Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

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1 1 HABEAS CORPUS Nº ( ) COMARCA : APARECIDA DE GOIÂNIA IMPETRANTE : GUELBER CAETANO CHAVES PACIENTE : HIAGO PRATEADO CHAVES RELATOR : JAIRO FERREIRA JÚNIOR Juiz Substituto em Segundo Grau RELATÓRIO E VOTO O advogado Guelber Caetano Chaves, profissionalmente estabelecido na cidade de Goiânia, amparado pelo art. 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, arts. 647 e 667, do Código de Processo Penal, impetra ordem liberatória de habeas corpus, com pedido de liminar, em proveito de HIAGO PRATEADO CHAVES, qualificado, apontando como autoridade coatora a Meritíssima Juíza de Direito da 2ª Vara Criminal da Comarca de Aparecida de Goiânia, sustentando que o paciente, processado e condenado pelo crime tipificado pelo art. 33, caput, da Lei de Drogas, à reprimenda aflitiva de 05 (cinco) anos de reclusão, em regime inicial fechado, 500 (quinhentos) dias-multa, no menor valor unitário, padece constrangimento ilegal, negado o direito de recorrer em liberdade, em pronunciamento carente de fundamentação, incompatível o sistema prisional imposto com o privilégio do art. 33, 4º, da Lei nº

2 /06, reconhecido em seu favor, além de preenchidos os requisitos para a progressão, razão para a soltura. Pedido de liminar. Liminar indeferida. Informações da Juíza impetrada. A Procuradoria-Geral de Justiça, representada pelo Dr. Abreu e Silva, se manifesta pela denegação da ordem. É o relatório. VOTO Relativamente à modificação do regime prisional imposto e progressão do sistema penitenciário, vê-se, dos autos, a impossibilidade de apreciação dos temas, porquanto a análise dessas questões exige incursão na seara fático-probatória, bem como aprofundado exame sobre a existência dos requisitos objetivos e subjetivos de cada instituto, incompatível com o apertado limite da providência mandamental.

3 3 Apenas excepcionalmente admite-se a discussão de matéria atinente à condenação e à execução penal na ação de habeas corpus, quando o ato impugnado apresentar ilegalidade demonstrada de plano, sendo inviável a aprofundada análise de fatos e provas para o enfrentamento de questão relacionada à modificação do regime prisional imposto e progressão de sistema penitenciário, em razão da incompatibilidade do rito célere que lhe é próprio. Nesse sentido, julgados da Corte, in verbis: Habeas Corpus. Tráfico ilícito de entorpecentes. Substituição da pena corpórea por restritivas de direitos. Alteração de regime. Via inadequada. 1. As matérias referentes a substituição da pena corpórea por restritivas de direito e alteração de regime prisional são incompatíveis com o rito sumário do habeas corpus, uma vez que requerem cauteloso estudo do contexto fático probatório, porquanto devem ficar reservadas ao recurso de apelação, de rito mais amplo e abrangente, que privilegia o contraditório. ( ) Ordem parcialmente conhecida. Prisão preventiva revogada. Expedição de alvará de soltura. (HC nº , DJE nº 1.791, de 25/05/15).

4 4 Habeas Corpus. Gestão fraudulenta. Progressão de regime. Unificação de penas. Via eleita inadequada. Não conhecimento. O habeas corpus não é a via adequada, em regra, para a análise de pedidos de progressão de regime em unificação de penas, por serem matérias incompatíveis com os limites estreitos do remédio heroico, reservando-se ao Agravo em Execução Penal como instrumento próprio para o exame dos referidos pleitos. Inteligência do art. 197, da LEP. Ordem não conhecida. (HC nº , DJE nº 1.748, de 17/03/15). Concebendo o decreto penal adverso (fls. 12/46), a julgadora não fundamentou a preservação da prisão cautelar do paciente, para a interposição de recurso de apelação, confrontando o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, porquanto deixou de apresentar elementos concretos das condições autorizativas para a manutenção da custódia antecipada, baseado em meras conjecturas, se limitando a indicar ter o paciente respondido todo o processo preso e por não ter comprovado o exercício de atividade laboral lícita antes da sua segregação, quando, em verdade, verificado que na época estava cursando Engenharia Civil na Faculdade Católica do Tocantins (fl. 52), não demonstrado empecilho real à sua soltura.

5 5 A manutenção da prisão preventiva, no reconhecimento da responsabilidade penal do paciente, por sentença sujeita a recurso, não definitiva, deve estar compatibilizada com uma das condições autorizadoras do art. 312, do Código de Processo Penal, reclamando decisão fundamentada, a teor do art. 93, IX, da Carta da República, de modo que o condutor procedimental está obrigado a apontar os elementos concretos ensejadores dessa medida extrema, sob pena de ilegalidade, a ser reparada pela ação constitucional. Nesse sentido, a orientação da Corte, in verbis: Habeas Corpus. Tráfico de drogas. Direito de recorrer em liberdade. Prisão preventiva. Ausência de fundamentação na sentença. 1- Estando a sentença que negou o direito de recorrer em liberdade ausente da presença concreta dos requisitos autorizadores da prisão preventiva, previstos no artigo 312, do Código de Processo Penal, caracterizado está o constrangimento ilegal, especialmente comprovados os bons atributos do paciente. 2- Ordem conhecida e concedida. (HC nº , DJE nº 1.670, de 14/11/14).

6 6 Habeas Corpus. Sentença condenatória que impede o paciente de recorrer em liberdade. Ato desfundamentado. Ordem concedida, mantida a liminar. Não demonstrada concretamente a necessidade da custódia cautelar a prisão do paciente revela constrangimento ilegal, impondo-se a concessão da ordem, confirmando a liminar. Ordem concedida. (HC nº , DJE nº 1.638, de 29/09/14). Ao cabo do exposto, desacolhendo o pronunciamento ministerial, conheço parcialmente da ordem e, nessa extensão, a concedo. Expeça-se alvará de soltura clausulado. É, pois, como voto. Goiânia, 23 de fevereiro de Jairo Ferreira Júnior Juiz Substituto em Segundo Grau

7 7 HABEAS CORPUS Nº ( ) COMARCA : APARECIDA DE GOIÂNIA IMPETRANTE : GUELBER CAETANO CHAVES PACIENTE : HIAGO PRATEADO CHAVES RELATOR : JAIRO FERREIRA JÚNIOR Juiz Substituto em Segundo Grau EMENTA : HABEAS CORPUS. PRISÃO ANTECIPADA. SENTENÇA CONDENATÓRIA. MODIFICAÇÃO DO REGIME PRISIONAL IMPOSTO. PROGRESSÃO DE REGIME. VIA INADEQUADA. NEGATIVA DO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. ILEGALIDADE RECONHECIDA. I - Apenas excepcionalmente admite-se a discussão de matéria atinente à condenação e à execução penal na ação de habeas corpus, quando o ato impugnado apresentar ilegalidade demonstrada de plano, sendo inviável a aprofundada análise de fatos e provas para o enfrentamento de questão relacionada à modificação do regime prisional imposto e

8 8 progressão de sistema penitenciário, em razão da incompatibilidade do rito célere que lhe é próprio. II - A manutenção da prisão preventiva, no reconhecimento da responsabilidade penal do paciente, por sentença sujeita a recurso, não definitiva, deve estar compatibilizada com uma das condições autorizadoras do art. 312, do Código de Processo Penal, reclamando decisão fundamentada, a teor do art. 93, IX, da Carta da República, de modo que o condutor procedimental está obrigado a apontar os elementos concretos ensejadores dessa medida extrema, sob pena de ilegalidade, a ser reparada pela ação constitucional. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, CONCEDIDA. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, pelos integrantes da Segunda Câmara Criminal, por maioria, desacolher o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, conhecer parcialmente do pedido e, nesta parte, conceder a

9 9 ordem, determinando a expedição de alvará de soltura, com imposição de medidas cautelares diversas, nos termos do voto do Relator. Votaram, com o Relator, os Senhores Desembargadora Carmecy Rosa Maria Alves de Oliveira, Juiz Fábio Cristóvão de Campos Faria, em substituição ao Desembargador João Waldeck Félix de Souza, Desembargador Leandro Crispim. Divergiu o Desembargador Edson Miguel da Silva Júnior. Leandro Crispim. Presidiu a sessão de julgamento o Desembargador Presente à sessão, representando a Procuradoria- Geral de Justiça, a Doutora Yara Alves Ferreira e Silva. Fez sustentação oral o Dr. Guelber Caetano Chaves. Goiânia, 23 de fevereiro de Jairo Ferreira Júnior Juiz Substituto em Segundo Grau 05