Contribuição da Companhia de Eletricidade do Acre ELETROACRE, para a Audiência Pública sobre a nova metodologia e Procedimentos aplicáveis ao segundo ciclo de Revisão Tarifaria Periódica Comentários sobre a Nota Técnica 183/2006. Por cooperação da Empresa Avaliadora UNISIS. 1. Proposições e reflexos na execução dos trabalhos Critérios para inclusão na Base de Remuneração de Ativos - NT 183/2006 A apresentação dos itens não elegíveis em laudo separado, implica na separação dos mesmos na Base de Remuneração, entretanto, como estes itens fazem parte do saldo contábil e provavelmente serão conciliados com o levantamento físico, na composição dos quadros exigidos pela ANEEL haverá uma distorção entre o resumo das contas e os itens analíticos. No ciclo passado de Revisão Tarifaria Periódica, a fiscalização comparou o total das contas com o total dos itens que compõe a Base de Remuneração - BR. Exemplo: Descrição VALOR CONTÁBIL DEPRECIADO VALOR DE MERCADO EM USO Elegível automóvel gol 10.000,00 15.000,00 S Automóvel Uno 7.000,00 10.000,00 S Caminhão Ford 45.000,00 65.000,00 S Automóvel Vectra 25.000,00 30.000,00 N Total 87.000,00 120.000,00 Observe-se que se separarmos os itens elegíveis o saldo contábil ficará diferente do registrado na contabilidade, e se o mantivermos, o total avaliado é que ficará diferente. Ou seja, cada coluna deverá totalizar de uma forma diferente. Este item refere-se à forma de apresentação. Iten c/critérios para determinação do índice de aproveitamento - NT 183/2006 Quanto à mudança do cálculo do índice de aproveitamento, observa-se que a ANEEL vai considerar a reserva técnica de acordo com a potencia instalada e 1
demanda, ignorando a realidade física, não definindo o que fazer com a diferença existente entre os transformadores que foram considerados como reserva técnica de acordo com a fórmula e aqueles efetivamente existentes fisicamente. Item e) Procedimentos para avaliação - Folha 7 da NT 183/2006 Avaliações de Terrenos Na avaliação de terrenos, a proposta da ANEEL esta direcionada para criar um dispositivo que a permita escolher a seu livre arbítrio qual metodologia usar, o que significa dizer que de acordo com o resultado apresentado ela escolherá a metodologia. Nos casos em que a concessionária possuir em sua grande maioria terrenos antigos, com valores históricos pequenos, a ANEEL poderá escolher o método do IPCA, ou o valor venal o que melhor lhe convier. A proposta anterior era confusa, pois permitia dois critérios de avaliação, e agora existe uma piora na situação, criando mais uma alternativa. O problema é que para executar a avaliação, é necessário submeter à apreciação da ANEEL qual critério será utilizado, e em que tempo será dado esta resposta. Servidões Normalmente os terrenos de servidões que são de propriedade da concessionária, foram adquiridos devido à impossibilidade de enquadrá-los como direito de uso e passagem, portanto foram comprados a preço de mercado, conseqüentemente o mais correto era avaliá-lo da mesma forma que os Terrenos. Item f) Roteiro mínimo obrigatório para avaliação - Folha 12 da NT 183/2006 A proposta para levantamento de Usinas, Subestações e Linhas e Redes continua, mesmo com a Nota Técnica 183/2006, sem um nível de detalhamento objetivo dada as exigências do escopo do trabalho processo como será explanado item a item nos tópicos a seguir: Usinas e Subestações: Faltou definir o detalhamento dos equipamentos a serem levantados, uns dos principais problemas encontrados nos levantamento de campo. Nas fiscalizações encontramos dois tipos de critérios, de acordo com o fiscal envolvido. No primeiro caso, não era exigido especificar marca e modelo dos equipamentos, visto que 2
seriam avaliados pelo de menor preço, podendo, assim serem agrupados facilitando a levantamento físico e a conciliação. Entretanto, haviam fiscais exigindo que fosse especificado por marca e modelo, aumentando a dificuldade da avaliação. O problema consiste basicamente nos casos em que a concessionária compra e usa um equipamento de um determinado fabricante e é obrigado a avaliar com base no preço de outro. É o caso dos disjuntores SIEMENS e LORENZETTI, sempre avaliados pelo menor preço indepentende do que esteja instalado. Existe uma necessidade de definição mais clara e objetiva de quais equipamentos devem ser cadastrados, quais atributos mínimos deverão ser registrados no levantamento, quais valores são permitidos por atributos, ou seja uma definição de modelo de cadastro e levantamento. O ideal seria que as concessionárias utilizassem este modelo para montagem deste cadastro de forma normatizada e padronizada pela própria ANEEL através de uma nota técnica completa e detalhada. Independente de qual o sistema utilizada pela concessionária, a preparação do material teria que obedecer as normas estabelecidas facilitando assim o fornecimento de informações ao Trabalho. Com isso, ficaria fácil e objetivo a execução do levantamento físico simplesmente checando e confirmando o cadastro da concessionária. E também, o acompanhamento por parte da Concessão e a compreensão dos Relatórios finais por parte da ANEEL seriam mais claros e objetivos. Linhas e Redes: A Amostra: O modelo adotado para definição do universo amostral não é discutido nesta nota técnica, e o mesmo é parte do problema de linhas e redes tendo em vista que uma amostragem deve criar um universo de dados para analise, buscando basicamente duas coisas: a) Criar um universo de dados menor, buscando qualidade, viabilidade econômica e temporal nesta analise. Se não levar em conta nenhum destes 3
aspectos podemos simplesmente avaliar o universo de dados inteiro. Ou seja se não há fator limitante, então porque não levantar os dados em sua totalidade. b) Manter a mesma característica do universo total no universo amostral, desta forma minimiza-se as distorções na analise. No caso da amostra eleita pela ANEEL, em alguns casos o universo amostral mostra-se desproporcional aos objetivos, normalmente exageradamente grande, em alguns casos até inviável. O principal motivo da má formação da amostra é a definição do conjunto de consumidores como item de limite do aglomerado. A divisão em conjuntos de consumidores não foi um item bem padronizado. Alguns conjuntos tiveram um volume pequeno, outros conjuntos enormes, tiveram um exagero de dados no universo amostral. A solução é definir um limite de aglomerado mais adequado e padronizado, de forma a não haver distorções. A própria folha (quadricula) eleita para fiscalização poderia ser utilizada como critério para definição do limite de aglomerado. A Quadricula: Especificamente sobre esta quadricula (folha) a norma estabelece um tamanho fixo 800x800. É sabido da existência de outros padrões utilizados nas concessionárias, padrões estes que já estão implementados em seus produtos de controle de engenharia. Uma primeira sugestão é assumir o padrão desenvolvido pela concessionária, evitando assim retrabalho desnecessários para as mesmas. Poderia se estabelecer critérios de mínimos e máximos, por exemplo, folhas de no mínimo 500m e no máximo 1000m de largura e ou altura. Se a ANEEL entende uma padronização forçada, uma sugestão de tamanho melhor é de 1000m por 1000m, tendo em vista que estas quadriculas são codificadas automaticamente pelos produtos de controle de engenharia, normalmente associado a algum sistema de GIS de mercado (Geographic Information System). Esta codificação assume as coordenadas UTM da folha e por 4
questão de simplicidade são utilizados os dígitos significativos da coordenada UTM. Por exemplo uma coordenada UTM típica seria algo assim: Y = 7598000 metros X = 436000 metros Esta folha receberia o código 598436, que são os dígitos significativos (em negrito) da coordenada do canto inferior esquerdo da folha. Uma folha de 800 x 800 obrigaria uma codificação de 8 dígitos, alem de uma dificuldade de leitura da coordenada UTM direto da codificação da folha. O importante é a padronização de todas as concessionárias num modelo de folha único. As Diferenças: Para apurar as diferenças a metodologia deveria ser mais bem exemplificada e esclarecida, mostrando casos e apurando os problemas de interpretação dos resultados obtidos na analise. Outro ponto que necessita de clareza, é com relação à necessidade de levantamento completo de uma concessionária. Precisa ficar claro, o tamanho e o tempo necessário para este levantamento completo. Algumas concessionárias possuem alguns milhões de postes, portanto, o tempo de levantamento deste universo ficaria obviamente comprometido num processo de revisão com datas e prazos bem pouco generosos. Sobras físicas e contábeis. Deve-se atentar que no inicio do trabalho a posição contábil está numa data base, e ao término estará em outra, e a Nota Técnica não especifica em qual data base devem ser efetuados os ajustes e nem de que forma, visto que no MANUAL DE CONTABILIDADE também não especifica nem detalha tais ajustes. 2. Os reflexos na Tarifa da Concessionária Salientamos dois itens importantes na proposta da ANEEL que merecem especial atenção no que tange à sua aplicação nos valores da base de remuneração, a saber: 5
Item d) Critérios para determinação do índice de aproveitamento - Folha 5 da NT 183/2006. A mudança da aplicação do índice de aproveitamento para o valor novo de reposição tem como objetivo exclusivo à diminuição da tarifa, pois a tarifa é calculada sobre a base bruta e não a liquida, ou seja, a aplicação do índice de aproveitamento sobre o valor de mercado não tem efeito na tarifa, mas quando aplicado sobre o valor novo, passa a ter efeito. Item e) Procedimentos para avaliação Precificação dos Equipamentos - Folha 9 da NT 183/2006. Banco de Preços Referenciados da ANEEL Um dos principais fatores que influenciam numa avaliação de equipamentos é a cotação, que fornece a base dos valores que formarão o valor novo de reposição. A proposta da ANEEL é que as informações de preços sejam obtidas a partir de um banco de preços da própria ANEEL, descaracterizando completamente o sentido da avaliação, ferindo todos princípios de igualdade, isonomia, transparência e inclusive de constitucionalidade. Observa-se o distanciamento do objetivo o órgão regulador quando se propõe a criar um banco de preços e mantê-lo atualizado, alias, na própria NT 178/2003-SFF/SRE/ANEEL na folha 20 não permite que as empresas avaliadoras utilizem banco de preços, mostrando total incoerência na sua proposta. Percebe-se com a utilização de um banco de preço médio e regionalizado pela ANEEL, a criação de um critério subjetivo pelo fato que em muitos casos algumas compras são realizadas em outros mercados, não estando evidente quais critérios vão ser utilizados na formação da média ou da regionalização. Esta tentativa em determinar os preços que serão utilizados nas avaliações, deixa a mercê o equilíbrio econômico da concessionária, visto que as tarifas serão calculadas com base em valores que 6
possivelmente não corresponderão à realidade, inviabilizando desta forma a reposição dos equipamentos. Em contato com outras concessionárias detectamos que ocorreu subjetividade na interpretação pela ANEEL de sua própria legislação, inclusive com pareceres diferentes para situações semelhantes entre concessionárias. Custos Adicionais - CA O mesmo ocorre com os Custos Adicionais, novamente a ANEEL não determinou uma fórmula de cálculo dos custos, utilizando o banco de dados referencial tornando mais uma vez o critério subjetivo. Não evidenciando a composição dos custos adicionais a ANEEL remete a concessionária a mesma situação ocorrida na fiscalização anterior onde inicialmente efetuo-se os cálculos com base nas informações contábeis, de acordo com os valores contabilizados e transformando em percentuais, depois a ANEEL passou não aceitar esses números e exigiu que se fizesse com base nas informações da engenharia, abrindo por tipo de equipamento os custos envolvidos em cada um, e finalmente voltou para os percentuais contábeis, pois verificou que era mais difícil contestar uma informação da engenharia e nem todos custos envolvidos estavam contabilizados corretamente, ocasionando num percentual menor. 3. Blindagem da base Em diversos pontos da nota técnica a ANEEL admite a falta de clareza nos dispositivos anteriores, a falta de procedimentos, a adoção de medidas por parte das avaliadoras que não estavam de acordo com o esperado por eles, os constantes ajustes efetuados em praticamente todas bases de todas concessionárias, dando a entender que a base não corresponde com a realidade esperada. Portanto, se a base contém tantas incoerências, procedimentos equivocados, ajustes com base em estimativas, a blindagem da mesma perpetuará tais falhas, deixando as concessionárias amargarem tal erro por mais um ciclo. 7
Foi dito e escrito pela ANEEL que por falta de informações suficientes, falta de tempo, falta de clareza, alguns itens seriam calculados pela média e não individualmente, o que distorceu completamente os valores finais. Sugere-se então com a finalização da nova Nota Técnica, a possibilidade das concessionárias refazerem as bases, apresentando no novo ciclo uma base mais próxima da realidade, obedecendo aos novos critérios estabelecidos. 4. Atualização da base Blindada O processo de composição da BASE DE REMUNERAÇÃO foi tão complexo e distorcido, com atropelos por parte da ANEEL, pois exigiu das concessionárias que efetuassem uma avaliação gigantesca, que envolvia processos multidisciplinares, num prazo exíguo, com regras mal definidas, criando uma avaliação que não era avaliação, enfim mudando a regra do jogo durante o jogo, que o resultado final foi uma BR que se distanciou da realidade física e contábil. Se Junta a isso a divergência entre procedimentos da Portaria ANEEL 815 e resolução 493, pois uma é mais analítica que outra, fica evidente a dificuldade ou impossibilidade de atualização desta base. Para exemplificar, basta pensar numa baixa de postes, pois na contabilidade é efetuado por conjunto, quando são baixados 100 postes, na BR estão especificados por tipo, altura e esforço, ou seja conjuntos com quantidades diferentes. Considerando que devem processar quatro anos de movimentações, torna-se uma tarefa árdua e complexa, além de ser executado simultaneamente com outras atividades. 8