PROCESSO Nº 200438007055379 ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS REQUERENTE: UNIÃO FEDERAL REQUERIDO:



Documentos relacionados
PROCESSO Nº ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO REQUERENTE: INSS REQUERIDO:

TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - TRUJ

DECISÕES» ISS. 3. Recurso especial conhecido e provido, para o fim de reconhecer legal a tributação do ISS.

EMENTA ACÓRDÃO. LUÍSA HICKEL GAMBA Relatora

RELATÓRIO. Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL

Superior Tribunal de Justiça

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO N. º

Supremo Tribunal Federal

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

Superior Tribunal de Justiça

TERCEIRA TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL Conselho da Justiça Federal

Supremo Tribunal Federal

1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS PROCESSO Nº

Novély Vilanova da Silva Reis. Juiz Federal em Brasília.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Recursos Humanos Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Inteiro Teor (869390)

Superior Tribunal de Justiça

PARCELAMENTO TRIBUTÁRIO

SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

Faço uma síntese da legislação previdenciária e das ações que dela decorreram. 1. A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Nº COMARCA DE LAJEADO MUNICÍPIO DE LAJEADO ACÓRDÃO

Para acessar diretamente o texto referente a cada um desses temas, clique:

Supremo Tribunal Federal

SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL

Supremo Tribunal Federal

FEVEREIRO 2015 BRASÍLIA 1ª EDIÇÃO

Superior Tribunal de Justiça

TURMA RECURSAL. 1 Juizados Especiais Federais Seção Judiciária do Paraná. I Relatório

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS OU PARAFISCAIS (Art.149 c/c 195, CF)

Trataremos nesta aula das contribuições destinadas ao custeio da seguridade social

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Vistos, relatados e discutidos estes autos de. AGRAVO DE INSTRUMENTO n /9-00, da Comarca de

Embora regularmente notificada, fl.67, a reclamada não apresentou contrarrazões, conforme certificado à fl. 68.

Conselho Nacional de Justiça

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA CÍVEIS FALIMENTARES, DE LIQUIDAÇÕES EXTRAJUDICIAIS, DAS FUNDAÇÕES E DO TERCEIRO SETOR

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR

MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES PRIMEIRA CÂMARA. BAURUCAR AUTOMÓVEIS E ACESSÓRIOS LTDA. DRJ em São Paulo - SP

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

APOSENTADORIA ESPECIAL DO SERVIDOR PÚBLICO

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR RAIMUNDO NONATO SILVA SANTOS

Superior Tribunal de Justiça

Lição 11. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS

PONTO 1: Prescrição e Decadência 1. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 1.1 PRESCRIÇÃO. CONCEITO DE PRESCRIÇÃO: Duas correntes:

i iiiiii uni uni mil uni mil mil mil llll llll

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

DECISÃO. Relatório. 2. A decisão impugnada tem o teor seguinte:

RESUMIDAMENTE ESTAS SÃO AS DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE A CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. FAGUNDES CUNHA PRESIDENTE RELATOR

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL

PROCESSO: RTOrd

AGRAVO INTERNO EM APELACAO CIVEL

PoderJudiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete do Desembargador Marcos A. Souto Maior

RECURSO ORDINÁRIO TRT/RO RTOrd A C Ó R D Ã O 4ª Turma

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Conselho Nacional de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

UARDO SA PIUIS =gsndevrl Relator

SIMULADO PFN I (Tributário e Processo Tributário) Prof. Mauro Luís Rocha Lopes Dezembro de 2015

NA IMPORTAÇÃO POR NÃO CONTRIBUINTE DO IMPOSTO ESTADUAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 33 DE , CONTINUA NÃO INCIDINDO O ICMS.

PRAZOS DE GUARDA E MANUTENÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS

Com a citada modificação, o artigo 544, do CPC, passa a vigorar com a seguinte redação:

A OBRIGATORIEDADE DE APLICAÇÃO DO REGIME DE APURAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA, QUANDO DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE

A Constituição Federal, em seu art. 5º, LXXVI, confere a gratuidade do registro civil de nascimento aos reconhecidamente pobres.

Poder Judiciário Conselho da Justiça Federal Turma de Uniformização das decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais

Quadro comparativo da Medida Provisória nº 665, de 30 de dezembro de 2014

EMB. DECL. EM AC CE ( /01). RELATÓRIO

PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

Supremo Tribunal Federal

A C Ó R D Ã O SEDC/2008 GMFEO/MEV

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

Coordenação-Geral de Tributação

PROJETO DE LEI Nº de 2007 (Da Deputada Luiza Erundina)

Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais

MONTEIRO E MONTEIRO ADVOGADOS ASSOCIADOS

Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO ATAÍDE CAVALCANTE

Prof. Cristiano Lopes

PIS/PASEP na Despesa com Pessoal. De acordo com as discussões realizadas nas últimas reuniões do GTREL, foi elaborada a seguinte síntese:

APELAÇÃO CÍVEL nº /AL ( )

Transcrição:

PROCESSO Nº 200438007055379 ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS REQUERENTE: UNIÃO FEDERAL REQUERIDO: David dos Reis Madeira RELATOR: HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JUNIOR RELATÓRIO O presente incidente de uniformização foi instaurado pela União Federal, com o fito de sanar possível divergência entre o julgado da 1ª Turma Recursal de Minas Gerais e enunciado da Turma Recursal do Rio de Janeiro. O autor ajuizou o feito buscando a revisão de sua conta vinculada do PASEP em relação aos meses de julho de 1987, janeiro de 1989, março, maio, junho e julho de 1990 e fevereiro e março de 1991 devido à alegada ocorrência de expurgos inflacionários. A sentença (fls. 71-5) julgou procedente o pedido, para condenar a União a incluir no saldo da conta vinculada ao PASEP os percentuais referentes aos expurgos não computados de julho de 1987, fevereiro de 1989, maio e junho de 1990 e março de 1991. A União recorreu, alegando, preliminarmente, nulidade da sentença, por ilíquida, ilegitimidade passiva, nulidade da citação, litisconsórcio passivo necessário e prescrição. No mérito, argüiu que os índices aplicados pela Administração na correção das contas vinculadas são os corretos. O acórdão vencedor (fls. 106-8) da 1ª Turma Recursal de Minas Gerais entendeu que o prazo prescricional a ser aplicado é trintenário, por analogia ao FGTS, rejeitando, assim, a prejudicial de prescrição. No mérito, deu parcial provimento ao recurso da União, para condená-la a reajustar os percentuais expurgados da conta vinculada do autor relativos aos meses de janeiro de 1989 e abril de 1990.

Na petição do incidente (fls. 123/130), o requerente alega que o acórdão recorrido vai de encontro ao enunciado 40 da Turma Recursal do Rio de Janeiro, que considera prescrita a pretensão de perdas sofridas na atualização monetária da conta de PIS, em virtude dos expurgos referidos no aresto impugnado. Em contra-razões, autora sustentou que a prescrição de sua pretensão é trintenária, pugnando pela manutenção da decisão recorrida. O incidente foi admitido pela 1ª Turma Recursal de Minas Gerais (fl. 150). É o relatório.

VOTO O art. 14, 2º, da Lei n. 10259/01 admite pedido de uniformização de jurisprudência quando fundado em divergência entre decisões de turmas de diferentes regiões. Na situação em comento, o aresto impugnado entendeu que, por analogia ao regime do FGTS, o prazo prescricional a ser aplicado é trintenário. Por seu turno, o enunciado 40 da Turma Recursal do Rio de Janeiro considera prescrita a pretensão de perdas sofridas na atualização monetária da conta de PIS em virtude dos expurgos ocorridos por ocasião dos Planos Verão e Collor I. Destarte, constata-se a propriedade do incidente de uniformização ora interposto. Anoto que a discussão vertente nos autos refere-se às supostas diferenças remuneratórias de duas competências específicas, quais sejam, janeiro de 1989 e abril de 1990 e não parcelas que venceram e continuaram a vencer periodicamente, projetando-se no tempo, de tal sorte que o marco do lapso prescricional é o momento em que ocorrida a omissão na aplicação dos índices solicitados. O PIS foi instituído pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970 e o PASEP pela Lei Complementar nº 8 de 3 de dezembro de 1970. Houve a unificação, sob a denominação PIS-PASEP desses fundos, através da Lei Complementar nº 26, de 11 de setembro de 1975. A partir da Constituição de 1988, as contribuições em tela foram constitucionalizadas, com sensíveis modificações na destinação conferida ao produto da arrecadação, como se vê do art. 239 da Carta Magna: Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de

Setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o 3º deste artigo. 1º Dos recursos mencionados no caput deste artigo, pelo menos quarenta por cento serão destinados a financiar programas de desenvolvimento econômico, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de remuneração que lhes preservem o valor. 2º Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público são preservados, mantendo-se os critérios de saque nas situações previstas nas leis específicas, com exceção da retirada por motivo de casamento, ficando vedada a distribuição da arrecadação de que trata o caput deste artigo, para depósito nas contas individuais dos participantes. 3º Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o Programa de Integração Social ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Publico até dois salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado o pagamento de um salário mínimo anual, computado neste valor o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até a data da promulgação desta Constituição. 4º O financiamento do seguro-desemprego receberá uma contribuição adicional da empresa cujo índice de rotatividade da força de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor, na forma estabelecida por lei. Indeclinável que, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, em que pese a índole eminentemente social do PIS/PASEP, ocorreu a modificação da natureza das contribuições a ele destinadas, que passaram, sem sobra de dúvidas, à categoria de tributo, enquanto que sob a égide da Constituição de 1967, mesmo antes da EC 8/77, detinham natureza não-tributária. Como passaram a titularizar natureza de tributo, aplicam-se-lhes as normas concernentes a tal espécie. Impossível, a propósito, manifestar-se qualquer estranheza com a inserção do PIS/PASEP na qualidade de tributo. Veja-se, assim, que o Supremo Tribunal Federal, ao

concluir, em 11 de abril de 2002, o julgamento da Ação Civil Originária nº 471, Relator o Ministro Sydney Sanches, em que o Estado do Paraná pretendia ver reconhecida a inexigibilidade da contribuição do PASEP, considerou que, com o advento da CF/88, o PASEP tornou-se uma contribuição tributária e, portanto, obrigatória, deixando de ter caráter voluntário (cfe. INFORMATIVO STF nº 263). Para melhor ilustrar tal posição, impõe-se transcrever excerto do voto proferido pelo Ministro Maurício Corrêa, relator da Ação Civil Originária nº 580-6MG, DJU de 25.10.2002, em situação análoga do acima citado: 5. É certo que o PASEP, a exemplo do PID, não possuía natureza tributária, entendimento claramente explicitado no julgado do RE 148754, Rezek, DJ 04.03.94. Por essa razão, os Estados e Municípios podiam abster-se da contribuição ou mesmo desvincular-se do Programa, como ora pretende o autor. 6. Com o advento da nova ordem constitucional, sensíveis alterações foram introduzidas nos programas sociais PIS e PASEP, cuja receita passou a financiar o seguro-desemprego e o abono devido as empregados menos favorecidos de que trata o 3º do artigo 239 da Carta de 1988. 7. Dessume-se daí que a Lei Complementar 8/70 foi constitucionalizada, pois a Carta da República transmudou a natureza da contribuição, que passou à categoria de tributo, fazendo remissão à lei que a criou (cf. ADI 1417, Pertence, j. em 02.08.99).... 19. Impõe ressaltar que (...) a contribuição para o PIS, na forma estabelecida pela Lei Complementar nº 7/70, foi recepcionada pela nova ordem constitucional, sendo que o preceito consagrado no art. 239 do Texto

Fundamental condicionou à disciplina de lei futura apenas os termos em que a arrecadação dela decorrente seria utilizada no financiamento do programa do seguro-desemprego e do abono instituído no seu 3º, e não a continuidade da cobrança da exação (...) (REED 214229, de que fui relator, DJ 17.04.98). 11. Relevante assinalar que o PIS/PASEP, malgrado sejam contribuições de evidente conteúdo social, não se confundem com aquelas outras que a União pode instituir na forma dos artigos 149 e 195 da Carta Federal, pois, como dito antes, cuida-se de tributo instituído por ela própria e não por lei. Assim, não se lhes aplicam quaisquer dos princípios ou restrições constitucionais que regulam as contribuições em geral. Resta cristalino, pois, a inarredável natureza jurídica tributária das contribuições destinadas ao PIS/PASEP, após a promulgação da Constituição de 1988 e, via de conseqüência, absolutamente inviável atender a pretensão da parte autora de aplicarlhes, por analogia ou simetria, o prazo prescricional trintenário, aplicável às contribuições do FGTS. De fato, a ação de cobrança das contas vinculadas ao PIS/PASEP sujeitase ao lapso prescricional qüinqüenal estabelecido no Decreto-lei nº 20.910/32, mesmo prazo conferido para cobrança do crédito tributário inerente à dita contribuição (art. 174 do Código Tributário Nacional). Acresce notar, outrossim, que a cobrança em tela não se trata propriamente de uma relação jurídica de natureza tributária, eis que o titular da conta individualizada de PIS/PASEP busca o pagamento de diferenças de correção monetária creditada a menor, de sorte que mais presente a necessidade de aplicação do Decreto-lei 20.910/32, no que tange ao lapso prescricional.

Para melhor ilustrar a questão, impõe-se repetir as judiciosas observações do eminente Ministro Teori Zavascki: ADMINISTRATIVO. FUNDO PIS/PASEP. DIFERENÇA DE CORREÇÃO MONETÁRIA. DEMANDA PROPOSTA PELO TITULAR DA CONTA INDIVIDUAL. RELAÇÃO JURÍDICA LITIGIOSA SEM NATUREZA TRIBUTÁRIA. REPRESENTAÇÃO DA UNIÃO PELA ADVOCACIA-GERAL. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL (DECRETO 20.919/32). 1. Relativamente ao Fundo PIS/PASEP cumpre distinguir duas espécies de relações jurídicas: uma, (a) a que vincula o Fundo (como sujeito ativo) e as empresas contribuintes (como sujeitos passivos), que tem por objeto uma prestação de natureza tributária (contribuição social CF, art. 239); e outra, (b) a que vincula o PIS/PASEP (como sujeito passivo) e os trabalhadores titulares da conta individuais (como sujeitos ativos), que tem por objeto prestações de natureza não-tributária. 2. Versando a demanda sobre diferenças na prestação devida pelo PIS/PASEP ao titular da conta, é certo que não se tem presente relação jurídica de natureza tributária, razão pela qual a representação da União em juízo se dá pela sua Advocacia-Geral, e não pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. 3. Pela mesma razão, tratando-se de demanda em que a União figura como ré, o prazo prescricional é o de cinco anos, estabelecido no art. 1º do Decreto 20.919/32. 4. Recurso especial provido. (...)

Coerente com essa mesma linha de entendimento, é de se restabelecer a sentença de primeiro grau no que se refere ao lapso prescricional. Realmente, aqui não está em questão a relação tributária que envolve as empresas (devedoras da contribuição) e o Fundo PIS/PASEP (seu credor). Não tem pertinência, portanto, invocar o prazo prescricional das obrigações decorrentes dessa relação. Aqui, o que se tem é uma demanda promovida pelo titular da conta individual do PIS/PASEP contra a União de natureza indenizatória, segundo salientado na inicial em que se pede o pagamento de diferenças de prestação creditada a menor. Ora, tratando-se de demanda promovida contra a União, o prazo prescricional rege-se pelo Decreto 20.910/32, cujo art. 1º estabelece as dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originaram. Quanto ao termo inicial desse prazo, aplica-se o princípio da actio nata: é marcado pela data a partir da qual o demandante poderia ter intentado a demanda. No caso, a data em que ocorreu o alegado creditamento em valor menor que o pretendido. Conforme salientou a sentença, o titular da conta era devidamente informado do valor da sua conta em cada oportunidade em que se realizava o crédito (os extratos respectivos foram, aliás, juntados com a inicial). À luz desses parâmetros, verifica-se que, no caso dos autos, encontram-se prescritas as parcelas pleiteadas no que se refere às diferenças correspondentes aos meses de junho de 1987 a abril de 1990, já que a presente ação foi proposta em 15.02.1996. Pelas razões expostas, acompanho o entendimento do Ministro José Delgado, razão pela qual dou provimento ao recurso especial para reconhecer a prescrição qüinqüenal.

É como voto. O processo em que o eminente Ministro proferiu esse voto-vista RESP 424867, publicado no DJU 21.02.2005, p. 110, restou assim ementado: TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP. AÇÃO INTENTADA PRA MODIFICAR CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. NATUREZA JURÍDICA DE TRIBUTO. 1. A natureza jurídica das contribuições para o PIS/PASEP é tributária, não se assemelhando, portanto, ao FGTS relativamente à contagem do prazo prescricional. 2. Reconhecimento da prescrição qüinqüenal alegada. 3. Recurso especial provido. Isso posto, conheço e dou provimento ao incidente suscitado, no sentido de que o prazo prescricional a ser aplicado à correção das contas vinculadas do PIS/PASEP é qüinqüenal, nos termos do Decreto-lei nº 20.910/32. Brasília, 21 de novembro de 2005. HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JUNIOR Juiz Federal Relator

PROCESSO Nº 200438007055379 ORIGEM: SEÇÃO JUDICIÁRIA DE MINAS GERAIS REQUERENTE: UNIÃO FEDERAL REQUERIDO: David dos Reis Madeira RELATOR: HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JUNIOR EMENTA ADMINISTRATIVO - PIS/PASEP - CORREÇÃO MONETÁRIA DAS CONTAS VINCULADAS - PRESCRIÇÃO. I É qüinqüenal o prazo prescricional para a dedução em juízo de pretensão referente à correção monetária dos saldos das contas individuais vinculadas ao PIS/PASEP por força do Decreto nº 20.910/32. II Pedido de uniformização conhecido e provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma de Uniformização de Jurisprudência, por unanimidade, nos termos do voto do Relator, em conhecer e dar provimento ao Incidente de Uniformização. Brasília, 21 de novembro de 2005. HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JUNIOR Juiz Federal Relator