ETIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS QUADROS DEPRESSIVOS: UM MODELO INTEGRADO



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Transcrição:

ETIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DOS QUADROS DEPRESSIVOS: UM MODELO INTEGRADO Fernanda Moretti 1 Regina de Cássia Rondina 2 RESUMO A depressão é, reconhecidamente, um problema de saúde pública. É um dos processos patológicos com maior frequência na atenção primária, representando o problema presente em cerca de 10% de todas as novas consultas. Este trabalho apresenta uma revisão da literatura, sobre os principais fatores que influenciam na etiologia e desenvolvimento dos quadros depressivos. A revisão da literatura sugere que atualmente, a noção mais aceita é a de que os quadros depressivos apresentam uma dimensão biopsicossocial. Fatores de natureza biológica, psicológica e psicossocial atuam de maneira integrada, no aparecimento do problema PALAVRAS-CHAVE: Transtornos depressivos, etiologia, fatores determinantes ABSTRACT Depression is recognized as a public health problem. One of the pathological processes more frequently in primary care, representing the present problem in about 10% of all new appointments. This paper presents a literature review on the main factors influencing the etiology and development of depressive disorders. The literature review suggests that currently the most widely accepted notion is that the depression present a biopsychosocial dimension. Factors of biological, psychological and psychosocial work in an integrated manner, the onset of the problem. KEY-WORDS: Depressive disorders, etiology; determinant factors 1.INTRODUÇÃO 1 2 Psicóloga, graduada pela Faculdade de Ciências da Saúde de Garça (FASU) Profa. Dra. Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho (UNESP,Marília/SP)

A depressão é provavelmente a mais comum de todas as doenças psiquiátricas ( CORDIOLI, 1998). A cada ano, mais de 100 milhões de pessoas em todo mundo desenvolvem sintomas depressivos. A depressão é, reconhecidamente, um problema de saúde pública. É um dos processos patológicos que aparecem com maior frequência na atenção primária, representando o problema presente em cerca de 10% de todas as novas consultas. O problema pode interferir de modo decisivo e intensivo na vida pessoal, profissional, social e econômica dos portadores. Muitas pessoas sofrem em silêncio, seja porque não procuram os profissionais da saúde ou porque os mesmos nem sempre diagnosticam o quadro adequadamente, pois a depressão pode vir mascarada por outras queixas, como dor de cabeça, falta de apetite, constipação, entre outras (SILVA, FUREGATO, COSTA JUNIOR, 2003). A depressão pode se manifestar sob a forma de uma diminuição da atividade geral do indivíduo. Traduz-se em sintomas como apatia, abatimento moral com letargia, falta de coragem ou ânimo para enfrentar a vida, podendo levar o individuo até mesmo cometer um suicídio (SANTOS, KASSOUF, 2007). Lima (2004), afirma que conceito de depressão não é sinônimo de tristeza ou infelicidade, apesar de sintomas dessa natureza pertencerem à experiência depressiva; além do mais, a depressão está relacionada com outras características, como sentimento de desvalia, perturbação do sono, perda de interesse nas atividades, mudança de apetite, entre outros. O humor negativo da depressão pode ser representado por sentimento de um vazio emocional. Assim, além de a depressão envolver fatores afetivos, pode apresentar também componentes cognitivos, comportamentais, motivacionais e fisiológicos (CRUVINEL, 2004). Recentemente, estudiosos vêm investigando o papel de fatores de natureza cognitiva no surgimento e/ou agravamento dos sintomas :

Recentemente houve uma enfatização da importância dos chamados aspectos cognitivos da depressão, e alguns autores acreditam que este conceito é essencial. Alguns pacientes depressivos têm sentimento intenso de inadequação pessoal e tendência para apresentar baixa auto-estima (uma opinião depreciativa sobre si mesmo), acreditando que outras pessoas o vêem depreciativamente. O afeto depressivo e a cognição depressiva são experimentados por varias pessoas no decorrer da vida. (LIMA, 2004, p. 2) É possível afirmar que nas últimas décadas, vem sendo observado um extraordinário avanço no conhecimento científico acerca da etiologia e evolução dos transtornos relacionados ao humor e, dentre eles, os quadros depressivos. Este artigo apresenta uma revisão da literatura sobre o assunto. O objetivo geral do estudo consistiu em investigar, via levantamento bibliográfico, os principais fatores que contribuem para a origem e evolução dos transtornos depressivos. Foram investigadas junto à literatura, variáveis de natureza biológica, psicológica e social que contribuem para o aparecimento do problema. Supõe-se que estudos dessa natureza possam contribuir com o trabalho de profissionais da área de saúde e de áreas afins, que atuem junto à clientela portadora da problemática. 2. DESENVOLVIMENTO Para Caballo, (2003) a depressão é um problema tão frequente que foi denominada como o resfriado comum dos transtornos emocionais, e pode ser resposta a um estimulo estressante externo; ou ser mais característica do padrão de respostas de uma pessoa frente ao mundo. Pode acontecer como

episodio único ou não e quando surge, pode contribuir para problemas que vão desde a disforia ou mal estar, até desejos e ações que tenham como objetivo final o suicídio. Dentre diversos tipos de depressão, pode ser citada também a depressão pós-parto. Ainda há muita discussão em torno das causas da depressão. Hoje existe um consenso entre os pesquisadores, segundo o qual o problema teria uma origem bio-psico-social; ou seja, a depressão teria uma origem tríplice; biológica; psicológica e social ( BARLOW, DURAND,2008; BALLONE, 2005). Assim, a perspectiva multidimensional e integrada considera que há uma interação entre os diferentes fatores. Além disso, a depressão e a ansiedade podem partilhar de uma mesma vulnerabilidade biológica, que pode ser entendida em parte, como uma resposta neurobiológica aos acontecimentos estressantes. (BARLOW, DURAND 2008). Pessoas que desenvolvem transtornos depressivos, em geral são vulneráveis psicologicamente, com sentimentos de inadequação em enfrentar dificuldades; as causas dessa vulnerabilidade podem ser compreendidas, em parte, por experiências antigas na infância. Além disso, há evidência crescente de que acontecimentos estressantes podem interagir como eventos que precipitam ou desencadeiam o surgimento da depressão, na maior parte dos casos. (BARLOW, DURAND, 2008). No tocante às variáveis psicológicas que predispõem o indivíduo aos quadros depressivos, a literatura recente contém numerosos trabalhos sobre o assunto, efetuados segundo o modelo cognitivo. A noção ou o conceito central dessa perspectiva é a de que crenças disfuncionais contribuem para manter os quadros depressivos. Para Cordioli, (1998) a depressão é produzida por um padrão negativista de avaliar a si, ao mundo, e ao futuro. Segundo o autor, esse referencial configura o modelo teórico da tríade cognitiva, formulado por Aaron Beck. O deprimido não acredita que possa modificar o que não o

satisfaz e que não pode alcançar seu bem estar; o padrão negativista está presente nos pensamentos automáticos do depressivo, ou seja, as distorções cognitivas levam o depressivo a interpretar a realidade negativamente, mesmo na presença de evidências no sentido contrário. Caminha et al. (2003), descreve a tríade cognitiva da depressão, originalmente formulada por Aaron Beck, como sendo composta pela tendência por parte do deprimido a subestimar ou a criticar a si mesmo pelas dificuldades; tendência a interpretar suas experiências correntes de forma negativa; e visão negativista do futuro. De acordo com Cordioli (1998), a apatia do paciente depressivo resulta da idéia de que ele não será capaz de realizar nada; a concentração e a memória podem ficar comprometidas em função das constantes ruminações; a ideação suicida expressa o desejo de escapar de uma situação considerada imutavelmente adversa. Segundo o autor, os comportamentos são gerenciados por sistemas de crenças e pensamentos automáticos, decorrentes da capacidade de representar o mundo; os esquemas são formados por crenças centrais, crenças subjacentes, pensamentos automáticos e reações afetivas, fisiológicas e comportamentais; sendo que as reações podem atuar como reforçadores para que a crença central continue. Os pensamentos automáticos fazem parte da cognição humana. Porém, na depressão eles são determinados por crenças já estruturadas de maneiras desadaptativas; lembrando que, a história passada tende a facilitar para que o esquema disfuncional continue, gerando uma serie de círculos viciosos. (CORDIOLI, 1998 ; CAMINHA, 2003) Quanto aos fatores de natureza biológica, já está bem estabelecido na literatura que determinantes genéticos conferem a vulnerabilidade à depressão; alterações nos sistemas neurotransmissores estão implicados na etiologia do problema. Em especial, vem sendo pesquisados os sistemas que envolvem serotonina, norepinefrina e dopamina. Contudo, atualmente a noção mais aceita é a de que o equilíbrio dos vários neurotransmissores e de seus subtipos

é mais importante do que o nível absoluto de qualquer um deles. Também vem sendo intensivamente pesquisada a fisiologia do sistema endócrino, bem como aspectos pertinentes à atividade das ondas cerebrais (BARLOW, DURAND, 2008). Atualmente há diversos tipos de medicação para quadros depressivos: Os antidepressivos triciclicos são muito usados no caso de depressão. As variações mais conhecidas são a imipramina e a amitriptilina. Ainda não está claro como essas drogas funcionam, mas inicialmente, pelo menos, bloqueiam a recaptação de determinados neurotransmissores, permitindo que se combinem na sinapse e, como a teoria mostra, dessensibilizando ou regulando para baixo a transmissão daquele neurotransmissor particular. (BARLOW, DURAND, 2008, p. 276) 3.CONCLUSÃO O cômputo geral da literatura sugere, portanto, que diferentes fatores podem contribuir para a origem e evolução dos quadros depressivos. Um conjunto de variáveis de natureza diversa pode contribuir para o aparecimento e evolução do problema. Contudo, ainda são necessários mais estudos, no sentido de investigar o peso ou importância de cada fator, bem como se dá a interação entre as diferentes variáveis. A literatura também sugere a necessidade de mais estudos direcionados, especificamente, a avaliar o tipo ou modalidade de terapêutica específica para cada caso. REFERENCIAS

BALLONE, G.J. Depressão Pós Parto. Psiqweb, 2001.Disponível em http://psiqweb.med.br/sexo/posparto.html.acesso em: 20 abril 2005. BALLONE, G.J. - Causas da Depressão. PsiqWeb. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/, atualizado em 2005. Acesso em: 08 mar 2009. BARLOW, D.H.; DURAND, V.M. Psicopatologias: um modelo integrado. Trad. 4 ed norte americana. São Paulo: Cengage Learning, 2008. CABALLO,V. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos: transtornos de ansiedade, sexuais, afetivos e psicóticos. São Paulo:Santos, 2003. CAMINHA, R.M. (org). Psicoterapias cognitivo-comportamental: teoria e prática. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. CORDIOLI, A.V. Psicoterapias: abordagens atuais. 2.ed. Porto Aelgre: Artmed, 1998 CRUVINEL, M. Sintomas depressivos, estratégias de aprendizagem e rendimento escolar de alunos do ensino fundamental. Psicol estud..(maringá). V.9, n.3, 2004. SANTOS, M. J. ; KASSOUF, A. L. Uma investigação dos determinantes socioeconômicos da depressão mental no Brasil com ênfase nos efeitos da educação. Econ. Apl. v. 11, n.1, 2007.

SILVA, M.; CAMARGO, F.; FUREGATO, A. R. F.; COSTA JUNIOR, M. L. Depressão: pontos de vista e conhecimento de enfermeiros da rede básica de saúde. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 11, n.1, 2003.