Atualização farmacoterápica
A terapêutica com naltrexona/bupropião é bem tolerada, sem efeito a nível de eventos adversos graves em participantes a receber antidepressivos incluindo ISRS num estudo de distribuição aleatória e dupla ocultação de grandes dimensões Proporção de doentes (%) O bupropião inibe o CYP2D6, um gene envolvido no metabolismo de um grande número de antidepressivos Recomenda-se, portanto, que sejam tomadas as devidas precauções quando a terapêutica naltrexona/bupropião (NB) é administrada concomitantemente com antidepressivos (AD), incluindo inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) O estudo Light foi um ensaio de desfechos cardiovasculares (EDCV) que avaliou o efeito da terapêutica com NB relativamente a eventos cardiovasculares (CV) em participantes com excesso de peso/obesos em risco CV elevado Foram recolhidos apenas eventos adversos graves (EAG) e eventos adversos que conduziram à descontinuação do fármaco em estudo (EACDFE) 23.4 22.8 Entre os participantes que tomaram NB e AD, incluindo ISRS, o perfil de eventos adversos é semelhante ao ocorrido com o placebo, e não há provas de riscos adicionais para a saúde mediante a administração combinada Smith S, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-OR-LB-214 25 2 15 1 5 Doentes em tratamento com AD EACDFE 16 NB 14.8 Doentes em tratamento com ISRS Placebo 9.5 8.1 População ITT 1.7 9.9 1.1 9.4 Doentes em tratamento com AD EAG emergentes do tratamento Doentes em tratamento com ISRS
Efeito da terapêutica com naltrexona/bupropião no peso de participantes com excesso de peso e obesos, com fatores de risco cardiovascular, num estudo de distribuição aleatória e dupla ocultação de grandes dimensões Perda de peso (%) O estudo Light foi um ensaio de desfechos cardiovasculares (EDCV) que avaliou o efeito da terapêutica com naltrexona/bupropião (NB) relativamente a eventos cardiovasculares (CV) em participantes com excesso de peso/obesos em risco CV elevado (dos quais 85,2% tinham diabetes tipo 2) Os participantes distribuídos aleatoriamente (pelo grupo de NB ou do placebo) receberam um programa de gestão de peso via Internet. Era exigido aos participantes que perdessem uma quantidade 2% do peso às 16 semanas, sem aumento sustentado da tensão arterial, para que pudessem continuar a ser tratados com o fármaco em estudo ou com o placebo A perda de peso foi avaliada às 52 e às 14 semanas na população alvo de intenção de tratamento (ITT) (placebo n=445, NB n=4455; 54,5% indivíduos do sexo feminino, 83,5% de raça branca, faixa etária média 61 anos, IMC médio 37,3 kg/m 2 ) Perda de peso às 14 semanas (ITT) A perda de peso com NB neste -.3 -.2 estudo foi inferior à perda de peso observada em participantes -1 com excesso de peso/obesos -2-2.8* sem diabetes, e semelhante à -3.1* dos participantes com diabetes -3 nos estudos de Fase III -4-5 Placebo * p<,1 vs placebo -6 52 14 semanas semanas semanas Buse J. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-P-LB-3655 NB
Oxitocina intranasal: potencial terapêutica para a obesidade A oxitocina é um fármaco orexigénico em relação ao qual foi demonstrado que: diminui a ingestão alimentar aumenta o dispêndio energético aumenta a lipólise 25 indivíduos saudáveis do sexo masculino (faixa etária entre 18 e 45 anos), jejuaram durante a noite por 12 horas, tendo depois sido aleatoriamente distribuídos pelo grupo de 24 UI de oxitocina intranasal ou do placebo (dose única) Os participantes escolheram depois o pequeno-almoço a partir de uma ementa normalizada Não houve diferença no teor calórico dos alimentos pedidos pelos dois grupos, mas de um modo geral, o grupo da oxitocina consumiu menos gordura e menos calorias do que o grupo do placebo Num estudo de acompanhamento que utilizou imagiologia de ressonância magnética funcional (fmri), destinada a determinar as reações a estímulos alimentares, o grupo da oxitocina, comparativamente ao do placebo, revelou: diminuição da atividade em regiões do cérebro relacionadas com as recompensas aumento da atividade nas regiões responsáveis pelo controlo Aumento das ligações da rede de controlo de impulsos A oxitocina reduz a ingestão de gorduras ao aumentar o controlo central dos mecanismos de recompensa Seriam necessárias doses repetidas para atingir efeitos a mais longo prazo Lawson E. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Simpósio da Neurociência
Efeitos da lorcaserina nos parâmetros lipídicos em doentes com excesso de peso ou obesos e dislipidemia Trata-se de uma análise post hoc de dados combinados de dois ensaios de Fase III (BLOOM, BLOSSOM) em doentes com excesso de peso/obesos não diabéticos com dislipidemia basal (n=1963) Os doentes foram distribuídos aleatoriamente pelo grupo da lorcaserina 1mg 2 vezes/dia e do placebo, durante 52 semanas, além de aconselhamento dietético e de exercício físico Dislipidemia foi definida como nível de triglicéridos em jejum 2mg/dl e/ou nível de colesterol de lipoproteínas de não-alta densidade 16mg/dl Fase basal no grupo da lorcaserina (mg/dl) Alteração às 52 semanas Fase basal no grupo do placebo (mg/dl) Alteração às 52 semanas Valor p (lorcaserina vs placebo) Triglicéridos 192-13% 197-8,1%,6 Colesterol de lipoproteínas de não-alta densidade 176-6,8% 175-3,9%,2 Colesterol total 226-4,8% 225-2,9%,8 Colesterol de lipoproteínas de alta densidade Colesterol de lipoproteínas de baixa densidade 5 +2,6% 5 +1,3%,5 138-1,4% 137 +,4% Não significativa Em doentes com excesso de peso/obesos com dislipidemia, a lorcaserina esteve associada a melhoria das medições lipídicas superior à obtida mediante conselhos dietéticos e de exercício físico isolados Jones P, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-OR-27
Terapêutica de substituição de refeições seguida de topiramato para redução do IMC em adolescentes com obesidade grave: Um ensaio-piloto de distribuição aleatória e controlado por placebo 3 adolescentes (faixa etária média 15,2 ± 1,7 anos, 63% do sexo feminino) com obesidade grave (IMC médio 4,3 ± 4,6 kg/m 2 ) concluíram 4 semanas de terapêutica de substituição de refeições (TSR) (14 kcal/dia) Os participantes foram depois distribuídos aleatoriamente (1:1) pelo grupo de 24 semanas de topiramato 75 mg/dia e grupo do placebo Todos os participantes receberam aconselhamento mensal relativamente ao estilo de vida ao longo do estudo 21 adolescentes concluíram o estudo Não houve diferença significativa de peso entre os grupos do topiramato e do placebo (-1,16% vs -,3%) ou na redução do IMC (alteração após subtração do efeito placebo,8% com topiramato) Os níveis de gordura visceral, colesterol de lipoproteínas de muito baixa densidade, glicose e triglicéridos reduziram todos devido ao topiramato Foi relatada parestesia em 25% no grupo do topiramato, e % no grupo do placebo Não houve alterações da velocidade motora, memória, atenção ou função executiva Um indivíduo em cada um dos grupos sofreu alterações do estado de humor 4 semanas de TSR seguida de 24 semanas de baixa dose de topiramato, por comparação a TSR isolada, não resultaram numa redução significativa do IMC em adolescentes com obesidade grave Alguns fatores de risco cardiometabólicos melhoraram ligeiramente no grupo do topiramato Doses mais elevadas de topiramato estiveram associadas a melhores resultados de perda de peso em adultos: poderão justificar-se estudos com doses mais elevadas para adolescentes com obesidade grave. Kelly A, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-OR-284
Alterações do peso e do perímetro abdominal com canagliflozina em doentes com diabetes tipo 2 aquando do IMC basal A canagliflozina, um inibidor da SGLT2, promove a glicosúria em doentes com diabetes tipo 2 (DT2), reduzindo a glicose plasmática, conduzindo a diurese osmótica ligeira, a perda calórica líquida e a perda de peso Utilizando dados combinados de estudos de 18 a 26 semanas, controlados por placebo e envolvendo doentes com DT2 [n=4158; 43,2% do sexo feminino; faixa etária média 59 anos; peso corporal (PC) 92 kg; IMC 33 kg/m 2 ; perímetro abdominal (PA) 15 cm], esta análise examinou as alterações no PC e no PA com canagliflozina, estratificados por IMC basal Dados apresentados para uma população alvo de intenção de tratamento modificada à qual havia sido administrada, no mínimo, uma dose do fármaco em estudo Todos (n=3986) IMC <25 kg/m 2 (n=352) IMC 25 3 kg/m 2 (n=151) IMC 3 kg/m 2 (n=2583) Alteração do peso (%, 95% IC) após a subtração do efeito placebo Canagliflozina 1 mg -2, (-2,3 a -1,8) -2,2 (-3,1 a -1,2) -2,2 (-2,7 a -1,8) -1,9 (-2,2 a -1,6) Canagliflozina 3 mg -2,7 (-2,9 a -2,4) -3,4 (-4,3 a -2,4) -3, (-3,4 a -2,5) -2,4 (-2,7 a -2,1) Alteração do perímetro abdominal (cm, 95% IC) após subtração do efeito placebo Canagliflozina 1 mg -1,4 (-1,9 a -1,8) -1,3 (-2,4 a -,1) -,16 (-2,3 a -,9) -1,2 (-2,1 a -,4) Canagliflozina 3 mg -1,8 (-2,4 a -1,2) -3, (-4,1 a -1,8) -1,8 (-2,5 a -1,1) -1,6 (-2,5 a -,7) As terapêuticas com canagliflozina 1 e 3 mg proporcionaram reduções do peso e do perímetro abdominal por comparação ao placebo, independentemente do IMC basal Vijapurkar U, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-P-347
Alteração da média dos mínimos quadrados relativamente à fase basal Efeitos de canagliflozina versus glimepirida na leptina sérica e na adiponectina em doentes com diabetes mellitus tipo 2 A terapêutica com canagliflozina 3 mg demonstrou superioridade na capacidade de baixar os níveis de HbA1C vs a glimepirida, bem como maior redução do peso corporal (PC), principalmente, mediante a perda de massa gorda Esta análise post hoc a amostras de soro de doentes aleatoriamente selecionados examinou os efeitos da canagliflozina vs glimepirida nas adipocinas leptina (LEP) e adiponectina (ADPN) enquanto marcadores de função diminuída do tecido adiposo associada a insulinorresistência, a fim de se determinar se a perda de peso com canagliflozina resultou em melhoria da função do tecido adiposo 2.5 2 1.5 1.5 -.5-1 -1.5-1.65 2.34.74 -.2-2 Leptina Adiponectina Razão (ng/ml) (µg/ml) leptina/adiponectina O tratamento com canagliflozina por oposição ao tratamento com glimepirida reduziu os níveis de leptina e aumentou os níveis de adiponectina A razão leptina/adiponectina diminuiu com a canagliflozina e aumentou com a glimepirida Estes efeitos sugerem melhorias da função dos tecidos adiposos mediante a administração de canagliflozina, por comparação à administração de glimepirida Garvey T, et al. Semana da Obesidade 216 Nova Orleães. Resumo T-P-3473-1.31.51 Canagliflozina Glimepirida
Qualidade de vida relacionada com a saúde em ensaios controlados de distribuição aleatória da lorcaserina para gestão da obesidade: O que medeia a melhoria? A análise em apreço examinou se, além da perda de peso, a lorcaserina esteve associada também a maiores melhorias da qualidade de vida relacionadas com a saúde (QdVRS), e que mediadores (alteração do IMC, sintomas de depressão, hipertensão, lípidos) exerceram efeitos da QdVRS Dados combinados de três ensaios de Fase III da lorcaserina (BLOOM, BLOSSOM e BLOOM-DM), relativos a 5261 doentes adultos com excesso de peso (IMC 27 a 29,9 kg/m 2, com quantidade 1 comorbidades relacionadas com a obesidade) ou obesos (IMC 3 a 45 kg/m 2 ) A QdVRS foi avaliada na fase basal e às 52 semanas, com o questionário Impacto do Peso na Qualidade de Vida-Lite (IWQOL-Lite) Foram realizadas análises de mediação múltipla e de mediação moderada destinadas a avaliar os mecanismos mediante os quais o tratamento de perda de peso conduz a melhorias, à semana 52, na QdVRS 54,1% dos doentes tratados com lorcaserina vs 48,2% dos doentes tratados com placebo apresentaram melhorias clinicamente significativas na pontuação total do questionário Impacto do Peso na Qualidade de Vida- Lite (IWQOL-Lite) (p<,1) Para a pontuação total do questionário Impacto do Peso na Qualidade de Vida-Lite (IWQOL-Lite) e de todas as sub-escalas, a redução do IMC foi o principal promotor da melhoria das pontuações (p<,1); as melhorias dos sintomas de depressão também desempenharam um papel na melhoria das pontuações totais e das subescalas (p<,5) Comparativamente ao placebo, o tratamento com lorcaserina melhorou significativamente a QdVRS especificamente associada ao peso A redução do IMC constituiu a maior parte das melhorias na QdVRS especificamente associada ao peso, embora as melhorias dos sintomas de depressão também tenham sido um fator significativo Kolotkin R, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-P-3478
Impacto da perda de peso na qualidade de vida relacionada com a saúde, conforme medido pelo Formulário Simplificado SF-36 e pelo questionário IWQOL no ensaio SCALE Obesidade e Pré- Diabetes com liraglutida 3 mg: dados de 3 anos Esta análise post hoc explorou o impacto da perda de peso ao longo de 3 anos com liraglutida Os participantes (77,6% do sexo feminino, faixa etária 47,9 anos, IMC 39,1 kg/m²) foram distribuídos aleatoriamente na razão de 2/1 entre o grupo da liraglutida 3 mg SC 1x/dia (n=155) e grupo do placebo (n=749) como coadjuvante a dieta e exercício A QdVRS foi avaliada mediante as pontuações das componentes mentais e físicas (PCM e PCF) do Formulário Simplificado 36 v2 (SF-36), bem como mediante os questionários de Impacto do Peso na Qualidade de Viva (IWQOL)-Lite (em países com traduções oficializadas, 79% de participantes) Os dados foram registados como estimativa de alteração relativamente à fase basal mediante a aplicação da análise de covariância, tendo a última das observações transitado, estratificada de acordo com a perda de peso por categoria relativamente à fase basal. Melhores pontuações significam melhoria da QdVRS Alteração no IWQOL-Lite estratificada por categorias de alteração de peso Alteração da PCF do SF-36 estratificada por categorias de alteração do peso Alteração da PCM do SF-36 estratificada por categorias de alteração do peso Com maior perda de peso por categoria, foram observadas mais melhorias na PCF do Formulário Simplificado SF-36 e no questionário IWQOL-Lite (p<,1 para a categoria do efeito da perda de peso), ao passo que não foi observada qualquer melhoria da PCM (p=,13) Smolarz B, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-P-3469 Smolarz B, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-P-3477
Eficácia e segurança a 3 anos da liraglutida 3 mg em adultos com obesidade/excesso de peso, pré-diabetes e IMC basal <35 vs 35 kg/m² no ensaio SCALE Obesidade e Pré-Diabetes, controlado por placebo e com dupla ocultação Proporção de doentes (%) O ensaio SCALE Obesidade e Pré-Diabetes, com duração de 3 anos, distribuiu aleatoriamente 2254 adultos com pré-diabetes (sexo feminino 76%; média: faixa etária de 48 anos; IMC 39 kg/m²), na razão 2/1, entre o grupos da liraglutida 3 mg e grupo do placebo como coadjuvante de dieta e exercício, durante 16 semanas Esta análise post hoc comparou a eficácia e a segurança da liraglutida para adultos com pré-diabetes e IMC <35 kg/m² vs 35 kg/m² basais O efeito do tratamento com liraglutida transversal aos subgrupos com determinado IMC foi avaliado mediante teste estatístico da interação entre o tratamento e o subgrupo de determinado IMC 6 5 4 3 2 1 Consecução de 5% de perda de peso relativamente às categorias de IMC basal 51.1 19.7 IMC basal <35 48.9 25 IMC basal 35 Liraglutida 3 mg Placebo EA totais (%) EA graves (%) 3 anos de tratamento com liraglutida 3 mg produziu efeitos semelhantes no peso, controlo glicémico e segurança, em indivíduos com IMC <35 e 35 kg/m² basais Le Roux C, et al. Semana da Obesidade 216. Nova Orleães. Resumo T-P-3474 IMC basal <35 kg/m 2 IMC basal <35 kg/m 2 Liraglutida 3 mg (n=466) Eventos adversos (EA) por subgrupo de IMC basal Placebo (n=219) Liraglutida 3 mg (n=135) Placebo (n=528) 94,2 9,9 94,9 88,8 15,2 11,9 15,1 13,3