Ações Educativas Em Nutrição: Testando a Efetividade de um Modelo para Reduzir a Obesidade Infantil
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- Luiz Eduardo de Carvalho Beltrão
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1 844 X Salão de Iniciação Científica PUCRS Ações Educativas Em Nutrição: Testando a Efetividade de um Modelo para Reduzir a Obesidade Infantil Kalinca Oliveira 1, Giovana Skonieski 2, Bernardete Weber 2, Gabriela Herrmann Cibeira 2 (orientador) 1 Faculdade de Nutrição, PUCRS, 2 Associação Hospitalar Moinhos de Vento Resumo A prevalência da obesidade infantil vem aumentando rapidamente nas últimas décadas em todo o mundo e pode ser caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial. O objetivo desse trabalho foi testar a efetividade de um modelo de redução da obesidade em uma creche municipal. Trata-se de um estudo experimental não randomizado e não controlado do qual participaram 124 crianças, de 7 meses a 13 anos e 11 meses. Foram aferidos peso e altura de todos os alunos. A partir do diagnóstico nutricional, foi planejado um cronograma com as atividades educativas que seriam realizadas na instituição. Além de atividades educativas, foram planejadas algumas oficinas culinárias como de biscoitos, pães e salada de frutas, a fim de aumentar o contato da criança com o alimento, permitindo que essa conheça o que está comendo e saiba de como é todo o processo até chegar à mesa. A antropometria mostrou que, antes da, 48 (38,7%), das 124 crianças, apresentavam excesso de peso. O excesso de peso foi mais freqüente entre crianças entre 3 e 9 anos. Após a, foi observado que 3 (28,2%) permaneceram com peso excessivo, porém 13 passaram a ter peso normal. Diante do que foi discutido acima e dos resultados obtidos nesse trabalho, nosso modelo mostrou-se efetivo na população avaliada, na medida em que reduziu os índices de obesidade. É necessário testar esse modelo em outras populações para que a essa iniciativa possa ser implementada nos protocolos de manejo nutricional infantil.
2 84 Introdução A prevalência da obesidade infantil vem aumentando rapidamente nas últimas décadas em todo o mundo e pode ser caracterizada como uma verdadeira epidemia mundial (STYNE, 2001). Estudos realizados em algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso e a obesidade já atingem 30% ou mais das crianças e adolescentes, como em Recife, alcançando 3% dos escolares avaliados (BALABAN, 2001). Souza Leão et al (2003) mostraram uma prevalência de 1,8% de obesidade em 387 escolares de Salvador, sendo que esta foi significativamente maior nas escolas particulares (30%) em relação às públicas (8,2%). Dados semelhantes podem ser verificados em um estudo realizado por nossa equipe na cidade de Santos, estado de São Paulo, com toda a população (10.821) de escolares da rede pública e privada, de 7 a 10 anos de idade, em que 1,7% e 18,0% apresentavam sobrepeso e obesidade, respectivamente, sendo que os maiores índices apareciam em escolares de instituições privadas (COSTA, 2009). Diante desse contexto de desequilíbrio nutricional o objetivo desse trabalho foi testar a efetividade de um modelo de redução da obesidade em uma creche da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul e desenvolver ações educativas que contribuam para melhorar o entendimento das crianças sobre a alimentação saudável, devido às altas prevalências de sobrepeso e obesidade na instituição. Metodologia Trata-se de um estudo experimental não randomizado e não controlado do qual participaram 124 crianças, de 7 meses a 13 anos e 11 meses que se encontravam matriculadas na creche Associação da Liga de Amparo aos Necessitados em Porto Alegre. O trabalho foi iniciado em Janeiro de 2009 e concluído em Junho de As 124 crianças tiveram seu peso e altura aferidos e classificados conforme Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN, 2004). A partir do diagnóstico nutricional e das primeiras constatações, foi planejado um cronograma com as atividades educativas que seriam realizadas na instituição. Inicialmente foram modificadas e estabelecidas regras sobre a higiene a serem cumpridas durante as refeições e antes dessas. Foram planejadas atividades lúdicas como teatro, jogos, palavras cruzadas, historinhas sobre alimentos, oficinas educativas com frutas e atividades de colorir alimentos. Além de atividades educativas, foram planejadas algumas oficinas culinárias como de biscoitos, pães e salada de frutas, a fim de aumentar o contato da criança
3 84 com o alimento, permitindo que essa conheça o que está comendo e saiba de como é todo o processo até chegar à mesa. A figura 1 mostra algumas atividades realizadas. Figura1. Algumas atividades que compuseram a Intervenção Nutricional Resultados e Discussão A antropometria mostrou que, antes da, 48 (38,7%), das 124 crianças, apresentavam excesso de peso e nenhuma apresentou desnutrição ou baixo pesor. O excesso de peso foi mais freqüente entre crianças entre 3 e 9 anos. Após a, foi observado que 3 (28,2%) permaneceram com peso excessivo, porém 13 passaram a ter peso normal. Além da melhora no estado nutricional, foi verificado que houve aumento na aceitação de vegetais e frutas pelas crianças, provavelmente em função das atividades educativas realizadas. O desperdício de comida foi reduzido, devido aos treinamentos ministrados às cozinheiras. Os pais dos alunos passaram a recorrer à equipe de nutrição para esclarecimento de dúvidas e buscando idéias de como contribuir para a manutenção dos hábitos saudáveis em casa. O ambiente onde eram realizadas as refeições foi decorado com cartazes de alimentos saudáveis para que durante as refeições fossem feitas associações com os alimentos trabalhados em aula. Além da redução na prevalência de obesidade das crianças, foi observada melhora no conhecimento das mesmas em relação aos alimentos, quais devem ser consumidos com freqüência e aqueles que devem ser evitados por conter alto teor de gordura e poucos nutrientes. Esse retorno foi trazido pelos próprios pais que contaram maior envolvimento das crianças nas idas ao supermercado e na preparação das refeições.
4 847 Tabela 1. Estado nutricional da amostra avaliada antes e após a. Faixa etária Eutrofia Sobrepeso Obesidade 7 meses a 2 anos 3 a anos a 9 anos 10 a 13 anos 1 (,33%) (,%) (,33%) 2 22 (,%) 13 4 (1,1%) (8,33%) (18,18%) 2 (11,11%) 4 (1,1%) 3 (8,33%) (18,18%) 2 (11,11%) 7 (18,1%) 9 (19,44%) 9 (1,1%) (1,%) (18,1%) 7 (19,44%) (1,1%) 3 (1,%) A importância do acompanhamento nutricional na infância decorre da influência decisiva que o estado nutricional exerce sobre o desenvolvimento infantil e os riscos de morbimortalidade nesta fase da vida, representando um confiável indicador das condições de saúde de uma população (ENGSTROM, 2002). Do mesmo modo, os casos de obesidade infantil devem ser acompanhados de perto, em função das conseqüências clínicas já apontadas acima, assim como outras implicações de ordem social e psicológica que a criança poderá sofrer. Nesse sentido, intervenções direcionadas tanto à prevenção quanto ao tratamento da obesidade infantil, devem levar em consideração questões fisiológicas, sociais, ambientais, culturais e antropológicas. Isso porque a obesidade não pode ser vista apenas como uma doença orgânica, mas sim como uma questão que envolve inúmeras variáveis, que podem influenciar de maneira importante no seu tratamento (ACCIOLY, 2003). Conclusão Entendemos que atuar na prevenção da obesidade infantil principalmente na creche, local onde a criança passa grande parte do tempo e realiza grande parte das refeições diárias, auxilia não só no melhor desenvolvimento físico da criança, como também no desenvolvimento intelectual. Diante do que foi discutido acima e dos resultados obtidos nesse trabalho, nosso modelo mostrou-se efetivo na população avaliada, na medida em que reduziu os índices de obesidade. É necessário testar esse modelo em outras populações para que a essa iniciativa possa ser implementada nos protocolos de manejo nutricional infantil.
5 848 Referências ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; DE LACERDA, E.M.A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. 1. Ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica, p. BALABAN G, SILVA GAP. Prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. J Pediatr. Vol 77, Nº 2 (2001), pp COSTA R, FISBERG M, MAXTA J, SONDERBERGH T. UNIFESP, Secretaria Municipal de Santos e Universidade São Marcos (dados em publicação) ENGSTROM E.M. (org.) SISVAN: instrumento para o combate aos distúrbios nutricionais em serviços de saúde: o diagnóstico nutricional. 2ªed. Rio de Janeiro: YFIOCRUZ, SISVAN, SOUZA LEÃO SC, ARAÚJO LMB, MORAES LTLP, ASSIS AM. Prevalência de obesidade em escolares de Salvador, Bahia. Arq Bras Endocrinol Metab. Vol. 47, Nº 2 (2003), pp STYNE DM. Childhood and adolescent obesity. Prevalence and significance. Pediatr Clin North Am. Vol. 48, Nº4 (2001), pp
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