Pnad 2006 Saneamento e Habitação

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1 Pnad 2006 Saneamento e Habitação 1. Avanços na situação brasileira Os indicadores da Pnad mostram que houve uma melhoria considerável nas condições de moradia da população urbana brasileira entre 2001 e De um modo geral, aumentou o acesso aos serviços de saneamento, bem como melhorou a habitabilidade dos domicílios existentes. Saneamento No período, a população atendida por serviços de água canalizada cresceu 3,2 pontos percentuais (p.p.), chegando à taxa de 90,9% de atendimento em Os serviços de esgotamento sanitário 2 foram ampliados em 3,9 p.p., alcançando 77,8% dos habitantes das cidades 3. E os serviços de coleta de lixo cresceram em 2,9 p.p., beneficiando 97,1% da população em Em termos de comparações internacionais no quesito acesso a água potável o Brasil está a menos de 1 ponto percentual da cobertura média encontrada nos países da América Latina e do Caribe, mas a cerca de 9 pontos percentuais do indicador para os países da OCDE. 2 Rede geral ou fossa séptica. 3 No que diz respeito ao acesso a esgoto a posição brasileira é bem menos confortável, pois encontra-se a 3 pontos percentuais da média da América Latina e do Caribe como um todo e a uma distância de cerca de 15 pontos percentuais de países como a Argentina e o Chile e a mais de 20 pontos percentuais da cobertura média de esgoto para os países mais desenvolvidos. 1

2 Geralmente, para analisar a adequação das condições de moradia no Brasil, esses indicadores são agregados. Verifica-se então que 73,2% dos moradores das cidades conseguiram acesso simultâneo aos serviços de saneamento (água, esgoto e coleta de resíduos) um aprimoramento de 3,2 p.p. na cobertura desde O maior desafio na área diz respeito ao aumento da cobertura de esgotamento sanitário. Afinal, ainda existem 34,5 milhões de pessoas sem acesso a coleta de esgoto nas áreas urbanas 4. O impacto poluidor dessa situação é potencializado pelo fato de que apenas 1/3 do esgoto coletado recebe algum tipo de tratamento. Habitabilidade Os indicadores de condições de habitabilidade também tiveram uma performance favorável de acordo com a Pnad mas com avanços mais modestos do que os observados nos indicadores de saneamento. O percentual de domicílios urbanos com irregularidade fundiária caiu de 5,7% para 4,9% entre 2001 e A proporção de pessoas que residem em domicílios superlotados 5 sofreu uma redução de 2,6 p.p. E a porcentagem de indivíduos que têm ônus excessivo com pagamento de aluguel 6 nas cidades diminuiu de 4,2% para 3,2%. No que se refere às condições de habitabilidade, o maior desafio está no adensamento excessivo dos domicílios urbanos 13,2 milhões de pessoas ainda sofrem com a convivência em unidades superlotadas. O número de indivíduos com problemas de irregularidade fundiária é de 7,6 milhões, ao passo que o ônus excessivo com aluguel atinge 5,1 milhões (estes estão concentrados principalmente nas metrópoles do Sudeste e do Centro-Oeste). 4 O déficit de serviços de água canalizada e de coleta de lixo em áreas urbanas é bem inferior - 14,2 milhões e 4,4 milhões de indivíduos, respectivamente. 5 Com densidade superior a 3 pessoas por dormitório. 6 Despendem mais de 30,0% de sua renda domiciliar com pagamento de aluguel. 2

3 2. Desigualdades persistem Apesar dos avanços registrados na Pnad entre 2001 e 2006, as desigualdades permanecem exacerbadas nas cidades brasileiras. Há grupos da população urbana que continuam enfrentando dificuldades de acesso a serviços sanitários, bem como problemas em suas condições de habitação. Serviços sanitários A oferta de saneamento adequado (englobando simultaneamente água, esgoto e coleta de resíduos) avançou mais nas regiões Norte e Nordeste (além da região Sul). Não obstante, em 2006, a proporção da população urbana que não conta com esses serviços sanitários é 6 vezes maior no Norte e mais de 4 vezes superior no Nordeste do que do Sudeste. De maneira que as desigualdades ainda se mostram extremadas entre as regiões brasileiras a 2006 Tabela 1 Percentual de moradores em domicílios urbanos sem saneamento básico adequado, segundo as grandes regiões Brasil, Regiões Norte 66,8 63,5 64,5 61,0 59,9 59,5-7,3 Nordeste 49,5 49,9 48,7 48,3 45,8 44,3-5,2 Sudeste 13,9 12,9 12,5 11,9 11,7 10,7-3,2 Sul 27,5 24,7 23,4 21,4 22,0 21,0-6,5 Centro-Oeste 55,2 54,8 52,8 57,0 53,4 53,1-2,1 Brasil 30,9 30,0 29,2 28,7 27,8 26,8-4,1 3

4 Gráfico 1 Percentual de moradores em domicílios urbanos sem saneamento básico adequado, segundo as grandes regiões Brasil, 2001 e ,0 70,0 60,0 50,0 66,8 59,5 49,5 44,3 55,2 53,1 40,0 30,0 20,0 10,0 13,9 10,7 27,5 21,0 30,9 26,8 0,0 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil Em paralelo, os serviços simultâneos de água, esgoto e coleta de resíduos avançaram mais entre a população negra do que entre a população branca no período Apesar disso, nas cidades brasileiras, os negros ainda sofrem em uma proporção quase 2 vezes maior com a oferta insuficiente desses serviços, quando comparados com os brancos. De modo que as desigualdades também se fazem notar sob a perspectiva racial. 4

5 Tabela 2 Percentual de moradores em domicílios urbanos sem saneamento básico adequado, segundo os grupos de cor/raça Brasil, 2001 a 2006 Cor/Raça Brancos 21,7 21,2 20,4 19,9 19,8 18,7-3,0 Pretos/Pardos 42,8 41,1 40,0 39,3 36,9 35,9-6,9 Brasil 30,9 30,0 29,2 28,7 27,8 26,8-4,1 5

6 Gráfico 2 Percentual de moradores em domicílios urbanos sem saneamento básico adequado, segundo os grupos de cor/raça Brasil, 2001 e ,0 42,8 40,0 35,0 30,0 35,9 30,9 26,8 25,0 20,0 21,7 18,7 15,0 10,0 5,0 0,0 Brancos Pretos/Pardos Brasil Condições de habitação O adensamento excessivo principal problema de habitabilidade no Brasil recuou mais no Norte e no Centro-Oeste. O que não impediu que as desigualdades se mantivessem acentuadas entre as regiões do país em Comparados ao Sul, o Nordeste e o Norte têm uma proporção 2 e 3 vezes maior de sua população urbana sofrendo com domicílios superlotados, respectivamente. 6

7 Tabela 3 Proporção de residentes em domicílios urbanos com adensamento excessivo, segundo grandes regiões 2001, 2004 e 2006 Regiões Norte 19,3 18,1 15,1-4,2 Nordeste 11,6 10,3 9,2-2,4 Sudeste 11,4 9,8 8,5-2,9 Sul 6,0 5,6 4,5-1,5 Centro- Oeste 10,4 8,7 7,0-3,4 Brasil 11,1 9,7 8,5-2,6 7

8 Gráfico 3 - Proporção de residentes em domicílios urbanos 2006 com adensamento excessivo, segundo grandes regiões 2001, 2004 e 19,3 18,1 15,1 11,6 10,3 9,2 11,4 9,8 11,1 10,4 9,7 8,5 8,7 8,5 7,0 6,0 5,6 4,5 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste Brasil No período , o adensamento diminuiu de maneira mais acentuada entre a população negra (-3,8% p.p.). Não obstante, as desigualdades nas condições de habitabilidade se mantêm acirradas no Brasil urbano. Isso porque, em 2006, a proporção da população branca que vive em domicílios superlotados é 2 vezes menor que a da negra. 8

9 2001 a 2006 Tabela 4 Percentual de moradores em domicílios urbanos Com adensamento excessivo, segundo os grupos de cor/raça Brasil, Cor/Raça Brancos 7,6 7,1 6,7 6,8 6,1 5,6-2,0 Pretos/Pardos 15,5 14,8 13,6 13,4 12,4 11,7-3,8 Brasil 11,1 10,5 9,8 9,8 9,1 8,5-2,6 9

10 2001 e 2006 Gráfico 4 Percentual de moradores em domicílios urbanos Com adensamento excessivo, segundo os grupos de cor/raça Brasil, 18,0 16,0 15,5 14,0 12,0 11,7 11,1 10,0 8,0 6,0 7,6 5,6 8,5 4,0 2,0 0,0 Brancos Pretos/Pardos Brasil