COACHING COMO ESTRATÉGIA E FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL: O EMERGIR DE UMA ABORDAGEM RENOVADA E CONTEXTUALIZADA.



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Transcrição:

COACHING COMO ESTRATÉGIA E FERRAMENTA DE INTERVENÇÃO NO SERVIÇO SOCIAL: O EMERGIR DE UMA ABORDAGEM RENOVADA E CONTEXTUALIZADA. Modalidade de apresentação: oral Sessão temática: 11- Relações de trabalho e espaços sócio-ocupacionais do assistente social RESUMO Coaching é um processo de apoio para o aprendizado e o desenvolvimento humano-social e organizacional. Ao efetuarmos uma aproximação teórica e metodológica com o Serviço Social identificamos o emergir de uma abordagem renovada e contextualizada, para a intervenção direta no Serviço Social, favorecendo a emancipação e o empoderamento dos sujeitos. Denominas esta abordagem de coaching social. PALAVRAS-CHAVE: Coaching, Serviço Social, Orientação Social. SUMMARY Coaching that's a I sue of support about to the appenticeship and the development human - social & organizational. The effectuate an approximation abstract and procedural with the Social service we identify the emerge from a approach rennovated and contextualized, for intervention direct into the Social Work, favoring the emancipation and the empowerment from the subjects. Denominative this approach of social coaching. KEY WORDS: Coaching, Social Work, Social Orientation. INTRODUÇÃO Segundo Maturana (2001) o explicar científico é realizado pelo ato operativo da observação, é como observamos que fazemos os esquemas de apresentação de nossas explicações. Ressalta que a observação não é neutra, antes é nutrida pela história de vida, do viver e pensar do observador. E uma idéia científica só é aceita se a comunidade científica concorda e aceita esta explicação. E para isso, é preciso ouvir a explicação com consciência, o que significada despir-se de pré-conceitos (idéias antecipadas) e se deixar ouvir a explicação, caso contrario nunca haverá possibilidade de uma idéia nova, ou uma renovação de idéias e ações. É o que proponho, quero apresentar uma proposta que em si não é nova, mas renovadora e contextualizada. Renovadora, pois traz novos aspectos teóricos, metodológicos e principalmente de resultados e impactos. Contextualizada, pois vivemos um mundo paradoxal, onde se requer um olhar mais apropriado para decodificar a complexidade de nosso tempo, principalmente o viver humano-social. Ao fazer uma aproximação do coaching com o Serviço Social, percebi que no Serviço Social, na atualidade, não há nada que sirva de parâmetro quanto ao atendimento direto em geral, e do atendimento individual em específico. Após a mudança da grande curricular, onde o tripé caso-grupo-comunidade foi retirado do ensino e formação profissional, pouco ou nada, se aprofundou sobre estas abordagens de forma mais específica, sendo que, na prática os assistentes sociais estão desenvolvendo ações nestes campos, atendimento individual, grupal e comunitário.

Como não encontrei parâmetros atuais, recorri a produção clássica do Serviço Social, em específico do Serviço Social de Caso. E descobri que mesmo sendo uma produção realizada há algumas décadas, a mesma, no tocante a abordagem individual, se mostra atual, e em consonância com muitos pressupostos de abordagens mais contemporâneas como é o caso do coaching. Numa primeira aproximação sistematizada (Cf. OLIVEIRA, 2006) pude perceber o quanto do Serviço Social existe no coaching e vice versa, mas também o quanto em vários aspetos os mesmos se distanciam. E entre as similitudes e ambivalências, sinalizei o emergir de uma abordagem renovada e contextualizada, o coaching social, que integra elementos da perspectiva do Serviço Social de Caso de maneira contextualizada, dando maior ênfase no processo de orientação social, elemento este ressaltando como atribuição especifica contida na lei de regulamentação profissional do assistente social, e do coaching com maior profundidade quanto ao olhar a dimensão social do ser humano, o que no coaching convencional não é tão enfatizado. Para melhor apresentar esta constatação e proposição, estarei apresentando os seguintes tópicos: a) breve apresentação do que é o coaching e sua relação com o empoderamento e a emancipação, b) a confluência do Serviço Social com o coaching e o processo de orientação social; c) as características e processamento do coaching social. DESENVOLVIMENTO COACHING COMO AÇÃO DE EMPODERAMENTO E EMANCIPAÇÃO HUMANO-SOCIAL. A palavra coaching, em Inglês, significa treinamento, no entanto, a partir da década de 1970, o mesmo assumi um novo sentido. Inicialmente sendo um conjunto de princípios e técnicas de apoio e desenvolvimento de atletas, passou a ser adaptado ao campo do desenvolvimento empresarial, pessoal e hoje em várias área, como gestão, liderança, carreira entre outros. Neste sentido, coaching, deixa de ser um processo, e passa a ser uma atividade profissional, que já conta com empresas e organizações de certificação e qualificação, como é o caso da Lambent do Brasil e da Comunidade Internacional de Coaching (Cf. www.lamebntdobrasil.com.br). E segundo a Federação Internacional de Coaching (ICF-International Coach Federation), que é referencia mundial no assunto, o O Coaching Profissional é um relacionamento continuado de alto nível que auxilia as pessoas a produzirem resultados extraordinários em suas vidas, carreiras, negócios ou organizações. Através dele os clientes aprofundam seus conhecimentos, aumentam sua performance e aprimoram sua qualidade de vida. A cada reunião o cliente escolhe o foco da conversa, enquanto o coach escuta e contribui com observações e perguntas. (www.coachingfederation.org).

Existem várias áreas de aplicação do coaching as mais divulgados na atualidade são: 1) Coaching Executivo que trabalho os aspectos de liderança e motivação de equipes para executivos e chefias intermediarias; 2) Coaching Empresarial, que foca as ações de desenvolvimento de equipes na busca de resultados e metas objetivas de desempenho profissional e produtividade; 3) Coaching Pessoal ou de vida, que procura focar o problema e insatisfação presente, clarear as possíveis alternativas de intervenção e estabelecer metas precisas e os meios para alcançar essas metas e resultados efetivos melhorando a qualidade de vida e satisfação pessoal, 4) Coaching de carreira, que ajuda a planejar a mudança de atividade, novos rumos da carreira ou na escolha de uma nova ou da primeira carreira. O principal papel do coaching é: 1) ajudar a mostrar as condições da atual estrada (vida) que o cliente esta andando; 2) aponta opções e ajuda a tomar uma nova estrada que seja de seu desejo e interesse; 3) auxilia e apóia o cliente a persistir na busca de mudança e alcançar suas metas. O processo de coaching é conduzido por um profissional qualificado, denominado de coach (técnico ou treinador), o seu principal papel é: 1)Descobrir, esclarecer e alinhar-se ao que o cliente deseja atingir; 2) Encorajar o auto-conhecimento e as descobertas do cliente sobre si mesmo e suas capacidades; 2) Extrair as estratégias e soluções desenvolvidas pelo próprio cliente; 3) Manter a responsabilidade do cliente pelo processo e acompanhá-lo com seriedade. Nesta perspectiva, um dos maiores especialista de coaching, WHITMORE (2006) ressalta que a essência do coaching esta pautada em dois pilares, consciência e responsabilidade principalmente através de perguntas que levam as pessoas a refletirem sobre sua vida e seu contexto, ou seja, liberar o potencial de uma pessoa para maximizar sua performance, ajudá-la a aprender em vez de ensiná-la (WHITMORE, 2006, p, 2). É neste ponto que reside ao meu ver, a capacidade de maior importância do coaching para o campo social, o de elevar a autoconsciência dos indivíduos, e com isso, efetuar a ação de empoderamento, fortalecimento dos sujeitos, principalmente quanto a luta por garantia de direitos, além de potencializar e valorizar a capacidade de cada pessoa para ser agente construtor de sua proporia história, onde reside a capacidade de autonomia e portanto de emancipação. Neste sentido, o coaching, não deve ser confundido com outras abordagens, principalmente com terapia. Essa, por sua vez, procura entender o problema do paciente buscando no passado as razões de seus conflitos e dilemas. Já o coaching, foca o presente e estabelece estratégia para o futuro, e dá ênfase em clarear objetivamente às metas e os meios de mudança. O coach (treinador) deve ser um profissional preparado principalmente quanto às habilidades de observar, ouvir e orientar, pois as respostas não são dadas pelo mesmo, mas pelo cliente, o coach é um facilitador somente, e para tanto utiliza várias ferramentas e estratégias para dar feedback s (retorno) significativos e auxilia seu cliente para alcançar seu desejo e realizar seu sonho para ter uma melhor qualidade de vida. O que se pode constatar é que metodologicamente, o coaching apresenta uma estrutura básica, como apresentamos no quadro 01:

Quadro- 01: Metodologia básica do coaching ETAPA PROCEDIMENTOS 1 Atender o cliente em suas necessidades e explicar e esclarecer o processo de coaching e estabelecer um vínculo de confiança entre coach e cliente; 2 Administrar as expectativas, ser objetivo quando ao processo 3 Avaliar o cliente, obter informações sobre o mesmo; 4 Descobrir a preocupação imediata do cliente, estado atual; 5 Desenhar a aliança e comprometimento de trabalho entre cliente e coach; 6 Objetivar os aspectos práticos do processo de coaching, modo de trabalho (sessões, honorários, tempo, prazo, honorários, etc.); 7 Estabelecer metas exeqüíveis, estado desejado e sonho a ser realizado; 8 Elaborar um plano de ação a partir das metas e objetivos claros; 9 Elencar as tarefas que deveram ser realizadas durante as sessões até alcançar as metas e objetivos delineados; 10 Monitorar, avaliar, corrigir e realizar a passagem e consolidação entre estado atual, início do coaching, e estado desejado/sonhado/alcançado e com isso realizar o termino do processo. Fonte: Adaptado a partir de OLIVEIRA, 2006 A atividade de coaching esta pautado em alguns pressupostos, destacamos os principais: a) todas as pessoas têm os recursos que precisam ou podem adquiri-los; b) as pessoas optam pela melhor opção possível naquele instante; c) o comportamento humano é premeditado; d) a mudança só ocorre pela ação; e) o coach é um facilitador, quem de fato produz resultado é o cliente; f) a mudança pressupõe trabalhar três grandes áreas: metas objetivas, ou seja, focar o que o cliente quer e como alcançar; valores, saber o que é mais importante e valioso para o cliente; crenças, eliminar opiniões limitantes e fornecer novas crenças de crescimento através de feedback positivo; g) as mudanças e resultados de desenvolvimento ocorrem por processos de aprendizado; h) o processo de coaching é relacionado aos processos de interação, comunicação e relacionamentos humanos; i) o cliente tem um modo de ler a realidade e esse modo é definidor da amplitude ou não das ações de mudança; j) O cliente é um ser complexo que esta inserido num contexto paradoxal, logo a visão do mesmo deve ser abrangente e holística. Esta exigência faz com que a recorrência ao paradigma e pensamento sistêmico, seja uma constante, pois essa perspectiva se apresenta como mais utilizada por ser uma lógica que altera o modo binário de raciocínio linear de causa e efeito, que se caracteriza por uma relação de antagonismos. A perspectiva sistêmica, favorece um novo olhar e abre novas frentes de leitura da realidade. Segundo KOURILSKY-BELLIARD ( 2004, p.76), O modelo sistêmico centra-se nas interações dos elementos de um sistema, ao invés de em seus elementos isolados [...] dedica-se à leitura de suas interações e de suas conexões múltiplas. Trata-se de uma lógica conectiva que privilegia a multiplicação, inclusão e a combinação de variáveis que fazem parte de um mesmo

sistema. Neste sentido, essa perspectiva é adequada ao processo de coaching principalmente por sua preocupação não analítica disjuntiva, mas por sua preocupação inclusiva e conectiva o que permite dar maior ênfase no aqui e agora, e não no passado, tem a visão no presente com interesse em mudar o futuro, ou seja,... o futuro também orienta o presente que, por sua vez, prepara o futuro e modifica nossa visão do passado (idem, p. 92). A seguir fazemos um comparativo entre os elementos de maior confluência do coaching e o Serviço Social, que vão dar a base para o emergir do coaching social. CONFLUÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL COM O COACHING E O PROCESSO DE ORIENTAÇÃO SOCIAL No tocante ao Serviço Social, tomamos como referencia o esquema metodológico operativo do método de caso em Serviço Social, apresentado por ANDER-EGG (1994), e que juntamente com o esquema metodológico do coaching, podemos obter um quadro comparativo, como se segue. Quadro 2: Comparação metodologia Coaching e Serviço Social. ETAPA COACHING SERVIÇO SOCIAL DE CASO 1 Atender o cliente em suas necessidades e explicar e esclarecer o processo de coaching e estabelecer um vínculo de confiança entre coach e cliente; Pressuposto de que a pessoa pode ser sujeito e objetivo do desenvolvimento da resolução do problema, o que dependerá da habilidade do assistente social, 2 Administrar as expectativas, ser objetivo quando ao processo O início do processo ocorre quando alguém que solicita ajuda em alguma instituição; 3 Avaliar o cliente, obter informações sobre o mesmo; É realizado uma entrevista de solicitação, onde é analisado a solicitação; 4 Descobrir a preocupação imediata do cliente, estado atual; Se estabelece uma relação/comunicação e laço de confiança entre o assistente social e o cliente; 5 Desenhar a aliança e comprometimento de trabalho entre cliente e coach; Estimula o cliente a refletir sobre sua própria situação e incentivar a tomada de decisão, e resolução do problema 6 Objetivar os aspectos práticos do processo de Após clarear o problema se estabelece uma estratégia de coaching, modo de trabalho (sessões, honorários, atendimento através de sessões programadas; tempo, prazo, honorários, etc.); 7 Estabelecer metas exeqüíveis, estado desejado e sonho a ser realizado; Após estabelecer as ações e metas, se processa o tratamento e acompanhamento do caso e ações na busca de recursos e formas de resolução do problema apresentado; 8 Elaborar um plano de ação a partir das metas e objetivos claros; Após ter avaliado os resultados e alcançados as metas e objetivos de resolução do problema se encerra o processo. 9 Elencar as tarefas que deveram ser realizadas durante as sessões até alcançar as metas e objetivos delineados; 10 Monitorar, avaliar, corrigir e realizar a passagem e consolidação entre estado atual, início do coaching, e estado desejado/sonhado/alcançado e com isso realizar o termino do processo. Fonte: elaborado pelo autor em maio de 2007 a partir de OLIVERIA, 2006

Neste processo, ANDER-EGG (1994) reforça o papel do assistente social neste processo, sendo os principais pontos os seguintes: a) importância das relações sociais estabelecidas neste processo; b) criar um clima de liberdade e confiança; c) estar atento às minúcias do falar e agir do cliente; d) saber conduzir o processo de orientação,...trata-se de ajudar no diagnóstico do problema, em colocá-lo nos seus justos termos e colaborar na busca de uma solução, respeitando o direito de autodeterminação do usuário. (Op.cit, ANDER-EGG, 1995, p.94). O autor ainda destaca outros papeis fundamentais do assistente social nesta abordagem, estas últimas características e papel, o que ressaltam ainda mais o comparativo que estamos fazendo com o coaching, são eles:...receptor de problemas [...] orientador para que as pessoas procuram resolver seus próprios problemas; agenciador, como intermediário entre os usuários e a instituição; fornecedor de serviços; conselheiro e, em alguns casos, até mesmo terapeuta. [grifo nosso]. Estes dados, permitiram chegar a uma serie de conclusões, entre elas: a) o coahing surge na atualidade como um espaço, estratégia e um instrumento de intervenção na realidade humana e social e apresenta certa aproximação com o Serviço Social; b) primeiramente por que o Serviço Social tem historicamente uma relação muito próxima com a abordagem individual ou clinica, o que faz ter uma grande afinidade teórica e prática com o coaching; c) mas diferente do coaching que procura se afastar de abordagens psicoterapeuticas, verificamos que ao logo do tempo o Serviço Social se aproxima desta perspectiva o que levou em meados da década de 1908 um abandona em certa medida desta prática, pelo menos no Brasil, devido inclusive pela excessiva abordagem psicológica, o que afeta e esbarra nas relações legais com os psicólogos; d) neste sentido o coaching se apresenta como uma abordagem adequada para o Serviço Social, pois não enfatiza uma abordagem terapêutica psicanalítica, centra esforços no presente e procura clarear os problemas, estabelecer metas e objetivos e estratégias adequadas para resolução das mesmas até alcançá-las. Torna-se um espaço de atuação e um instrumento valioso de intervenção direta além de ser uma alternativa de empregabilidade, já que o assistente social é um profissional de caráter liberal, o que permite atuar no campo da orientação social com o uso do coaching, o que logicamente requer um melhor preparo e domínio teóricometodológico. Mas tais aproximações, fazem vislumbrar o emergir de uma abordagem que fundi o que há de melhor em cada um, Serviço Social e coaching, me refiro ao coaching social, como procuro mostrar as bases preliminares desta renovada e contextualizada ferramenta de intervenção direta do Serviço Social. O EMERGIR DE UMA ABORDAGEM RENOVADA E CONTEXTUALIZADA, COACHING SOCIAL Desde as primeiras aproximações deste tema, e como já reforçado neste texto, na atualidade no Serviço Social não há, de forma mais visível e acessível, estudos sobre a abordagem individual, há toda uma critica quando ao método de estudo de caso, mas nada que o substitua ou que se aplique a esta dimensão, que apesar de um discurso globalizante e politizado, na prática, o que se constata é que a abordagem tanto individual, como grupal e comunitária estão em foco. Mas não há parâmetros

e nem propostas efetivas de como melhor contextualizar e renovar estas abordagens. Por isso, digo que o coaching social é uma proposta renovada e contextualizada. Renovada porque não parte do zero, do nada, como se nunca, tivéssemos como profissão, produzido alguma coisa. E contextualizada, por considerar as novas demandas e a complexidade de leitura da realidade e dos sujeitos, bem como, a gestão da própria vida, o que não passa por uma única vertente ou matriz teórica de leitura e intervenção da realidade. E um outro fato que chama a atenção é a inexistência de produção teórica e legal sobre orientação social, pois na Lei 8662 de 7/6/1993, em seu Art 4º, que enfatiza as competências do assistente social, no item V- encontramos a seguinte competência: Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos, [grifo nosso]. E surge uma grande questão, o que é orientação social? Qual a fundamentação teórica e o procedimento metodológico para orientar indivíduos e grupos? É nesta lacuna, que a proposta do coaching social surge como uma possível resposta e alternativa. Logo, ouso propor um novo estilo de coaching e uma abordagem renovada e contextualizada de intervenção direta com o objetivo de ser uma estratégia de orientação social para o Serviço Social, a qual eu denomino, coaching social. A seguir apresento as bases teórico-metodologicas da mesma, e deste já, reconhecendo que a esta proposta ainda é inicial, portanto pode apresentar limitações. Cabendo ao tempo, a prática e ao aprofundamento teórico, aperfeiçoar este modelo, que mais se apresenta como uma referencia do que algo absoluto e definitivo. O desenho metodológico esta pautado nos elementos do Serviço Social de Caso e do Coaching. Neste sentido, o coaching social pode ser entendido como um processo de orientação social, sendo que a orientação é segundo a Lei que regulamenta nossa profissão, uma competência especifica do assistente social. A orientação social por sua vez, se caracteriza por um processo que considera o contexto social em suas múltiplas faces, é um momento de estudo/investigação das informações socialmente relevantes, que permitem a tomada de decisão e direção através da elaboração de um plano de ação, tanto para vida pessoal, profissional, organizacional como familiar. Considera o viver social em seu cotidiano e as relações interpessoais e as situações-problemas sociais procurando junto com o cliente as ações interventivas mais adequadas, o que requer um pensar e agir planejado na busca de uma melhor qualidade de vida, exercício de sua cidadania e busca de realização, tanto pessoal, profissional, organizacional, comunitária e familiar; e que se materializa na resolução das situações-problemas apresentadas e devidamente tratadas em conjunto, cliente e assistente social, tendo como pressuposto que o individuo deve ser sujeito deste processo de mudança e que este processo se caracteriza como sendo de aprendizado para ambas as partes. Os pressupostos que norteiam seriam os seguintes: O ser humano é um ser complexo, mas ao mesmo tempo simples. Complexo, pois seu viver e existir têm que ser com sentido e significado, o que abrange uma série de áreas. É simples pois o seu existir se restringe a um ciclo composto de três momentos, ou seja:

NASCIMENTO, VIDA e MORTE. Na segunda fase há três dimensões de interação vividas por cada ser humano. Família, vida pessoal e vida profissional. Na primeira é onde ocorre a sua socialização, onde aprende conceitos, valores e molda seu caráter, o que irá influenciar nos demais níveis, pessoal e profissional. Podemos também perceber que existem várias áreas da vida humana que geram impacto no transcorrer deste momento. Basicamente serial elas: 1) espiritual, 2) social, 3) econômico, 4) biológico, 5) emocional, 6) relacional, e 7) organizacional. Como mostra a figura 01. Espiritual Figura 01: O ser humano, vida e cotidiano biológico NASCIMENTO Social VIDA MORTE Família Pessoal Profissional Economico Emocional Relacional Organizacional Numa visão sistêmica, e compreensão holística, este esquema nos mostra que o ser humano, seja, homem, mulher, jovem ou velho, apresenta uma série de problemas, não só com sigo mesmo (internamente), mas deve aprender a viver em sociedade (externamente) e solucionar os conflitos, necessidades que tem origem nas relações sociais e humanas estabelecidas entre outros seres humanos em seu cotidiano vivencial. E isso não tem sido fácil frente aos inúmeros problemas sociais, econômicos, morais, éticos, espirituais, biológicos e ambientais, mas principalmente dos relacionamentos, da individualidade, que se reflete na ganância e materialização da vida, no ritmo frenético e das inúmeras oportunidades e desafios de um contexto paradoxo, onde o existir significa estar inserido num mundo onde a única certeza que podemos ter é a mudança constante. Metodologicamente se pode apresentar seis etapas, que seguiriam uma formatação não linear e, portanto disjuntiva, mas sistêmica e conectiva, pois cada etapa, considera o todo, mesmo que seja um indivíduo, como podemos ver no quadro 03.

Quadro 3: Processo metodológico do coaching social e desenvolvimento da orientação social ETAPA ATIVIDADES PROCESSUAIS 1 Pré-avaliação: onde se avalia se a situação apresentada, e se a mesma se configura realmente da necessidade de um trabalho social ou de outros encaminhamentos. 2 Levantamento de necessidades, problematização: em se tratando de caso que necessite de orientação social, levanta-se quais os problemas a serem tratados e estabelece a forma de orientação social (individual, grupal, semanal, mensal, etc.) 3 Alternativas e possibilidades: após trabalho de levantamento de dados e informações sobre a situação-problema apresentada pelo cliente, se estabelece as alternativas e possibilidades de soluções em conjunto. 4 Plano de ação: após tratar as informações e estabelecer o conhecimento, tanto da situaçãoproblema, como das alternativas e possibilidades de solução, estabelece os objetivos, metas, prazos, recursos, posturas e demais ações para se efetivar e intervenção concreta e planejada. 5 Monitoramento: após a implementação do plano de ação, é realizado periodicamente sessões de avaliação do processo, para verificar o andamento do plano de ação e efetuar as correções necessárias. 6 Termino e transição: é o momento onde se avalia as ações tomadas, os resultados obtidos e o encerramento da orientação social, onde o cliente passa pelo processo de transição para continuar sozinho (emancipado) e com autonomia continua a gestão de sua vida. Fonte: Elaborado pelo autor em maio de 2007 Nas sessões serão usadas várias técnicas, como exemplo: entrevista, história de vida, exercícios de reflexão, dinâmicas de grupo, leitura de textos, conscientização, motivação, apoio, ação e organização, gestão de informação, entre outras. CONCLUSÃO. Procurei apresentar uma abordagem renovada e contextualizada de atendimento direto e de orientação social, com base nos elementos que o caoching traz na atualidade como estratégia e ferramenta para o apoio e desenvolvimento humano-social-organizacional. O mesmo denominei de coaching social, onde se caracteriza como um primeiro desenho de uma abordagem e instrumental de intervenção para o Serviço Social, e também como uma alternativa de atuação profissional, aplicável em qualquer área que se tenha que realizar a abordagem tanto individual como grupal. Como toda proposta inicial, sei das limitações que possam apresentar a mesma, mas também tenho convicção de sua praticidade e resultados, pois não apresentei uma proposta só teórica, mas paltada em minha experiência como assistente social e mais recentemente como coach. Pretensiosamente, espero com isso, ter contribuído para uma renovação e contextualização de práticas que a muito se perderam, mas que até os dias atuais se mantêm vivas e dinâmicas, e que fazem do Serviço Social, uma das profissões que mais podem contribuir para a democracia, justiça e qualidade de vida, pois

tudo isso só pode ser realizado se o ser humano que trabalhamos cotidianamente se tornar um melhor ser humano a começar por nós mesmos. Creio que isso esta ao nosso alcance, afinal, Não basta explicar nem compreender para mudar. O que é primordial é obter a cooperação de nossos interlocutores para que eles ajam de outro modo [...] Cabe a nós, consultores, terapeutas, assessores, professores, ou chefes [e assistentes sociais], através da comunicação, ensiná-las e evocar nelas o desejo de mudar, para permitir-lhes a projeção de um futuro mais desejável. (KOURILSKY-BELLIARD, 2004, p. 3001). Que aprendamos a ser, assistentes sociais-coach, que pelo exemplo e liderança empreendedora e congruente possamos contribuir para a construção um mundo melhor para todos viverem com justiça, fraternidade, solidariedade e bondade. BIBLIOGRAFIA ANDER-EGG, Ezequiel Introdução ao trabalho social Petrópolis-RJ: Vozes, 1995 KOURILSKY-BELLIARD, Françoise Do desejo ao prazer de mudar: compreender e provoca a mudança São Paulo: Manole, 2004 MATURANA, Humberto Cognição, ciência e vida cotidiana Belo Horizonte: UFMG, 2001 OLIVERIA, Edson Marques Coaching e Serviço Social: um novo espaço e estratégia de intervenção profissional, anais do III Congresso Paranaense de Assistente Sociais. Curitiba: Cress-PR, 2006 Qualitymark, 2005 WHITMORE, John Coaching para performance: aprimorando pessoas, desempenhos e resultados. Rio de Janeiro: Qualityark, 2006