CARÊNCIAS HABITACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: O PAPEL DO ÔNUS EXCESSIVO COM ALUGUEL URBANO

Documentos relacionados
DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL 2013: RESULTADOS PRELIMINARES NOTA TÉCNICA

Estimativas do Déficit Habitacional brasileiro (PNAD ) Vicente Correia Lima Neto Bernardo Alves Furtado Cleandro Krause Nº 5

CASA PARA QUEM PRECISA

Seminário Internacional Trabalho Social em Habitação: Desafios do Direito à Cidade

Déficit Habitacional 2007 e 2008: principais resultados para o Brasil e Minas Gerais

DÉFICIT HABITACIONAL 2006 NOTA TÉCNICA

MINISTÉRIO DAS CIDADES. A construção de uma política habitacional de Estado. Recife/PE, 28 de novembro de 2017

II ENCONTRO NACIONAL SOBRE LICENCIAMENTOS NA CONSTRUÇÃO

MELHORIAS HABITACIONAIS

TEXTO PARA DISCUSSÃO N 582 CARÊNCIAS HABITACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: O PAPEL DO ÔNUS EXCESSIVO COM ALUGUEL URBANO

HABITAÇÃO. Felipe Falone & Ligia Fagundo

Ministério do Desenvolvimento Regional Secretaria Nacional de Habitação Futuro do Mercado Imobiliário e do Programa MCMV

Pnad 2006 Saneamento e Habitação

Déficit Habitacional no Brasil em 2007 e 2008: notas metodológicas e principais resultados

Prof. Pedro Kopschitz - Fac. Engenharia/ UFJF

METODOLOGIAS DE MENSURAÇÃO DO DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL: UMA COMPARAÇÃO CONCEITUAL E EMPÍRICA 2001 A

RIBEIRÃO PRETO: Contexto Regional Econômico, Social, Urbano e Administrativo

Os Planos do Ministério das Cidades para a Habitação

Comissão da Indústria Imobiliária

Estudo. Desenvolvimento habitacional e políticas públicas. Fernando Garcia, Ana Maria Castelo e Euclides Pedrozo

Deconcic debate perspectivas para construção em 2017

Déficit Habitacional. Vladimir Fernandes Maciel. Pesquisador do Núcleo N. de Pesquisas em Qualidade de Vida NPQV Universidade Presbiteriana Mackenzie

Número 13. Pnad Primeiras Análises. Saneamento Básico Habitação. Volume 5

05 MORADIA DE ALUGUEL

Habitação. Desempenho e desafios. Ana Maria Castelo, Fernando Garcia e João Cláudio Robusti

Guilherme Carpintero_ SASP + Conselho das Cidades MELHORIAS HABITACIONAIS PROPOSTA APRESENTADA PARA UMA NOVA MODALIDADE NO PMCMV FASE 3

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

DÉFICIT HABITACIONAL E INADEQUAÇÃO DAS MORADIAS NO NORDESTE E EM PERNAMBUCO EM 2000

MINISTÉRIO DAS CIDADES

ESTUDOS URBANO-AMBIENTAIS parte 02

DISCIPLINA PROBLEMAS SÓCIOECONÔMICOS AULA 03

Seminário de Construção Civil - APIMEC

GRUPO TEMÁTICO MORADIA E MOBILIDADE. Abril de 2013

UMA ANÁLISE CRÍTICA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO EM 2004 Marcelo Curado *

O Ser Humano Núcleo da Cidade Sustentável Rio + 20

Déficit Habitacional 2009

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini

Novo estudo mostra que Brasil deixa de gerar benefícios de até 1,2 trilhão com ausência do saneamento básico

Para Onde Caminha a Demanda?

ENCONTRO SETORIAL REAL ESTATE MOMENTO ATUAL E PERSPECTIVAS MERCADO IMOBILIÁRIO UBIRAJARA SPESSOTTO DE CAMARGO FREITAS C.E.O.

NECESSIDADES HABITACIONAIS NOS MUNICÍPIOS DO TERRITÓRIO DE IDENTIDADE PORTAL DO SERTÃO DA BAHIA

Indicadores para o cálculo do déficit e da demanda habitacional no Brasil e as mudanças nos questionários do censo demográfico 2010 do IBGE

PROGRAMA URB-AL O ACESSO AO SOLO E À HABITAÇÃO SOCIAL EM CIDADES GRANDES DE REGIÕES METROPOLITANAS DA AMÉRICA LATINA E EUROPA.

MINISTÉRIO DAS CIDADES

NECESSIDADES HABITACIONAIS

Destaque Depec - Bradesco

DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL MUNICÍPIOS SELECIONADOS E MICRORREGIÕES GEOGRÁFICAS

FINDES Vitória, 27 de julho de 2010

IBGE divulga a Síntese de Indicadores Sociais Publicação traz dados sobre trabalho, rendimento, condições de moradia, pobreza e educação

Habitação social e o déficit habitacional

Trabalho, riqueza e vulnerabilidade externa

Fundação João Pinheiro. Déficit Habitacional no Brasil

Déficit habitacional municipal em Minas Gerais

HABITA HABIT ÇÃ A O D ÇÃ E INT O D ERE E INT SSE SOCIAL ERE RMS CONCIDADES ITAP IT ARICA AP & ARICA VERA CRUZ & Dezembr Dez o/2015 embr

Banco de Dados da CBIC

Avaliação do Plano Plurianual

GRUPO TEMÁTICO MORADIA E MOBILIDADE

Diretoria de Pesquisas - DPE Coordenação de População e Indicadores Sociais - COPIS Gerência de Indicadores Sociais - GEISO 17/12/2014

Gestão e Política de Habitação. Aspectos gerais, históricos e fundamentais da gestão da Política Habitacional

Documento Base. 1. Apresentação. 2. Diagnóstico Habitacional no Brasil. 3. Políticas Habitacionais no Brasil. 4. Marco conceitual

Plano Estadual de Habitação de Interesse Social do Estado do Pará

Caracterização, Mapeamento e Cenários para a Demanda Habitacional no Brasil

MINISTÉRIO DAS CIDADES

UFGD/FCBA Caixa Postal 533, 79, Dourados-MS, 1

Saneamento básico e uma habitação adequada são condições fundamentais para a cidadania.

Diagnóstico da Evolução dos Indicadores Sociais em Curitiba

Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos. Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias - ABRAINC

13/12 QUINTA-FEIRA - Pesquisa Mensal de Comércio / IBGE - Sondagem de Investimentos - 4º Trimestre / FGV

Boletim Informativo de Crédito Imobiliário e Poupança

REDAÇÃO Caminhos Para Diminuição Da Pobreza No Brasil

SOBRE A QUESTÃO DO DEFICIT HABITACIONAL: a situação do Maranhão no contexto brasileiro

Política Habitacional Internacional: o sistema de cooperativas do Uruguai.

Mercado Imobiliário. Desempenho recente e desafios para o Brasil. Fernando Garcia e Ana Maria Castelo

Avaliação de Planos Municipais de Habitação de Interesse Social na Região Metropolitana de Campinas

Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 21 municípios. 12,3 milhões habitantes

no Mercado de Trabalho Brasileiro

das Necessidades de Habitação

Boletim Informativo de Crédito Imobiliário e Poupança

4,7. informe do 1º. trimestre/2019

Evolução Macro Econômica Brasil

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Janeiro 2009

Revisão do Plano Diretor Estratégico Desafios para a Revisão do PDE SMDU DEURB

d. Fixar conceitos e metodologia apresentados no Manual do PLHIS.

NECESSIDADES HABITACIONAIS EM CIDADES MÉDIAS DA BAHIA

CONSTRUÇÃO: BALANÇO E PERSPECTIVAS. Fundação Getulio Vargas

COLETIVA DE IMPRENSA. Gilberto Duarte de Abreu Filho Presidente. São Paulo, 25 de Julho de 2018

Regiões Norte e Sudeste apresentam aumento expressivo de dívidas atrasadas e menor crescimento econômico

Habitação social e Déficit habitacional Maio/2017

Clima Econômico melhora na América Latina, mas continua desfavorável Maiores avanços em relação a janeiro ocorrem no Brasil e no México

5,2. informe do 4º. trimestre/2018. análise do período

A habitação de interesse social no Brasil e sua expressão em Manaus

O FUTURO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL RESULTADOS DE UMA PESQUISA DE PROSPECÇÃO TECNOLÓGICA PARA A CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO HABITACIONAL

Indicadores da Economia Brasileira: Setor Externo Observatório de Políticas Econômicas 2016

PROJETO DE LEI Nº 411/2015 CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

2013 AINDA MAIS LONGE DE UMA BOLHA IMOBILIÁRIA.

UTILIZANDO MICRODADOS DA PNAD NO MONITORAMENTO DE AÇÕES PÚBLICAS. Susanna Silva Miranda Saddi

ESTUDO TÉCNICO. Brasília-DF, 10 de setembro de 2018.

Seminário A Desigualdade no Processo de Desenvolvimento Centro Internacional Celso Furtado, Rio de Janeiro, 11 de maio de 2016

Transcrição:

CARÊNCIAS HABITACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: O PAPEL DO ÔNUS EXCESSIVO COM ALUGUEL URBANO RESUMO A última década no Brasil foi marcada por grandes investimentos no setor imobiliário, incluindo a construção de unidades habitacionais para famílias de renda mais baixa. A despeito do volume de investimentos, a análise dos indicadores das carências habitacionais que pautaram as políticas públicas revela uma relativa persistência do chamado déficit habitacional. A análise deste indicador no período de 2007 a 2014 mostra que, dos quatro componentes que o integram, um tem chamado a atenção pelo seu crescimento: o ônus excessivo com aluguel urbano. Com o intuito de compreender o comportamento dos componentes do déficit habitacional e em particular do ônus excessivo com aluguel urbano, o presente artigo traz uma reflexão conceitual do indicador à luz do referencial teórico da ecologia política urbana e de uma análise comparativa entre as metodologias de cálculo do déficit habitacional de quatro países latino-americanos: Argentina, Chile, Colômbia e México. A reflexão proposta neste trabalho pretende contribuir com a revisão crítica do indicador e aprimoramento do cálculo das carências habitacionais no Brasil. Tema: 50 - Outros temas

CARÊNCIAS HABITACIONAIS NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA: O PAPEL DO ÔNUS EXCESSIVO COM ALUGUEL URBANO 1 Introdução Utilizada como indicador oficial da política habitacional do governo federal nas últimas décadas, a metodologia desenvolvida pela Fundação João Pinheiro parte de um conceito mais amplo de necessidades habitacionais, que abrange dois segmentos distintos: o déficit habitacional e a inadequação de moradias. Como déficit habitacional entende-se a noção mais imediata e intuitiva da necessidade de construção de novas moradias para a solução de problemas sociais e específicos de habitação, detectados em certo momento. Por outro lado, a inadequação de moradias reflete problemas na qualidade de vida dos moradores: não estão relacionados ao dimensionamento do estoque de habitações e sim às suas especificidades internas. Seu dimensionamento visa ao delineamento de políticas complementares à construção de moradias, voltadas para a melhoria dos domicílios (FJP, 2017, p. 10). O déficit habitacional, considerado a dimensão quantitativa das carências habitacionais, é composto por quatro componentes: a) habitação precária; b) coabitação familiar; c) ônus excessivo com aluguel urbano; e d) adensamento excessivo de domicílios alugados. Já na inadequação de moradias são considerados cinco critérios: a) carência de infraestrutura; b) inadequação fundiária; c) cobertura inadequada; d) ausência de banheiro; e e) adensamento excessivo em domicílios próprios. Dado que as políticas habitacionais de construção de novas moradias tomam como referência o déficit habitacional, este trabalho dará maior ênfase a esta dimensão das carências habitacionais. Em 2007, o déficit habitacional no Brasil somava 5,855 milhões de domicílios, o equivalente a 10,4% do total de domicílios particulares permanentes e improvisados. Em 2014, esse número se elevou para 6,068 milhões de moradias, mas em termos relativos passou a representar 9,0% dos domicílios. A concentração do déficit nas

áreas urbanas apresentou aumento no período analisado, sendo que, em 2007, 82,5% do total do déficit estavam localizados nas áreas urbanas e, em 2014, a taxa elevouse para 87,6%. Uma das principais mudanças no déficit habitacional no período analisado está relacionada à sua composição. Em 2007, o componente de maior peso era a coabitação familiar, que respondia por 42,4% do total do déficit. Em segundo lugar estava o ônus excessivo com aluguel (29,8%), seguido pela habitação precária (21,6%) e o adensamento excessivo em domicílios alugados (6,3%). Em 2014, o ônus excessivo com aluguel passa a responder por quase a metade do déficit (48,2%), seguido pela coabitação familiar (31,5%), habitação precária (14,2%) e pelo adensamento excessivo em domicílios alugados (6,0%). Dos quatro componentes do déficit, a habitação precária, a coabitação familiar e o adensamento excessivo apresentaram queda de 401 mil, 569 mil e 358 mil unidades respectivamente. Por outro lado, o ônus excessivo com aluguel apresentou alta de 1,183 milhões domicílios. A queda nos três primeiros componentes habitações precárias, coabitação familiar e adensamento excessivo pode ser explicada por fatores como a ampliação de programas habitacionais voltados para as faixas de renda mais baixa, redução nas taxas de juros e aumento do crédito para a construção de novas moradias e aumento do rendimento real, entre outros. Já o aumento no componente ônus excessivo com aluguel pode ser explicado pela valorização dos imóveis, em especial daqueles localizados nas áreas urbanas, que gerou uma pressão sobre o valor dos alugueis, que aumentaram mais do que o rendimento real do trabalhador. A partir destes resultados, o presente artigo traz uma reflexão conceitual do indicador à luz da sustentabilidade urbana a partir do referencial teórico da ecologia política urbana (Acselrad, 1999; Heynen, 2014; Heynen, Kaika & Swyngedouw, 2006) e de uma análise comparativa entre as metodologias de cálculo do déficit habitacional de quatro países latino-americanos: Argentina, Chile, Colômbia e México. A reflexão proposta neste trabalho pretende contribuir com a revisão crítica do indicador e aprimoramento de cálculo das carências habitacionais no Brasil. O trabalho está estruturado em cinco partes, sendo a primeira esta introdução. A segunda seção apresenta os resultados recentes do déficit habitacional no Brasil, no período entre 2007 e 2014, e evidencia o crescimento do componente ônus excessivo

com aluguel urbano. A terceira parte discute o papel deste componente a partir do referencial teórico da ecologia política urbana. A quarta apresenta uma análise comparativa da metodologia utilizada para calcular o déficit habitacional em quatro países latino-americanos: Argentina, Chile, Colômbia e México. Por último, e a título de considerações finais, são apontadas algumas sugestões para o aprimoramento da metodologia e classificação do componente ônus excessivo com aluguel urbano. 2 Método O trabalho será desenvolvido por meio de uma análise comparativa das diferentes metodologias de cálculo das carências habitacionais adotadas no Brasil e em quatro países latino-americanos: Argentina, Chile, Colômbia e México, além de uma revisão bibliográfica do referencial teórico da ecologia política urbana. 3 Resultados Os dados recentes sobre as carências habitacionais no Brasil, em particular o déficit habitacional, revela um crescimento expressivo do componente ônus excessivo com aluguel urbano. Este componente, que tem mantido o déficit habitacional no Brasil em patamares ainda elevados, possui características que, vistas sob a ótica da ecologia política urbana, validam o questionamento se o mesmo deveria ou não ser considerado como parte do déficit habitacional. Embora represente uma carência habitacional inegável e expressiva, a solução para o problema do ônus excessivo com aluguel urbano não implica apenas a reposição ou incremento do estoque de moradias via construção de novas unidades habitacionais, mas requer outras respostas por parte do poder público. Uma análise preliminar das metodologias adotadas nos países latino-americanos revela que apenas o Brasil e o Suriname incluem o ônus como componente do déficit quantitativo de moradias, embora outros países considerem a dimensão da acessibilidade econômica como um elemento definidor de moradias adequadas. 4 Considerações Finais Não resta dúvida de que o ônus excessivo com aluguel urbano representa uma carência habitacional importante que, por definição, atinge as faixas de renda mais baixas da população e por isso deve sempre ser considerada no momento de

formulação da política habitacional e urbana. No entanto, sua inclusão no déficit habitacional, isto é, na dimensão quantitativa do problema habitacional, cuja resposta tem sido dada por meio da construção de novas unidades habitacionais, pode e deve ser repensada. A análise da construção metodológica do déficit habitacional em países latino-americanos pode ajudar a repensar o lugar e a classificação deste componente, assim como a abordagem da ecologia política urbana. 5 Referências Bibliográficas Acselrad, H., 1999. Discursos da sustentabilidade urbana. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais 1, 79-90. Fundação João Pinheiro (FJP), 2017. Déficit Habitacional no Brasil: resultados preliminares 2015. FJP, Belo Horizonte. Disponível em: http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/produtos-e-servicos1/2742-deficit-habitacionalno-brasil-3. Acesso em 12 de março de 2018. Fundação João Pinheiro (FJP), 2015. Déficit Habitacional no Brasil 2011-2012. FJP, Belo Horizonte. Disponível em: http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/docman/cei/559- deficit-habitacional-2011-2012/file. Acesso em 12 de março de 2018. Heynen, N., 2014. Urban political ecology I: the urban century. Progress in Human Geography 38(4), 598-604. Heynen, N., Kaika, M., & Swyngedouw, E. (Eds.), 2006. In the Nature of Cities: urban political ecology and the politics of urban metabolism. Routledge, London. Agradecimentos: FAPEMIG