Tribunal de Contas da União Número do documento: DC-0029-06/01-2 Identidade do documento: Decisão 29/2001 - Segunda Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. CEF. Concessão irregular de crédito e adiantamento indevido a depositantes praticada por ex-gerente. Alegações de defesa rejeitadas. Prazo para recolhimento do débito. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE II - 2ª Câmara Processo: 008.664/1994-3 Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Caixa Econômica Federal Interessados: Responsável: Rogério Maia Vilela. Dados materiais: ATA 06/2001 DOU de 08/03/2001 INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; CEF; Adiantamento a Título de Empréstimo; Alegações de Defesa Rejeitadas; Prazo; Recolhimento; Débito; Sumário: Tomada de Contas Especial. Caixa Econômica Federal. Irregularidades na Agência de Campos Gerais. Citação. Rejeição parcial das alegações de defesa. Fixação de novo prazo para recolhimento da importância devida. Relatório: Trata-se da Tomada de Contas Especial de responsabilidade do Sr. Rogério Maia Vilela, instaurada pela Caixa Econômica Federal em decorrência de irregularidades constatadas na Agência Campos Gerais/MG, quando o responsável atuava como gerente.
1.1.Foram verificadas por Comissão de Sindicância instalada pela Caixa as seguintes irregularidades: autorização indevida de créditos a clientes, recebimento de importâncias para depósito nas contas de clientes sem os lançamentos dos respectivos créditos, emissão de cheques sem a provisão de fundos, acatamento de cheques fora dos limites de garantia, adiantamento a depositantes e deterioração do imóvel alugado pela Caixa para residência do gerente. Foi de Cr$ 243.763.045,13 o valor total do prejuízo apurado. 2.O Órgão de Controle Interno certificou a irregularidade das contas (fl. 167) e a autoridade ministerial competente manifestou-se no mesmo sentido (fl. 206). 3.Embora não tenha recebido o ofício de citação, devido a mudança de endereço, o responsável compareceu à SECEX/MG, onde obteve vistas e cópias das peças do processo (fl.214). 3.1.Em sua defesa juntada às fls. 215/226, o responsável alega, em síntese, que: a) reforma do imóvel ocupado pelo ex-gerente - afirma que o valor da reforma foi totalmente debitado em sua conta, em duas parcelas de Cr$ 137.445,20. Afirma ainda que, antes dele, três gerentes residiram no imóvel sem reformá-lo e que deixou o imóvel em melhores condições do que quando o encontrou; b) acatamento de cheques acima do limite de garantia - questiona a origem do débito de fl. 147, alegando falta de informações que o especifiquem; c) questiona também o débito de fl.142 por não estar especificada sua origem; d) concessão de crédito a clientes - alega que as operações foram realizadas dentro da normalidade, considerando a idoneidade do tomador. Afirma que a Comissão de Sindicância não o responsabilizou diretamente pelo débito; e) recebimento de importância de clientes - afirma que foram empréstimos particulares que fez junto aos clientes, garantidos por cheques que emitiu para pagamento do principal mais juros. 4. Foram também juntadas aos autos as peças de fls. 231/232, encaminhadas pela Caixa Econômica Federal, relativas à quitação do
débito pelo ex-empregado. Entretanto, parecer da Unidade Técnica então responsável pela instrução (fl.234), registra que o valor recolhido (R$ 4.982,59) não satisfaz a totalidade da quantia imputada. O Ministério Público, de sua parte, observa que a diferença decorre da sistemática de cálculo adotada pelo Tribunal (fl. 242). 5.Após a realização de diligência à Caixa Econômica Federal, a SECEX/MG obteve, entre outras, a informação de que o valor da reforma do imóvel ocupado pelo ex-gerente fora debitado da conta do responsável, conforme este afirmara. Entretanto, quanto às demais alegações, a SECEX/MG considerou que não conseguiram elidir as irregularidades constatadas. 5.1.Assim, propõe a rejeição das alegações de defesa do responsável e a fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito, excluindo-se o valor da parcela já recolhida relativa à mencionada reforma. 5.O Ministério Público manifesta-se de acordo com a Unidade Técnica (fl.286-verso). É o Relatório. Voto: Analisada a defesa do responsável, ficou esclarecido que a quantia referente à reforma do imóvel onde residira, já havia sido restituída à Caixa Econômica Federal, anteriormente à instauração desta Tomada de Contas Especial. Logo, a quantia correspondente (Cr$ 274.890,00) deve ser excluída do valor do débito. No tocante à contestação das parcelas de Cr$ 975.051,01 e Cr$ 154.304,57, que integram o débito, inseridas, respectivamente, às fls. 142 e 147, verifico que a primeira corresponde a adiantamento a depositantes (fls. 27, 45, 91, 97 e 142) e a segunda ao acatamento de 2 (dois) cheques fora do limite de garantia, na conta de Osvaldo José Gonçalves Mesquita (fls. 92, 93, 96, 100, 101 e 147). Portanto, estão regularmente identificadas nos autos as origens das referidas parcelas, não assistindo razão ao responsável. Acerca da concessão de crédito a clientes, consta no item 20 do relatório da comissão de sindicância (fl. 27) que o responsável informara à comissão "...ser de sua responsabilidade, na condição de gerente, os excessos de débitos cujos nomes dos titulares vão abaixo elencados, pelo que assume inteira responsabilidade, por reconhecer que decorre de acatamentos de cheques além do limite,...".
Finalmente, quanto aos "empréstimos" que afirma ter tomado dos clientes, suas alegações não sanam as irregularidades apuradas nos autos, caracterizadas como recebimento de importâncias para depósito nas contas de clientes sem os lançamentos dos respectivos créditos. Face ao exposto, acolho, em essência, os pareceres uniformes e Voto por que seja adotada a Decisão que ora submeto à consideração desta Segunda Câmara. T.C.U., Sala das Sessões, em 22 de fevereiro de 2001. ADYLSON MOTTA Ministro-Relator Assunto: II - Tomada de Contas Especial Relator: ADYLSON MOTTA Representante do Ministério Público: CRISTINA MACHADO Unidade técnica: SECEX-MG Quórum: Ministros presentes: Bento José Bugarin (Presidente), Adylson Motta (Relator) e os Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo e Benjamin Zymler. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 22 de fevereiro de 2001 Decisão: O Tribunal de Contas da União, em Sessão de 2ª Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE, nos termos dos arts. 12, 1, e 22, parágrafo único, da Lei n 8.443/92 c/c o art. 153, 2, do Regimento Interno do TCU: 8.1. rejeitar em parte as alegações de defesa apresentadas pelo responsável uma vez que não lograram elidir totalmente as irregularidades de que tratam os autos;
8.2. fixar novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que o Sr. Rogério Maia Vilela comprove perante este Tribunal o recolhimento aos cofres da Caixa Econômica Federal das importâncias abaixo discriminadas atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, a contar das datas indicadas, até a data do efetivo recolhimento, abatendo-se na oportunidade a quantia já satisfeita, nos termos da legislação em vigor: DATA VALOR (Cr$) 22/05/1990 127.251,45 22/05/1990 192.833,98 27/07/1990 590.000,00 26/06/1991 407.124,13 23/09/1991 970.477,34 25/09/1991 842.475,19 30/09/1991 975.051,01 30/09/1991 1.022.081,54 02/10/1991 546.828,34 09/10/1991 1.715.077,09 11/10/1991 204.131,25 22/10/1991 154.304,57 28/02/1992 127.278,95 17/06/1992 14.170.490,19 17/06/1992 151.030.246,90 17/06/1992 3.683.919,49 17/06/1992 66.728.583,71