ACÓRDÃO Registro: 2015.0000416747 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é paciente AGNES ROCHA DE JESUS SILVA e Impetrante MARIA VICTORIA DE BARROS CAMPOS. ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Denegaram a ordem. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA. São Paulo, 16 de junho de 2015. Guilherme de Souza Nucci RELATOR Assinatura Eletrônica
Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000 Comarca: São Paulo Impetrante: MARIA VICTORIA DE BARROS CAMPOS Paciente: Agnes Rocha de Jesus Silva VOTO Nº. 10314 Habeas corpus. Estelionato. Prisão em flagrante. Concessão de liberdade provisória mediante pagamento de fiança, cumulada com comparecimentos a todos os atos do processo e recolhimento domiciliar. Paciente que não compareceu em audiência de instrução e julgamento. Advento de sentença condenatória vedando-se o recurso em liberdade em razão do descumprimento injustificado das medidas cautelares impostas. Mandado de prisão expedido Análise dos requisitos do art. 312 do CPP. Paciente reincidente, possuidora de maus antecedentes, foragida até o presente momento. Ordem denegada. Trata-se Habeas Corpus, com pedido liminar, impetrado por defensora em favor de AGNES ROCHA DE JESUS SILVA, contra ato da MM. Juíza de Direito, Dra. Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa, da 5ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo, sob a alegação de que a paciente sofre constrangimento ilegal, consistente na negativa do direito de recorrer em liberdade. Sustenta a ilegalidade da decisão, que indeferiu o direito de apelar em liberdade, entendendo que não Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000 2
há nos autos elementos que demonstrem a pretensão da paciente em furtar-se à justiça. Menciona, ainda, não ser à revelia motivo para impedir a benesse. Postulou, destarte, a concessão da liminar, com a imediata expedição de salvo conduto em favor da ora paciente. A liminar foi indeferida (fls. 36/37), a autoridade impetrada prestou informações (fls. 40/53) e a Procuradoria Geral de Justiça opinou pela denegação da ordem (fls. 55/57). Processado o presente writ, a ordem deve ser denegada. Conforme consta dos autos, a paciente foi denunciada pela suposta prática do crime de estelionato, ocorrido no dia 31 de outubro de 2013, acusada de ter obtido para si, na companhia de outros indivíduos não identificados, no dia 31 de outubro de 2013, vantagem ilícita em prejuízo de Antônio Carlos Pereira da Cunha, no montante de R$ 1.000,00, induzindo-o e mantendo-o em erro, mediante meio fraudulento, simulando extorsão mediante sequestro. Entendendo presentes os requisitos, houve por bem a autoridade coatora conceder a liberdade provisória à paciente, mediante o pagamento de fiança, além do comparecimento a todos os atos do processo, não mudar de domicílio sem prévia comunicação e recolhimento domiciliar e noturno nos dias de folga. Diante da ausência da paciente à Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000 3
audiência de instrução e julgamento, foi decretada a sua revelia. Finda a instrução criminal, em sentença datada de 30/01/2015, houve por bem a magistrada Cristina Ribeiro Leite Balbone Costa condenar a paciente como incursa no art. 171 caput, do Código Penal às penas de 2 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado, mais o pagamento de 23 dias-multa, no patamar mínimo legal, vedandose, o recurso em liberdade, em razão do descumprimento injustificado das condições estabelecidas na liberdade provisória. Atualmente, a paciente encontra-se foragida. De início verifico que a ausência de trânsito em julgado enseja a apreciação dos requisitos da prisão preventiva por este Tribunal de Justiça. Com efeito, mostra-se certeira a sentença no tocante a proibição do recurso em liberdade, porquanto, ao contrário das alegações trazidas pelo impetrante, necessária a manutenção da prisão cautelar da paciente, considerando o descumprimento injustificado das condições anteriormente aplicadas pela autoridade coatora, além dos maus antecedentes e reincidência ostentados por ela - condenações definitivas pelos crimes de roubo, tráfico e receptação nos anos de 2006, 2008 e 2010. Nesse sentido, resta rechaçada a aventada ausência de periculosidade da paciente, porquanto os registros sinalizam-se adversários à garantia da ordem pública, asseverando irreprochável a manutenção da decretação de sua Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000 4
prisão cautelar. Assim vimos defendemos: Outro fator responsável pela repercussão social que a prática de um crime adquire é a periculosidade (probabilidade de tornar a cometer delitos) demonstrada pelo réu e apurada pela análise de seus antecedentes e pela maneira de execução do crime. Assim, é indiscutível que pode ser decretada a prisão preventiva daquele que ostenta, por exemplo, péssimos antecedentes, associando-se a isso a crueldade particular com que executou o crime 1 De tal sorte, in casu, considerando a conduta delitiva apurada, aliada às condições pessoais da paciente, não restam dúvidas quanto à presença do requisito autorizador à decretação de sua prisão cautelar. Ante o exposto, pelo meu voto, denego a ordem impetrada, mantendo, in totum, a decretação da prisão cautelar de AGNES ROCHA DE JESUS SILVA, vedando-se o recurso em liberdade, consoante decidiu a magistrada a quo. 1 NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, 13ª Ed, Forense, p.700. Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000 5
GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator Habeas Corpus nº 2041427-21.2015.8.26.0000 6