Café Doença Cardiovascular



Documentos relacionados
Prevenção Cardio vascular. Dra Patricia Rueda Cardiologista e Arritmologista

Consulta de Enfermagem para Pessoas com Hipertensão Arterial Sistêmica. Ms. Enf. Sandra R. S. Ferreira

Pesquisa sobre o Nível de Percepção da População Brasileira sobre os Fatores de Risco das Doenças Cardiovasculares

PROTOCOLOS DE REABILITAÇÃO CARDÍACA FASE II

PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENIR É PRECISO MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS SERVIDORES VIGIAS DA PREFEITURA DE MONTES CLAROS

EFEITO DA PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA REGULAR NO RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS HIPERTENSOS E/OU DIABÉTICOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PERFIL LIPÍDICO.

Administração dos riscos cardiovasculares Resumo de diretriz NHG M84 (segunda revisão, janeiro 2012)

OS 5 PASSOS QUE MELHORAM ATÉ 80% OS RESULTADOS NO CONTROLE DO DIABETES. Mônica Amaral Lenzi Farmacêutica Educadora em Diabetes

EFEITO PROJETADO DA DIETA DE REDUÇÃO DE SAL NA DOENÇA CARDIOVASCULAR FUTURA

Carne suína e dietas saudáveis para o coração. Semíramis Martins Álvares Domene Prof a. Titular Fac. Nutrição PUC-Campinas

Cadernos UniFOA. Palavras-chaves: Resumo

Doenças Desencadeadas ou Agravadas pela Obesidade

Cardiologia - Global Consolidado 1 / 9

INTRODUÇÃO. Diabetes & você

FUNDAMENTOS DA ESTEATOSE HEPÁTICA

Sessão Televoter Diabetes. Jácome de Castro Rosa Gallego Simões-Pereira

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA

S E M A N A D A S A Ú D E

I CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM TABAGISMO DISCIPLINA DE PNEUMOLOGIA - ESCOLA MÉDICA DE PÓS-GRADUAÇÃO - PUC RIO AVALIAÇÃO CLÍNICA INICIAL

AULA 11: CRISE HIPERTENSIVA

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

Este capítulo tem como objetivo, tecer algumas considerações. Epidemiologia, Atividade Física e Saúde INTRODUÇÃO

Objetivo da participação:

AGENTE DE FÉ E DO CORAÇÃO PASTORAL NACIONAL DA SAÚDE 04 de outubro de Dislipidemias

Saúde Naval MANUAL DE SAÚDE

O que é O que é. colesterol?

Yerba mate extrato EXTRATO DE MATE PADRONIZADO CAFEÍNA POLIFENÓIS TEOBROMINA

Cartilha. pela Saúde da Mulher

O que é a obesidade?

ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO DAS DOENÇAS CORONÁRIA E CAROTÍDEA CONCOMITANTE

Novas diretrizes para pacientes ambulatoriais HAS e Dislipidemia

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA CARDIOVASCULAR NO PÓS- OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO

Parar de fumar Resumo de diretriz NHG M85 (maio 2011)

CAMPANHA DE DIABETES E HIPERTENSÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Secretaria da Área da Saúde

Projecto Curricular de Escola Ano Lectivo 2008/2009 ANEXO III 2008/2009

Brochura. Apenas ao saborear o vinho moderada e calmamente, os seus sabores complexos podem ser apreciados e desfrutados na totalidade.

Tópicos da Aula. Classificação CHO. Processo de Digestão 24/09/2012. Locais de estoque de CHO. Nível de concentração de glicose no sangue

Estudos Epidemiológicos. José de Lima Oliveira Júnior

Saúde e Desporto. Manuel Teixeira Veríssimo Hospitais da Universidade de Coimbra. Relação do Desporto com a Saúde

ESTADO D O AMAZONAS CÂMARA MUNICIPAL DE MAN AUS GABINETE VEREADOR JUNIOR RIBEIRO

Dia Mundial da Diabetes - 14 Novembro de 2012 Controle a diabetes antes que a diabetes o controle a si

Reabilitação Cardíaca A reabil

E L R O R B ETSE SO L O R C FALAS O VAM

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO

Análise dos resultados

Colesterol O que é Isso? Trabalhamos pela vida

RASTREAMENTO (Screening)

Sessão Televoter Diabetes

CLÍNICA MÉDICA LIGA DE CLÍNICA MÉDICA UNICID DOENÇA RENAL CRÔNICA DOENÇA RENAL CRÔNICA DOENÇA RENAL CRÔNICA

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE

COMPORTAMENTOS NÃO SAUDÁVEIS ASSOCIADOS À INATIVIDADE FÍSICA NO LAZER EM TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS DO SUL DO BRASIL

Espécie humana: evoluiu de/para AF diária e dieta rica em fibras vegetais, desenvolvendo uma extraordinária capacidade funcional de reserva

A ENDOCRINOLOGIA CLÍNICA

Sessão Televoter Diabetes

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

Adaptações. Estruturais. Funcionais em Repouso Funcionais em Exercício EFEITOS DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE O SISTEMA CARDIOVASCULAR

DIA MUNDIAL DO CÂNCER 08 DE ABRIL

Relatório Estatístico da Pesquisa Realizada no 23º Congresso Estadual da APEOESP

Cessação e Tratamento do Tabagismo Mitos e Verdades. Silvia M. Cury Ismael Mônica Andreis

Programa SESI Lazer Ativo. SAUDE BEM ESTAR QUALIDADE DE VIDA nos dias de hoje...

SEGUIMENTO DO DOENTE CORONÁRIO APÓS A ALTA HOSPITALAR. Uma viagem a quatro mãos

Nathallia Maria Cotta e Oliveira 1, Larissa Marques Bittencourt 1, Vânia Mayumi Nakajima 2

Pesquisa revela que um em cada 11 adultos no mundo tem diabetes

O QUE SABE SOBRE A DIABETES?

Coração saudável. Dr. Carlos Manoel de Castro Monteiro MD,PhD

PERCEPÇÃO E REALIDADE Um estudo sobre obesidade nas Américas OUTUBRO 2014

Estatística na vida cotidiana: banco de exemplos em Bioestatística

O Consumo de Tabaco no Brasil. Equipe LENAD: Ronaldo Laranjeira Clarice Sandi Madruga Ilana Pinsky Ana Cecília Marques Sandro Mitsuhiro

Journal of Applied Physiology Outubro 2009

Aleitamento Materno Por que estimular?

Consumo de açúcar, sal e gorduras

SUMÁRIO OBESIDADE...4 OBESIDADE EM ADULTOS...5 PREVENÇÃO...6 EM BUSCA DO PESO SAUDÁVEL...7 TRATAMENTO...9 CUIDADOS DIÁRIOS COM A ALIMENTAÇÃO...

IMPORTANCIA DA ACTIVIDADE FÍSICA EM DOENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE RENAL E HEPÁTICO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE AOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE DIABETES TIPO I E A PRÉ-DIABETES COM ÊNFASE NA JUVENTUDE

O TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)

X FÓRUM PRESENÇA ANAMT 2011 SEMINÁRIO ANAMT/ABMT 2011 Rio de Janeiro, 12 a 14 de novembro de 2011

Hipert r en e são ã A rteri r a i l

Médico Pediatra Cursos de Pós-Graduação: Nutrologia / Homeopatia / Saúde Pública Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa

Anemia: Conteúdo. Definições

ANEMIA EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 1

Osteoporose e a importância do Cálcio e Vitamina D

2014 Instituto Lado a Lado pela Vida Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 5988 de 14/12/73. Nenhuma parte desta cartilha, sem

PROTOCOLO DE SAÚDE OCUPACIONAL EM TRABALHO EM ALTURA E ESPAÇO CONFINADO

MESA REDONDA: O papel do MFC na Saúde Suplementar. A Experiência da Saúde da Família na CASSI GRAÇA MACHADO DIRETORA DE SAÚDE E REDE DE ATENDIMENTO

Comorbidades e Fibrose Pulmonar Idiopática

à diabetes? As complicações resultam da de açúcar no sangue. São frequentes e graves podendo (hiperglicemia).

Função pulmonar na diabetes mellitus

SABADOR. Apresentadora: Renée Sarmento de Oliveira Membro da equipe de Cardiologia/Coronária HBD. Professora de Clínica Médica da UNIRIO

11º Curso Pós-Graduado NEDO 2010 Endocrinologia Clínica Diabetes. Diabetes: avaliação da evolução e do tratamento

II Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia da Região Centro-Oeste. Dr. Maurício Milani

Carne suína: um parceiro do cardápio saudável. Semíramis Martins Álvares Domene Prof a. Titular Fac. Nutrição PUC-Campinas

Os princípios científicos da Água & Hidratação

SOLUÇÕES. Curvas de Solubilidade

Coração Saudável! melhor dele?

Transcrição:

Café e Doença Cardiovascular Dr. Miguel A. Moretti Coordenador de Pesquisa Médica da Unidade de Café e Coração miguel.moretti@incor.usp.br

Café e Doenças Cardiovasculares Consumo per capita anual EUA 3,8 Kg Brasil 5,5 Kg França 6 kg Escandinávia 15 Kg Por ser uma bebida de alto consumo mundial, o café tem motivado pesquisas relacionadas a possíveis alterações metabólicas que poderiam predispor ao desenvolvimento de doenças do coração. Jee HS et al. Am J Epidemiol 2001;153(4):353-62 Richele M et al. Agric Food Chem 2001;49:3438-42

O CAFÉ LEVARIA A 1. INSÔNIA 2. HIPERTENSÃO 3. TAQUICARDIA 4. ARRITMIA 5. COLESTEROL AUMENTADO 6. INFARTO DO MIOCÁRDIO 7. E até IMPOTÊNCIA SEXUAL, se muito quente.

Consumo de Café x Mortalidade RR ajustado para idade, tabaco e outros fatores de risco para câncer e DCV (41 mil homens e 86 mil mulheres acompanhados por 18 anos) 20% Homem Mulher Variação de RR % 10% -10% -20% -30% < 1 ch/m 1ch/m 5 7 ch/sem 2-3 ch/dia 4-5 ch/dia >6 ch/dia 4ch/sem Lopez-Garcia E, 2008.

Consumo de Café e Mortalidade N Engl J Med 2012;366:1891-904.

ASPECTOS POSITIVOS DA CAFEÍNA A Cafeína é segura se consumida com moderação : até 500 mg diários (1 mg/ml) Meio Litro de CAFÉ = 4 xícaras de 125 Ml Cafeína aumenta a atenção, a concentração e a memória 08:00 hs 10:00 hs 13:00 hs 15:00 hs

Principais componentes do Café Cafeína Cafestol e Kahweol Ácidos clorogênicos (Polifenois)

Grupos com Relação Forma de Preparo do Café Filtrado Fervido Solúvel Expresso Descafeinado Puro Blend Arábica Robusta Torra

Café e Coração Consumo de café ou chá protege contra eventos cardiovasculares. Klatsky, Ann Epidemiol 1993 Woodward M, J Epidemiol Community Health 1991 A maior morbi-mortalidade na população masculina deve-se ao aumento do Col. e do Tab. Kleemola P, Arch Int Med 2000

A confusa relação entre beber café e a doença coronaria. Após décadas de estudos conflituosos, essa relação continua não resolvida. A relação entre consumo de café e aumento no risco de doença coronária só esta demonstrada em fumantes ou ex-fumantes com controle inadequado. De 127.212 pacientes, 8.357 internados por DAC. Nos 58.888 não fumantes não houve relação com café. Mas nos ex-fumantes ou tabagistas houve correlação. Klatsky AL. Am J Cardiol. 2008 Mar 15;101(16)

Café e Lípides Séricos

Café e Colesterol OR da variação das concentrações plasmáticas de lípides Regular vs Descaf. Col.T 1.4 (-4.2 7.0) p=0.63 LDL 0.7 (-3.1 1.7) p=0.59 Fervido vs Filtrado Col.T 18.2 (12.4 24) p<0.001 LDL 17.8 (11.1 24.5) p=0.003 Tgl 9.6 (3.6 15.6) p=0.01 MAM04 Jee SH. Am J Epidemiol 2001

Café e Lípides Séricos Modo e Técnica de Preparo do café e Colesterol Plasmático Modo de preparo Técnica de preparo Cafestol Kahweol colesterol (mg) (mg) (mg/dl) FILTRADO O pó colocado no filtro de papel e despeja-se a água quente 0,1 0,1 0,38 COADO O pó é misturado na água quente e posteriormente despejado no coador de pano 0,1 0,1 0,38 INSTANTÂNEO Os grânulos são misturados à água quente 0,2 0,2 0,38 EXPRESSO O pó é colocado no filtro da máquina e a água sob pressão, Por 10 a 20 seg., a 90 o C, passa Através dele. 1,5 1,8 3,86 MAM04 Urget R, Katan MB. J R Soc Med. 1996;89:618-23.

Café e Lípides Séricos Modo e Técnica de Preparo do café e Colesterol Plasmático Modo de preparo Técnica de preparo Cafestol (mg) Kahweol (mg) colesterol mg/dl) MOCHA CAFÉ ESCANDINAVO O pó é colocado no filtro metálico na parte superior da cafeteira, e na 1,1 parte inferior coloca-se a água. Ao 1,4 2,70 ferver, o vapor d água sobe pelo filtro passando pelo pó. O pó é fervido com a água e decantado depois 3,0 3,9 7,33 CAFETEIRA O pó é adicionado à água fervida numa cafeteira 3,5 4,4 8,87 própria. A mistura passa por um coador CAFÉ ÁRABE O pó é misturado à água fervente. Depois é servido decantado e sem filtar. 3,9 3,9 9,65 MAM04 Urget R, Katan MB. J R Soc Med. 1996;89:618-23.

Café e Lípides Séricos Conclusão O cafestol e Kahweol podem aumentar os níveis de colesterol total e LDL-colesterol, dependendo do modo de preparo do café. 1 O filtro de papel retém mais de 80% dessas substâncias gordurosas presentes nos grãos, impedindo assim o aumento do perfil lipídico. 2 MAM04 1. Urget R, Schulz AGM, Katan MB. Am J Clin Nutr. 1995;61:149-54. 2. Ahola I, Jauhiainen M, Aro A J Inter Med 1991;230:293-7.

Café e Diabetes

Café e DM RR 50% (95% CI 0,35-0,72 p=0,0002) com 7 xícaras dia / Holanda Van Dam, Lancet 2002 > 41mil masc. e > 84mil fem., seguidos por 12 e 18 anos. Os usuários de café tiveram menos DM2. Martinez ES, Ann Intern Med 2004

Café e DM Incidência de DM em Mulheres. Estudo cohort prospectivo longitudinal RR depois de ajuste para idade, tabagismo, sedentarismo e IMC (1361 mulheres) < 2 xícaras de café dia = referência 3-4 = 0.55 (0.32 0.95) 5-6 = 0.39 (0.20 0.77) >7 = 0.48 (0.22 1.06) Rosengren A. J Intern Med 2004

Café e Pressão Arterial

Café e Hipertensão Aumenta os níveis pressóricos e a HAS? 1017 mulheres seguidas por 33a Café vs Não café Café elevou a incidência de hipertensão (18.8% vs 28.3% p=0,03) com RR 1,60 (1.06-2.40) Com ajuste para: antec. fam.; IMC; tabagismo; etilismo e atividade física essa diferença desaparece. Klag MJ. Arch Int Med 2002

Café reduz Pressão Arterial Italian Study 500 voluntários (18-62a) S/Café 1x/d 2-3x/d 4-6x/d >6x/d PAS 130.4 129.4 128.4 124.9 124.1 PAD 81.5 82.2 81.4 78.8 78.7 Correção para ingesta de álcool e tabagismo, redução de: 0.80 mmhg na PAS 0.48 mmhg na PAD, por xícara de café Periti M. Clin Sci 1987;72:443-7

Café e Hipertensão Variação da Pressão Arterial mmhg 12 10 8 6 4 2 0 PAS PAD Café H Café NH Descaf. NH Corti, Circulation 2002

Café e Hipertensão PAS mmhg 7 6 5 4 3 2 1 0-1 -2 3 4 5 6 7 8 Xícaras de Café / Dia Lee SH Hypertension 1999 Hábito de beber café promove um pequeno aumento na PA sem elevar o risco de desenvolver HAS. Klag MJ, Arch Int Med 2002

Café e Hipertensão Metanálise de estudos randomizados 1966 2001, determinando o Risco Atribuído a População para HAS (PAR%). Impacto da dieta e do estilo de vida na prevalência de hipertensão na população. Obesidade 11-25% Inatividade 5-13% > Sódio 9-17% < Potássio 4-17% < Magnésio 4-8% Alcool 2-3% Café 0-9% Geleijnse JM. Eur J Public Health, 2004

Café e Infarto do miocárdio MAM04

Café e Infarto do miocárdio Alguns estudos nos países nórdicos mostram aumento de infarto em homens, que tomam café não filtrado, e a partir de 7chícaras ao dia. Na Finlândia isto não é demonstrado. Relação com lípides sangüíneos? MAM04

Café e IAM Mortalidade após IAM - 1902 pacientes durante 5 anos consumo de café xícaras / dia zero 0 7 8 14 >14 Óbito 109(22%) 87(17%) 54(19%) 65(11%) Tx/100pcts /ano 6.27 4.71 4.91 2.8 Ajuste para Idade e sx 0.77 0.93 0.74 MAM04 Mukanal KJ. Am Heart J 2004

Café e Coração 17 voluntários masculinos com Ico cr, o uso de 1 ou 2 xícaras de café aumentou em 8 e 12% a tolerância ao exercício, o mesmo não aconteceu com o descafeinado. Pitus KM, Am J Cardiol 1985 Apesar de leve, mas significativa, elevação da pressão arterial, 32 voluntários com Ico cr não tiveram piora da função ventricular ou do tempo para desenvolver angina ou alteração ECG durante prova de esforço. Hirsch AT, Ann Intern Med 1989 MAM04

Coffee consumption (by cups) and relative risk of coronary heart disease in men and women* Outcome <1/mo 1/mo 4/wk 5-7/wk 2-3/d 4-5/d >6 /d p for trend Total CHD (men) Total CHD (women) Fatal CHD (men) Fatal CHD (women) Nonfatal MI (men) Nonfatal MI (women) 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.04 (0.91-1.17) 0.97 (0.83-1.14) 1.04 (0.84-1.29) 1.09 (0.83-1.42) 1.02 (0.88-1.19) 0.93 (0.77-1.13) 1.02 (0.91-1.15) 1.02 (0.90-1.17) 1.04 (0.85-1.28) 1.01 (0.80-1.27) 1.01 (0.87-1.17) 1.04 (0.89-1.22) 0.97 (0.86-1.11) 0.84 (0.74-0.97) 1.04 (0.84-1.30) 0.81 (0.64-1.03) 0.94 (0.80-1.10) 0.86 (0.73-1.02) 1.07 (0.88-1.31) 0.99 (0.83-1.17) 1.08 (0.76-1.54) 0.97 (0.72-1.31) 1.06 (0.84-1.34) 0.99 (0.80-1.22) 0.72 (0.49-1.07) 0.87 (0.68-1.11) 0.60 (0.26-1.36) 0.61 (0.37-1.02) 0.81 (0.52-1.26) 0.99 (0.75-1.31) 0.41 0.08 0.82 0.08 0.49 0.47 *Adjusted for all variables at baseline Garcia-Lopez E, et al. 2006; 113: 2045-2053.

Coffee Consumption and Risk of Myocardial Infarction among Older Swedish Women Rosner AS. Am J Epidemiol 2007;165

Café, CYP1A2 Gene e Risco de Infarto do Miocárdio A cafeína é metabolizada pelo citocromo polimórfico P450 1A2 (CYP1A2). Homozigóticos metabolizam rapidamente a cafeína. Mais de 2000 pacientes com 1º infarto e 2000 controles na população. Seguimento de 10 anos. Cerca de 55% de cada grupo tinham padrão heterozigótico. Consumo / Alelos 1A/1F 1A/1A OR (95% IC) para infarto não fatal e consumo de café < 1/dia Ref. Ref. 1 0,99 0,75 2-3 1,36 0,78 > 4 1,64 0,99 p=0,04 Cornelis MC. JAMA. 2006;295

Café e Acidente Vascular Cerebral Coffee Consumption and Risk of Stroke in Women Prospective cohort of 83,076 women in the Nurses Health Study Consumption <1 cup per month 4 per day RR 1,0 0,8 (0.64 to 0.98) Circulation. 2009;119:1116-1123

Café e Cafeína vs Risco de Doença Coronária Café é uma complexa mistura que possui efeitos benéficos e prejudiciais ao sistema cardiovascular. Estudos randomizados e controlados mostram impacto negativo com café fervido e não filtrado (maior risco de doença coronária, aumento colesterol). Substâncias como os Diterpenos presentes no café fervido não filtrado e a caféina aumentam o risco de doença coronária. Vários outros estudos mostram um efeito protetor com consumo moderado de café. Provavelmente relacionados a outras substâncias presentes no café como alguns antioxidantes e fitosteróis. Recente estudo avaliando a relação entre café e risco de IAM incorporados ao polimorfismo genético associado ao baixo metabolismo da cafeína mostram fortes evidencias de que a cafeína aumenta o risco de doença coronária Cornelis MC, Univ Toronto. 2007.

PROTOCOLO DE INTENÇÕES PARA APOIO A PESQUISAS NA ÁREA DE CAFÉ E SAÚDE HUMANA COM ÊNFASE NA RELAÇÃO DO CONSUMO DE CAFÉ E O CORAÇÃO (PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES ) Firmado entre o INSTITUTO DO CORAÇÃO INCOR, HCFMUSP, a FUNDAÇÃO ZERBINI, e a ABIC - Associação Brasileira da Indústria de Café, aos dez dias do mês de Maio de 2004.

Unidade de Pesquisa Médica do Café Projeto Café e Coração Promover e coordenar diferentes linhas de pesquisa Pós Graduação Projeto Nacional (intl) Estudo Epidemiológico Café e Coração Café e DM Componentes do Café Formas de preparo e consumo

Perfil da amostra Região SUDESTE 2.200 indivíduos > 55 anos 1.100 Tomadores de café 1.100 Não tomadores de café 550 Sem DCV 550 Com DCV 550 Sem DCV 550 Com DCV

Preparo Padronizado Doses diárias (em ml) ideais para o consumo moderado de café Consumo/Hora 6 7h 10h 13 14h 15 16h Até 10 anos 50 50 50 50 10 15 a 100 50 100 100 15 20 a 100 150 100 100 20 60 a 150 150 150 150 > 60 anos 100 50 50 Obs.: dose de cafeína diária adequada = máximo 500mg (300 400) Café = Torra padronizada Tratamento A tipo controle moagem média Preparo: 100g para 1 litro de H2O papel adequado (tamanho) distribuição uniforme, pré ebulição, não mexer. Não reutilizar pó

Materiais e Métodos 80 indivíduos (26 com DAC e 54 voluntários saudáveis). 35 homens e 45 mulheres. Idade média de 53,4 ± 13,5 anos. Lab Lab Lab Torra Escura 28d Torra Escura 28d Washout 21d RDM Torra Média 28d Torra Média 28d Cronograma A Cronograma B

Unidade Café e Coração Basal Torra Escura Torra Média p Col. Total 195,1 ± 42,9 193,4 ± 47,8 196,9 ± 40,4 0,84 HDL 52,2 ± 12,6 54,2 ± 11,7 54,1 ± 12,3 0,26 LDL 127,1 ± 36,4 128,2 ± 36,3 127,0 ± 35,4 0,93 Glicemia 91,40 ± 12,69 91,61 ± 10,81 91,35 ± 12,09 0,945 PCR 2,27 ± 2,74 2,24 ± 2,45 2,53 ± 3,66 0,543

Medidas de pressão por 24 horas PAS (Media) PAD (Media) 1900ral 1900ral Pressão em mmhg 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral Basal washout Tostado Oscura Tostado Media Basal washout Torra escura Torra média p PAS (Média) 109,26 ±10,20 109,18 ±11,12 112,86 ±11,42 0,002 PAD (Média) 66,51±7,86 66,41 ± 8,36 68,68 ± 8,83 0,18

Teste de esforço t Exercício 1901ral 1901ral Tempo em segundos 1901ral 1901ral 1901ral 1901ral 1901ral 1901ral 1901ral Basal washout Tostado Oscura Tostado Media p T Exercício 601,7±185,6 641,6±207,4 645,3±198,4 <0,001

Arritmias cardíacas em saudáveis e com doença coronária Ventriculares Supraventriculares Ventriculares Supraventriculares 1901ral 1900ral Número de extrasístoles 1901ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral Extrasístoles por hora 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral 1900ral Basal Tostado Oscura Tostado Media 1900ral Basal Tostado Oscura Tostado Media Extrasístoles Basal Torra escura Torra média p Ventriculares Numero 297,6 ± 1.556,6 88,3 ± 340,3 398,3 ± 2.228,6 0,84 Por hora 13,28 ± 67,87 3,81 ± 14,84 7,19 ± 22,86 0,11 Supraventriculares Numero 55,9 ± 131,5 156,7 ± 675,1 53,3 ± 127,4 0,14 Por hora 2,43± 6,19 6,71 ± 28,30 2,26 ± 5,90 0,03

Resultados da reatividade vascular da arteria braquial por fluxo e nitrato Basal ( washout ) Torra escura p Diâmetro inicial (mm) Dilatação mediada por fluxo Dilatação mediada por nitrato 3,98 ± 0,74 (3,995) 4,08 ± 0,73 (4,070) 0,16 0,05 ± 0,07 (0,050) 0,05 ± 0,06 (0,045) 0,46 0,18 ± 0,12 (0,179) 0,17 ± 0,08 (0,169) 0,54

Conclusões Aparentemente não há nenhuma repercussão negativa do café, tomado em quantidades habituais, na saúde das pessoas. Nem naqueles com doença coronária. Precisamos esperar mais tempo por dados a respeito das diferenças entre os graus de torra do café, escuro ou médio claro, e sua influência na pressão arterial e outros parâmetros.

Unidade de Pesquisa Médica Café e Coração