Concentrado de Hemácias (CH) A transfusão de concentrados de hemácias está indicada para aumentar rapidamente a capacidade de transporte de oxigênio em pacientes com diminuição da massa de hemoglobina. A tolerância à anemia depende da condição clínica do paciente, de suas comorbidades e da velocidade de instalação da anemia. Assim, além da avaliação laboratorial, a indicação da transfusão de CH pressupõe avaliação clínica individual do paciente. Hemorragia aguda com perda volêmica superior a 25-30% da volemia total ou com sinais clínicos de hipóxia tecidual ou instabilidade hemodinâmica; Hemoglobina 7,0 g/dl em paciente com anemia crônica e com sinais de hipóxia tecidual; Hemoglobina 8,0-9,0 g/dl em pacientes portadores de aterosclerose cardiovascular com ou sem angina, portadores de doença pulmonar crônica ou aguda, com po2 arterial inferior a 80 mmhg e pacientes com quadros de isquemia tecidual aguda ou consumo aumentado de O₂; Hemoglobina 10,0 g/dl em pacientes no PO imediato de revascularização miocárdica ou IAM recente e hemorragias agudas com perdas volêmicas superiores a 25-30%. Dose: Deve ser transfundida quantidade de hemácias suficiente para a correção dos sinais/ sintomas de hipóxia tecidual ou para que a hemoglobina atinja níveis seguros. Em geral, no indivíduo adulto, de 70 kg, sem sangramento ativo, a transfusão de 1 CH eleva a Hemoglobina em 1,0-1,2 g/dl. Observação: Solicitações de quantidade superior a 15 ml/kg, em paciente sem sangramento agudo devem ser comunicadas ao Médico Hemoterapeuta. O tempo de infusão de cada unidade de CH deve ser de 60-120 minutos, máximo 4 horas.
A transfusão de CH não deve ser considerada nas seguintes situações: - profilaticamente; - para promover aumento de sensação de bem-estar; - para promover cicatrização de feridas; - para expansão de volume vascular, quando a capacidade de transporte de oxigênio estiver adequada. Concentrado de Hemácias Modificado 1. Concentrado de hemácias lavadas : - Obtido por meio da lavagem do CH com solução salina, a fim de se retirar as proteínas plasmáticas. - Indicado para prevenção de reações transfusionais alérgicas. 2. Concentrado de hemácias desleucocitado: - Concentrado de hemácias do qual foram retirados os leucócitos por meio de filtros leucorredutores ou que foi obtido já leucorreduzido por meio de procedimento de aférese. - Indicado para: reduzir a frequência e a intensidade das reações febris nãohemolíticas após 2º episódio; prevenir a aloimunização contra antígenos HLA em candidatos a transfusão crônica e candidatos a transplante de órgãos ou medula óssea; prevenir a refratariedade à transfusão de plaquetas; reduzir o risco de transmissão de infecção por CMV em pacientes imunoincompetentes que sejam CMV negativos ou CMV desconhecido; reduzir a mortalidade e disfunção de órgãos em cirurgias cardíacas. 3. Concentrado de hemácias irradiado:
- Concentrado de hemácias submetido a irradiação para inativar e reduzir os linfócitos T viáveis a um número que previna sua enxertia e proliferação em receptores de risco para doença do enxerto contra hospedeiro pós-transfusional (DECH-PT). - Indicações: Pacientes tratados com análogos da purina: fludarabina; cladribina; Receptor de transplante de coração ou pulmão; Portadores de linfoma, leucemia mielóide aguda e anemia aplásica em uso de imunossupressores Pós transplante de medula óssea autólogo ou alogênico; Portadores de imunodeficiência congênita grave. 4. Concentrado de hemácias fenotipado: - Indicações: Pacientes que não apresentam anticorpos antieritrocitários e que estão ou iniciarão programa de transfusão crônico; Pacientes com pesquisa de anticorpos irregulares positiva. Concentrado de Plaquetas (CP) - Uso terapêutico: Paciente com plaquetopenia ou distúrbio da função plaquetária e sangramento ativo Observação: Em pacientes com Púrpura Trombocitopênica Imunológica a transfusão de CP é restrita a situações de sangramento grave que coloquem em risco a vida do paciente e deve sempre ser associada ao tratamento específico (corticoide, imunoglobulina). o Uso profilático: Em pacientes em tratamento de doenças oncohematológicas, com quimioterapia, radioterapia ou transplante de células progenitoras hematopoiéticas e contagem de plaquetas < 10.000/µL na ausência de
fatores de risco para sangramento ou contagem de plaquetas < 20.000/µL com manifestações hemorrágicas (petéquias, equimoses, gengivorragia) ou fatores associados a maior risco de sangramento (febre, esplenomegalia, uso de vancomicina ou anfotericina B, contagem de leucócitos> 30 mil/mm 3, presença de outras alterações da hemostasia) ou queda rápida na contagem de plaquetas. Em pacientes portadores de tumores sólidos em tratamento quimioterápico ou radioterápico e contagem de plaquetas < 20.000/µL. Em pacientes portadores de falência medular por tempo indeterminado (anemia aplásica grave e síndromes mielodisplásicas) e contagem de plaquetas < 5.000/µL ou contagem de plaquetas < 10.000/µL com manifestações hemorrágicas ou fatores associados a maior risco de sangramento. Em pacientes portadores de disfunções plaquetárias congênitas ( Bernad- Soulier e Glanzmann) ou adquiridas antes de procedimentos invasivos. Durante cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea de duração > 90-120 minutos, mesmo se plaquetas > 50.000/µL. Na transfusão maciça: se plaquetas < 50.000/µL ou < 100.000/µL na presença de alteração grave da hemostasia, trauma múltiplo ou de sistema nervoso central. Antes de procedimentos cirúrgicos: Em geral, contagem de plaquetas > 50.000/µL são suficientes para a maioria dos procedimentos cirúrgicos, exceto para cirurgias neurológicas e oftalmológicas, para as quais são exigidos níveis mais elevados. Dose: 1 unidade de CP para cada 7-10 kg O incremento esperado com a transfusão em um paciente de 70 kg é de 4.000a 6.000 / µl por unidade randômica. Observações: Uma unidade de CP por aférese corresponde a 6-8 unidades de CP unitários. Solicitações de quantidade superior ou inferior devem ser comunicadas ao médico Hemoterapeuta.
O tempo de infusão da dose de CP deve ser de aproximadamente 30 minutos. A transfusão de CP está contraindicada nas seguintes situações: - Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT); - Plaquetopenia induzida por heparina (PIH). Plasma Fresco Congelado ( PFC) Correção de deficiência congênita ou adquirida de fatores da coagulação com RNI e/ou R > 1,5-1,8: - Doença hepática (com sangramento significativo ou de Sistema Nervoso Central ou pré-procedimento invasivo e/ou cirúrgico); - Durante tratamento com antagonistas da vitamina K (com sangramento significativo ou Sistema Nervoso Central ou préprocedimento invasivo e/ou cirúrgico); - Coagulação Intravascular Disseminada aguda com sangramento; - Sangramento difuso em transfusão maciça; - Deficiência de fator de coagulação isolado para o qual não há disponibilidade de concentrado estável específico. Reposição em aférese terapêutica em microangiopatias trombóticas; Tratamento do angioedema hereditário na ausência de inibidores de C1- esterase. Dose: 10-20 ml de PFC/ kg de peso A utilização desta dose aumenta de 20-30% os níveis dos fatores da coagulação do paciente, garantindo a hemostasia. Observação: Solicitações de quantidade superior a 15 ml/kg em paciente sem sangramento agudo devem ser comunicadas ao médico Hemoterapeuta. O tempo máximo de infusão do PFC deve ser de 1-2 horas. Observação: Após descongelado o PFC deve ser usado o mais rápido possível e em, no máximo, 6 horas após o descongelamento se mantido à temperatura ambiente.
A transfusão de PFC está contraindicada nas seguintes situações: - Como expansor volêmico; - Como suplementação nutricional ou para tratar hipoalbuminemia; - Em sangramentos sem coagulopatia; - Para correção de testes anormais da coagulação ( RNI, R) na ausência de sangramento; - Em estados de perda proteica; - Nas imunodeficiências. Crioprecipitado Reposição de fibrinogênio em pacientes com sangramento e deficiência de fibrinogênio (hipo ou afibrinogenemia), congênita ou adquirida ( como na Coagulação Intravascular Disseminada), ou defeitos qualitativos do fibrinogênio; Na transfusão maciça; Reposição de fator XIII em pacientes com deficiência congênita de FXIII e sangramento; Na reversão da terapia trombolítica. Dose: 1 unidade de Crioprecipitado para cada 10 kg de peso Cada unidade de Crioprecipitado aumentará o fibrinogênio em 5-10mg/dl em um paciente adulto sem grandes sangramentos ou consumo excessivo de fibrinogênio. O nível de fibrinogênio para garantir a hemostasia é 100 mg/ dl e a dose acima é suficiente para atingir este nível. Observação: Solicitações de quantidade superior de Crioprecipitado devem ser comunicadas ao médico Hemoterapeuta. O tempo máximo de infusão do PFC deve ser de até 30 minutos.