Tribunal de Contas da União Número do documento: AC-0198-47/99-P Identidade do documento: Acórdão 198/1999 - Plenário Ementa: Tomada de Contas Especial. Prefeitura Municipal de Aquiraz CE. Desvio de recursos públicos recebidos do Banco do Nordeste do Brasil por meio de convênio da Companhia de Desenvolvimento Industrial e Turístico do CE. Não apresentação de defesa pelo responsável. Recolhimento original do débito. Contas irregulares. Débito. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE IV - Plenário Processo: 005.052/1996-3 Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Prefeitura Municipal de Aquiraz/CE Interessados: Responsável: Francisco de Sousa Filho, ex-secretário Municipal de Turismo e Desporto Dados materiais: DOU de 18/11/1999 Sumário: TCE. Desvio de recursos públicos recebidos do Banco do Nordeste do Brasil. Citação. Comprovação do recolhimento da quantia original recebida, sem os consectários legais. Ausência de apresentação de defesa. Contas julgadas irregulares e em débito o responsável. Autorização para cobrança judicial da dívida. Retirada da chancela de sigilo dos autos. Relatório: Trata-se da Tomada de Contas Especial oriunda da conversão de processo de Denúncia (Decisão nº 732/96/P/Ata 36/96), de responsabilidade do Sr.
Francisco de Sousa Filho, ex-secretário de Turismo e Desporto do Município de Aquiraz/CE, em virtude da não-aplicação do valor de R$ 3.000,00, repassado pelo Banco do Nordeste do Brasil/BNB, em 24/11/94, destinado ao patrocínio do I Encontro Regional de Municipalização de Turismo, e depositado em sua conta particular, uma vez que o referido Encontro foi custeado com verba recebida pela Prefeitura, por meio de convênio, da Companhia de Desenvolvimento Industrial e Turístico do Ceará/CODITUR. 2.O aludido senhor, em justificativas apresentadas ao Banco do Nordeste, encaminhou recibo no valor de R$ 3.000,00, que teria sido firmado por Flávio Veras Pacheco, sócio-gerente da empresa TRANSPACHECO - Transportadora e Turismo Ltda, referente à locação de três ônibus para o Encontro em referência. 3. No entanto, informou o Ministério Público, que investiga a aplicação dos presentes recursos, que o valor do recibo não corresponde à realidade, tendo em vista que tal locação seria da ordem de R$ 150,00. E, ainda, a Prefeitura, por meio do Ofício nº 005/96, afirma que durante o período que o responsável exerceu o cargo de Secretário Municipal, nunca deteve poderes para receber qualquer numerário, nem muito menos delegação para receber o valor liberado pelo BNB. 4.Regularmente citado (fl.173), o responsável, sem apresentar qualquer alegação de defesa, limitou-se a encaminhar recibo da quantia de R$ 3.000,00, datado de 29/10/96, correspondente à devolução do valor reclamado pelo BNB, mediante a notificação extrajudicial realizada em 09/10/96 (fls. 175/177). 5.A SECEX/CE, após análise das peças processuais constantes dos autos, concluiu que "... ficou cabalmente patenteada a má-fé do Sr. Francisco de Sousa Filho...", pois: a) o aludido senhor não tinha delegação para receber os recursos em questão; b) no entanto, o valor total foi depositado em conta particular do mesmo; e c) a título de prestação de contas, o Sr. Francisco apresentou ao BNB recibo falso. 6.Ressaltou ainda a Unidade Técnica que o responsável somente devolveu o valor nominal dos recursos, sem recolher os consectários legais, como exigido por ela própria (Ofício/SECEX/CE nº 990/96 - fl. 172) e pelo Banco do Nordeste (Notificação Extrajudicial, de 09/10/96 - fls. 175/176). 7.Diante dos fatos, a SECEX/CE propõe, com o endosso do Ministério Público, a rejeição das alegações de defesa do responsável, cientificando-o para que recolha aos cofres do BNB a quantia de R$
3.000,00, a partir de 24/11/94, com os devidos acréscimos legais, devendo ser abatido, na oportunidade, o valor já satisfeito (fls. 180/181 e verso). É o Relatório. Voto: Devidamente citado por este Tribunal, o Sr. Francisco de Sousa Filho simplesmente encaminhou recibo, firmado pela Superintendência Jurídica/SUPEJ do Banco do Nordeste do Brasil, comprovando o recolhimento, em 29/10/96, da quantia originalmente recebida (R$ 3.000,00). 2.Em vista desse fatos e considerando que tão-somente a comprovação do recolhimento do débito não tem o condão de alicerçar o julgamento pela regularidade das contas, bem assim que o responsável não apresentou quaisquer alegações de defesa que possam militar a seu favor, não havendo, portanto, defesa a ser rejeitada, entendo que este Colegiado possa julgar, desde já, as presentes contas irregulares, condenando o responsável ao pagamento da quantia de R$ 2.078,55, referente à atualização monetária e juros de mora não recolhida em 29/10/96. 3.Ressalto que o fundamento legal para o juízo a ser prolatado deve ser a alínea d, do inciso III, do art. 16, da Lei nº 8.443/92, por estar fartamente comprovado nos autos a prática de desvio pelo responsável. Em que pese tal fato, a adoção da medida prevista no 3º, do referido dispositivo legal, pode ser dispensada, haja vista que o Ministério Público já tem conhecimento do fato, e já adotou as providências de sua alçada. 4.Por oportuno, penso que se possa retirar a chancela de sigilo aposta aos autos. 5.Dessa forma, Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Plenário. T.C.U., Sala das Sessões, em 27 de outubro de 1999. ADYLSON MOTTA Ministro-Relator Assunto: IV - Tomada de Contas Especial
Relator: ADYLSON MOTTA Representante do Ministério Público: JATIR BATISTA DA CUNHA Unidade técnica: SECEX-CE Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial oriunda da conversão de processo de Denúncia (Decisão nº 732/96/P/Ata 36/96), de responsabilidade do Sr. Francisco de Sousa Filho, ex-secretário de Turismo e Desporto do Município de Aquiraz/CE, em virtude da não-aplicação do valor de R$ 3.000,00, repassados pelo Banco do Nordeste do Brasil/BNB, em 24/11/94, destinado ao patrocínio do I Encontro Regional de Municipalização de Turismo, e depositados em sua conta particular, já que o referido Encontro foi custeado com verba recebida pela Prefeitura, por meio de convênio, da Companhia de Desenvolvimento Industrial e Turístico do Ceará/CODITUR. Considerando que, regularmente citado, o responsável limitou-se a encaminhar recibo, firmado pela Superintendência Jurídica/SUPEJ do Banco do Nordeste do Brasil, comprovando apenas o recolhimento, em 29/10/96, da quantia originalmente recebida (R$ 3.000,00); Considerando que ficou comprovada a má-fé do Sr. Francisco de Sousa Filho, haja vista que não tinha delegação para receber os recursos em questão, no entanto, o valor total foi depositado em conta de sua titularidade, como também encaminhou recibo falso, a título de prestação de contas, ao Banco do Nordeste do Brasil; Considerando que tão-somente a comprovação do recolhimento do débito não tem o condão de alicerçar o julgamento pela regularidade das contas; Considerando que o responsável não apresentou quaisquer alegações de defesa que possam militar a seu favor, não havendo, desse modo, defesa a ser rejeitada; Considerando a existência da importância de R$ 2.078,55, relativa à atualização monetária e juros de mora não recolhida em 29/10/96; Considerando que a quantia supra importa, nesta data, em 3.171,66
UFIRs, superior, portanto, ao valor estabelecido por este Tribunal para o arquivamento dos processos por economia processual, nos termos do art. 93, da Lei nº 8.443/92; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, III, d, 19 e 23, inciso III, da Lei nº 8.443/92, em: 8.1 julgar irregulares as presentes contas e em débito o Sr. Francisco de Sousa Filho, ex-secretário de Turismo e Desporto do Município de Aquiraz/CE, condenando-o ao pagamento da quantia de R$ 2.078,55 (dois mil e setenta e oito reais e cinqüenta e cinco centavos), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 165, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Banco do Nordeste do Brasil S.A /BNB, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora devidos, calculados a partir de 29/10/96, até a data de seu efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor; 8.2 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial da dívida, caso não atendida a notificação; e 8.3 retirar a chancela de sigilo dos autos. Quórum: Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi, Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Humberto Guimarães Souto, Bento José Bugarin, Valmir Campelo, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 27 de outubro de 1999