A IMPORTÂNCIA DA COMPETÊNCIA DE LIDERANÇA PARA O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO



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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DA COMPETÊNCIA DE LIDERANÇA PARA O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO Ana Maria Pinheiro Lima 1 1 Bibliotecária e Especialista em Gestão de Pessoas, do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, Minas Gerais Resumo As demandas suscitadas pelo atual mercado sugerem constante atualização, aprimoramento e qualificação dos profissionais para enfrentar os desafios propostos pelas empresas. Partindo deste pressuposto, o profissional bibliotecário necessita desenvolver novas habilidades de gerenciamento para adotar nas unidades de informação em que atua. Como característica essencial, percebe-se a importância de uso das competências de liderança que garantem a boa administração dos recursos das empresas e das equipes de trabalho. A partir da metodologia de pesquisa descritiva serão apresentados os conceitos de liderança, perfil atual dos bibliotecários e as competências específicas da liderança. Ao final serão elencadas e avaliadas as principais competências de liderança que o bibliotecário deve possuir para ser considerado um profissional competitivo de mercado. Palavras-chave: Bibliotecário; Liderança; Competências. Abstract The demands raised by the current market suggest contant update, improvement and qualification of the professionals to meet the challenges posed by the companies. Under this assumption, the librarian needs to develop new management skills and adopt them on the unit where it operates. As an essential feature, the importance of leadership competencies use will ensure better resource and work team management. With descriptive search methodology, will be presented concepts of leadership, the current professional profile of librarians and the specific leadership skills. At the end, it will be listed assessed the key leadership competencies that libraries must have and adopt to be considered a competitive professional on the market. Keywords: Librarian; Leadership; Skills. 1 Introdução As mudanças apresentadas atualmente pelo mercado de trabalho, como o aumento significativo da competição, presença de organizações voltadas para constante inovação e resultados perenes, mostram a importância de profissionais mais qualificados e preparados para os desafios propostos pelas empresas. Frente a esta demanda, faz-se necessário o desenvolvimento de habilidades e competências gerenciais para o profissional bibliotecário através do aprendizado e educação 1

continuada, pois, normalmente, estas características são pouco difundidas em sua graduação. Considerando que uma das competências essenciais para os gestores é a liderança, e por se tratar de um profissional que sempre atua em unidades de informação com o gerenciamento de equipes, o bibliotecário que possui esta competência se destaca, pois pode melhorar sua performance e também agregar mais valor para o negócio. Sendo assim, torna-se vital o desenvolvimento de novas capacidades para o profissional bibliotecário para sobrevivência no atual mercado competitivo. Neste, é percebida a necessidade de aperfeiçoamento da atuação em unidades de informação, através do alinhamento com os objetivos organizacionais e compartilhamento de valores. Diante destas inferências, surge o questionamento: quais são as competências de liderança que o profissional bibliotecário deve possuir para se diferenciar no ramo de atuação no qual trabalha? Para esclarecimento destas questões, pretende-se, através do estudo de revisão teórica do conhecimento disponível, descrever as principais competências de liderança presentes na literatura e também expor as novas funções gerenciais do profissional bibliotecário, suscitadas pelo mercado atual. 2 Revisão de Literatura Inicialmente, é pertinente discorrer sobre o conceito de liderança e do perfil do profissional bibliotecário para contextualizar o tema, para posteriormente realizar o levantamento das competências específicas. Através das pesquisas, é percebido que o conceito de liderança é amplamente apresentado na literatura e para alcançar os objetivos propostos neste estudo, serão descritas algumas definições que auxiliem no entendimento da liderança como característica de diferenciação para o profissional. A liderança é apresentada em sua essência pela interação, Smircich e Morgan (1990) afirmam que repousa em grande parte na criação de um ponto de referência, frente ao qual pode emergir um sentimento de organização e direção frente à um processo de definição da realidade, através da sensibilização do liderado. Tratandose de uma conceituação mais prática, pode-se citar a visão de Senge (2008), que considera a liderança como responsável pela construção de organizações onde as pessoas expandem continuamente suas capacidades e aperfeiçoam os modelos mentais compartilhados. A definição de Blanchard (2007, p. 15) apresenta-se mais arrojada quando descreve liderança como a capacidade de influenciar os outros a liberar seu poder e potencial de forma a impactar um bem maior. Esta indicação de um bem maior se refere a alcançar os objetivos e resultados estipulados pela empresa, mas concomitantemente se envolver com a satisfação humana, tanto dos clientes quanto dos colaboradores. É verificado que a evolução do termo liderança está relacionada com as mudanças no ambiente externo e organizacionais, tais como a globalização, aumento da complexidade organizacional, novas arquiteturas de negócios que descentralizam e diluem o poder organizacional, o aumento da qualificação e do nível de informação do colaborador. Limongi-França e Arellano (2002) confirmam a tendência quando citam que ao invés de serem controladores, os gestores passam a 2

ser facilitadores, buscando uma visão estratégica do negócio e não apenas soluções de curto prazo. Na visão de Limongi-França e Arellano (2002, p.267), a liderança pode ser considerada como: Um processo no qual o líder busca, sob a influência e aceitação do próprio grupo, o alcance de metas e objetivos específicos através de mobilização, motivação, informação e comunicação, manejo e solução de conflitos, estabelecimento de estratégias e definição de políticas. Dentro deste contexto de mudanças, torna-se importante também a mudança do perfil bibliotecário, pois este não possui apenas a função de guardador de livros, mas sim como gerente e administrador das unidades de informação. Com a ampliação de sua atuação no mercado de trabalho, Nepomuceno (2004) afirma que o bibliotecário precisa criar mecanismos eficientes para melhorar e garantir a sua atuação na sociedade, onde novos conhecimentos, competências e habilidades tornam-se indispensáveis. Seguindo esta tendência, Pestana et al. (2003, p.77-78) reforça: Este profissional deve ser uma pessoa ágil e dinâmica, com uma visão moderna de gestão e organização. [ ] Que deve considerar a questão da gestão de pessoas, incluindo a liderança, o trabalho em equipe com pessoas motivadas e a capacitação de recursos humanos. Para conferir as condições para atuação como líderes em suas unidades de informação, Silva (2009) cita algumas habilidades que devem ser desenvolvidas: a tomada de decisão de acordo com os princípios e normas da organização que estão inseridos, trabalho em equipe pautado na comunicação, administração dos conflitos que podem gerar rupturas e redução da motivação e principalmente incentivar os colaboradores da equipe, pois são eles que conferem os resultados para a instituição. Todos estes fatores são importantes, pois esta postura influencia diretamente na integração das pessoas, na disseminação dos valores organizacionais, no clima do ambiente de trabalho e no compartilhamento de informações. Fujihara (2009, p.257) destaca o quesito integração, pois considera que ela: Deve ocorrer nos sentidos vertical e horizontal, de forma que haja integração entre líderes e liderados, bem como entre os próprios líderes. O importante é que todas as pessoas competentes da organização capazes e dispostas a aprender e a agregar valor para a organização possam trabalhar integradas num mesmo objetivo. Com relação às competências específicas de liderança, os autores Goleman, Boyatzis e McKee, em seu livro intitulado O poder da inteligência emocional (2002), afirmam que para desempenhar corretamente estes quesitos, o profissional deve conhecer e explorar as dimensões de sua inteligência emocional. Com base em estudos neurológicos, os autores defendem que a atuação pode ser potencializada a partir da ressonância das competências pessoais e sociais, listadas abaixo: 3

a) Autoconsciência: é composta pela autoconfiança, capacidade de autoavaliação e autoconsciência emocional. Estas características permitem a identificação dos próprios limites, pontos fortes e fracos, reconhecimento das emoções e seus impactos durante as decisões. b) Autogestão: é representada pelo autocontrole emocional, transparência, adaptabilidade, superação, iniciativa e otimismo. Propiciam o controle dos impulsos nas situações críticas, a geração de confiança, flexibilidade nos momentos de mudança, o aproveitamento das oportunidades e visão positiva dos fatos. c) Consciência social: é composta pela empatia, consciência organizacional e serviço. Estes quesitos permitem a percepção das emoções alheias, identificação dos valores e das forças políticas da empresa, reconhecimento das necessidades dos clientes e da equipe. d) Administração de relacionamentos: é formada pela liderança inspiradora, capacidade de influência, desenvolvimento da equipe, catalização de mudanças, gerenciamento de conflitos, trabalho em equipe e colaboração. Todas estas características garantem a orientação e motivação no trabalho, táticas de persuasão para adesão das pessoas essenciais para construção de rede de apoio, capacidade de dar feedback, solucionar divergências e criação de ambiente com espírito coletivo de cooperação. As competências citadas anteriormente não são consideradas pelos autores como talentos naturais ou exclusivos de alguns líderes, mas habilidades que podem ser aprendidas. É percebido que nenhum líder possui destaque em todas as competências, normalmente são desenvolvidas ou aprofundadas em algumas destas características, de acordo com o perfil pessoal e profissional. A outra abordagem que trata das competências de liderança foi elaborada por Sylvia Constant Vergara (2009), que as conceitua como capacidades requeridas pelo gestor que possui a intenção de se tornar um líder. Primeiramente, descreve que estes profissionais devem estar alinhados com a visão, missão, objetivos e metas das organizações, pois a partir do compartilhamento destes itens, poderão conseguir o comprometimento da equipe e formação de novos líderes. Partindo da concepção que o líder é responsável pela liberação e desenvolvimento dos potenciais dos membros da equipe, surge o conceito de empoderamento, apresentado por Ken Blanchard, em seu livro intitulado Liderança de alto nível (2007). De acordo com Blanchard (2007, p. 88), empoderamento é o processo de liberar o poder que existe nas pessoas o seu conhecimento, sua experiência e sua motivação e direcionar este poder para alcançar resultados para a organização. Para alcançar o empoderamento, os líderes devem seguir três passos, compartilhar as informações, criar autonomia através de limites e substituir a hierarquia por equipes e pessoas autodirigidas. Isto é necessário, pois a partir do fornecimento de informações, é gerado sentimento de confiança e sensação de pertencimento por parte da equipe, além de promover a aprendizagem organizacional através da disseminação do conhecimento, diálogo, questionamento e debate. Outra percepção do tema pode ser verificada em um estudo realizado no final de década de 90, por Dora Leão Moura, Roberto Zardo, Silvia Dias e Joel Souza 4

Dutra, que objetivou mapear quais são as competências de liderança exigidas para que os profissionais sejam competitivos no mercado de trabalho. Neste, os executivos pesquisados demonstraram preferência pelos líderes que são alavancadores de resultados e agentes de transformação. Para isto, estes líderes devem dominar o que gera os resultados para a empresa e como é produzido, através da potencialização da iniciativa, ação empreendedora, velocidade na transformação de boas ideias em ações que geram resultados e visão sistêmica da empresa. 3 Materiais e Métodos Para alcançar os objetivos propostos neste estudo, será utilizada abordagem qualitativa, que prima pela significação dos dados, através da modalidade de pesquisa descritiva. Este tipo de pesquisa é aplicada à solução de problemas, iniciando pelo processo de informação sobre as condições atuais, as necessidades e como alcançá-las. De acordo com Gil (2002, p. 42), as pesquisas descritivas tem como objetivo primordial, a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre as variáveis. Partindo deste conceito, são comumente utilizadas por pesquisadores que se preocupam com a atuação prática do problema proposto. Outra abordagem para a pesquisa descritiva é apresentada por Salomon (2004, p.160): Compreende, descrição, registro, análise e interpretação da natureza atual ou processos dos fenômenos. O enfoque se faz sobre as condições dominantes ou sobre como uma pessoa, grupo ou coisa se conduz ou funciona no presente. Usa muito a comparação e o contraste. Este trabalho teórico será desenvolvido a partir de estudo de revisão crítica do conhecimento disponível, que objetiva análise dos conceitos e modelos do tema liderança relacionado com o profissional bibliotecário. Para tal, será utilizada pesquisa bibliográfica em livros, publicações periódicas e trabalhos acadêmicos como monografias e dissertações. 4 Resultados A pesquisa realizada na literatura específica da área demonstra diversos enfoques sobre liderança e suas competências, desde as abordagens gerais quanto pesquisas em grandes empresas sobre o tema e visões mais arrojadas. Serão discutidas as consideradas mais pertinentes ao estudo e que poderão ser adotadas pelos bibliotecários. Os conceitos apresentados sobre liderança incitam de uma forma geral para a abertura da postura e do papel gerencial destes profissionais, para acompanhamento das novas tendências administrativas, bem como a interação com as equipes de trabalho. Outra ênfase é relacionada à visão sistêmica, onde devem ser desenvolvidas estratégias que gerem valor agregado ao negócio, através do uso 5

da missão e valores da instituição. Com relação as competências de liderança, a primeira abordagem apresenta a inteligência emocional como fator primordial para seu exercício, Goleman, Boyatzis e McKee (2002) dividem em duas competências essenciais, a pessoal, que trata das capacidades de como o profissional lida consigo mesmo e a social, que representa a forma como gerenciam os relacionamentos. Esta visão pode ser adotada profissional bibliotecário, pois facilita a identificação dos pontos fortes e pontos fracos que podem ser desenvolvidos, com o objetivo de alcançar o autoconhecimento e consequentemente melhoria do ambiente organizacional. Através da visão de Vergara (2009), pode-se inferir como competências essenciais a capacidade de estar atento ao ambiente externo, ter criatividade, uso da informação à favor das decisões e ações, desenvolvimento do autoconhecimento para melhoria do desempenho pessoal, viabilização da comunicação e o reconhecimento do trabalho das pessoas. Diante desta visão, é pertinente destacar para o exercício da liderança bibliotecária as características de capacidade de lidar com as diferenças, coerência, integridade e ética, pois de acordo com Vergara (2009, p. 97), é da ética que emana a legitimidade de sua autoridade. Por sua vez, a criação de limites citada por Blanchard (2007) permite que os membros da equipe assumam mais responsabilidade, estabelecimento de metas, crescimento e desenvolvimento profissional. A autonomia gerada por esta ação promoverá a mudança também nas diretrizes de tomada de decisão, tanto estratégicas, quanto operacionais, pois os colaboradores se sentirão mais à vontade para assumir os riscos referentes às decisões. Todo este processo de autonomia irá proporcionar a redução da dependência da hierarquia, que em determinadas situações podem ser prejudiciais para o bom desenvolvimento e resultado da equipe. Blanchard (2007, p. 103) afirma que a divisão que se observa entre superior e subordinado não é mais de grande utilidade nas empresas. [ ] O sucesso hoje depende da integração de esforços individuais e de equipe. A pesquisa de Moura, et al. (2009) reforça a questão de geração de resultados, alcance de metas e objetivos propostos pela empresa, amplitude de visão, iniciativa e comprometimento com os valores e cultura da organização. Além destas questões, Moura (2009, p.94-95) concluiu com a pesquisa que: [...] é fundamental que estes líderes tenham conhecimento, domínio da área, tenham um bom relacionamento com a equipe e sejam comprometidos com os valores e a cultura da empresa em que trabalham. [ ] Pensar estrategicamente, capacidade de enxergar o todo, bem como inovar, criatividade, competência para iniciar mudanças foram regularmente citadas pelos respondentes. Isto demonstra que o antigo perfil de profissional isolado dentro de uma unidade de informação não é mais funcional nos dias atuais, a interação com os outros setores e a percepção do ambiente em que está inserido irão ampliar sua capacidade de trabalho em equipe e agente de mudanças. Este facilitador para condução das equipes auxilia na promoção da criatividade, ruptura do isolamento e incentivo ao trabalho multifuncional. O bibliotecário pode reunir em seu grupo, diversas habilidades complementares que proporcionem desempenho do conjunto superior aos desempenhos individuais. 6

Desta forma são compartilhadas informações, responsabilidades e a colaboração, que garantem a geração de confiança do grupo em seu representante. 5 Considerações Finais As constantes mudanças nas estruturas organizacionais, percebidas atualmente, requerem também a transformação dos profissionais que dela participam. A partir desta premissa foi percebido que a liderança é umas das habilidades que fazem parte desta nova realidade de qualidade de serviços, trabalho em equipe e visão sistêmica do negócio. Desta forma, esta pesquisa buscou, através de metodologia descritiva, alcançar o objetivo principal de identificar e avaliar as competências de liderança que o profissional bibliotecário pode adotar para se destacar no mercado de trabalho e garantir sua competitividade frente ao novo perfil suscitado pelas empresas. Os levantamentos realizados demostraram que os bibliotecários não possuem apenas a função de processamento e disponibilização de informações, além dos quesitos técnicos, este profissional também é responsável pelo gerenciamento das unidades de informação e de suas equipes. Considerando estas novas funções que permeiam a gestão de pessoas e organizacional, as competências de liderança se tornam essenciais para o aprimoramento profissional. As competências consideradas principais que o profissional bibliotecário deve desenvolver para sua atuação como líder, são o alinhamento com a cultura e objetivos institucionais, amplitude de visão, uso de comunicação transparente, incentivo do trabalho em equipe, flexibilidade e adaptabilidade frente às mudanças, agente provedor de ambiência motivacional e capacidade de influência a partir de comportamento ético e coerente. Para que o bibliotecário consiga obter sucesso no alcance destas competências, é necessário que seja desenvolvido principalmente o autoconhecimento e a percepção do ambiente externo, através do aprendizado contínuo, melhoria dos relacionamentos, da capacidade criativa e de inovação. Desta forma, os profissionais bibliotecários serão reconhecidos pelo mercado, pelas instituições e equipes como capazes de assumir a postura de verdadeiros líderes. 6 Referências BLANCHARD, Kenneth H. Liderança de alto nível: como criar e liderar organizações de alto desempenho. Porto Alegre: Bookman, 2007. 356 p. FUJIHARA, Ricardo Ken. Gestão do conhecimento estratégico: estudo dos subfatores sistêmicos aplicados à ECT. Transinformação, Campinas, v. 21, n. 3, p.249-266, set./dez. 2009. Disponível em: <revistas.puc-campinas.edu.br/transinfo/ viewarticle.php?id=310>. Acesso em 19 ago. 2010. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. 175 p. GOLEMAN, Daniel; BOYATZIS, Richard E; MCKEE, Annie. O poder da inteligência emocional: a experiência de liderar com sensibilidade e eficácia. 8.ed. Rio de 7

Janeiro: Elsevier, Campus, 2002. 299 p. LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina; ARELLANO, Eliete Bernal. Liderança, poder e comportamento organizacional. In: LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina et al. As pessoas na organização. 9. ed. São Paulo: Gente, 2002. p.259-269. MOURA, Dora Leão et al. Competências requeridas no mercado globalizado. In: FISCHER, André Luiz; DUTRA, Joel Souza; AMORIM, Wilson Aparecido Costa de. Gestão de pessoas: desafios estratégicos das organizações contemporâneas. São Paulo: Atlas, 2002. p.77-98. NEPOMUCENO, Ester Ligória. O bibliotecário, profissional da informação: habilidades e competências exigidas. 2004. 41 f. Monografia (Especialização em Gestão Estratégica da Informação). Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. PESTANA, Maria Cláudia et al. Desafios da sociedade do conhecimento e gestão de pessoas em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 2, p. 77-84, maio/ago. 2003. Disponível em: revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/view Article/12. Acesso em: 20 ago. 2010. SALOMON, Delcio Vieira. Como fazer uma monografia. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 425 p. SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte e prática da organização de aprendizagem : uma nova e revolucionária concepção de liderança e gerenciamento empresarial. 23.ed. rev. e ampl. São Paulo: Best Seller, 2008. 443 p. SILVA, Janaina Costa. O estilo de liderança dos bibliotecários de Brasília. 2009. 169 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação). Universidade de Brasília, Brasília, 2009. Disponível em: repositorio.bce.unb.br/handle/10482/4944. Acesso em: 19 ago. 2010. SMIRCICH, Linda; MORGAN, Gareth. Liderança: a administração do sentido. In: BERGAMINI, Cecília W. (org.); CODA, Roberto (org.). Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo: Pioneira, c1990. p. 205-230. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2009. 213 p. 8