EDUCAÇÃO. Educação inclusiva, nova forma de ensino para pessoas especiais Oacesso à escola e à qualidade ESCOLA PARA TODOS



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Transcrição:

EDUCAÇÃO ESCOLA PARA TODOS Educação inclusiva, nova forma de ensino para pessoas especiais Oacesso à escola e à qualidade da educação são os eixos norteadores da política educacional do governo estadual, de forma que os programas implementados abrem as portas para todos, sem exceção. É nesse contexto que a Secretaria de Estado da Educação, por meio da Superintendência de Ensino Especial, vem desenvolvendo, desde 1999, um programa de atendimento educacional aos portadores de necessidades especiais que, entre outras inovações, está mudando o enfoque de ensino especial, antes feito de forma isolada, em instituições ou classes diferenciadas. O modelo de educação inclusiva implantado em Goiás de forma pioneira é hoje referência para outros Estados brasileiros. A partir da concepção de que toda criança tem direito de ir para a escola e estar entre outras crianças, uma série de ações vem buscando a construção da igualdade social a partir do reconhecimento das diferenças de cada um, quer seja dos portadores de deficiências auditiva, visual, mental ou física, quer seja dos estudantes com altas habilidades, ou de alunos normalmente atendidos pela Oportunidade para todos Programa de Educação para Diversidade cria meios para a transmissão do ensino rede regular de ensino, independente das diferenças físicas, intelectuais, emocionais, sociais, étnicas e culturais, entre outras. De acordo com o superintendente de Ensino Especial, Dalson Borges Gomes, o governo de Goiás não poupou esforços no sentido de consolidar o Programa Estadual de Educação para Diversidade Numa Perspectiva Inclusiva, que aponta na direção de um sistema de educação centrado na diversidade humana, promovendo o resgate da cidadania da população e garantindo direitos iguais a todos, sem exceção. "Desde 1999, o governo estadual já investiu mais de R$ 10 milhões em capacitação, equipamentos, material didático e adaptação dos espaços físicos para criar condições de atender, nas escolas regulares da rede pública, os alunos com necessidades especiais", afirma. 78 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO OUTUBRO/DEZEMBRO 2005

Avanços Em sete anos de implantação, a Superintendência de Ensino Especial já pode comemorar resultados significativos. Para ter uma idéia, em 1999 apenas 30% dos municípios goianos atendiam estudantes portadores de necessidades especiais. Hoje, 100% dos municípios possuem alunos matriculados na rede pública de ensino. "Isso vem demonstrar a seriedade com que a política de inclusão é encarada pelo governo estadual", frisa Dalson Borges. Segundo ele, hoje são 369 o número de escolas inclusivas em Goiás, das quais pelo menos uma em cada município e 46 na capital. Além disso, outras 827 escolas, sendo 495 da rede estadual de ensino, estão em processo adiantado de inclusão. "Essas instituições de ensino beneficiam atualmente um universo de quase 20 mil alunos portadores de necessidades especiais, incluindo aqueles atendidos nas salas hospitalares", enfatiza o superintendente de Ensino Especial. Os investimentos em material didático também fazem parte da política de inclusão educacional. Recentemente, 28 máquinas de datilografia no sistema braile, no valor de R$ 2,3 mil cada uma, e 5.301 kits pedagógicos foram entregues às escolas inclusivas. As máquinas se destinam às escolas onde há maior número de alunos com deficiência visual. "O acesso a essas máquinas é um grande avanço para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com total deficiência visual, porque favorecem a elaboração e organização dos conteúdos pelos próprios alunos", explica Dalson Borges. Segundo o superintendente de Ensino Especial, o modelo desenvolvido em Goiás é referência para o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e para o Banco Dalson Borges Gomes Política de inclusão do governo é levada a sério Mundial. "Goiás e Rio Grande do Norte são os dois únicos Estados brasileiros onde a maioria dos alunos com necessidades especiais estão matriculados nas escolas públicas. No restante do País, a maioria desse público ainda permanece em escolas especiais ou em classes diferenciadas", afirma ele, acrescentando que o trabalho em Goiás já foi destacado pela Unesco como exemplo de educação inclusiva a ser seguido. Rede de apoio O acesso dos portadores de necessidades especiais à educação de qualidade tem sido implementado por meio de uma rede de apoio que conta com inúmeros colaboradores, entre professores de recursos, professores de apoio, intérpretes de língua de sinais, instrutores, assistentes sociais, psicólogos e fonoaudiólogos. Além disso, mais de 15 mil professores foram capacitados e inúmeros encontros específicos e de áreas afins foram realizados em todo o Estado. Cerca de 254 laboratórios itinerantes foram realizados em todas as regiões do Estado, com a participação de cerca de 80 mil pessoas entre estudantes, professores e servidores das escolas inclusivas, fa- Saúde e educação Também pessoas adultas têm direito de continuar os estudos quando hospitalizadas OUTUBRO/DEZEMBRO 2005 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 79

miliares de pessoas com necessidades educacionais especiais, secretários municipais de Educação, promotores de Justiça e pessoas da comunidade. O Laboratório Itinerante é um programa idealizado para subsidiar os profissionais e a comunidade em geral no processo de implantação da educação inclusiva. Durante o encontro, pedagogos, professores, diretores, coordenadores, alunos, familiares, autoridades locais e representantes de entidades sociais e religiosas se reúnem com o objetivo de assegurar subsídios para participar, adequadamente, da educação e reabilitação das pessoas com deficiência visual. Crescimento Os esforços não param por aí. A Superintendência de Ensino Especial promove ainda, mensalmente, cursos de 40 horas dentro da Ciranda de Aprendizagem, evento que tem o objetivo de esclarecer educadores, psicólogos e outros profissionais das redes municipal, estadual e particular de ensino sobre a política de educação inclusiva. Durante o encontro, realizado em 11 cidades-pólos, são abordados temas nas áreas de deficiência mental, auditiva e visual, síndromes, altas habilidades, psicologia e fonoaudiologia, entre outros. Dalson ressalta ainda a importância das parcerias para o sucesso do processo inclusivo. "Conseguimos aumentar em 1.000% o número de matrículas nas escolas municipais. Em 1999, elas atendiam apenas 600 alunos. Hoje, são cerca de 6 mil, graças à parceria exitosa com mais de 150 secretarias municipais de educação no interior do Estado. Além disso, contamos com parceria de diversas associações e entidades que atuam em prol de portadores de necessidades especiais". Aprendendo no hospital Projeto Hoje garante atendimento a alunos que precisam estar internados Programa de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva Projeto Escola Inclusiva - uma proposta de escola para todos garantindo respeito à diferença Projeto Depende de Nós - a participação da família na educação inclusiva Projeto Hoje - proposta de atendimento educacional hospitalar Projeto Re-Fazer - atendimento educacional para portadores de autismo Projeto Escola Especial - redimensionamento do perfil de atendimento das unidades escolares especiais, por meio de currículo funcional, visando a autonomia social e/ou profissional do educando Projeto Sala Alternativa - proporcionar acesso e autonomia aos educandos com deficiência mental e/ou múltiplas, em distorção de idade/série, bem como dar certificação de 1ª à 4ª séries do ensino fundamental, por meio da terminalidade específica, com base nas dez áreas de habilidades adaptativas Projeto Caminhar Juntos - municipalização da educação numa perspectiva inclusiva Projeto ComunicAÇÃO - proposta educacional para deficientes auditivos e visuais Projeto Despertar - atendimento educacional para alunos com indícios de altas habilidades (superdotados) Projeto Espaço Criativo - inclusão por meio das artes Projeto Prevenir - prevenção e detecção de deficiências A idéia agora é fazer com que a diversidade humana faça parte da formação inicial dos professores nas universidades para que eles saibam como trabalhar com alunos portadores de necessidades especiais. O superintendente de Ensino Especial argumenta que a inclusão começa nas escolas, mas tem de permear toda a sociedade. "Por isso, temos desenvolvido também um trabalho dirigido à comunidade em 80 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO OUTUBRO/DEZEMBRO 2005

geral, conclamando-os a uma reflexão sobre a importância da inclusão nas escolas. Afinal, todos somos diferentes. Temos que aprender a trabalhar essas diferenças", finaliza. Atendimento hospitalar Goiás é o Estado que tem o maior número de classes hospitalares do País. Por meio do Projeto Hoje, que visa iniciar ou dar continuidade aos estudos de toda criança, adolescente ou adulto em condições especiais de saúde, mais de 200 alunos são atendidos diariamente em 22 classes hospitalares de instituições de saúde públicas de Goiânia e do interior. O projeto prevê também atendimento pedagógico domiciliar, realizado tanto em casas de apoio quanto na própria residência do estudante. No caso do atendimento em casa, um professor da escola estadual mais próxima tem sua carga horária aumentada para garantir atendimento enquanto durar o período de recuperação do estudante. Atualmente, oito alunos recebem atendimento domiciliar. Todos os professores envolvidos no Projeto Hoje passam primeiramente por entrevista, avaliação, treinamento, estágio e capacitação. Rede de apoio Professores de recursos 277 Professores de apoio 414 Intérpretes de línguas de sinais 258 Instrutores 52 Assistentes sociais 24 Psicólogos 53 Fonoaudiólogos 44 Atendimento hospitalar Instituição Nº classes Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás 6 Hospital Geral de Goiânia 5 Hospital de Doenças Tropicais 2 Hospital Materno Infantil 1 Hospital Araújo Jorge 2 Hospital Psiquiátrico Eurípedes Barsanulfo 1 Centro de Reabilitação Dr. Henrique Santillo (Crer) 2 Centro Integrado de Saúde Emmanuel - Itumbiara 2 Centro de Reabilitação de Ceres 1 Atendimentos domiciliares 8 Centros de apoio facilitam a vida dos portadores de necessidades especiais O Centro de Apoio Pedagógico a Pessoas com Deficiência Visual (CAP) é um dos espaços destinados a tornar mais fácil e produtiva a vida dos portadores de problemas na visão. Desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás, o CAP conta com uma equipe de profissionais responsável pela produção de livros em braile, ampliados e em relevo e gravados em fita cassete e CD-ROM. Para os que possuem baixa visão, são feitas reproduções de livros com letras ampliadas em 100% ou mais. Condições especiais Professora, com deficiência visual, confere material didático a ser usado com alunos OUTUBRO/DEZEMBRO 2005 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 81

Muitos dos que trabalham no Centro são deficientes visuais. Os revisores do material produzido no local, por exemplo, são obrigatoriamente cegos para que, por meio de sua aguçada percepção tátil, não deixem passar nenhum erro. O CAP oferece ainda oficinas de português e matemática, cursos na área de informática, como digitação, Word, Windows e Internet, além de apoio didático-pedagógico ao educando com deficiência visual matriculado na rede regular de ensino. O Centro também auxilia a família do deficiente visual. Aos pais de alunos matriculados tanto em escolas públicas quanto particulares são oferecidos cursos e orientação pedagógica. O CAP funciona no 4º andar do Edifício Moacyr Teles, na Avenida Anhanguera quase esquina com a Goiás, Centro. Ferramentas adequadas Máquina de escrever em braile facilita a vida de pessoas com deficiências visuais Democratização do ensino Todos têm direito ao aprendizado. Daí as iniciativas como os centros de apoio Deficiência auditiva Para os portadores de deficiência auditiva, a Secretaria de Estado da Educação conta com o Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento a Pessoas com Surdez (CAS). Trata-se de uma parceria da Secretaria de Estado da Educação, Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). O CAS está funcionando, inicialmente, com três intérpretes, três instrutores e quatro pedagogos. São três núcleos de atendimento: capacitação de professores, capacitação de alunos e centro de convivência e de elaboração de material pedagógico específico para suporte na área da surdez. A meta é transformar o local em referência no Estado para profissionais que lidam com a deficiência auditiva, além de oferecer aos estudantes portadores dela oportunidades concretas de desenvolvimento. O espaço está equipado com computadores, aparelhos de TV e de vídeo, retroprojetores, filmadora, máquina fotográfica digital e datashow e oferece cursos, seminários, treinamentos e outras dinâmicas. O centro funciona no anexo da Escola Estadual Especial Maria Luzia de Oliveira, no Setor Aeroporto. Dessa forma, o governo estadual, por meio da Secretaria da Educação, disponibiliza uma série de instrumentos de apoio e atenção aos portadores de alguma necessidade especial, promovendo a democratização do ensino e do conhecimento. 82 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO OUTUBRO/DEZEMBRO 2005

Mais apoio na Biblioteca Braile da Agepel Com novos avanços e apta a atender de maneira eficiente a seus usuários, a Biblioteca Braile José Álvares de Azevedo, da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), é destinada ao atendimento de um público específico: o deficiente visual. A Biblioteca foi fundada em 1988 e, no ano seguinte, foi registrada no Instituto Nacional do Livro (INL) na categoria especial. Até 1990 funcionou no Centro de Apoio ao Deficiente Visual, na Vila Nova. Em 1991 foi transferida para o Colégio Estadual Bernardo Sayão e, finalmente em 1992, foi instalada no prédio do Centro Cultural Marieta Telles Machado, na Praça Cívica, nº 2, onde funcionava a extinta Fundação Cultural Pedro Ludovico. No ano seguinte, a Associação dos Deficientes visuais propôs que a Braile se tornasse uma seção da Biblioteca Pio Vargas. Para isso, a entidade doou todo o seu acervo em braile, um total de 3.224 volumes. Com o decreto de criação da Agência, a Braile tornou-se uma unidade. A Biblioteca é resultado da luta dos deficientes visuais do Estado pelo acesso à informação. É considerada a única do Centro-Oeste com esse nível de organização. Possui mais de 250 usuários inscritos e freqüência média de 300 atendimentos mensais. Seu acervo reúne 1.280 mil títulos transcritos para o sistema braile, que se dividem em 5 mil volumes referentes às mais diversas áreas do conhecimento. As obras de maior procura são as didáticas e de literatura estrangeira. Vencendo barreiras Biblioteca Braile, da Agepel, é de suma importância para deficientes visuais Como acessar Os usuários da biblioteca contam com diferentes recursos que lhe possibilitam acesso a um amplo volume de informações, como modernos computadores com sintetizadores de voz, podendo utilizar recursos específicos e adequados às suas necessidades, como programas Dosvox, Winvox e Jaws, que lhes permitem Serviços oferecidos Cconsulta ao acervo Auxílio à pesquisa Empréstimo de obras Leitura em voz alta com equipamento específico, enquanto o usuário ouve e faz suas anotações em braile Apoio pedagógico - serviço de monitoria prestado por professores de áreas específicas a estudantes deficientes visuais do ensino fundamental e médio fazer trabalhos escolares de forma independente. Podem ainda ter acesso à internet, realizar pesquisas, ler jornais e revistas e comunicar-se com o mundo virtual por meio da rede mundial de computadores. A Audioteca conta com 250 títulos gravados em fita cassete, os quais podem ser ouvidos pelos usuários em cabines individuais. Tanto o acervo em braile como a audioteca estão disponíveis em catálogos. O local conta ainda com sala de leitura e computador adaptado para atender ao público específico, além de funcionários conhecidos como ledores, prontos para realizar a leitura para os usuários. A biblioteca dispõe de impressora em braille utilizada para a im-pressão de pequenos textos literários e informativos. Há ainda fotocopiadora para ampliação de material didático para pessoas com baixa visão. O lo-cal funciona de segunda à sexta, das 8 às 18 horas. Foto: Cleomar Nascimento OUTUBRO/DEZEMBRO 2005 ECONOMIA & DESENVOLVIMENTO 83