade central pode elevar o risco de diabetes, hipertensão, aterosclerose e, entre as mulheres, também o de câncer de mama. Além disso, o aumento da circunferência abdominal parece ser um bom preditor para o desenvolvimento de dislipidemia, associando-se também com o risco de infarto agudo do miocárdio IAM (4). A elasticidade e a hidratação da pele, bem como o tamanho das células de gordura, diminuem, podendo aumentar a compressibilidade da gordura subcutânea e de tecidos conjuntivos. Por isso, é fundamental usar padrões de referência específicos para esse grupo etário (5). A atividade física, juntamente com uma dieta adequada em nutrientes, provavelmente faz parte da chave para manter as necessidades calóricas como

também preservar muitas outras funções. Níveis sanguíneos adequados de nutrientes associam-se a uma resposta imunológica saudável, função muitas vezes diminuída no idoso. A atividade física e a dieta também parecem eficazes até certo ponto contra uma espiral destrutiva de comportamento sedentário e perdas mentais e físicas em idade avançada, que alguns especialistas chamam de definhamentos (6). A promoção da saúde pode minimizar o impacto que o envelhecimento causa ao sistema de saúde. Um dos fatores relacionados ao envelhecimento sadio é a boa nutrição durante toda vida. O estado nutricional adequado aumenta o número de pessoas que se aproximam do seu ciclo máximo de vida. Por meio da avaliação nutricional, é possível identificar indivíduos em risco nutricional aumentado para danos á sua saúde e estabelecer programas de intervenção com o objetivo de reduzi-los (7). É notável a importância da boa alimentação, sobretudo das intervenções nutricionais, influenciando positivamente na longevidade do ser humano e na manutenção da saúde, considerando suas vertentes física, psíquica e social. A partir desta conscientização cabe a cada um de nós zelarmos pela vida assim como fazemos, de forma involuntária ou intuitiva, por aqueles que nos são queridos e preciosos (2). Para tanto o objetivo do presente trabalho foi avaliar o perfil nutricional em idosos praticantes de atividade física em uma Unidade Municipal de Saúde.

1- Metodologia: O presente estudo tem caráter transversal descritivo onde foi realizada avaliação antropométrica e nutricional em cerca de 22 idosos na faixa de 60 a 80 anos de idade sendo á maioria mulheres (n=21). Inicialmente foi realizada a primeira coleta de dados por meio do levantamento de peso e altura dos indivíduos. O peso foi aferido utilizando uma balança digital, para verificação da altura foi utilizado uma fita métrica não extensível sendo que os métodos utilizados para a coleta estão de acordo com o SISVAN/05 (8). Finalmente foi determinado o Índice de Massa Corporal de cada idoso considerando o peso e o dividindo pela altura encontrada ao quadrado sendo que para a classificação do perfil nutricional foi considerado os pontos de corte propostos por Lipschits, 1994 (5) onde se considera baixo peso os encontrados inferiores ao valor de 22kg/m2, eutróficos os encontrados entre os valores 22kg/m2 e 27kg/m2 e os classificados acima de 27kg/m2 foram classificados acima do peso. Foi ainda coletado o dado da Circunferência Abdominal com uma fita métrica não extensível onde os pontos de corte considerados para medir o risco associado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares foram > 80 risco elevado, > 88 risco muito elevado, para mulheres; e > 94 risco elevado e > 102 risco muito elevado para homens. Para determinação do perfil nutricional foi verificado junto aos idosos o número de refeições realizadas diariamente dentro das seguintes distribuições 2-3, 3-4, 4-5, quantidade hídrica ingeridas diariamente foi questionada baseando-se na relação de quantos copos de 200ml foram ingeridos no dia, para posteriormente ser obtido o volume total diário ingerido em mililitros. Para avaliação da prática de atividades física, foi aplicado um questionário para levantamento de quantas vezes na semana os idosos avaliados praticavam

atividades física, foram considerados os referenciais de 1 vez, 2 vezes ou mais de 3 vezes na semana. A coleta de dados foi realizada durante um dos dias em que a Unidade de Saúde dsiponibilizava o encontro com o referido grupo sendo que os dados obtidos foram avaliados pelo programa Epi-info 3.3.2, 2005. Análise dos Resultados Após levantamento dos dados a amostra final foi composta por 22 idosos entre 60 e 80 anos, com idade média de 64,47(± 9,62) anos, sendo sua maioria composta por mulheres idosas (n=21), e apenas 1 homem. Tabela 1 Valores máximos, mínimos, média e desvio padrão das variáveis coletadas de idosos de uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba PR, 2011. Variáveis Min. Max Média DP Peso 51kg 135kg 72,26 17,48 Altura 1,25 mts 1,71mts 1,57 0,963 Idade 60 82 64,47 9,62 IMC 21,4 54,4 28,39 7,02 A média encontrada do indicador de estado nutricional IMC de 28,39 kg/m 2 sugere a inadequação do estado nutricional da amostra avaliada, sendo confirmada

observando a tabela 2, onde contata-se que 4,8% da amostra apresentam baixo peso, 47,6% eutróficos (n=10), e em sua maioria a amostra foi caracterizada com excesso de peso 47,7% (n=10), um estudo realizado por Cabrera e Filho, 2001 (9), identificou uma prevalência de obesidade em cerca de 23,8% em uma população idosa semelhante ao presente estudo. O aumento da obesidade relacionado ao aumento da circunferência abdominal vem crescendo muito rápido não atingindo somente os adultos, ela atinge qualquer classe social e em qualquer idade inclusive os idosos. Cabrera e Filho, 2001 (9), constataram que o excesso de peso atinge cerca de 1/3 da população adulta e apresenta uma tendência crescente na ultima décadas mesmo entre as pessoas idosas. Há uma prevalência maior de obesidade entre as mulheres idosas e seu maior pico ocorre entre os 45 e 64 anos. Um dos motivos pode ser a alimentação realizada fora de casa ou a opção pelas comidas prontas ou semi-prontas, ou até mesmo congeladas que os idosos avaliados possam ingerir, considerado que muitos deles vivem sozinho, o que pode facilitar o desinteresse pela elaboração da alimentação. De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar - POF 2008/09 (10) as famílias estão gastando bem mais com alimentação fora de casa do que gastavam em 2002/03. O percentual das despesas com alimentação fora de casa, no total das despesas das famílias, cresceu de 24,1% para 31,1%, nesse período, ou seja, já representa quase um terço dos gastos com alimentos (10). Isso pode justificar o aumento de peso na população.

Tabela 2 Perfil nutricional de idosos de uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba PR, segundo o IMC, 2011. Baixo Peso Eutrófico Excesso de peso IMC 1 4,8 10 47,6 10 47,7 Na tabela 3 observa-se os valores referentes a circunferência abdominal que demonstra o risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, observa-se que 28% da amostra foi classificada sem risco, porém observa-se que mais da metade da população avaliada 66,7%, apresenta risco muito elevado, demonstrando uma maior possibilidade de desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Considerando que foi encontrada uma porcentagem de idosos com classificação normal para IMC, a preocupação concentra-se na distribuição da gordura, ou seja, no acumulo de gordura abdominal demonstrada pelo alto índice de idosos que apresentaram CA acima do ponto de corte 88cm para mulheres e 102cm para homens, sendo que isto se agrava quando observa-se as doenças referidas como presentes na população estudada, onde a maioria relata o diagnóstico positivo para Diabetes tipo II DM e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica - HAS. Cabrera e Filho, 2001 (9) constatam que a obesidade leva a distúrbios nas condições de saúde do organismo. Essas alterações podem ser representadas por distúrbios psicológicos, sociais, aumento do risco de morte prematura e o aumento de risco de doenças de grande morbi-mortalidade como DM, HAS, dislipidemias, doenças cardiovasculares e câncer. Além disso, pode estar associada a outras doenças que podem interferir

na qualidade de vida do indivíduo obeso. Algumas doenças potencializadas pela obesidade assumem importância maior entre os idosos, pois já apresentam freqüências aumentadas com a idade comparando a indivíduos idosos não obesos. Tabela 3 Classificação da associação ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, segundo CA, em idosos de uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba PR, 2011. Sem Risco Risco Elevado Risco Muito Elvev. C.A 6 28,6 1 4,8 14 66,7 A tabela 4 refere-se à freqüência de atividade física semanal realizada pelos idosos. A maioria da amostra 52,4% (N=11) relata a prática de atividade física de cerca de 1 hora, uma vez na semana o que se considera insuficiente, uma vez que para produzir benefícios substanciais em termos de saúde. Segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) (11), um adulto (18-65 anos) deverá fazer 30 minutos de atividade física de moderada intensidade 5 dias por semana. Porém a iniciativa de incentivo a prática de atividade física promovida pela Unidade de Saúde onde foi realizado o presente estudo pode ser considerado benéfico. Campos et al, 2003 (7) constataram que a resistência à insulina é mais freqüente em pacientes idosos, mas a causa mais comum é a obesidade. A

atividade física semanal poderá contribuir na melhora da resistência insulínica e o risco para o desenvolvimento da Diabetes tipo 2 que geralmente ocorre nessa idade. Ocuma, 1998 (13) destaca o significativo impacto que a atividade física regular pode ter na manutenção da capacidade funcional do idoso, podendo ter efeitos importantíssimos na prevenção e no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis que podem surgir com o envelhecimento. Com o aumento da idade ocorre também um aumento nas comorbidades muito delas decorrentes da diminuição das atividades que antes eram realizadas com mais facilidades durante o dia, mas isso ocorre devido a falta de conhecimento por essa população, pois uma atividade física regular trará mais benefícios para aqueles idosos que a praticam comparado com os idosos sedentários. Algumas melhoras são significativas como a diminuição da pressão arterial sistêmica, fortalecimento dos ossos diminuindo risco para o desenvolvimento de osteoporose, fortalece os músculos como um todo ajudando a realizar melhor as suas funções nas atividades diárias e fortalece o músculo do coração que com o passar dos anos a tendência é de trabalhar com menos força. Além de todos esse benefícios a Organização Mundial da Saúde - OMS em 2011 (11) refere a importancia da atividade física na redução da incidência de câncer principalmente de cólon retal sendo assim a atividade física regular de 30minutos na freqüência de 5 vezes na semana ajudará a aumentar a longevidade e obter uma melhor qualidade de vida para esses idosos, mas para que isso aconteça deve haver maior divulgação para esse grupo, pois a grande maioria relata não ter o conhecimento desses benefícios, sabem sim que uma atividade física é importante, porém não sabem a importância da quantidade semanal e nem o tempo ideal para praticarem.

Tabela 4 Frequência de atividades física em idosos de uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba PR, 2011. 1X/sem 2X/sem 3X/sem Prática de Atividade 11 52,4 2 9,5 8 38,1 Física Em relação à ingestão hídrica observada na tabela 5, constata-se que os idosos ingerem em média 990ml (± 556,69) de água/dia o que caracteriza um consumo insuficiente, de acordo com Frank e Soares, 2004 (2) a orientação ideal para o consumo de líquidos está em torno de 8 copos /dia perfazendo um total aproximado de 1600ml/dia, está orientação está indicada a todos os indivíduos em especial a população idosa. Uma vez que este grupo apresenta uma reserva hídrica naturalmente menor, uma desidratação pode ser fatal. Agravando esta inadequação está o fato de que os mecanismos de equilíbrio interno dos idosos já não funcionam tão bem e eles não sentem sede frequentemente, esquecendo-se de repor as suas perdas. Assim, é fundamental que se estimule o consumo de fontes de líquido para essa faixa etária, oferecendo líquidos para os idosos o tempo todo (14). Percebe-se que com a falta de conhecimento juntamente com a diminuição da percepção do paladar inclusive a percepção da sede os idosos devem ser aconselhados e monitorados sobre esses aspectos e sobre a importância de sempre estar ingerindo líquidos, priorizando a água.

Tabela 5 - Ingestão hídrica diária de idosos de uma Unidade Municipal de Saúde de Curitiba PR, 2011. Min. Máx. Média D.P Ingestão 200 ml 2000ml 990,47 556,69 hídrica Analisando as refeições diárias destes idosos, estes realizam em média 2-3 refeições/dia, Romero et al, 2010 (15) constataram que os idosos realizavam cerca de três refeições diárias, o que significa uma baixa ingestão de alimentos em quantidade, em relação à qualidade também esta inadequada, pois a dieta é pobre em fibras e ricas em carboidratos simples (açúcares, doces), sódio, gorduras e dessa forma pode-se considerar este mais um dos motivos pelo qual estes idosos estão mais suscetíveis ao desenvolvimento das patologias já relacionadas. Portanto o estímulo a uma alimentação saudável variada em quantidade e qualidade juntamente com a prática de uma atividade física regular e ingestão adequada de água reflete em uma melhor qualidade de vida (6).

7 Conclusão O perfil nutricional avaliado resulta na inadequação do estado nutricional, pois cerca de metade da população avaliada apresenta sobrepeso e obesidade e alto risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares uma vez que apresentam circunferência abdominal classificada como muito elevada. Este perfil pode ser resultado da baixa freqüência de atividade física e ingestão alimentar inadequada. É importante, portanto fortalecer a intervenção da equipe multidisciplinar voltado ao benefício e manutenção do estado nutricional dos idosos, por meio de atividades em grupo enfatizando a melhora da saúde como um todo e em conseqüência levando a longevidade e melhor qualidade de vida, pois com o aumento da idade ocorre também uma necessidade maior nos cuidados a essa população.

Referências: 1. Vitolo MR. Avaliação Nutricional do Idoso. In: Nutrição da Gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro (R.J): Rubio; 2008. p 435. 2. Frank AA. Soares EA. Nutrição no Envelhecer. São Paulo. Atheneu; 2004. 3. Tirapegui J. Nutrição e Envelhecimento. In: Nutrição Fundamentos e Aspectos Atuais. São Paulo (S.P): Atheneu; 2006. P 136. 4. Rigo JC, Vieira JL, Dalacorte RR, Reichert Cl. Prevalência de Síndrome Metabólica em Idosos de uma Comunidade: Comparação entre três métodos diagnóstico. Arquivo Brasileiro de Cardiologia 2009; 93 (2): 90. 5. Cuppari L. Avaliação Nutricional. In: Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar. Barueri (S.P): Manole; 2005. p 100-101. 6. Sizer FS. Whitney E. Nutrição na terceira idade. In: Nutrição Conceitos e Controvérsias. Barueri (S.P): Manole; 2003. p 488. 7. Campos MAG, Pedroso ERP, Lamounier JA, Colosimo EA, Abrantes MM. Estado Nutricional e Fatores Associados em Idosos. Rev. Assoc. Médica Brasileira 2006; 52(4): 214. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0d/ramb/v52n4/a19v52n4.pdf. 8. SISVAN/2005. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. 9. Cabrera MAS, Filho JW. Obesidade em idosos: Prevalência, Distribuição e Associação com Hábitos e Co-Morbidades. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2001; p 495. 10. POF, 2008/09. Pesquisa de Orçamento familiar, Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=16 48&id_pagina=1. Acessado em: 18 de maio de 2011. 11. Organização Mundial da saúde. Que quantidade de actividade física necessitamos para nos mantermos saudáveis? Mulher portuguesa. Disponível em:http://www.mulherportuguesa.com/saude-a-bem-estar/desporto/5772-quequantidade-de-actividade-fisica-necessitamos-para-nos-mantermos-saudaveis. Acessado em: 19de maio de 2011. 12. Medicina Avançada. Resistência à Insulina. Disponível em: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/1360 13. OCUMA SS. O Idoso e a Atividade Física Fundamentos e Pesquisa. In: Viva a Idade. 5 ed. Campinas (SP): Papirus; 1998. p 65. 14. Lichtenstein Arnaldo. A Importância da Água para os Idosos. Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Disponível em: http://hippopotamo.blogspot.com/2009/03/importancia-da-agua-paraos-idosos.html. Acesso em 24/05/2011.

15. Romero AD, Silva MJ, Silva ARV, Freitas RWJF, Damasceno MMC. Características de uma população de idosos hipertensos atendida numa unidade municipal de saúde da família. Disponível em: http://www.youblisher.com/p/113329- Please-Add-a-Title/. Acessado em 24 de maio de 2011.