TRANSTORNOS ANSIOSOS



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Transcrição:

TRANSTORNOS ANSIOSOS - Disciplina de pós graduação em Psicologia Clínica 8a. aula Francisco B. Assumpção Jr. cassiterides@bol.bom.br

TRANSTORNOS NEURÓTICOS: Histórico William Cullen (1785) Ordem I - Coma, apoplexia, paralisias, tremores Ordem II - Adinamias Ordem III - Espasmos seção I - funções animais, tétanos, espasmos dos maxilares, convulsões, coréias, epilepsia seção II - funções vitais, palpitações, asma, dispnéia, coqueluche seção III - funções naturais, piroses, cólicas, cólera, diabetes, histeria, hidrofobia Ordem IV - Vesânias ( lesões do juízo sem febre ou coma), amência, melancolia, mania, onirodinamia ( pesadelos).

TRANSTORNOS NEURÓTICOS: Histórico Pierre Janet ( 1895) - interesse pela histeria, partindo da idéia de Braid de dupla consciência, caracteizando uma dissociação de consciência que agrupa sob o nome de psicastenia. Breuer, em Viena, relaciona catarse a melhoria sintomatológica e Freud, aperfeiçoando as idéias de ambos, cria a noção de incosnciente, caracterizando as neuroses enquanto doenças funcionais embora jamais negando seu substrato biológico ( Não tenho qualquer tendência a crer que o domínio psicológico vague de alguma forma no ar, sem qualquer base orgânica ).

TRANSTORNOS NEURÓTICOS: Histórico Pavlov vai considerar as neuroses enquanto manifestações provocadas por pressões (físicas, econômicas e interpessoais) que o cérebro não pode tolerar. Refere assim 1. Aumento da intensidade do sinal; 2. Dilatação do tempo entre a emissão do sinal e a chegada do alimento; 3. Apresentação ambivalente e conflitante de sinais positivos e negativos; 4. Desorganização das condições físicas do indivíduo.

TRANSTORNOS NEURÓTICOS: Histórico Pavlov caracteriza 3 tipos distintos de resposta 1. Equivalente - pressões de intensidades variadas produzem a mesma resposta; 2. Paradoxal - estímulos fortes reforçam a inibição protetora do córtex; 3. Ultraparadoxal - invertem-se as respostas condicionadas com o positivo tornando-se negativo e vice-versa.

TRANSTORNOS NEURÓTICOS: Histórico Blander e Grinder (1982) - indivíduo cria o mundo a partir de 3 filtros Neurológico - idêntico para indivíduos da mesma espécie, distorcendo e eliminando as mesmas partes do mundo real; Social - conjunto de condicionamentos, permissões e restrições sociais; Pessoais - conjunto de experiências pessoais, únicas e inconfundíveis.

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Conceito Perturbação mental que não compromete as funções essenciais da personalidade, mantendo o paciente, penosa consciência de seu estado. (Aurélio Buarque de Holanda; 1988)

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Conceito Enfermidades da personalidade caracterizadas por conflitos intrapsíquicos que inibem as condutas sociais. (H. Ey; 1969)

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Conceito Ansiedade que pode ser dirigida e expressa, mas passível de ser controlada inconsciente e automaticamente pela utilização de mecanismos de defesa psicológicos.é produzida por ameaça interior da personalidade, com ou sem estimulação de situações externas. (APA apud Wender; 1987)

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Diagnóstico Diferencial com quadros psicóticos Neuroses Etiologia psíquica (provável) compreensibilidade alt. Quantitativa vive a realidade comum estrutura psíquica identificável relacionada a angústia Psicoses Etiologia biológica incompreensibilidade alt. Qualitativa rompe vínculos com o Real estrutura psíquica variada maior perda de liberdade (K. Schneider; 1962)

I - ANSIEDADE o do que da angústia ( patológica) é sempre um ataque lesivo a possibilidade de estar-aí. ( Boss; 1977) o ameaçador está dentro e o Nada, se apodera da existência. (Gebsattell; 1966)

I - ANSIEDADE e ANGÚSTIA (Alonso Fernandes; 1979) SINTOMAS ANGÚSTIA ANSIEDADE Experiência corporal espera incerta inquietação global e imobilizadora Experiência corporal opressão pré- dispnéia localizada cordial ou epigástrica Vivência medo da morte medo de desastres

I - ANSIEDADE e ANGÚSTIA (Alonso Fernandes; 1979) SINTOMAS ANGÚSTIA ANSIEDADE Tempo vivido lentificado acelerado Espaço individual redução exaltação Característica básica física psíquica

I - ANSIEDADE Conceito - Reação do organismo infantil frente a situações de ameaça, que se caracteriza por vivências desagradáveis, com formas de expressão diversas através de sintomas e sinais somáticos ou comportamentos variados, com valor defensivo, dinamizante, organizador e evolutivo, que se aprende e constitui na infância. (Sacristán, 1995)

ANSIEDADE NORMAL 1. De estranhos, reconhecendo familiares 6 meses 2. De separação 8-10 meses 3. De desintegração com perda ou destruição total dos pais 18 meses 4. De lesão corporal e morte 3 anos 5. De desaprovação (Super-Ego) 4-5 anos (Gemelli; 1995)

ANSIEDADE NORMAL Entre 6/7 e 12 anos de idade, através das interações sociais, estabelece-se que 1. O desenvolvimento da ansiedade não indica nem impede fatos ruins, 2. Mecanismos de defesa podem auxiliar no enfrentamento da ansiedade; 3. As ansiedades normais auxiliam o enfrentamento de futuras experiências ansiosas; 4. Ação (locomoção), fala, jogos simbólicos, podem ser utilizados para controlar ou elaborar eventos geradores de ansiedade. (Gemelli; 1995)

II - FATORES QUE INTERVEM NA EXPERIÊNCIA ANSIOSA 1. Fatores Cerebrais - Bioquímicos Fisiológicos 2. Fatores Cognitivos - o desenvolvimento cognitivo da criança matiza o vivenciar ansioso que também repercute no desenvolvimento cognitivo 3. Fatores Familiares - vulnerabilidade

II - FATORES QUE INTERVEM NA EXPERIÊNCIA ANSIOSA PREPOTENCY (Marks; 1969) indica que estímulos particulares são especialmente notáveis para certa espécie que os percebe e reconhece seletivamente entre outros estímulos, mesmo quando os encontra pela primeira vez. PREPAREDNESS (Seligman; 1970) é a idéia de que certos estímulos se associam mais fácilmente com outros evocando respostas específicas, por exemplo, diante de um sinal de perigo específico, cada espécie aprende certas respostas defensivas mais fácilmente do que outras, e o aprendizado é mais rápido na medida em que estas respostas façam parte do repertório inato de reações defesa.

III - FATORES PRECIPITANTES DA ANSIEDADE NA INFÂNCIA 1. Enfermidades e cirurgias 2. Morte de amigos e parentes 3. Dificuldades escolares 4. Ataques ou experiências sexuais 5. Problemas intrafamiliares 6. Situações de mêdo 7. Preocupações frente a perigos imaginários 8. Acidentes 9. Experiências traumáticas específicas ( Sacristán; 1995)

IV - EPIDEMIOLOGIA Transtornos Ansiosos 10% (Bell-Dolan;1993) Pânico 1 a 5 anos 2% 6 a 10 anos 4% 11 a 15 anos 11% 16 a 20 anos 13% (Morecen; 1993) Fobia social 1% de crianças e de adolescentes (Bendel;1993) TOC 0,3% ( Rutter; 1973) 0,35% (Flamentt; 1995)

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Hipóteses Etiológicas Fatores que interferem na experiência ansiosa 1. Fatores Cerebrais - Bioquímicos Fisiológicos 2. Fatores Cognitivos desenvolvimento cognitivo matiza o vivenciar ansioso que também repercute no desenvolvimento cognitivo 3. Fatores Familiares - vulnerabilidade

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Hipóteses Etiológicas Mecanismos de Defesa: a defesa consegue sua intenção de expulsar da consciência a representação intolerável quando a pessoa integra, na qualidade de suas recordações inconscientes, cenas sexuais infantis, e quando a representação que tem que ser expulsa pode ser envolvida a tal sucesso infantil. (S. Freud; 1967)

TRANSTORNOS NEURÓTICOS Diagnóstico 1- Fenomenológico - através da sintomatologia estabelece hipóteses sobre o conflito psíquico; 2 - Caracterológico - através dos traços de caráter confirma ou não, as hipóteses de conflito; 3 - Relacional - visa a relação com o ambiente que interage com o indivíduo. (Volmer Filho; 1984)

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Epidemiologia Incidência de 3 a 8% 50% apresentam outros transtornos mentais homens:mulheres => 2:1 Idade inicial difícil de ser caracterizada, só 1/3 procuram atendimento psiquiátrico. 25% tem parentes em 1o. Gráu acometidos. Etiologia Fatores genéticos, alterações de nerotransmissores e funcionais (neuroimagem e mapeamento)

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Diagnóstico Excessiva ansiedade ou preocupação sobre circunstâncias da vida por pelo menos 6 meses. Difícil controle, inquietação, fadiga fácil, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão motora e muscular, disturbios de sono. Sofrimento significativo e prejuízo adaptativo. Clínica Sintomas Primários: ansiedade ( excessiva e incontrolável), tensão (inquietação, tremores, abalos, cefaléia), hiperatividade ( dispnéia, sudorese, palpitações, queixas gastrointestinais), vigilância cognitiva (irritabilidade).

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA Diagnóstico diferencial Disturbios médicos geradores de ansiedade, intoxicações, dependência química, outros transtornos ansioso, depressão, distimia, hipocondria, TDAH, somatizações, transtornos de personalidade. Curso e prognóstico Crônico. Eventos negativos aumentam desencadeamento. Tratamento Psicoterapia, ADT, Buspirona, Clonidina, Propanolol

V - QUADROS CLÍNICOS FOBIA SOCIAL E ESPECÍFICA Epidemiologia Fobias específicas Incidência de 5 a 10% homens:mulheres => 1:2 Fobia social Incidência de 5 a 10% homens:mulheres => 1:2 Idade inicial: adolescência em ambos os quadros Etiologia Fatores genéticos, alterações de nerotransmissores e psicossociais

V - QUADROS CLÍNICOS FOBIA SOCIAL E ESPECÍFICA Diagnóstico Medo intenso e persistente desencadeado pela persistência ou antecipação do objeto fóbico. Rsposta omediata com reconhecimento da irracionalidade, situação é evitada com intensa ansiedade, interferindo na vida. Tipos mais comuns: fobias a animais, a fatores naturais, a sangue ou ferimentos, a enclausuramento. A fobia social é um medo intenso e persistente das situações sociais nas quais a pessoa é exposta a observação alheia. Clínica Ansiedade severa quando exposto ao objeto com tentativa de esquivamento que ocasiona a resposta fóbica observando-se prejuízo na rotina do indivíduo.

V - QUADROS CLÍNICOS FOBIA SOCIAL E GENERALIZADA Diagnóstico diferencial Medo normal e timidez, intoxicações por alucinógenos, tumores, doenças cérebro-vasculares, esquizofrenia, pânico, transtornos de personalidade, transtorno obsessivo compulsivo. Curso e prognóstico Vida relativamente normal para alguns e adaptação a limitação para outros Tratamento Psicoterapia, BDZ, IMAO, ADT, Buspirona, Clonidina, Propanolol

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO Epidemiologia Prevalência de 2 a 7% homens:mulheres => 1:1 Idade inicial: adolescência em ambos os quadros, celibatários e desempregados Etiologia Fatores genéticos, alterações de neurotransmissores, neuroanatômicas e funcionais, psicossociais, psicodinâmicos e de personalidade

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO Diagnóstico Obsessões e compulsões que causam sofrimento e comprometimento da personalidade Clínica Idéias ou impulsos invadem a consciência levando a sentimentos de medo e atitudes contrárias embora a pessoa as reconheça como absurdas. Demandam horas para a execução de atividades.

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO Diagnóstico diferencial Esquizofrenia, depressão, transtornos de personalidade, fobias, epilepsia de lobo temporal Curso e prognóstico Sintomas iniciados antes dos 24 anos (50%) e 35 (80%), agudamente. 20-30% melhoram, 50% melhoram puco, 20-30% pioram. Risco de suicídio. Piores casos iniciados na infância. Tratamento Psicoterapia, BDZ, IMAO, ADT, ECT, Neurolépticos, Psicocirurgia

TRICOTILOMANIA

EPIDEMIOLOGIA TOC 0,3% ( Rutter; 1973) 0,35%(Flamentt; 1995) infância 0,3% adolescência 1% adultos 2% (Swedo, 1990) Comorbidades Depressão (36%) Fobia simples (17%) Ansiedade excessiva ( 16%) T. Oposicional ( 7%) Ansiedade de separação (7%)

ETIOLOGIA FATORES BIOLÓGICOS Envolvimento de núcleos da base: superposição com a síndrome de Gilles de la Tourrette em mesmas famílias; sintomas obsessivo compulsivos em S. Gilles de la Tourrette prevalência 10 vezes maior de TOC em coréia de Syndehan TOC após intoxicação por monóxido de carbono com lesões de globo pálido e putamen 1/3 das crianças com TOC tem movimentos coreiformes ao ex. neurológico fino Hipótese serotoninérgica Genética Concordância de 81% em MZ (Carey,1981) 24% de TOC em familiares com TOC (Swedo,1989)

ETIOLOGIA FATORES DE APRENDIZADO Obsessões e compulsões enquanto respostas condicionadas que diminuem a ansiedade, aprendidas quando a pessoa percebe que a ansiedade pode ser diminuida quando aprende esses mecanismos (condicionamento operante). O indivíduo evita a situação ou o estímulo gerador da obsessão (esquiva passiva) ou atua com rituais motores ou cognitivos (esquiva ativa) para reestabelecer a segurança ou prevenir o prejuízo.

QUADROS CLÍNICOS QUE MANIFESTAM OBSESSÕES E/OU COMPULSÕES Anorexia nervosa Depressão Hipocondria Fobias Personalidade esquizotípica Transtorno dismorfofóbico Organizações delirantes Síndromes mentais orgânicas Pânico Autismo Transtorno de estresse pós traumático Transtorno de somatização Síndrome de Gilles de la Tourrette

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO ANSIOSO DEVIDO A PATOLOGIAS CLÍNICAS Epidemiologia Dependente da causa de base Etiologia Dependente da causa de base Diagnóstico Sintomas de transtorno de ansiedade associados a doença clínica Clínica Ataques de pânico, obsessões, convulsões ou fobias. Evidências clínicas ou laboratoriais da doença de base

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO ANSIOSO DEVIDO A PATOLOGIAS CLÍNICAS Diagnóstico diferencial Dependente da causa de base Curso e prognóstico Dependente da causa de base Tratamento Dependente da causa de base

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO ANSIOSO INDUZIDO PRO SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Epidemiologia Quadro comum devido a uso de drogas, medicamentos. Etiologia Drogas simpatomiméticas ( anfetaminas, cocaína, cafeína), serotoninérgicas (LSD) Diagnóstico Sintomas ansiosos surgidos durante ou logo após o uso. Clínica Varia com a substância envolvida

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO ANSIOSO INDUZIDO POR USO DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Diagnóstico diferencial Transtornos de ansiedade primários e devido a disturbios afetivos Curso e prognóstico Depende da supressão do uso da substância, com os sintomas sendo usualmente reversíveis Tratamento Supressão do uso da droga

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO ANSIOSO NÃO ESPECIFICADO Epidemiologia Quadro comum Etiologia Disturbio da neurotransmissão, genético Diagnóstico Sintomas ansiosos concomitantes a sintomas depressivos Clínica Sintomas depressivos e ansiosos

V - QUADROS CLÍNICOS TRANSTORNO ANSIOSO NÃO ESPECIFICADO Diagnóstico diferencial Disturbios depressivos, transtornos ansiosos e transtornos de personalidade Curso e prognóstico Variável Tratamento Psicoterapia, ansiolíticos e antidepressivos

V - QUADROS CLÍNICOS REAÇÃO AO STRESS PÓS TRAUMÁTICO A Exposição a um evento traumático no qual os seguintes quesitos foram presentes: 1. A pessoa vivenciou, testemunhou ou foi confrontada com um ou mais eventos que envolveram morte ou grave ferimento, reais ou ameaçados, ou uma ameaça a integridade física, própria ou de outros 2. A resposta da pessoa envolveu intenso medo,impoência ou horror. Em crianças pode ser expressado por um comportamento desorganizado ou agitado

V - QUADROS CLÍNICOS REAÇÃO AO STRESS PÓS TRAUMÁTICO B - O evento traumático é persistentemente revivido em uma ou mais das seguintes maneiras 2. Sonhos aflitivos e recorrentes com o evento. Em crianças podem ocorrer sonhos amedrontadores sem conteúdo identificável. 3. Agir ou sentir como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. Em crianças pode haver reencenação específica do trauma 4. Sofrimento psicológico intenso quando da exposição a indícios internos ou externos que simbolizam ou lembram, algum aspecto do evento traumático 5. Reatividade fisiológica a exposição a indícios internos ou externos, que simbolizam ou lembram algum aspecto do evento

V - QUADROS CLÍNICOS REAÇÃO AO STRESS PÓS TRAUMÁTICO C - Esquiva persistente de estímulos associados como trauma e entorpecimento da responsividade geral, indicados por tres (ou mais) dos seguintes quesitos: 1. Esforços no sentido de evitar pensamentos, sentimentos ou conversas associadas com o trauma 2. Esforço no sentido de evitar atividades, locais ou pessoas que ativem recordações do trauma 3. Incapacidade de recordar algum aspecto específico do trauma

V - QUADROS CLÍNICOS REAÇÃO AO STRESS PÓS TRAUMÁTICO C - 4. Redução acentuada de interesses ou da participação em atividades significativas 5. Sensação de distanciamento ou afastamento em relação as outras pessoas 6. Faixa de afeto restrita 7. Sentimento de futuro abreviado D - duração dos sintomas superior a um mês

DOENÇAS DE ADAPTAÇÃO Altos níveis de ACTH e corticóides levando a ulcerações, doenças cardíacas e aumento da pressão arterial. Clínicamente Irritabilidade Insônia Contração do músculo masseter Bruxismo Taquicardia Taquipnéia Sudorese fria de mãos e pés Diminuição da libido

DOENÇAS DE ADAPTAÇÃO Reação de Alarme Envolve resposta endócrina com a liberação de ACTH, tendo por objetivo preservar a integridade do organismo enquanto elabora mecanismos mais específicos de defesa. Estágio de Resistência É organizado um local melhor para resistir ao fator estressor. A resposta geral não é necessária e o SN Autônomo e o Sistema Endócrino retornam a seus níveis normais. Estágio de Exaustão Sistemas autonômico e endócrino retornam a sua atuação por um tempo mais prolongado, com o corpo tendo sua resistência cada vez mais diminuída, podendo chegar a morte.

TOC - EPIDEMIOLOGIA TOC 0,3% ( Rutter; 1973) 0,35%(Flamentt; 1995) infância 0,3% adolescência 1% adultos 2% (Swedo, 1990) Comorbidades Depressão (36%) Fobia simples (17%) Ansiedade excessiva ( 16%) T. Oposicional ( 7%) Ansiedade de separação (7%)

VI - TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS ANSIOSOS 1. Tratamento Farmacológico Diagnóstico Fatores considerados 1a./2a. TOC Tricotilomania Clomipramina Onicofagia Fluoxetina Sertralina (2a.) outros IRSSe (2a.) Ansiedade de Recusa escolar ADT Separação ADHD BZD Depressão

VI - TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS ANSIOSOS 1. Tratamento Farmacológico Diagnóstico Fatores considerados 1a./2a. Ansiedade Recusa escolar ADT Generalizada ADHD Buspirona Depressão BDZ Pânico ADT Buspirona BZD

VI - TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS ANSIOSOS 1. Tratamento Farmacológico Diagnóstico Fatores considerados 1a./2a. Fobia simples Fobia social não indicados propanolol BZD Stress sintomas específicos ADT pós traumático estágio da resposta Propanolol individual, ADHD, Lítio, IMAO, (2a.) Depressão BDZ, CBZ (2a.) (Allen; 1993)

VI - TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS ANSIOSOS 2. Educação e Intervenções Familiares - Esclarecimento e compreensão 3. Psicoterapia Psicodinâmica - Jogos e desenhos. Foco na separação, autonomia e autoestima 4. Terapias Cognitivas - Modificação dos estados de inadaptação que interferem nas condutas sociais. Procedimentos de reestruturação cognitiva promovendo a competência.

VI - TERAPÊUTICA DOS TRANSTORNOS ANSIOSOS 5. Tratamento Comportamental a) procedimentos de contracondicionamento - dessensibilização sistemática b) técnicas operantes - encorajamento no engajar-se em situações sociais ( reforço) c) modelagem - demonstração de conduta adequada em presença de estímulo ansioso d) treino de padrões sociais - treino de prática de componentes (Beidell; 1993)