IBGE divulga a Síntese de Indicadores Sociais Publicação traz dados sobre trabalho, rendimento, condições de moradia, pobreza e educação

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1 IBGE divulga a Síntese de Indicadores Sociais 2018 Publicação traz dados sobre trabalho, rendimento, condições de moradia, pobreza e educação Mulheres, jovens, pretos e pardos têm maiores taxas de desocupação; Maioria dos mineiros recebia até um salário mínimo em 2017; O rendimento mensal domiciliar per capita em 2017 era de R$ 1.450,00 em MG; Considerando a origem dos rendimentos em Minas Gerais, 70,2% eram do trabalho, 22,7% de aposentadoria e pensão e 7,1% de outras fontes os dois últimos percentuais estão acima da média nacional; Em Minas Gerais, 20,9% da população está na linha pobreza, segundo medida calculada pelo Banco Mundial (ver mais detalhes abaixo); Em MG, 18,7% da população têm restrição ao acesso de pelo menos um serviço de saneamento; Pobreza multidimensional: acesso à educação é a principal restrição em MG; Mineiros de 25 anos ou mais têm nível de instrução mais baixo do que média nacional; Taxa líquida de frequência escolar no ensino superior para brancos é quase o dobro da taxa para pretos ou pardos em Minas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quarta-feira, 05 de dezembro, a Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira com o objetivo de retratar a realidade social do país a partir de indicadores que contemplem a heterogeneidade da sociedade. A principal fonte de informação para a construção dos indicadores foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). A seguir, as principais informações para Minas Gerais sobre os temas trabalho, rendimento, condições de moradia, pobreza e educação. Trabalho: mulheres, jovens, pretos e pardos têm maiores taxas de desocupação Alguns indicadores derivados da PNAD Contínua permitem analisar a dinâmica do mercado de trabalho, com enfoque nas diferenças entre grupos populacionais. As taxas de desocupação

2 das pessoas de 16 anos ou mais de idade ilustram bem como é importante fazer o recorte por sexo, idade e cor ou raça. Quadro 1: Taxa de desocupação das pessoas de 14 anos ou mais de idade, por sexo, grupos de idade e cor ou raça - Brasil e Minas Gerais Características Brasil Minas Gerais selecionadas Total 7,3 7,2 6,9 8,8 11,5 12,5 6,7 6,9 6,6 8,7 11,2 12,1 Sexo Homens 6,0 5,8 5,7 7,5 10,2 10,9 5,5 5,0 5,8 7,8 10,1 10,2 Mulheres 9,1 9,1 8,5 10,5 13,1 14,6 8,3 9,4 7,8 9,9 12,5 14,5 Grupos de idade 14 a 29 anos 13,2 13,2 13,0 16,4 21,6 22,6 12,0 13,2 12,8 15,7 20,0 21,7 30 a 49 anos 5,0 5,1 4,8 6,3 8,3 9,2 4,6 4,4 4,3 6,4 7,7 8,4 50 anos ou mais 2,8 2,6 2,6 3,4 4,9 6,0 2,8 2,6 2,8 3,2 5,8 6,1 Cor ou raça Branca 6,0 5,8 5,6 7,2 9,3 10,0 6,3 5,2 5,4 7,0 8,5 8,4 Preta ou parda 8,6 8,5 8,1 10,2 13,4 14,7 7,0 8,1 7,6 10,0 13,1 14,6 Fonte: IBGE - Síntese de Indicadores Sociais O Quadro 1 mostra que as taxas de desocupação aumentaram continuamente de 2012 para 2017, tanto no Brasil quanto em Minas Gerais. De modo geral, essas taxas são maiores entre as mulheres, entre os mais jovens e entre os que declararam cor ou raça preta ou parda, tanto no país quanto no estado. A formalização do mercado de trabalho também aumentou entre 2012 e A proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas em trabalhos formais (pela definição da OIT Organização Internacional do Trabalho trabalho formal inclui empregado com carteira de trabalho assinada, trabalhador doméstico com carteira assinada, militar, funcionário público estatutário, conta própria e empregador que contribuíam para a previdência social) era 58,5% em 2012 no Brasil e 59,6% em Minas Gerais; e passou para 59,2% e 60,9%, respectivamente, em No entanto, houve redução em relação a 2016 (60,9% para BR e 61,6% para MG). Há pouca diferença entre os percentuais de formalização por sexo (59,2% para homens e 59,3% para mulheres no Brasil e 61,8% para homens e 59,7% para mulheres em MG). Mas, por cor ou raça as diferenças aparecem, principalmente para o total do país: 66,3% para brancos e 53,1% para pretos ou pardos no Brasil, e 64,6% para brancos e 58,3% para pretos ou pardos em Minas Gerais.

3 Em relação aos rendimentos médios do trabalho principal, embora tenha havido um ganho no período analisado, esse ganho se arrefeceu entre 2014 e 2017 no Brasil e, em Minas Gerais, houve uma ligeira recuperação em O rendimento médio dos mineiros é inferior à média nacional em todas as categorias analisadas (Quadro 2). Embora haja diferenças importantes de rendimentos entre homens e mulheres, essa diferença diminuiu ligeiramente entre 2012 para 2017: no Brasil as mulheres recebiam 73,4% dos rendimentos dos homens em 2012, já em 2017 era 77,1% - embora tenha piorado em relação a 2016: 77,3%. Em Minas Gerais essa proporção era de 69,4% em 2012 e passou para 73,4% em 2017 o maior valor do período também foi em 2016, 74,1%. No entanto, as diferenças de rendimento por cor ou raça são mais evidentes, mas apresentaram ligeira melhora: os pretos e partos recebiam 57,4% do rendimento dos brancos em 2012, e essa proporção passou para 57,9% em Já em Minas Gerais, essa proporção de rendimentos dos pretos e pardos em relação ao rendimento dos brancos é um pouco maior e passou de 65,6% em 2012 para 67,5% em Quadro 2: Rendimento médio (R$) do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, por sexo e cor ou raça - Brasil e Minas Gerais Características Brasil Minas Gerais selecionadas Total Sexo Homens Mulheres Cor ou raça Branca Preta ou parda Fonte: IBGE - Síntese de Indicadores Sociais Como as taxas de desocupação são maiores entre a população mais jovem, outra análise importante é a dos jovens que não trabalham nem estudam. Em 2012, o percentual de jovens de 15 a 29 anos que não estavam trabalhando nem estudando era de 21,5% no Brasil e 18,8% em Minas Gerais. Já em 2017 esses percentuais aumentaram tanto no país (24,5%) quanto no estado (21,0%). É importante destacar que nesse grupo de jovens que não trabalhavam nem

4 estudavam em 2017, 39,8% no Brasil e 46,7% em Minas Gerais estavam na força de trabalho procurando ocupação (desocupados). Rendimento: maioria dos mineiros recebia até um salário mínimo em 2017 Um dos indicadores mais relevantes para se analisar as condições de vida da população é a distribuição dos rendimentos. Em 2017, mais da metade das pessoas recebiam até 1 salário mínimo de rendimento domiciliar per capita tanto no Brasil (58,9%) quanto em Minas Gerais (57,2%); enquanto a proporção de pessoas que recebiam mais de 5 salários mínimos era de apenas 4,0% no país e 3,3% no estado. Essa informação revela o quão desigual é a distribuição dos rendimentos. Para entender melhor a questão da desigualdade, alguns índices são calculados. Em 2017, o índice de Gini no Brasil era de 0,549 e em Minas Gerais 0,506 (quanto mais próximo de 1, pior a distribuição da renda). Outra medida de desigualdade é o Índice de Palma, cujo cálculo mostra a renda dos 10% mais ricos dividida pela renda dos 40% mais pobres (quanto maior o valor, maior a desigualdade): em 2017 ele foi 3,51 para o Brasil e 2,89 para MG. O rendimento mensal domiciliar per capita em 2017 era de R$ 1.511,00 e o rendimento mediano era R$ 933,00. Em Minas Gerais esses valores eram, respectivamente, R$ 1.450,00 e R$ 939,00. Considerando a origem dos rendimentos, 73,8% eram oriundos do trabalho, 19,4% de aposentadoria e pensão e 6,9% de outras fontes no país. Já no estado esses valores eram 70,2%, 22,7% e 7,1%, respectivamente. Como no Brasil não há uma linha de pobreza oficial, para se medir a pobreza no país podese lançar mão de uma medida calculada pelo Banco Mundial para países de nível médio-alto de desenvolvimento, como os da América Latina, que é a linha de 5,5 dólares por dia PPC (paridade de poder de compra) 1. Calculada a partir da PNAD Contínua, a linha de 5,5 dólares por dia correspondia a R$ 406 em e incluía 26,5% da população brasileira na pobreza. Em Minas Gerais a linha era de R$ 398, incluindo 20,9% da população mineira na pobreza. 1 O fator de conversão de paridade de poder de compra (PPC) é o número de unidades da moeda de um país necessárias para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno como dólares comprariam nos Estados Unidos. 2 O valor para o total Brasil é uma média ponderada e serve para referência unicamente.

5 Condições de moradia: 18,7% dos mineiros têm restrição ao acesso de pelo menos um serviço de saneamento Além do acesso a rendimentos, a moradia é uma dimensão central para estudar as condições de vida da população. Um conjunto de indicadores analisados se refere aos tipos de inadequações nas condições de moradia. Em 2017, no Brasil, as proporções de pessoas residentes em domicílios com ocorrência dessas inadequações era: 2,6% em domicílios com ausência de banheiro de uso exclusivo do domicílio; 1,3% em domicílios com paredes externas construídas predominantemente com materiais não duráveis 3; 5,9% em domicílios com adensamento excessivo 4; 4,9% em domicílios com ônus excessivo de aluguel 5. Considerando a presença de pelo menos uma inadequação, 13,0% das pessoas residiam em domicílios nessa situação. Em Minas Gerais, tem-se: 0,9% em domicílios com ausência de banheiro ou sanitário de uso exclusivo do domicílio; 0,1% em domicílios com paredes externas construídas predominantemente com materiais não duráveis; 2,9% em domicílios com adensamento excessivo; 4,6% em domicílios com ônus excessivo de aluguel. Considerando a presença de pelo menos uma inadequação, 8,0% das pessoas residiam em domicílios nessa situação. Este é o menor percentual do país, em comparação com outros estados. Em relação ao acesso aos serviços de saneamento, no Brasil, 10,0% das pessoas residiam domicílios com ausência de coleta direta ou indireta de lixo; 15,1% com ausência de abastecimento de água por rede geral; 35,9% com ausência de esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial. O percentual das pessoas que residiam em domicílios com ao menos uma dessas deficiências era de 37,6%. Em Minas Gerais, os percentuais da ausência do acesso aos serviços de saneamento eram, respectivamente, 9,0%, 11,2% e 17,8%. O percentual das 3 Considera-se como material durável as paredes de alvenaria (com ou sem revestimento), de taipa revestida e de madeira apropriada para construção. Considera-se como de material não durável as paredes de taipa não-revestida, de madeira aproveitada e de outros materiais. 4 Considera-se que há adensamento excessivo no domicílio em que há mais de 3 moradores por dormitório. 5 Considera-se que há ônus excessivo com aluguel nos domicílios alugados onde o valor declarado do aluguel iguala ou supera 30% da renda domiciliar declarada (excetuando pensionistas, empregados domésticos e parentes do empregado doméstico), exclusive domicílios sem declaração do valor do aluguel.

6 pessoas que residiam em domicílios mineiros com pelo menos uma dessas deficiências era de 18,7%. Pobreza multidimensional: acesso à educação é a principal restrição em MG Após a avaliação dos aspectos da moradia, vale voltar à avaliação da pobreza com um enfoque que vai além da renda. Como a pobreza é um fenômeno multidimensional, pode-se percebê-la ao se analisar indicadores não monetários, como um recorte de pessoas sem acesso à educação 6, à proteção social 7, à moradia adequada 8, aos serviços de saneamento básico 9 e à comunicação (internet) 10. Esses indicadores podem ser considerados como de restrição ao acesso e estão sintetizados no Quadro 3. 6 Foram consideradas carentes: crianças e adolescentes de 6 a 14 anos de idade que não frequentavam escola, pessoas de 15 anos ou mais de idade analfabetas e pessoas de 16 anos ou mais de idade que não possuíam Ensino Fundamental completo. 7 Foram consideradas com restrição as pessoas que satisfazem simultaneamente as duas condições a seguir: residentes em domicílios onde não havia nenhum morador de 14 anos ou mais de idade que contribuía para instituto de previdência ou aposentado/pensionista; domicílios com rendimento real efetivo domiciliar per capita inferior a ½ salário mínimo, e com nenhum membro recebendo rendimentos de outras fontes, o que inclui programas sociais. Salário mínimo de referência: R$ 937,00. 8 Foram consideradas carentes: pessoas residindo em domicílios sem banheiro ou sanitário de uso exclusivo do domicílio, com paredes externas construídas predominantemente com materiais não duráveis, com adensamento excessivo ou com ônus excessivo com aluguel. 9 Foram consideradas carentes as pessoas residentes em domicílios que não tinham acesso simultâneo a três serviços de saneamento definidos como: coleta direta ou indireta de lixo, abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial. 10 Foram consideradas carentes as pessoas residentes em domicílios sem acesso à internet.

7 Quadro 3 - Proporção de pessoas residentes em domicílios particulares permanentes com restrições ao acesso - Brasil e Minas Gerais, 2017 Proporção de pessoas residentes em domicílios particulares permanentes (%) Restrições ao acesso Brasil Minas Gerais À educação (6) 28,2 30,4 À proteção social (7) 15,0 10,1 A condições de moradia (8) 13,0 8,0 A serviços de saneamento básico (9) 37,6 18,7 À comunicação (internet) (10) 25,2 22,5 Ao menos uma restrição 63,2 51,9 Fonte: IBGE - Síntese de Indicadores Sociais No Brasil, 63,2% das pessoas residiam em domicílios com pelo menos uma das restrições descritas acima. Em Minas Gerais esse percentual era de 51,9%. O quadro de restrições de acesso difere quando se compara o estado de Minas Gerais com a média do Brasil: enquanto a maior proporção de pessoas no Brasil tem restrição de acesso aos serviços de saneamento básico (37,6%), em Minas Gerais a principal restrição está relacionada à educação (30,4%). Educação: Mineiros de 25 anos ou mais têm nível de instrução mais baixo do que média nacional Outra dimensão importante para análise das condições de vida da população é a educação, principalmente para Minas Gerais, dada a maior restrição de acesso a essa área, como mostrado acima. Em 2017, a taxa de frequência bruta a estabelecimento de ensino da população era de 27,3% no Brasil e 25,8% em Minas Gerais. As maiores taxas são encontradas para a população de 6 a 10 anos e 11 a 14 anos. Para o total do país, essas taxas eram de 99,3% e 99,1%, respectivamente. Já para o estado, as taxas eram: 99,4% e 98,6%. A educação infantil até os 6 anos de idade também exerce um papel importante, sendo a experiência pré-escolar fundamental para o desenvolvimento escolar do indivíduo. No Brasil, a proporção de crianças de 0 a 5 anos frequentando escola ou creche era de 52,9%, sendo de 91,7% a proporção entre aquelas entre 4 e 5 anos. Já em Minas Gerais essas proporções eram de 52,4% e 94,0%, respectivamente.

8 Considerando a população de 25 anos ou mais de idade, seu nível de instrução ainda é baixo. Quase metade da população brasileira (49,4%) tinha até o Ensino fundamental completo. O percentual de pessoas com Ensino superior completo era de 15,7%. Entre os mineiros o nível de instrução é ainda mais baixo, pois há uma proporção maior de pessoas com no máximo o Ensino fundamental completo, 54,4%, e um percentual menor com Ensino superior completo, 13,7% (Quadro 4). Quadro 4 - Proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade por nível de instrução - Brasil e Minas Gerais, 2017 Proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade (%) Nível de instrução Brasil Minas Gerais Sem instrução 7,2 4,9 Ensino fundamental incompleto 33,8 40,5 Ensino fundamental completo 8,5 9,0 Ensino médio incompleto 4,4 4,0 Ensino médio completo 26,8 24,5 Ensino superior incompleto 3,6 3,4 Ensino superior completo 15,7 13,7 Fonte: IBGE - Síntese de Indicadores Sociais Uma forma de medir a eficiência do sistema de ensino é por meio da taxa ajustada de frequência escolar líquida. Ela representa a proporção de pessoas que frequentam o nível de ensino adequado à sua faixa etária (ou já haviam concluído esse nível), de acordo com a organização do sistema educacional brasileiro. Esse percentual diminui à medida que se avança os níveis de ensino, conforme esperado pelo acúmulo de repetências ao longo do percurso escolar. Assim, além de percentuais baixos de população com nível superior completo, também se encontram taxas líquidas de frequência escolar mais baixas no ensino superior. Em 2017, a taxa ajustada de frequência escolar líquida era de 23,2% para o Brasil e 22,2% para Minas Gerais. Essas taxas são diferenciadas por sexo e cor ou raça: para o Brasil, as taxas eram 19,7% para os homens, 26,8% para as mulheres, 32,9% para os brancos e 16,7% para pretos ou pardos. No estado, esses percentuais eram, respectivamente: 18,6%, 25,9%, 31,7% e 16,9%.