Curva ABC. Cada uma destas curvas nos retorna informações preciosas a respeito de nossos produtos
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- Júlia Madureira Rosa
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1 Curva ABC A curva ABC tem por finalidade determinar o comportamento dos produtos ou dos clientes. Podemos desenvolver diversos tipos de curvas ABC contendo os seguintes parâmetros: 1. Produto X Demanda 2. Produto X Lucro 3. Cliente X Demanda 4. Cliente X Lucro ou clientes. Cada uma destas curvas nos retorna informações preciosas a respeito de nossos produtos A curva ABC é proveniente do conceito de da curva de Pareto. Vilfredo Pareto executou um estudo sobre a distribuição de renda. Através deste estudo, percebeu-se que a distribuição de riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentração de riqueza (80%) nas mãos de uma pequena parcela da população (20%). A curva ABC é um importante instrumento para se examinar estoques, permitindo a identificação daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo em valor monetário, ou quantidade dos itens de estoque, para que eles possam ser classificados em ordem decrescente de importância. Aos itens mais importantes de todos, segundo a ótica do valor, ou da quantidade, dá-se a denominação de itens da classe A, aos intermediários, itens da classe B, e aos menos importantes, itens da classe C. A experiência demonstra que poucos itens, de 10% a 20% do total, são da classe A, enquanto uma grande quantidade, em torno de 50%, é da classe C e 30% a 40%, são da classe B. A curva ABC é muito usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de prioridades, para a programação da produção, etc. Obtém-se a curva ABC através da ordenação dos itens que serão analisados, conforme sua importância relativa no grupo. A montagem dos grupos pode parecer um pouco trabalhosa, mas pode ser que ela seja feita uma única vez, ou mesmo muito esporadicamente. Os itens de cada grupo permanecem enquanto permanecerem as condições que possam afetar os itens (consumo; vendas; preços; etc.). A montagem dos grupos pode ser feita em duas etapas (vamos continuar com o exemplo de um controle de estoques):
2 1ª Etapa: Relacionam-se todos os itens que foram consumidos em determinado período (1); Para cada item registra-se o preço unitário (2) e o consumo (3) no período considerado (se a análise fosse sobre vendas, ou sobre transporte, ao invés de consumo seria usada a quantidade vendida, ou a quantidade transportada, etc.); Para cada item calcula-se o valor do consumo (4), que é igual ao preço unitário x consumo; Registra-se a classificação (5) do valor do consumo (1 para o maior valor, 2 para o segundo maior valor, e assim por diante). Exemplo, considerando um controle de estoque, composto de dez itens: 2ª Etapa Preço Material(1) Unitário(2) Consumo(3) Valor do Consumo(4) Classificação(5) Mat1 1, ,83 4 Mat2 11, ,50 3 Mat3 3, ,96 2 Mat4 5, ,76 5 Mat5 11, ,00 1 Mat6 11, ,88 7 Mat7 1, ,20 10 Mat8 0, ,92 9 Mat9 5, ,28 6 Mat10 21, ,80 8 Ordenam-se os itens de acordo com a classificação (5); Para cada item, lança-se o valor de consumo acumulado (6), que é igual ao seu valor de consumo somado ao valor de consumo acumulado da linha anterior; Para cada item, calcula-se o percentual sobre o valor total acumulado (7), que é igual ao seu valor de consumo acumulado dividido pelo valor de consumo acumulado do último item. Exemplo: Material(1) Valor do Consumo(4) Valor do Consumo acumulado (4) % sobre valor total acumulado(4) Classificação ordenada(5) Mat5 840,00 840,00 45,06 1 Mat3 323, ,96 62,44 2 Mat2 178, ,46 72,02 3 Mat1 148, ,29 80,00 4 Mat4 71, ,05 83,85 5 Mat9 97, ,33 89,07 6 Mat6 71, ,21 92,92 7 Mat10 64, ,01 96,40 8
3 Mat8 31, ,93 98,11 9 Mat7 35, ,13 100,00 10 Para a definição das classes A, B e C, adotando-se o critério de que A = 20%; B = 30% e C = 50% dos itens. Sendo, no exemplo 10 itens, 20% são os dois primeiros itens, 30% os três itens seguintes e 50% os cinco últimos itens, resultando, assim, os seguintes valores: Classe A (2 primeiros itens) = 62,44%; Classe B (3 itens seguintes) = (83,85% - 62,44%) = 21,41%; Classe C (5 itens restantes) = (100% - 83,85%) = 16,15%; Obs.: Se tivéssemos, por exemplo, 73 itens ao invés de 10, para A = 20%, seriam os 15 primeiros itens; B = 30%, seriam os 22 itens seguintes; e C = 50%, os 36 restantes. Para o exemplo acima, se quiséssemos controlar, digamos, 80% do valor do estoque, teríamos que controlar apenas os quatro primeiros itens (já que eles representam 80,00%). O estoque (ou as compras, ou o transporte, etc.) dos itens da classe A, tendo em vista seu valor, devem ser mais rigorosamente controlados, e também devem ter estoque de seguranças bem pequenos. O estoque e a encomenda dos itens de classe C devem ter controles simples, podendo até ter estoque de segurança maior. Já os itens da classe B deverão estar em situação intermediária. Como definir estoques Para a correta definição dos estoques, considere esses dois fatores: quanto menor o estoque menor a necessidade de capital imobilizado e nunca deve faltar produto para venda. Ou seja, se a empresa buscar o menor estoque, corre o risco de perder uma venda por falta de produto. Além disso, produtos diferentes possuem giros diferentes e sazonalidades ocorrem em vários negócios. Para equilibrar esses dois aspectos, um dos caminhos é a utilização intensa da informação. A partir de históricos de vendas (giro das mercadorias), por produto, por época do ano, etc é possível ter uma aproximação dos estoques mínimos necessários para atender as demandas. Outro fator importante é o prazo de entrega dos fornecedores, quanto menores eles forem, menores também podem ser os estoques. Apesar de todo esforço, ainda não existe solução para grandes oscilações de demanda, como as causadas por ondas de calor ou frio inesperadas, por exemplo. Como planejar a demanda para os meus produtos? Para calcular a previsão de vendas de mercadorias/produtos/serviços que a empresa terá, seguem as alternativas:
4 Com base nas informações internas, analisar o comportamento das vendas realizadas no último período, por exemplo, um ano, e projetá-la para um novo período. Devem ser considerados alguns aspectos que poderão influenciar essa projeção, como concorrentes, novos produtos, novos hábitos dos consumidores e eventos especiais, tais como festas, olimpíadas, eleições, etc. Através de pesquisas de mercado, realizar um estudo da demanda de mercadorias/produtos/serviços, que poderia ser atendida pela empresa. Além das variáveis externas, tais como população, atividade econômica, situação política, nível de renda e emprego, concorrência, novos produtos, etc., que devem ser consideradas. Quais são os Objetivos da Ficha de Controle de Estoque? O principal objetivo da ficha de controle de estoque é controlar a movimentação individual, entradas e saídas, dos materiais de estoque, ou seja, produtos acabados, matérias-primas, etc., da empresa. Portanto, para cada produto existe uma ficha correspondente. Normalmente constam desta ficha de controle as seguintes informações: Código e descrição do produto/material; Unidade de consumo (Kg, m, peça, etc.); Estoque mínimo; Endereço de localização no almoxarifado; Data do evento de entrada ou saída do produto/material; Quantidade de entrada, saída e saldo do produto/material; Valor do custo de entrada, saída e valor do estoque atual; Valor do custo médio e anual de aquisição do produto/material. Para o correto preenchimento dessa ficha, os registros de entrada devem ser feitos quando do recebimento dos materiais, com base na documentação de entrada, que pode ser a própria nota fiscal ou uma nota de recebimento. Os registros de saída devem ser feitos com base nas requisições de materiais emitidas pelos usuários. Como a Distribuição de Mercadorias e o Controle de Estoque Podem Ajudar a Reduzir Custos na Empresa? Através de um controle, e gestão de estoques, é possível saber qual é a demanda, ou o consumo de cada item. Essa informação é fundamental para determinar as quantidades a serem adquiridas. Se essa aquisição for de forma adequada, pode propiciar: Melhores preços de aquisição;
5 Evitar perdas por validade, que significam custos, ou encalhes, que têm custos financeiros do capital de giro; Evitar a falta de produtos, que significam perdas de vendas, e às vezes, do cliente. Como Elaborar o Controle de Estoque de Mercadorias? O gestor financeiro deverá manter controle do estoque por tipo de mercadorias/produtos existentes na empresa, da seguinte forma: Registrar no Controle de Estoque as quantidades, custo unitário e custo total das mercadorias /produtos adquiridos. Registrar no Controle de Estoque as quantidades, custo unitário e custo total das mercadorias /produtos vendidos. Calcular no Controle de Estoque o saldo em quantidades, custo unitário e custo total das mercadorias/produtos que ficaram em estoque. OBS: O custo unitário é calculado pelo custo médio ponderado, da seguinte forma: Custo Total, dividido pela Quantidade. Periodicamente, confirmar se o saldo apurado no Controle de Estoque "bate" com o estoque físico existente na empresa. Modelo do Controle de Estoque: Entradas (Compras) Saídas (Vendas) Saldo Data Qtde C.Unit. C.Tot. Qtde C.Unit. C.Tot. Qtde C.Unit. C.Tot , , , , , , , , , , , , , ,
6 Exemplo Análise da Curva ABC X ciclo de vida Dado os três gráficos sendo: Gráfico 1 curva ABC de demanda Gráfico 2 curva ABC de lucro Gráfico 3 ciclo de vida Demanda Lucro a b c a b c 20% 50% 100% 20% 50% 100% W R S Q Produto Q R S W Produto Gráfico 1 Gráfico 2 Demanda Ciclo de vida R Q W S Tempo Gráfico 3 Quatro produtos estão representados nos gráficos sendo eles: Produto R Produto Q Produto W Produto S
7 Fazendo a leitura dos gráficos é possível chegar à seguinte análise: Produto ABC Demanda ABC Lucro Ciclo de vida Política de estoque R C C Introdução Baixos estoques Q C A Crescimento Estoques Intermediários W A C Maturidade Altos níveis de estoque S C C Declínio Baixos estoques Produto R O produto R está em fase de INTRODUÇÃO (denominado de lançamento pelo Ballou), portanto seus estoques devem ser baixos, devido ao risco de não haver aderência do mesmo ao mercado consumidor, o que representa um alto risco em estocar. O produto R se encontra nas curvas ABC posicionado como C em demanda e C em lucro. Este comportamento é perfeitamente normal, visto que o mesmo acabou de ser introduzido, o que lhe confere alto custo de produção devido à baixa demanda. Possui também, baixa margem de contribuição ocasionada pela necessidade de pagar o custo gerado pelo seu desenvolvimento. Se analisarmos na página 75 do livro texto, veremos que existe uma política de estoque dirigida para este tipo de produto. Portanto, é necessário cautela e poucos pontos de apoio em sua distribuição. Produto Q O produto Q está em fase de CRESCIMENTO, portanto uma política de estoque deve ser estudada profundamente para que não haja erros. Há uma perspectiva de aderência do produto junto ao mercado consumidor, portanto a falta do produto (que poderá gerar o baixo nível de serviço) ocasionará perda de vendas e provável convergência do cliente ao produto concorrente. Ele se mostra como C em demanda e A em lucro, devido principalmente a amortização do custo de desenvolvimento, o que aumenta a margem de contribuição. Os altos estoques, no entanto, se super-dimensionados gerarão altos custos e perdas financeiras. Segundo Ballou (pg. 75) a falta de histórico de vendas impede saber quando, quanto e aonde deverá haver estoques. Esta é a fase mais complexa da gestão de estoques. A única garantia que se possui é que se torna imprescindível o alto nível de serviço 1. A empresa deverá assumir riscos nesta fase. Produto W O produto W está em fase de MATURIDADE o que gera um período prolongado no volume da demanda, portanto há facilidades de melhor previsão de demanda devido aos históricos, o que permite maior conhecimento do padrão de consumo (Ballou, p.76). Em geral as vendas passam a ser mais fracionadas, aumentando os pontos físicos de estocagem, para permitir melhor distribuição e maior obtenção do nível de serviço. Em geral o aumento da escala reduz o preço do produto, porém a concorrência passa a 1 Nível de serviço: o nível de serviço ao cliente é definido como disponibilidade e acessibilidade dos produtos junto ao mercado consumidor. Estas duas variáveis necessitam ser altas a fim de funcionar como impulso de compra entre os consumidores e minimizar a perda da venda (Ballou, p.74, 2004).
8 oferecer bens semelhantes a preços menores (fato ocasionando pela ausência de custo de desenvolvimento), o que obriga a redução também dos valores de venda, reduzindo a margem de contribuição. Isto explica o comportamento na curva ABC sendo A em demanda e C em lucro. Produto S O produto S está em fase de DECLÍNIO que pode ter ocorrido devido à obsolescência tecnológica, da concorrência predatória ou mesmo do esgotamento do mercado consumidor (Ballou, p.76). Haverá uma redução gradual dos pontos de distribuição minimizando também os níveis de estoque. Certamente deverá voltar a haver uma centralização da distribuição e em algum momento a descontinuidade do mesmo. Este padrão é percebido na curva ABC onde ele é C em lucro e demanda.
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