BIBLIOTECA ESCOLAR: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA



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Transcrição:

BIBLIOTECA ESCOLAR: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA Paulo, R.B mestrando no programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP/ Marília, bolsista CAPES, rodrigodepaulo22@hotmail.com/ 98151-2206; Redigolo, F.M. Doutora em Ciência da Informação pela UNESP/Marília e doutora em Gestión de la Información pela Universidade de Murcia/Murcia-Espanha. Casarin, H. C. S. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É bolsista produtividade em pesquisa CNPQ; GT3: Organização da informação e do conhecimento no século XXI RESUMO A necessidade de aprimoramento das práticas, instrumentos, processos e produtos que envolvem a biblioteca escolar propicia investigações que objetivam contribuir para a construção e delineamento de atividades neste ambiente. Esta comunicação apresenta os primeiros resultados do projeto intitulado Biblioteca escolar no ensino fundamental: em busca de um modelo alternativo, que tem o intuito de desenvolver um modelo de biblioteca escolar que contribua de forma efetiva para o processo educacional, através de uma ação conjunta entre especialistas nacionais e estrangeiros e professores de duas escolas públicas de Marília/SP. Com o projeto em andamento considera-se que os resultados obtidos até o momento são satisfatórios, tanto para atividades de formação aos usuários, quanto para a construção e organização do espaço da biblioteca, que encontra-se em fase de tomada de decisões enquanto ao tratamento da informação. Palavras-Chave: 1. Biblioteca escolar. 2.Formação de usuários. 3. Competência informacional. 4. Tratamento da informação. 5. Organização de bibliotecas. ABSTRACT The necessity for the improvement of practices, tools, processes and products involving school library provides an investigation that aims to contribute to the construction and delimitation of activities in this environment. This paper presents the first results of the project entitled, "School Library in Elementary School: In Search of an Alternative Model" which aims to develop a model school library in order to contribute effectively to the educational process via a joint action between national and foreign experts and teachers from two public schools in Marilia /SP (Brazil). Although the project is still in progress, the results obtained are satisfactory such as the literacy activity and training users as the construction and organization of library space, that is in the process of decision making while the information is processing. Keywords: 1. School library. 2. Users formation. 3. Information literacy. 4. Information Processing. 5. Organization of libraries.

1 INTRODUÇÃO Esta comunicação tem como objetivo apresentar os primeiros resultados do projeto intitulado Biblioteca escolar no ensino fundamental: em busca de um modelo alternativo. O projeto tem como objetivo desenvolver um modelo de biblioteca escolar, que contribua de forma efetiva para o processo educacional, através de uma ação conjunta entre especialistas nacionais e estrangeiros e professores de duas escolas públicas da cidade de Marília/SP. Esta iniciativa teve início em 2013 com a fase de planejamento e a partir do início de 2014 começaram as primeiras ações. O projeto tem basicamente duas vertentes: a primeira vertente que foca a formação dos usuários e a outra centra-se na organização de uma estrutura física, incluindo redefinição do espaço, equipamentos, mobiliário e acervo, acompanhado da organização e tratamento da informação de uma forma sistematizada e completa, seguindo padrões de classificação, catalogação e indexação em um software para bibliotecas que visa melhor organização, busca e recuperação da informação em bibliotecas escolares. Nesta comunicação serão apresentados os primeiros resultados a essas etapas. 2 BIBLIOTECA ESCOLAR Uma das contribuições da biblioteca escolar é desenvolver competências de alunos e professores para busca, interpretação e uso da informação no ambiente educacional. Este desenvolvimento pode ocorrer de diversas maneiras como: serviços e orientações nos estudos e pesquisas, leitura, lazer dirigido, consultas livres, etc. Ao pensarmos este espaço, não devemos entendê-lo como um local onde se guardam os materiais escolares, mas em um espaço onde: Dois campos de conhecimento são os pontos de atenção conjunta neste trabalho: Biblioteconomia e educação. Esta bem claro, em relação às duas áreas, que tanto o projeto político-pedagógico como o projeto

bibliotecário devem expressar e peculiar natureza organizacional e gerencial da biblioteca escolar, como também a de ordem educativa, cultural e social da escola (MACEDO, 2005, p. 26). O projeto político-pedagógico das escolas deve prever o papel da biblioteca no processo de ensino-aprendizagem. Estas por sua vez, devem ser pautadas em parâmetros e padrões nacionais e internacionais, inclusive no que diz respeito a organização da informação (AGUSTÍN-LACRUZ; FUJITA; TERRA, 2014), possibilitando que crianças e jovens brasileiros tenham acesso à assistência e serviços de uma biblioteca escolar eficiente. Uma das grandes contribuições da biblioteca escolar é desenvolver competências de alunos e professores para busca e uso da informação no ambiente educacional. Para Macedo (2005), a biblioteca escolar é um espaço onde não somente prevalece a natureza organizacional e gerencial, mas também a ordem educativa, cultural e social. Porém, para que isso ocorra de forma efetiva, devemos realizar alterações estruturais e físicas das bibliotecas escolares mas principalmente na concepção que os educadores possuem a respeito de seu uso, inserindo-a no processo de aprendizagem, por exemplo, métodos de ensino através da pesquisa, que levem os estudantes a produzir conhecimento de forma investigativa e questionadora, desenvolvendo desta forma sua autonomia na busca da informação. Segundo Kuhlthau (2010) para que os estudantes possam executar as tarefas do processo de pesquisa devem possuir habilidades essenciais: a abstrair, generalizar e formular hipóteses. Ao se discutir biblioteca escolar e pesquisa, deve-se considerar o fato de como os alunos vivenciam o processo de pesquisa neste ambiente. De acordo com Silva e Silveira (2014, p. 39) envolver os alunos no processo de ensino e aprendizagem por meio de atividades da biblioteca pode facilitar o uso de [...] ferramentas informacionais e o desenvolvimento de habilidades para a consecução de competências informacionais, sem as quais é improvável a utilização eficaz e precisa da informação. Segundo Delors (2015, p.17), [...] o conceito de educação ao longo de toda a vida aparece, pois, como uma das chaves de acesso ao século XXI. Por isso cada vez mais se faz necessária e oportuna a discussão aqui proposta.

3 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO A pesquisa aqui relatada é desenvolvida na cidade de Marília, interior de São Paulo, que conta com uma rede com 51 unidades de ensino. As duas escolas pertencentes ao projeto são de ensino fundamental e ambas estão localizadas em bairros populares na periferia da cidade. A escola A possui 360 alunos, 26 professores uma coordenadora pedagógica e uma diretora. A escola B atende a 790 alunos (35 turmas), sendo 40 anos de Educação de Jovens e Adultos à noite; possui 43 professores dos quais 28 são efetivos e 15 são volantes, duas auxiliares de direção e duas coordenadoras. Em seguida serão relatados os primeiros resultados relativos às duas vertentes do projeto: a formação dos usuários e a estruturação da biblioteca e o tratamento da informação. 3.1 Atividades de formação dos usuários Entre as ações realizadas em 2014 ocorreram, nas duas escolas, reuniões mensais para a formação dos professores enquanto usuários da biblioteca. A proposta foi trabalhar com os professores das escolas para que eles pudessem conhecer a proposta da biblioteca como elemento que contribui para a aprendizagem, o papel do bibliotecário, bem como as transformações pelas quais as bibliotecas das duas escolas estão passando. Deste modo, além de acompanhar as transformações eles poderão se identificar e participar deste processo de forma ativa e também passar a utilizar a biblioteca de maneira diferente como apoio às atividades de ensino-aprendizagem. 1º Encontro - De caráter introdutório, foi realizada a apresentação do projeto e aplicado um questionário aos professores para caracterizar o perfil dos participantes; 2º Encontro - Conceito de biblioteca escolar, legislação, papel do bibliotecário e biblioteca como recurso de busca da informação. 3º Encontro - Visita à escola Fundação Bradesco da cidade de Marília: análise de uma biblioteca envolvida no processo educacional;

4º Encontro - Discussão de tipologia documentária, busca da informação, fontes de informação destinas ao ensino fundamental e avaliação das fontes de informação; 5º Encontro - Após a apresentação dos critérios de avaliação de fontes de informação, trabalhou-se a busca e a avaliação de fontes de informação que podem ser utilizadas na educação infantil, através dos critérios apresentados no 4º encontro. 6º Encontro - A pesquisa como processo de aprendizagem: início do trabalho, seleção do assunto, exploração de informações, definição do foco, coleta de informação, apresentação do trabalho e avaliação do processo. Onde a biblioteca escolar e as fontes de informação têm grande atuação e relevância e como delimitar o tema da pesquisa. 7º Encontro - Normas da ABNT sobre referências, citação e uso ético da informação. 8º Encontro - Revisão de conteúdos discutidos e avaliação do Projeto. As duas escolas participaram de atividade proposta pela International Association of School Librarianship (IASL) chamada Skype Project. Para tanto, as escolas se cadastraram no site da associação e informaram o ano escolar, fuso horário e língua, para que fosse identificado uma escola estrangeira compatível. Esta atividade propiciou o contato entre escolas de diferentes países com compatibilidade linguística, e possibilitou que alunos e professores compartilhassem experiências de atividades desenvolvidas nas bibliotecas, quais são suas principias leituras, etc. 3.2 Estruturação da biblioteca e o tratamento da informação No que diz respeito a parte de infra-estrutura, segunda vertente do projeto, foram feitas diversas reuniões entre os professores da UNESP, equipe do projeto e Secretaria da Educação para avaliação e escolha do software para gerenciamento do acervo, definições das reformas necessárias, seleção de móveis para compra. O projeto também é campo de estágio para alunos do curso de Biblioteconomia da Unesp/Marília. Além disso, esta segunda vertente demandou o estudo e definição dos instrumentos para organização do acervo entre eles: software a ser utilizado para organização do acervo e demais instrumentos para tratamento da informação. A CDD - Classificação Decimal de Dewey foi definida como instrumento de classificação e para

a notação de autor foi estabelecido o uso da tabela Cutter, com as seguintes regras: se o nome do autor iniciar com a letra i, entrar em minúsculo; caso contiver dois autores, entrar pelo principal. O instrumento definido para a catalogação foi o AACR2, porém o software limita-se aos seguintes campos para a catalogação: indicação de responsabilidade, entrada principal, título, edição, campo extensão,nota de descrição física, meio físico, dimensão, série, tombo, entrada secundária. Dentre as atividades desenvolvidas no tratamento da informação, neste artigo daremos destaque ao tratamento de conteúdo, visto que é uma atividade pouco desenvolvida em bibliotecas escolares e que no Brasil, de um modo geral, não utiliza-se esta prática (AGUSTÍN-LACRUZ; FUJITA; TERRA, 2014). 3.2.1 Decisões para a Análise de Assunto na Indexação Nesta etapa foram definidos parâmetros para análise e representação de conteúdo dos livros, visto que tratar o assunto dos documentos em bibliotecas escolares é um assunto delicado e pouco trabalhado tanto na literatura quanto na prática, pois este é um cenário carente de vocabulários controlados atualizado e que também apresenta dificuldades em encontrar, na literatura, bases para a análise de assunto. 3.2.2 Análise de assunto A análise de assunto é a primeira fase da Indexação e tem como objetivo a extração e a determinação de conceitos, para tanto o indexador necessita de condições específicas, como conhecimento prévio, instrumentos e estratégias para desenvolver esse processo que é constituído por três etapas, a leitura técnica do texto, seguido da identificação e seleção de conceitos (FUJITA, 2007). a) Leitura documentária Para a análise do conteúdo do livro recomenda-se a leitura técnica, extraindo a ideia principal do autor. Muitas vezes os livros infantis não são de fácil identificação do

tema, o que exige que o indexador leia algumas partes do documento: título; capa e contracapa; o início dos parágrafos; ilustrações, buscar em outras bases de dados (neste caso na Biblioteca Nacional); b) Identificação de conceitos Na fase de identificação, destacar termos representativos do conteúdo, seguindo algumas regras estipuladas para o projeto: - Para livros com vários capítulos, procurar indexar cada capítulo no geral, para que a busca não fique prejudica - colocando um assunto geral para cada capítulo. - Se o livro possuir muitos capítulos com assuntos distintos, tentar abranger os assuntos em 1 (um) termo para cada capítulo. - Para livros que não contenham capítulos, deixar o assunto mais específico. - Recomenda-se o uso de conceitos gerais e específicos para cada item. c) Seleção de conceitos : - Níveis de especificação: foram definir entre 5 a 7 termos, com exceção de livros com muitos capítulos de assuntos diferentes, conforme estipulado acima. - Linguagens controladas Para definição da linguagem controlada, iniciou-se uma busca e estudo para a melhor maneira de representarmos os assuntos, e uma das tentativas foi um levantamento de como é feita a representação do assunto em escolas particulares de ensino fundamental de Marília e São Paulo. Como resultados obtivemos que: algumas escolas tem o campo livre de assunto, outras utilizam os assuntos da CDD e algumas escolas particulares bilingues de São Paulo usam uma linguagem controlada estrangeira e traduzem os termos para o português. Este cenário mostra a dificuldade para indexação em bibliotecas escolares brasileiras e a escassez de vocabulários controlados. A seguir apresenta-se as linguagens e as características para escolha: - Tesauro de literatura infantil e juvenil UFRGS: É uma iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e foi o único tesauro em língua portuguesa

encontrado sobre esse tema, mesmo necessitando de algumas atualizações, foi uma excelente escolha para iniciarmos a indexação das obras de literatura infantil e juvenil. Os assuntos de uma biblioteca escolar podem ir além de obras de literatura infanto juvenil e por este motivo elencou-se mais três linguagens de apoio para a tradução dos termos identificados na análise de de assunto. - Tesauro de folclore e cultura popular brasileira: este tesauro possui termos representativos da cultura e folclore brasileiros, também não é uma ferramento atualizada, no entanto possui muitos termos referente a esses temas. - Fundação biblioteca nacional: Não refere-se somente a assuntos de bibliotecas escolares, porém a biblioteca nacional foi adotada para tirar dúvidas sobre os assuntos, até mesmo auxiliar na indexação de livros didáticos e paradidáticos. - Vocabulário controlado para indexação de obras ficcionais: Como auxiliar para obras de ficção. Diante das decisões de utilizar tanto tesauros quanto vocabulários controlados, ficou permitido descrever o assunto com termos autorizados do tipo: descritores e cabeçalhos de assunto. Assim sendo, essa decisão se justifica pelo fato dos Tesauro de literatura infantil e juvenil UFRGS e do Tesauro de folclore e cultura popular brasileira usarem descritores e a Biblioteca Nacional e o Vocabulário controlado para indexação de obras ficcionais, utilizarem cabeçalhos de assuntos. - Remissivas Após definir as linguagens foi necessário estabelecer algumas regras para a inserção de remissivas, essa decisão foi uma forma de se contornar a falta de atualização das linguagens controladas. Segue: A) É permitido inserir remissivas para assuntos não autorizados no campo de assuntos não autorizados, porém somente poderá acrescentar alguma remissiva quando atrelada a um termo autorizado pela linguagem controlada (vide quadro das linguagens controladas). B) Para definir uma remissiva será necessário primeiramente inserir um assunto autorizado que se relacione com o tema da remissiva.

C) Passos para inserir remissiva: logo após inserir o assunto autorizado, o próprio sistema dá uma opção de acrescentar detalhes deste assunto, basta clicar em sim que aparecerá um campo para a remissiva. D) Regras gerais: - Para termos autorizados no plural, colocar remissiva no singular e vice e versa. - Ao inserir os termos, somente a primeira letra deve ser maiúscula 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS: O projeto está em andamento e tem sido muito enriquecedor a todos os envolvidos, que incluem alunos de graduação e pós-graduação e professores do curso de Biblioteconomia, resultando na produção de conhecimento interdisciplinar a respeito das práticas relacionadas à biblioteca escolar. Além disso, a participação no projeto tem propiciado a professores, coordenadores pedagógicos e gestores das escolas uma visão diferente do papel das bibliotecas escolares no ensino, o que espera-se que tenha efeito a médio e longo prazos. As próximas etapas do projeto para o ano de 2015 são: - dar continuidade a inserção dos itens documentários das duas escolas envolvidas no projeto, no software seguindo os padrões e práticas da Biblioteconomia, e - desenvolver um plano de trabalho junto aos diretores das escolas, que envolvem professores e alunos tendo em vista a pesquisa escolar e a formação dos usuários. REFERÊNCIAS AGUSTÍN-LACRUZ,, M.del C.; FUJITA, M.S.L., TERRA, A.L.S. Linguagens documentais para bibliotecas escolares: o caso da Espanha, Portugal e Brasil. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.3, p. 83-97, set./dez. 2014. Disponível em: <http:// www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/20256/12404>. Acesso em: 15 de mar. 2015. DELORS, J. (org.). Educação: um tesouro a descobrir.7 ed. São Paulo: Cortez, 2012. FUJITA, M. S. L. O contexto da leitura documentária de indexadores de bibliotecas universitárias em perspectiva sociocognitiva para a investigação de estratégias de ensino. 2007. 36 f. Descrição detalhada (Projeto Integrado de Pesquisa) Faculdade de

Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista; CNPq, Marília. KUHLTHAU, C. C. Como orientar a pesquisa escolar: estratégias para o processo de aprendizagem. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2010. MACEDO, N. (org.). Biblioteca escolar em debate: da memória profissional a um forum virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. SILVA, J. F. M. da; SIQUEIRA, Ivan. Biblioteca escolar como uma questão de direitos humanos. Biblioteca Escolar em Revista, Ribeirão Preto, v.3, n.1, p. 38-50, 2014.