LEITURA E ESCRITA: BASES DE FORMAÇÃO DO SUJEITO CRÍTICO 1 Odete Pereira Donato 2



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Transcrição:

LEITURA E ESCRITA: BASES DE FORMAÇÃO DO SUJEITO CRÍTICO 1 Odete Pereira Donato 2 EIXO TEMÁTICO: Experiências em estágio supervisionado. dety_gt@hotmail.com RESUMO Atualmente, os alunos estão apresentando cada vez mais dificuldades nos processos de leitura e escrita, isto se deve ao fato de que eles apresentam um alto grau de desmotivação, principalmente, porque as maiorias dos professores trabalham este aspecto de modo a reproduzir, decodificar e avaliar os conhecimentos dos alunos conforme lhe fora transmitido, desconsiderando a atividade crítica, cognitiva e interacional. Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo abordar a importância da leitura e da escrita na formação do sujeito desde os anos iniciais e refletir sobre as contribuições do professor e da família no processo de aquisição da base alfabética. A metodologia adotada baseia-se na abordagem de pesquisa qualitativa, com o uso de observação participante e diário de campo em uma turma de 2º ano, com alunos entre sete e oito anos de idade, de uma escola Municipal situada na cidade de Guanambi/BA. O aporte teórico que respalda este artigo dialoga com as ideias de Paulo Freire (1987, 1996, 2006), Emília Ferreiro (1985, 1986, 1999, 2000), as orientações dos PCNs (1998) e dos RCN (1998), dentre outros. Sabemos que o ato de ler e escrever são de suma importância para a construção da criticidade de qualquer individuo, pois é através dessas duas vertentes que aperfeiçoamos o ato de interpretar e compreender o que se passa ao nosso redor. O que pudemos constatar é que a maioria das crianças não tem o hábito de ler, por isso acabam tendo dificuldades na escrita, e além do mais a falta de estímulo contribui significativamente para que isso ocorra. Porém, é importante salientar que o processo da construção do hábito de ler é um processo longo, por isso é de suma importância que a família e a escola caminhem na mesma via, uma apoiando a outra. Palavras-chaves: Leitura. Escrita. Aluno. 1 Este trabalho foi orientado por Jany Rodrigues Prado, professora do Componente Curricular Pesquisa e Estágio III, pela UNEB DEDC XII na cidade de Guanambi Bahia. 2 Discente do curso de pedagogia e bolsista de Iniciação à Docência, pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus XII, Guanambi Bahia.

2 INTRODUÇÃO Para começar abordaremos o conceito de leitura e escrita. Ler é decodificar, extrair o significado da escrita, por isso a leitura é vista como processo interativo entre o leitor e o texto, através do qual o primeiro reconstrói o significado do segundo. Já a Escrita é um processo manual pelo qual se traduz aquilo que se passa na nossa mente. A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sobre diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos. Com uma proposta voltada para o ensino da língua, Schneuwly, Dolz e colaboradores (2004), consideram que uma sequência didática tem a finalidade de ajudar o aluno a dominar melhor um gênero de texto, levando-o a escrever ou falar de forma mais adequada numa situação de comunicação. Analisando a necessidade de ler e de escrever na sociedade atual, buscaremos tratar neste texto a importância da leitura e da escrita como bases de formação do sujeito desde as series iniciais. Traremos como recurso as atividades dos diferentes gêneros textuais desenvolvidas no estágio supervisionado realizado em 2014. Assim como nos orientam os PCNs; É preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem que verifiquem suas suposições tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao significado (BRASIL, 1998, p. 70). Cabe ao professor pensar em estratégias que motivem o aluno a descobrir a importância e o significado que a leitura e a escrita têm na formação consciente do ser humano em relação à sua realidade. Assim o professor como mediador de conhecimentos, pode transformar a sua sala de aula num espaço de descobertas e construção de conhecimentos, contribuindo para a formação de pessoas críticas e participativas na sociedade. Diante disso, discorreremos o quanto a leitura e a escrita contribuem na formação da identidade, na relação com o mundo e a capacidade de se tornar um ser ativo e tolerante.

3 Além do mais, a escrita favorece para que o indivíduo estruture o seu pensamento e é por meio da leitura que eles ampliam seus conhecimentos de palavras e de mudança de meio. A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho consiste em uma pesquisa de cunho bibliográfico, na qual foi levantado todo o referencial teórico necessário para embasar as discussões, seguida da experiência adquirida no estágio supervisionado que serviu como coleta de dados durante a observação e coparticipação em sala de aula. Traremos como conversa a vivência e os referenciais teóricos que tratam dessas abordagens. A NECESSIDADE DE LER E ESCREVER NA SOCIEDADE ATUAL A prática de ler e de escrever demanda um exercício constante de princípios permeados por análise, interpretação, pressupostos, inferências, conhecimento de mundo, sempre contextualizados. Essa prática envolve planejamento em função de objetivos. Só assim o ato de ler e o de escrever se tornam significativos para aquele que os exercita. Quebrando o paradigma de que elas são habilidades de decodificação. Ao trabalharmos com a turma diversos gêneros textuais buscamos ampliar neles a capacidade de compreender o que foi lido e escrito (ou escrito e lido) e a utilização do que fora apreendido para múltiplas finalidades: a de pensar, refletir, analisar, questionar, discutir e dentre outros. Essas atividades proporcionaram aos estudantes uma maior compreensão sobre a leitura e a escrita e o quanto essas duas vertentes estão presentes em nosso cotidiano e que são fundamentais para a nossa vida, não só como estudantes, mas também em quanto sujeitos críticos na sociedade. O ensino da leitura e da escrita precisa ser estudado com compromisso pelos educadores, pois a falta de conhecimento dos aspectos que o envolve geram grandes danos na formação do sujeito. Sendo o estudo algo muito complexo, e que necessita de inovações. Ferreiro afirma que nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem (2000, p.31). O professor não pode, então, se tornar um prisioneiro de suas próprias convicções; as de um adulto já alfabetizado. Para ser eficaz deverá adaptar seu ponto de vista ao da criança. Uma tarefa que não é nada fácil (Ferreiro, 2000, p.61). Não podemos pensar na leitura como produto, mas sim como processo, por meio do qual o leitor estabelece um diálogo constante com o texto, o que poderá promover a comunicação e a interação do meio.

4 Em relação à escrita os PCNs trazem que A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. (Brasil, 1998, p. 69-70). O período de alfabetização representa uma importante e crucial etapa para a vida e formação de todo e qualquer individuo. É um momento no qual a sociedade, principalmente a família, dedica atenção especial à criança, para que esta possa preparar-se e adequar-se as necessidades e exigências de toda sociedade que utiliza e valoriza a linguagem escrita. Como aborda RCNEI, 1998: A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (BRASIL, 1998, p.17). Por isso, é comum que no desenvolvimento do processo de alfabetização haja momentos não só por parte da criança, diante das particularidades e dificuldades presentes na aquisição da língua escrita, como também, por parte dos pais e professores que tendem a absorver estes comportamentos que, de certa forma são repassados aos alunos, gerando assim problemas no aprendizado, que podem afetar até mesmo a capacidade emocional da criança, ocasionando insegurança, desinteresse, desestimulo e, em certos casos, até evasão escolar, quando a criança não consegue adequar-se aos métodos e práticas utilizadas pelo professor na instituição escolar. Emília Ferreiro afirma que: Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita. (FERREIRO, 1999, p.23) Na turma na qual realizamos o estágio os meninos que estavam mais avançados, em relação à realização das atividades, eram os que tinham um aporte em casa, os pais eram alfabetizados e se preocupavam com o desenvolvimento do filho. Tínhamos um caso

5 especifico de um aluno que tinha uma dificuldade tremenda, não tinha se quer noção das letras, quer ver das palavras, notamos que o problema vinha de casa quando pedimos a turma para trazerem algumas informações, e as informações apresentadas pela mãe dele obtinham muitos erros na escrita. Para Bakhtin (1996, p.85), o essencial na tarefa de decodificação não consiste em reconhecer a forma utilizada, mas compreendê-la num contexto concreto preciso, compreender sua significação numa enunciação particular. Para ler e escrever pressupõe que o alfabetizando tenha compreendido que a escrita é um modo de representar conceitos, ideias, pensamentos e a maneira pela qual esta representação é feita. A criança precisa atingir a chave do enigma, a decifração dos signos, as letras. De acordo com Emília Ferreiro, [...] vão desestabilizando a hipótese silábica até que a criança tem coragem suficiente para se comprometer em seu novo processo de construção. O período silábico-alfabético marca a transição entre os esquemas prévios em vias de serem abandonados e os esquemas futuros em vias de serem construídos. Quando a criança descobre que a sílaba não pode ser considerada como unidade, mas que ela é, por sua vez, reanalisável em elementos menores, ingressa no último passo da compreensão do sistema socialmente estabelecido. E, a partir daí, descobre novos problemas: pelo lado quantitativo, se não basta uma letra por sílaba, também não pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras por sílaba (já que há sílabas que se escrevem com uma, duas, três ou mais letras); pelo lado qualitativo, enfrentará os problemas ortográficos (a identidade de som não garante a identidade de letras, nem a identidade de letras a de som). (FERREIRO, 1985, p. 13-14). Com base na fala de Ferreiro, retomamos ao mesmo aluno citado anteriormente, ao trabalharmos com ele o atendimento individual, mostrando de diversas formas como se dá a construção de determinada palavra, percebemos que ele ia construindo sua hipótese até conseguir formar corretamente o que lhe foi proposto. Afirma Paulo Freire (1987:96-97); Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que ele não adere, mas se acomoda. Ele diz ainda: a leitura do mundo precede a leitura da palavra (Freire 2006, p. 11, 15). A escola deve ser capaz de desenvolver nos educandos capacidades individuais que permitam assimilar plenamente os conhecimentos acumulados. A leitura e a escrita se tornam uma necessidade básica no processo de ensino/aprendizagem e na formação do cidadão. Por isso considerarmos a alfabetização como

6 um objeto sociavelmente elaborado, devem-se proporcionar as crianças contato com a riqueza e complexidade do mundo da língua escrita, isto é, mergulhá-las em todos os elementos que fazem parte da alfabetização. Como nos orientam os PCNs, o trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes (Brasil, 1998, p. 65). E cabe a escola levar o aluno à prática educativa de fazer com que o discente exercite a escrita de textos nos mais diferentes gêneros textuais, a fim de aproximar a realidade escolar daquela em que o educando está inserido. Ao realizarmos contação de histórias, pudemos notar que a turma ficava mais atenciosa ao que estava acontecendo, por isso no momento de discussão elas se interagiam com mais facilidade e prazer, afinal é bem mais simples levantar questionamentos e obter respostas daquilo que gostamos de ouvir/ver. O ato de ler é incompleto sem o ato de escrever. Um não pode existir sem o outro. Ler e escrever não apenas palavras, mas ler e escrever a vida, a história. Numa sociedade de privilegiados, a leitura e a escrita são um privilégio. Ensinar o trabalhador apenas a escrever o nome ou assiná-lo na carteira profissional, ensiná-lo a ler alguns letreiros na fábrica como perigo, atenção, cuidado, para que ele não provoque algum acidente e ponha em risco o capital do patrão não é suficiente... Não basta ler a realidade. É preciso escrevê-la. (Gadotti apud Vargas 2000: 14). Quando trabalhamos a história Diferença Familiar, observamos que cada ser tem uma visão diferente e que vive em um meio totalmente desigual. Pedindo as crianças para reescrever a história, cada uma escreve-a de seu modo, da forma que entendeu, ou de como ela queria que fosse, pois muitas vezes o aluno se coloca no lugar do personagem e isso é muito bom, pois além de ler e escrever ele trabalha a sua percepção e intuição. Dentre os instrumentos culturais fundamentais para que ocorra esta interação social do educando, considera-se a linguagem a mais importante. Enquanto sistema de representação constitui-se como um poderoso meio de socialização e de desenvolvimento das funções cognitivas do aluno. Portanto, na sociedade atual, saber ler e escrever torna-se essencial. Segundo Brasil, (1998, p. 57), a leitura, como prática social, é sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal. Ela precisa ser uma prática constante na escola, pois fora dela o aluno se depara com uma série de situações que exigem dele um exercício de leitura, como prática social, como um movimento de interação social, e não simplesmente decodificação de sinais.

7 É importante aprender a ler, porque a condição de leitor tornou-se indispensável à ascensão a novos graus do ensino e da sociedade. Mas a leitura é muito mais do que um processo de decodificação ou decifração de sinais e símbolos, pois dizemos que um indivíduo só aprendeu a ler quando compreende o que lê, quando retira o significado do que lê e interpreta os sinais escritos. Afirma Paulo Freire: O processo de aprendizagem na alfabetização está envolvido na prática de ler, de interpretar o que leem, de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos que já têm e de conhecer o que ainda não conhecem, para melhor interpretar o que acontece na nossa realidade, tornando o aluno a mola mestra do processo ensino aprendizagem. (FREIRE, 1996, p.48). A aprendizagem da leitura e da escrita pelo aluno nem sempre acontece espontaneamente, exige uma ação direta do professor. Portanto, há necessidade de uma qualificação específica de quem ensina. Mais do que os vários outros tipos de professores, os alfabetizadores precisam de uma formação especial, mais sólida e sofisticada, dada a importância e a complexidade de seu trabalho. E é claro, uma melhor remuneração. Mas infelizmente o professor alfabetizador recebe em geral, a pior formação e a pior remuneração, enfrentando, ainda as piores condições de trabalho (CAGLIARI, 1993, p. 13). O educador é o mediador da relação da criança com o mundo que ela irá conhecer, pois os objetos da cultura só fazem sentido quando aprendemos o uso social das coisas quem já sabe usá-las. Contudo, cabe ao professor criar meios que favoreça essas práticas, para que assim, o educando possa construir sua identidade enquanto leitor, em seus vários aspectos cognitivos e sociais. Paulo Freire afirma que o educador democrático é aquele que tem como tarefa o trabalho com os educandos que o leve à aproximação dos objetos cognoscíveis. Segundo o autor, é exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível (Freire, 1996, p. 29). Por isso é de suma importância que os educadores busquem subsídios para contribuir na formação das crianças enquanto leitores críticos, fazendo com que elas consigam registrar seus significados com eficácia.

8 CONSIDERAÇÕES Ao chegarmos ao fim deste trabalho, podemos dizer que a leitura e a escrita tem um papel muito importante na vida de qualquer ser humano. Portanto a formação de bons leitores e escritores precisa ser um compromisso da família e de todas as instituições de ensino, em especial para os educadores. Além do mais, aprender a ler e a escrever é construir hipóteses, é uma atividade complexa demais para que em um curto espaço de tempo, possamos dominá-la. Sendo assim necessário que inicie o mais cedo possível este trabalho com a criança, a fim de despertar nela o interesse pela leitura e o querer aprender a ler. A escola não pode se distanciar da realidade do educando, uma vez que o prepara para a vida em sociedade, para que exerça a cidadania, de forma plena e consciente. A instituição é responsável pela formação de leitores e de escritores competentes e de cidadãos críticos em meio a uma sociedade alienadora. É indiscutível que a leitura e a escrita requerem atos: o de pensar, o de exercitar, de refletir, além da emoção e do prazer; ler e assim como escrever, implica planejar, coordenar e organizar ideias. Essas duas vertentes constituem-se em ato de poder questionar algo presente na sua realidade. Questionar um texto é fazer hipóteses de sentido a partir de indícios levantados e verificar essas hipóteses. Ler e/ou escrever é deparar-se com textos (orais e escritos, que vão desde um nome de rua numa placa até um livro) no momento em que se precisa realmente deles numa determinada situação de vida. Por fim, podemos dizer que a leitura e a escrita são essenciais no ensino/aprendizagem do estudante, pois são elementos responsáveis pela formação do leitor critico na sociedade. Além do mais é de extrema relevância que a família juntamente com a escola dê o olhar necessário, para que a criança se inteire o mais cedo possível do mundo letrado. REFERÊNCIAS BAKHTIN, Micail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Tradução por M. Lahud e Y. F. Vieira. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1996. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 106 p.

9 Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o ba be bi bo - bu. São Paulo: Scipione, 1998. FERREIRO, Emília. Educação e Ciência. Folha de S. Paulo, 3 jun. 1985, p. 14., Emília, e, TEBEROSKY, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: ArtMed, 1986., Emília. Com Todas as Letras. São Paulo: Cortez, 1999., Emília. Reflexões Sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996., Paulo. Professora sim, Tia não: Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho D agua, 2006., Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. HERNANDEZ, Fernando, SANCHO, Juana Maria. A Formação a partir da experiência vivida, Pátio, ano dix, nº40, nov. 2006/ jan. 2007. SCHENEUWLS, Bernardd; DOLZ, Joaquim e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de letras 2004. VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. 4ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.