CP 013/14 Sistemas Subterrâneos. Questões para as distribuidoras
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- Daniela Botelho Castilho
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1 CP 013/14 Sistemas Subterrâneos Questões para as distribuidoras 1) Observa-se a necessidade de planejamento/operacionalização de atividades entre diversos agentes (distribuidoras, concessionárias de outros serviços públicos, órgãos municipais, etc). Como deve ser a participação da ANEEL na conciliação desses interesses? E dos demais setores (governo federal, ANATEL, prefeituras, etc.)? De fato, como este tema envolve a participação de variados agentes, é necessário que a ANEEL busque a interação com todos os envolvidos na busca de um entendimento comum sobre a solução a ser adotada, como foi o caso do compartilhamnento de infraestrutura. Como já existem diversas iniciativas das prefeituras para legislar sobre o assunto, e também um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional, entendemos que o bom caminho à Aneel seria atuar junto ao parlamento para que a Lei que vier a ser aprovada defina conceitos, e diretrizes gerais, e direitos e obrigações de cada usuário do solo, deixando para os atos normativos da Agencia os detalhamentos técnicos e econômicos. Dentre as diretrizes legais é importante considerar que as necessidades e interesses dos consumidores de energia elétrica e da sociedade devem observar a melhoria da qualidade, o aspecto urbanistico e o equilíbrio com a razoabilidade das tarifas do serviço prestando. 2) Deve-se obrigar as distribuidoras a elaborarem e disponibilizarem normas e procedimentos para a construção de redes subterrâneas? Qual a dificuldade para as distribuidoras elaborarem esse normativo? As normas de instalação existentem para uma condição real de execução. Desta forma, não se justificam para condições hipotéticas ou de planos de estudo. Neste contexto, as distribuidoras que já utilizam sistemas subterrâneos em sua área de concessão já possuem normas e procedimentos sobre o assunto. Naturalmente, à medida que mais distribuidoras venham operar neste padrão, as normas e procedimentos serão desenvolvidos e disponibilizados. Vale ressaltar, por fim, que atualmente não existe uma norma da ABNT que discipline o processo de construção de redes subterrâneas, dificultando, portanto, a elaboração de um procedimento padrão. 3) Existem barreiras regulatórias para a conversão das redes aéreas em redes subterrâneas ou para expansão dos atuais sistemas subterrâneos? Quais seriam? Sim. Podemos citar a questão do tratamento da Base de Remuneração Regulatória BRR que vem sendo aprimorada, porém ainda apresenta diversos pontos de insegurança para as distribuidoras, com relação ao reconhecimento dos investimentos realizados nestes sistemas, ditos "prudentes". Um aspecto importante a ser registrado refere-se ao casos de substituição de sistemas onde não ocorre agregação de novo mercado. Como a regulamentação atual somente incorpora os novos ativos no momento da revisão, é importante que seja estudado um tra- 1
2 tamento diferenciado para estes casos de substituição de sistemas, para mitigar a perda de valor econômico neste intermédio. Outro ponto a ser considerado diz respeito aos valores residuais dos sistemas existentes que venham a ser substituídos. Caso uma nova legislação estabeleça a obrigatoriedade de substituição de sistemas existentes, a ANEEL deverá definir com clareza o tratamento a ser dado aos valores residuais dos sistemas que serão substituídos, já que atualmente a regulamentação vigente não trata adequadamente esta questão. Como existe a possibilidade de que um maior volume de sistemas necessitem ser substituídos, esta questão se torna mais relevante. Por fim, a questão da financiabilidade, por sinais regulatorios, deverá ser tratada adequadamente de modo a tornar viável o cumprimento de uma nova regulamentação, já que os recursos envolvidos neste tipo de solução são bastante expressivos e poderiam comprometer os demais investimentos que a distribuidora deve realizar para atendimento do seu mercado. 4) Deve-se incentivar a realização de investimentos em redes subterrâneas? De que forma a regulação deveria ser modificada para introduzir incentivos para a realização desses investimentos? Atualmente a utilização do sistema subterrâneo ocorre apenas com base nos critérios da distribuidora (critérios técnicos), e em alguns casos em decorrência de exigências urbanísticas ou negociações com prefeituras municipais. Para que existam incentivos para a ampliação da utilização destes sistemas, é necessário que sejam contornadas as limitações e dificuldades existentes na regulamentação vigente, de forma a possibilitar o estabelecimento de critérios para a utilização do sistema subterrâneo em todo o país. Para tanto é necessária uma legislação federal que envolva todos os setores relacionados com a questão (energia, comunicação e demais usuários da infraestrutura do setor elétrico, definindo com clareza as responsabilidades financeiras de todos os envolvidos). Esta nova legislação poderia criar incentivos através fontes de financiamento para investimentos em rede subterrânea ou ainda de desoneração fiscal. Como regra geral, poderia ser definido que quando a utilização dos sistema subterrâneo for definida por critérios ELÉTRICOS (densidade de carga, qualidade do fornecimento, etc), os investimentos seriam de responsabilidade da distribuidora (com eventual participação das empresas de telecomunicação conforme o caso). Quando a utilização for definida por critérios URBANÍSTICOS (não elétricos) o investimento deveria ser coberto pela parte que estabeleceu esta utilização (prefeitura ou consumidores, conforme cada caso). 5) Devem ser definidos critérios para que parte dos novos atendimentos seja realizado obrigatoriamente por sistemas subterrâneos? Quais critérios seriam estes? 2
3 No entendimento da ABRADEE, a questão da obrigatoriedade deve ser avaliada. O critério, a nosso ver, deve ser a viabilidade técnica ou a demanda de outros agentes pelo enterramento. Deve-se observar a realidade de concessões que possuem uma significativa quantidade de redes subterrâneas e daquelas que ainda têm que se estruturar para este tipo de construção, levando em conta o elevado custo destes investimentos. Em paralelo, Eexistem tramitando no Congresso nacional diversos projetos de lei sobre esta questão. É importante que, ao se definir viabilidade técnica para a implantação de redes subterrâneas, os estes critérios que venham a ser definidores sejam objetos de legislação federal haja vista as diversas iiniciativas de prefeituras municipais sobre o tema, que acabam por criare que estão criando dificuldades adicionais para as distribuidoras. No âmbito da regulamentação normativa da Aneel, uma sugestão para os critérios a serem definidos seria: CRITÉRIO ELÉTRICO: municípios com mais de habitantes e em áreas com concentração de carga instalada de energia elétrica igual ou superior a 17 MVA/km², e demais situações previstas nas normas das distribuidoras (com vistas a melhoria da qualidade do serviço). Este critério garante uma densidade populacional mínima que justifique o alto custo para o enterramento das redes. CRITÉRIO URBANÍSTICO: todas as situações não enquadradas no critério técnico 6) Devem ser definidos critérios para a obrigatoriedade de conversão de parte das redes existentes? Quais seriam estes? A obrigatoriedade de conversão de redes existentes devem ser realizadas de acordo com necessidades técnicas ou demanda de outros agentes. Há váarios riscos em determinações e obrigatoriedades sob atividades de dominio técnico e economico. Exeqüibilidade e racionalidade na aplicação de recursos são os principais desafios. Neste sentido, definidos os critérios para utilização do sistema subterrâneo, devem ser estabelecidos de forma complementar os critérios para a conversão dos sistemas existentes que se enquadrem nos critérios estabelecidos. Estas regras parapara conversão devem contemplar: 1. Existência de linhas de financiamento para o setor elétrico e prefetencialmente, previsão de desoneração fiscal para os investimentos. 2. Prazo máximo, estabelecido considerando a capacidade de investimento e impacto tarifário aos usuariosusuários 2.3. Regras claras e garantia de remuneração desses investimentos 7) Deve-se estabelecer um nível mínimo de investimento (R$) ou metas (km de rede) para conversão e/ou construção de novas redes subterrâneas? Quais aspectos devem ser observados para definição desses valores? 3
4 Definidos os critérios para a conversão, seriam estabelecidos também os prazos para estas mudanças. Estes projetos passariam a ser considerados nos PDD das distribuidoras e acompanhados pela ANEEL. Ou seja, os montantes de investimentos a serem aplicados no sistema subterrâneo seriam resultantes das novas regras estabelecidas. Os investimentos mínimos devem observar as efetivas condições econômicas e financeiras da tarifa para sua viabilização. Uma eventual condição poderá ser relacionado com o compromisso vinculados ao volume de Obrigações Especiais da distribuidora oriundo de ativos financeiros. Eventuais conversões devem ser analisadas de acordo com as necessidades técnicas ou demanda de outros agentes. 8) Quais tipos de obra (interesse da concessão, demandas locais, interesse particular) devem ter seus custos reconhecidos nas tarifas? Apenas as obras que atendam os CRITÉRIOS TÉCNICOS, que refletem o interesse da concessão. As demais obras deverão ter seus custos cobertos pelas partes interessadas. A parte das obras consideradas como obrigações especiais terão impacto na tarifa através de remuneração específica de acordo com as discussões da AP 023/ ) Quais seriam as possíveis fontes de recursos para financiamento das obras de enterramento? No caso de obras que atendam os critérios técnicos, poderiam ser estabelecidas linhas de financiamentos para esta finalidade, além das eventuais participação do consumidor conforme regulamentação já existente e, sob avaliação, a utilização dos recursos lançados como obrigações especiais de ativos financeiros. 10) Considerando que o enterramento propicia a melhoria dos aspectos de qualidade, dentre outros benefícios, a tarifa de consumidores atendidos por sistemas subterrâneos deveria ser diferenciada? A diferenciação nas tarifas já existe em outros países e poderia vir a ser implementada no Brasil. Avançar na abertura da estrutura tarifária permitiria a diferenciação tarifária para os consumidores atendidos por redes subterrâneas. No entanto, a proposta deve partir da distribuidora, fundameantada por estudos que comprovem a oportunidade e pertinência dessa diferenciaçãocom a profundidade necessária para sugerir a forma desta implementação e a contestação da sociedade que poderá ser realizada nos processos de audiência pública. 11) Tendo em vista que e esperada uma melhora na continuidade do fornecimento ao se converter as redes aéreas em subterrâneas, os padrões de qualidade para as redes subterrâneas deveriam ser diferenciados? 4
5 A metodologia atual já contempla esta diferenciação. Na medida em que venha a ser estabelecida uma nova regulamentação sobre a utilização deste sistema, a metodologia vigente poderá ser revisitada e aperfeiçoada. Brasília, 19 de janeiro de
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