OS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS NOVOS LETRAMENTOS. Nívea Eliane Farah (PUC-SP) Modalidade: Comunicação Científica

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Transcrição:

OS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS NOVOS LETRAMENTOS Nívea Eliane Farah (PUC-SP) Modalidade: Comunicação Científica

OS PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS NOVOS LETRAMENTOS Nívea Eliane Farah (PUC-SP) RESUMO: O tema desta apresentação é o processo de ensino e aprendizagem da leitura e da produção textual para o desenvolvimento das competências leitora e escritora dos estudantes em aulas presenciais de Língua Portuguesa. Como os contextos virtuais geram novas situações comunicativas, é necessário pensar nos novos letramentos. O objetivo geral é desenvolver um estudo sobre a influência das novas tecnologias e a contribuição do uso delas. Será utilizada a concepção de Pedagogia do Digital, proposta pelo Grupo de Educação Linguística (GPEDULING) da PUC-SP. Optou-se pelo estudo de caso, como estratégia de pesquisa e intenciona-se verificar se o uso das tecnologias digitais pode facilitar a compreensão de leitura do texto e se o uso de materiais multimídia pode favorecer o ensino e a aprendizagem. PALAVRAS-CHAVE: Novos Letramentos; Pedagogia do Digital; Educação Linguística. Problema 1-As novas tecnologias contribuem para uma nova perspectiva no ensino e na aprendizagem da leitura e da escrita? 2-Quais são as estratégias que precisam ser utilizadas pelos professores para o desenvolvimento da competência leitora e da escritora como componentes da competência comunicativa dos estudantes do século XXI. 3-Quais saberes, atualmente, os professores de Língua Portuguesa precisam conhecer e dominar? 4-Quais metodologias de ensino e de aprendizagem podem contribuir para o desenvolvimento da competência comunicativa dos estudantes do século XXI? Objetivo geral Desenvolver um estudo sobre a influência das novas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa e a contribuição do uso delas para o desenvolvimento da competência comunicativa dos estudantes do século XXI Objetivos específicos 1- Verificar em que medida as novas tecnologias tornam mais significativa a leitura e a produção textual por meio da Pedagogia do Digital da Educação Linguística 2- Apresentar estratégias de leitura que podem facilitar a compreensão do texto lido/ estudado, quando acompanhado de recursos digitais e materiais didáticos multimídia que podem favorecer o ensino e a aprendizagem da produção textual 3-Propor os conhecimentos necessários para o uso dessas tecnologias digitais

4-Propor metodologias que possam auxiliar os professores, no desenvolvimento da competência comunicativa que a Educação Linguística propõe para o Ensino de Língua Portuguesa Metodologia O estudo se fundamenta basicamente em pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais. A análise e a interpretação nesse tipo de pesquisa tem por finalidade a exploração de um conjunto de opiniões e representações sociais. Neste estudo, a intenção é investigar como as novas tecnologias podem influenciar o trabalho do professor de língua materna no século XXI. O desafio dessa pesquisa social está no exercício científico do trabalho de campo na busca do contexto de observação: colégios e/ou universidades no Brasil, que usam os recursos tecnológicos, como uma alternativa de ensino e aprendizagem para a sala de aula, mais adaptada à realidade tecnológica e à sociedade em rede do século XXI. Nesse trabalho de interação e de descoberta, pretende-se analisar e interpretar os dados dessa pesquisa, predominantemente qualitativa, para avaliar as vantagens e desvantagens do uso dos dispositivos móveis e/ ou dos aparelhos tecnológicos no âmbito educacional presencial. Intenciona-se verificar se o uso das tecnologias digitais pode facilitar a compreensão de leitura do texto estudado e se o uso de materiais didáticos multimídia pode favorecer o ensino e a aprendizagem, entre outros aspectos. O estudo de caso tem sido escolhido como alternativa para pesquisas sobre o fenômeno educativo e exige do investigador o emprego de alguns procedimentos metodológicos, como protocolo do estudo, preparação prévia para o trabalho de campo e estabelecimento de base de dados. Esboço de fundamentação teórica No século XXI, diante das novas tecnologias, ler e escrever devem continuar sendo considerados saberes necessários. A linguagem é considerada uma atividade, uma ação, um fazer, uma forma de atuação e uma interação, compreendida numa relação dialógica de ensino e aprendizagem, e, nesse sentido, o professor precisa ser visto como mediador e não só como interlocutor, ou então, como um interlocutor que media. Os estudantes devem usar a língua materna para interagir e ter acesso a bens culturais. Produzir textos não deve ser entendido apenas como um exercício de escrita, mas de interação e para isso, o docente deve pensar nos comandos dessa produção: finalidade, interlocutores, gênero, suporte, circulação e posição social. Aprende-se a ler, lendo e aprende-se a escrever, escrevendo. Na sociedade em rede, num primeiro momento, houve o surgimento dos sujeitos vistos como usuários; num segundo momento, com a geração da Web 2.0, houve o surgimento de redes sociais diversas. A função dessas redes, de conectar os usuários, possibilitou a linkagem de pessoas e de informação e a escrita passou a ser vista como uma tecnologia necessária para vivência nesse fluxo em rede. Diante disso, o ensino precisa caminhar rumo aos letramentos digitais e a comunicação oral e escrita, nesses novos espaços de interação social, deve ser levada para o espaço da aula. Alguns autores começam a propor os

multiletramentos, isto é, a investigação da noção de texto como uma atividade de novas práticas da conectada sociedade do conhecimento. Com a ideia da mobilidade, presente no uso de tablet e smartfone, o usuário passa a ser, a qualquer momento, em qualquer lugar, produtor de informação e não só recebedor. Ainda não se sabe até que ponto essas tecnologias digitais podem contribuir para o saber, para a educação e para a aprendizagem. O que se tem certeza é que a sociedade do conhecimento exige novas propostas para a prática docente e entre a visibilidade dessa língua em uso x a proibição escolar, surge a hipótese de que essa aproximação de pessoas, de novos hábitos e de novos cenários melhoraria a qualidade social e educacional e que essas tecnologias, que caracterizam a sociedade do conhecimento, facilitariam a atuação do professor de língua materna. Os sujeitos envolvidos na Educação precisam pensar na aplicação de novos saberes diante desses desafios da modernidade. O conhecimento é a única ferramenta de que o ser humano dispõe para melhorar sua existência, portanto será importante desenvolver a capacidade de refletir, entender, analisar e interpretar os fatos, resolver problemas com criatividade e ter poder de iniciativa em face da complexidade das novas situações. Os professores precisam buscar caminhos para propiciar aos estudantes seu desenvolvimento intelectual. Como a cultura digital pede mudança de currículo, será necessário entender o que vale a pena num universo com muitas informações e pensar as habilidades necessárias, no século XXI, para o estudante fazer o próprio trajeto, saber fazer escolhas, selecionar as informações, as fontes, produzir informações com criticidade e criatividade, saber expressar e respeitar a diversidade de opiniões, entre outros. O contexto escolar deve preparar o jovem para o mundo real, para o que ele vai precisar de fato. Os PCNEM entendem que é função da escola garantir a mediação da construção de conhecimento acerca do uso da língua materna sob o ponto de vista tecnológico. Nas práticas de sala de aula, surgem inquietações, pois não é raro encontrar jovens que escrevem e produzem em meios digitais, mas não gostam das aulas de Língua Portuguesa. Por isso, é urgente pensar em novas metodologias para essas aulas presenciais, que as transformem num momento mais instigante e desafiador, com aparatos tecnológicos e interativos, que propiciem mudanças no ambiente da sala e tornem a prática de sala de aula mais inovadora e dinâmica. O uso de ferramentas tecnológicas, durante as aulas, ainda incomoda alguns professores, que não sabem muito bem como integrar os equipamentos tecnológicos às suas aulas, nem conhecem as contribuições efetivas das tecnologias digitais para melhorar as práticas de ensino e aprendizagem de língua materna, nem quais gêneros digitais podem propiciar e contribuir para a formação dos jovens. No entanto, a tecnologia digital depende totalmente da escrita, os gêneros digitais emergentes fazem uso intenso dela, ao contrário das relações não virtuais. Teoricamente, o trabalho fundamenta-se em Teorias Sociocognitivointeracionais e nos pressupostos teóricos do Grupo de Educação Linguística (GPEDULING/ IP-PUC-SP), em Palma e Turazza (2008, 2012, 2014) e para

Letramento/Letramento Digital/ Multimodalidade/ Multiletramentos em Soares (2006) Coscarelli; Ribeiro (2005) Dionísio (2011) Rojo (2013) Para Palma, Turazza e Nogueira (2008), o século XX foi marcado por múltiplas transformações, como a globalização e os avanços tecnológicos e isso abriu novas perspectivas também para a escola. Palma e Turazza (2012) explicitam como a Educação Linguística pode ser realizada em sala de aula e indicam como desenvolver a competência comunicativa a partir de cinco pedagogias: Pedagogia do Oral, Pedagogia da Leitura, Pedagogia da Escrita, Pedagogia Léxico-gramatical e Pedagogia da Literatura. O GPEDULING acrescenta a Pedagogia do Digital, em 2014, uma vez que se identificou que o ensino da escola básica tem se utilizado dos meios digitais no processo de ensino e de aprendizagem. O conceito de letramento desenvolvido por Soares (2006) entende que um evento de letramento é qualquer situação em que um portador é parte integrante da natureza das interações entre os participantes e de seus processos de interação. Coscarelli; Ribeiro (2005) abordam o conceito de letramento, a relação dele com as máquinas e a questão do contexto da interação tecnológica social, com recorte nas possibilidades pedagógicas, relacionando essas tecnologias com o espaço educacional contemporâneo. Dionísio (2011) mostra que é importante pensar o aspecto da multimodalidade dos gêneros textuais, que se amplia constantemente no espaço digital e deve ser bem compreendido para o processo de ensino e aprendizagem. Rojo (2013) explica que os multiletramentos compõem conjuntos de estratégias pedagógicas necessárias para se lidar com a crescente e constante complexidade dos textos tanto impressos como digitais. Novas tecnologias eletrônicas afetam os hábitos de ler e escrever e criam uma nova relação com os processos de leitura e novas formas de produção textual. O texto é diferente, porque o suporte é diferente, o trabalho na Web 2.0 é colaborativo, então, cabe refletir onde iniciam e onde começam os papéis do professor e do computador e como devem se comportar os professores e os estudantes. Não se trata apenas de uma transposição do uso que o jovem faz das tecnologias, como forma de entretenimento, fora da escola, mas talvez de uma nova epistemologia da cultura digital dentro da escola, que discuta a competência digital para construção do conhecimento. Aprender de um jeito diferente, em formatos diferentes, exige que o professor tenha uma formação diferente, para ser um agente de letramento diferente, nesse meio diferente, que é o digital. Considera-se que a sala de aula pode ser um espaço de grande possibilidade para os jovens desenvolverem a competência comunicativa e, no futuro, tornemse empreendedores criativos. A escola precisa aproveitar todo o potencial digital e criar novos caminhos, mesclando espaços formais e informais de ensino e aprendizagem. O professor como tutor, orientador ou mentor contribuiria para a integração do uso das tecnologias para que o jovem aprendesse a pensar por si mesmo, fosse mais crítico e entendesse melhor o papel das redes sociais. Essas redes poderiam contribuir e funcionar como espaço de ampliação de percepções e seriam mediadas pelo professor em sala de aula. O docente também se apropriaria do compartilhamento digital e aprenderia junto, em tempo real, a

colocar suas observações. O discente aprenderia a fazer remixagem de conteúdos, editar textos, comentar postagens, criticar posicionamentos e criar projetos para encontrar sentido para sua vida escolar, então, talvez, ele conseguisse ter mais apreço pelo estudo, pela pesquisa, pela escola, pela leitura e pela escrita. Resultados parciais obtidos Para esse texto foi feito um levantamento de dois casos, mas outros ainda serão levantados no desenvolvimento da pesquisa. Ainda falta muito a pesquisar para se ter uma visão mais completa do tema escolhido. Por enquanto não foi possível ainda citar, de forma direta, mais dissertações, teses e revistas especializadas sobre o problema pensado. No entanto, serão futuramente analisadas e também farão parte das referências bibliográficas. Com certeza, esses estudos mais atualizados contribuirão muito para o aprofundamento dessa pesquisa. Araújo (2013), no Portal do Professor, analisa as animações Noite de almirante, de Machado de Assis e No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade e conclui que há ausência de abordagem de aspectos pedagógicos e de interação, de sugestão de trabalho para o professor, de indicações teóricas, de procedimentos de análise e de ausência de interlocução. A proposta ficou reduzida ao simples uso de uma ferramenta tecnológica Ribeiro (2010) nas aulas de Português Instrumental para Engenharias transcreve um programa de rádio, com utilização das normas do Projeto NURC, em seguida, os estudantes deviam acessar o podcast e propor uma nova composição ao texto. Uma turma fez notícias de jornal impresso e a outra turma criou uma versão web do texto. Essa atividade acionou diversos letramentos, linguagens, suportes, recursos multimodais e possibilitou ampliação de competências. Conclusões provisórias Foram descobertas algumas pesquisas que têm sido realizadas com o objetivo de definir padrões sociais de comportamentos no meio digital e outras pesquisas que examinam como se processa a estratégia de leitura e escrita da organização textual, produzidos por usuários comuns, em textos digitais. Assim, pretende-se observar como se dá essa (re)construção textual e indicar novas perspectivas para o ensino da Língua Portuguesa. Talvez essas atividades pudessem dinamizar as aulas e melhorar a relação, por vezes problemática, que alguns possuem com o processo da leitura e da escrita, numa situação mais adequada à realidade dos jovens, que hoje é pautada pelas tecnologias digitais. Tudo isso poderia se configurar em possibilidades de auxílio ao desenvolvimento e ampliação do apreço pela leitura e pela escrita. O certo é que é necessário pensar nos letramentos digitais não apenas como apropriação tecnológica nem distribuição de conteúdos, mas como possibilidade de transformação social, de distribuição do conhecimento, de

partilhas, de trocas colaborativas, de mudança de atitude na busca da informação e de ampliação de competências. Referências Bibliográficas ARAÚJO, Nukácia. A Avaliação de objetos de aprendizagem para o ensino de Língua Portuguesa: análise de aspectos tecnológicos ou didático-pedagógicos? In: ARAÙJO, Júlio; ARAÙJO, Nukácia (Orgs). EaD em tela: docência, ensino e ferramentas digitais. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013, pp.179-207. COSCARELLI, C. V.; RIBEIRO, A. E. (Org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Coleção Linguagem e Educação. Belo Horizonte: Ceale/Autêntica, 2005. DIONÍSIO, A. P. Gêneros textuais e multimodalidade. In: KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (org). Gêneros textuais: reflexões e ensino. SP: Parábola Editorial, 2011, p. 137-152. PALMA, D. V., TURAZZA, J. S., NOGUEIRA JÚNIOR, J. E. Educação linguística e desafios na formação de professores. In: BASTOS, Neusa Bastos. (Org.) Língua Portuguesa: lusofonia-memória e diversidade cultural. São Paulo: EDUC, 2008. PALMA, D. V; TURAZZA, J. S. Formação de professores e interdisciplinaridade na perspectiva as educação linguística. In: BASTOS, N. B. (org.). Língua Portuguesa: aspectos linguísticos, culturais e identitários. São Paulo: EDUC, 2012, p.145-164. PALMA, D. V; TURAZZA, J. S. Educação Linguística: reinterpretações do ensinoaprendizagem por novas práticas pedagógicas. In: Educação Linguística e o ensino de Língua Portuguesa: algumas questões fundamentais- São Paulo: Terracota, 2014, p.23-61. RIBEIRO, Ana Elisa. Retextualização, multimodalidade e mídias no ensino de Português. In: RIBEIRO, Ana Elisa et al (orgs). Linguagem, tecnologia e educação. São Paulo, Peirópolis, 2010. ROJO, R. Gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, R. (org). Escola conectada: os multiletramentos e as TICs. 1 ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, p. 13-36. SOARES, M. B. Letramento: um tema em três Gêneros. 2 ed. Belo Horizonte: Autentica, 2006.