LÓGICAS ESPACIAIS DAS EMPRESAS FRANQUEADAS DO RAMO COMERCIAL DE CONFECÇÕES E CALÇADOS: CIDADES MÉDIAS E CONSUMO



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Transcrição:

LÓGICAS ESPACIAIS DAS EMPRESAS FRANQUEADAS DO RAMO COMERCIAL DE CONFECÇÕES E CALÇADOS: CIDADES MÉDIAS E CONSUMO Ariane Barilli de Mattos Graduação em Geografia Faculdade de Ciências e Tecnologia ane_cbj@hotmail.com Orientadora: Maria Encarnação Beltrão Sposito Professora Doutora dos cursos de graduação e pós-graduação-faculdade de Ciências e Tecnologia mebsposito@gmail.com INTRODUÇÃO Esta pesquisa voltou-se ao estudo do sistema de franquias para compreender o seu funcionamento e como ele tem transformado a estrutura e as escolhas das empresas de pequenos, médios e grandes empresários que entram nesse ramo, redefinindo suas lógicas espaciais. A análise visou contemplar a apreensão das transformações que esta nova modalidade de organização da atividade comercial têm gerado sobre o espaço urbano, reestruturando e levando à homogeneização, nunca completa, das práticas de consumo, que requerem em e reproduzem práticas espaciais. Esta proposta de pesquisa de iniciação científica está vinculada ao Projeto Temático Lógicas econômicas e práticas espaciais contemporâneas: cidades médias e

consumo, que se volta ao estudo de seis cidades médias, entre as quais selecionamos São José do Rio Preto e Presidente Prudente para esta pesquisa. Tais cidades foram analisadas por meio do sistema de franquia em duas escalas diferentes que se articulam e se co-determinam a intraurbana e a interurbana, no que tange ao consumo, aos deslocamentos que gera, à conformação de novas centralidades e reforço das existentes e às práticas espaciais associadas a elas. A escolha da temática vinculada ao sistema de franquias deveu-se à grande expansão desta forma de organização da atividade comercial, no decorrer dos anos, seu rápido crescimento e sua existência multiescalar, ou seja, empresas que operam desde as escalas locais até as globais. Este fato ofereceu elementos para se repensar a posição das cidades médias na divisão interurbana do trabalho, tanto quanto suas interações espaciais em escalas geográficas mais amplas. A evolução desta forma de organização das empresas é algo marcante no atual mundo globalizado e pode ser observada na figura 1, pelo rápido crescimento ocorrido entre 2001 e 2011.

Figura 1 - Evolução do número de unidades de franquias no Brasil entre os anos de 2001 e 2011. Fonte: ÀBF - Associação Brasileira de Franchising (2012). OBJETIVOS Objetivo geral: Compreender a escolha locacional das franquias do ramo de confecções e calçados nas cidades médias, como Presidente Prudente e São José do Rio Preto, e analisar sua influência na estrutura espacial destas cidades e em suas articulações interurbanas.

Objetivos específicos: Analisar: as dinâmicas que atraem a instalação das franquias nestas cidades, relacionando-as com a centralidade interurbana que exercem; as escolhas locacionais das franquias, considerando-se a centralidade intraurbana; a relação franqueador-franqueado, no ramo de confecções e calçados, avaliando as formas de articulação entre os maiores e os menores capitais; a relação franqueador-franqueado, no ramo de confecções e calçados, avaliando as escalas espaciais em articulação, tendo em vista a origem e o destino dos produtos e serviços. METODOLOGIAS O desenvolvimento da metodologia da presente pesquisa esteve orientada por um conjunto de questões: Qual a origem ou a fonte da centralidade? Está na possibilidade de minimizarem o tempo gasto e os desgastes e custos associados aos deslocamentos espaciais dos seres humanos? Em que medida as escolhas locacionais das empresas de franquias reforçam esta lógica ou a redefinem? De que modo os citadinos modificam seus hábitos de uso e apropriação do espaço urbano? Como organizam seu tempo cotidiano destinado ao consumo de bens e serviços à medida que as empresas mudam suas estratégias espaciais e, muitas vezes, geram novas centralidades? Por outro lado, como tais empresas buscam captar os valores e interesses dos consumidores, no período contemporâneo, ajustando suas formas de intervenção espacial e atendendo as possibilidades de uso cotidiano do tempo dos que pretendem

atrair para seus mercados? Como as práticas espaciais dos consumidores que dispõem de transporte individual se diferenciam daqueles que continuam a usar o transporte coletivo, no que tange ao acesso maior ou menos aos estabelecimentos comerciais associados às franquias? Elas orientam uma relação de procedimentos que deverão ser pormenorizados, na primeira etapa da pesquisa. 1) Levantamento bibliográfico sobre o tema e leituras, com base na seleção das palavras chave centrais, para o desenvolvimento da pesquisa; 2) Montagem de tabelas dos shopping centers e do centro de Presidente Prudente e de São José do Rio Preto com as empresas que possuem franqueados na cidade e sistematização das informações obtidas no site da ABF (Associação Brasileira de Franchising),segundo: Nome da franquia, Ramo, Número de lojas próprias, Número de unidades franqueadas, Dimensão mínima, Dimensão máxima, Ano de fundação, Ano de origem, Ano de funcionamento do SF, Taxa de franquias e Investimento inicial.; 3) Trabalhos de campo nas cidades de Presidente Prudente e São José do Rio Preto para o levantamento das franquias que estão presentes no centro e nos shopping centers; 4) Verificação nos sites das empresas das cidades onde estão seus franqueados, buscando verificar o ano das implantações e a localização urbana delas; 5) Complementação das informações por telefone, correio eletrônico ou tradicional; 6) Busca de informações complementares relativas à localização das lojas, pelo Google Earth, ou por meio de trabalhos de campo; 7) Representação cartográfica dos dados na escala da rede urbana e na escala das cidades estudadas; 8) Análise das lógicas espaciais, procurando distinguir as empresas, segundo os critérios utilizados para a sistematização das informações; 9) Participação nas reuniões de trabalho da equipe e nos workshops que ocorreram durante o desenvolvimento da pesquisa a que se associa esta solicitação;

10) Elaboração de roteiros de entrevista com franqueador e com franqueado; 11) Trabalhos de campo em Presidente Prudente e São José do Rio Preto para realização das entrevistas; 12) Transcrição das entrevistas; 13) Análise dos resultados; 14) Apresentação dos resultados da pesquisa na Semana da Geografia da Unesp, Campus de Presidente Prudente e apresentação no Congresso de Iniciação Científica da Unesp. 15) Elaboração do Relatório Científico. RESULTADOS DA PESQUISA A presente pesquisa foi concluída após o período de um ano, iniciada no mês de junho de 2013 e concluída no mês de maio de 2014. A pesquisa permitiu concluir que a maior parte das franquias busca se localizar nos shopping centers. Esses espaços atraem grande fluxo de pessoas e uma clientela com maior poder aquisitivo e, dessa forma, maior poder de escolha para realizar o consumo. Além disso, a maioria das franquias localizadas nas cidades médias é associada a franqueadoras que operam em escala nacional e são de grande porte. A escolha locacional dessas empresas pelas grandes cidades e pelas cidades médias consiste no fato de que nesses lugares há um fluxo maior de pessoas, o que indica a presença de consumidores. Há ainda a concentração de capital, além de atividades comerciais e de serviços, ou seja, já existe toda uma infraestrutura no local. Além disso, a presença nos shopping centers é muito atrativa, pois são eles os locais de preferência para instalação destes tipos de empresas comerciais. Todos esses fatores servem como forma de atração para essas empresas, visto que os investimentos feitos para ser franqueado são elevados e exigem, portanto, um potencial de retorno elevado. Assim, a escolha espacial é fator fundamental neste processo.

O fato das franquias se localizarem em centros das cidades e, principalmente, em shopping centers, torna-se mais um fator responsável por atrair fluxo de pessoas, de capital e de mercadorias, ou seja, elas geram e reforçam a centralidade. A centralidade reforçada e, por vezes, redefinida por estas empresas é de caráter intra e interurbano. A pesquisa realizada permitiu observar que nas duas cidades estudadas é muito marcante o fluxo de pessoas advindas das cidades vizinhas a elas para consumir no centro e nos shopping centers. A clientela que consome mercadorias fornecidas pelas franquias é bem diversa, ou seja, pessoas de maior poder aquisitivo consomem mais, com mais frequência e naquelas áreas que são servidas por empresas que se voltam aos segmentos mais altos, no caso as que estão localizadas nos shopping centers que são responsáveis por atrair a classe mais alta. As pessoas de menor poder aquisitivo consomem menos, com menos frequência e naquelas que oferecem produtos com menor preço, no caso as que estão localizadas no centro da cidade e nos shopping centers que são responsáveis por atrair a classe mais baixa. O centro possui uma clientela mais popular e, sendo assim, com menor poder de compra. Esse fato se mostra muito pouco atraente na escolha locacional das franquias. Com base nas tabelas elaboradas no decorrer da pesquisa, foi possível observar que a maior parte das marcas que hoje são empresas franqueadas possui muito mais unidades franqueadas do que unidades próprias. Essas empresas veem as unidades franqueadas como algo positivo, pois permitem expandir a marca, a empresa e o lucro pelos mais diversos lugares do país e até mesmo no exterior. As entrevistas permitiram observar que muitas das franquias do ramo comercial e de calçados possuem um nome muito forte e, por isso, as marcas são muito conhecidas e as mercadorias muito consumidas pela população. As entrevistas permitiram observar também que o franqueador e o franqueado possuem uma boa relação e estão sempre em contato. Porém, o contato do franqueado é muito maior e mais próximo com o supervisor e/ou consultor das lojas franqueadas. O supervisor costuma fazer visitas em cada uma das unidades para observar todo o seu funcionamento, se as franquias estão seguindo as regras e o padrão definido pelo franqueado, como obedecendo à cor, tamanho, disposição das mercadorias, organização da vitrine etc., se os vendedores estão fazendo

um bom atendimento aos consumidores, se as metas estão sendo cumpridas entre outras coisas. Foi possível ainda compreender, através das entrevistas, que a relação entre franqueador-franqueado e entre franqueado-supervisor está baseada em todo um suporte e treinamentos oferecidos pelo franqueador e/ou supervisor, visitas, e-mails, contatos em ligações telefônicas e relatórios, sejam eles diários, semanais ou mensais. Além disso, pode-se concluir que há uma interação entre escalas na relação franqueadorfranqueado, ou seja, o franqueador e a empresa matriz atuam em escala internacional ou nacional e o franqueado, em sua maioria, atua em escala local através da unidade franqueada que ele instala em determinada cidade. Através das entrevistas, entendeu-se que as unidades franqueadas possuem diversas obrigações, ou seja, devem seguir um conjunto de normas e regras, portanto, devem se orientar por certo padrão. Esse padrão é determinado pelo franqueador e o franqueado deve estar consciente dele e deve segui-lo conforme foi combinado a partir de contratos. O padrão das unidades é muito bem definido: cor da loja, tamanho, layout, preços tabelados, som ambiente, cheiro da loja, disposição de tudo o que estiver dentro da unidade e até mesmo das mercadorias, manequim, vitrine etc. Os próprios entrevistados definiram esse conjunto de normas e regras e, portanto, esse padrão que as empresas franqueadas possuem como algo que determina, define e caracteriza uma franquia. Segundo os entrevistados, as lojas recebem toda orientação do franqueador e do supervisor. Sendo assim, o dono da marca oferece todo o suporte necessário às unidades franqueadas. As entrevistas permitiram entender que as franquias determinam as relações entre franqueador-franqueado, principalmente, pela utilização de um sistema que é criado, ou seja, um sistema na forma digital que recebe e envia todos os relatórios das unidades franqueadas para o franqueador. As entrevistas permitiram notar também que hoje as franquias não possuem mais um perfil socioeconômico específico de seus clientes. Atualmente, as franquias estão passando por um momento de maior popularização o que possibilitou um maior acesso das pessoas as suas mercadorias. O processo de maior popularização das franquias está muito atrelado e é destacado também pelos entrevistados pela questão do grande

aumento do pagamento das compras com o cartão de crédito, o que permite que as pessoas consumam os produtos mesmo não possuindo o capital naquele momento para pagar por eles, ou seja, fazem o parcelamento das compras. A clientela não é mais especificada por idade e sexo também. Além disso, a clientela dessas unidades não se limita mais ao espaço e escala intraurbanos e sim relacionam e interagem as escalas intraurbanas e interurbanas. Dessa forma, os clientes dessas lojas são provenientes dos mais diversos bairros da cidade (maior popularização da marca) e de muitas das cidades vizinhas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Editora Ática, 2005. DISPERATI, J.T.L. Uma Visão Crítica dos Processos de Difusão de Inovação Hierárquica e Espacial Empresarial na Determinação do Crescimento do Sistema Urbano. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA, 4., 1995, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 1995. p. 28-32. FERREIRA, I.C. O Lugar e as Novas Formas de Interação Sócio-espacial. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA, 4., 1995, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 1995. p. 14-20. ORTIGOZA, S.A.G. O Lugar das Franquias na Cidade. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA URBANA, 4, 1995, Fortaleza. Anais... Fortaleza, 1995. p. 141-145.. S.A.G. As franquias e as novas estratégias do comércio urbano no Brasil. 1996. 180 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1996.

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