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Transcrição:

1 k4à - +A zist.. to, oê,â amido Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA OFICIAL N. 200.2003.014777-71001, oriundas da 7a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital. RELATOR :Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA APELANTE :Município de João Pessoa, rep. por seu Prefeito Constitucional ADVOGADO :Luiz Pinheiro Lima APELADO :Mares Incorporação de Imóveis Ltda. ADVOGADOS :Orlando Xavier da Silva e outros PROCESSUAL CIVIL Execução Fiscal IPTU Pessoa diversa da constante na base de dados da Prefeitura Exceção de pré-executividade Necessidade de dilação probatória Inadequação da via eleita Rejeição Provimento. Mostra-se inadequado o manejo de exceção de pré-executividade, quando há necessidade de dilação probatória, para o julgamento da matéria nela disposta. VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados. ACORDAM, em Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, na conformidade do voto do relator e da súmula de julgamento de fls. 71, por votação unânime, rejeitar a.reliminar e, no mérito, dar provimento à apelação e à remessa oficial.

RELATÓRIO " -e Tratam-se de Apelação Cível e Remessa Oficial contra a sentença proferida pelo Juizo da 7a Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital que, nos autos da Execução Fiscal movida pelo Município de João Pessoa em face de Mares Incorporação de Imóveis Ltda., acolheu a exceção de pré-executividade : movida pelo executado e, em conseqüência, extinguiu o processo executivo, sob o fundamento de que a cobrança de IPTU de imóvel pertencente à pessoa diversa do excipiente importa no reconhecimento de sua ilegitimidade passiva. Nas razões recursais, a municipalidade argüiu, preliminarmente, a inadmissibilidade da vertente exceção em sede de execução fiscal, no argumento de que a via própria a ensejar a defesa do executado seriam os embargos. No mérito, aduziu que o Boletim de Informações Cadastrais juntado pela apelada, como forma de comprovar que seria outro o proprietário do bem, não se encontra no seu original. Ademais, o documento adequado a dirimir esta dúvida seria a Certidão Qüinqüenária do imóvel. Por fim, pugna pelo acolhimento das presentes argüições e conseqüente provimento do recurso (fls. 41/46). Em resposta ao recurso, a apelada sustentou o acerto da decisão a quo (fls. 50/53). Preenchidos os requisitos de admissibilidade, subiram os autos a esta superior instância, onde a douta Procuradoria de Justiça, instada a se pronunciar, opinou pelo desprovimento do recurso (fls. 60/63). Em síntese, o relatório. VOTO: DES. JORGE RIBEIRO NÓBREGA (RELATOR) A preliminar de inadmissibilidade da vertente exceção de pré-executividade em sede de execução fiscal não merece guarida face à ampla aceitação pela recente jurisprudência, notadamente do STJ, in verbis: 2 411 =`PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EXECUÇÃO FISCAL SÓCIO REDIRECIONAMENTO MATÉRIA DE DEFESA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE DILAÇÃO PROBATÓRIA IMPOSSIBILIDADE 1. O meio de defesa do executado são os embargos à execução, podendo, excepcionalmente, ser admitida a exceção de préexecutividade. 2. A questão da ilegitimidade passiva ad causam pode ser excepcionalmente apreciada através da exceção de pré-executividade, desde que não exija análise de provas. 3 - Agravo regimental improvido." (STJ AGA 200501100884 (690106 MG) 2 T. Rel. Min. Francisco Peçanha Martins DJU 05.12.2005 p. 00298). (destacamos) Vê-se, portanto, que consoante a orientação jurisprudencial predominante no Superior Tribunal de Justiça, em execução fiscal a exceção de pré-executividade pode ser argüida no tocante às questões relativas aos pressupostos processuais, condições da ação e vícios objet. 8o titulo (atinentes à certeza, liquidez e

1.. 3 exigibilidade), desde que comprovados de plano, sem necessidade de dilação, - probatória. t., Ante o exposto, rejeito a preliminar. No mérito Ultrapassado esse ponto, verifica-se dos autos que a questão em desate centrase quanto ao mérito na possibilidade do reconhecimento ou não do Boletim de Informações Cadastrais (fls. 32), como forma de comprovar a ausência de exigibilidade da CDA n 2003/000345, juntado pela apelada, porém emitido pela municipalidade. Como se sabe, a pré-executividade consiste na possibilidade de, sem embargos ou penhora, argüir-se na execução, por mera petição, as matérias de ordem pública ou as nulidades absolutas. A tolerância doutrinária, em se tratando de execução fiscal, contudo, esbarra na necessidade de se fazer prova de direito líquido e certo. ::,3.N,. ''U De acordo como o art. 34 do Código Tributário Nacional, temos que: "Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título." No REsp n 927.275/SP, o Min. Teori Albino Zavascki (do STJ) dissertou que tanto o titular do domínio (aquele cujo nome a propriedade está registrada no Registro de Imóveis) quanto o possuidor (a exemplo do promitente comprador do imóvel) podem ser contribuintes do IPTU, podendo a legislação municipal tanto atribuir o pagamento do imposto ao proprietário do imóvel quanto ao promitente comprador. Confira-se o trecho do inteiro teor da decisão supramencionada: "A redação do citado dispositivo deixa clara a viabilidade de que o possuidor, na qualidade de promitente-comprador, seja considerado contribuinte do IPTU, podendo ser responsabilizado pelo seu pagamento. Essa linha de raciocínio já foi aplicada por 111 asse Tribunal, relativamente ao ITR, no julgamento do RESP 354.176/SP, de relatoria da Min. Eliana Calmon, DJU 10.03.2003 ("Se o contribuinte é o proprietário, o titular do domínio útil ou o 1 possuidor a qualquer título, desnecessário o registro da escritura comprovando a alienação do imóvel como condição para executarse o novo proprietário '9. Entretanto, daí não se infere que o titular do domínio, aquele em cujo nome a propriedade está registrada no Registro de Imóveis, fica simplesmente afastado da relação jurídico-tributária em razão da existência de possuidor. Coexistindo titular do domínio e possuidor, divide-se a doutrina quanto à existência de ordem de prioridade para a responsabilização de um ou de outro pelo pagamento do IPTU. Hugo de Brito Machado posiciona-se pela existência de uma ordem excludente de sujeitos passivos: "Havendo proprietário, não se cogitará de titular de domínio útil, nem de possuidor. Não havendo proprietário, seja porque a propriedade está fracionado, ou porque não está formalizada no registro competente, passa-se a cogitar da segunda figura indicada, vale dizer, do titular do domínio útil. Se for caso de imóvel sem propriedade formalizada, contribuinte será o possuidor a qual, uer título." (Comentários ao Código Tributário Nacional, vol.0;e s, 2003, p. 354)." 10 400, -- s

... :.-.. -_ '' No caso dos autos, toda a alegação do excipiente baseou-se no fato de a :,1 empresa de transportes MARCOS DA SILVA LTDA ser a proprietária do imóvel em comento, tendo a ora apelado afirmado que nunca fora proprietária do referido bem. g! Ocorre que a excipiente juntou aos autos um único documento, qual seja, o Boletim de Informações Cadastrais elaborado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa/PB, indicando como proprietária do imóvel a empresa MARCOS DA SILVA LTDA.. Todavia, no nosso ordenamento jurídico somente se considera a propriedade de bem imóvel através de escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis. A respeito, veja-se o que dispõem os artigos 108 c/c 1.245, ambos do Código Civil, in verbis: "Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos,...,,,...-" reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País." III "Art. 1245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis." Ora, como a excipiente não comprovou de planto que o imóvel objeto de cobrança do IPTU é de propriedade da empresa MARCOS DA SILVA LTDA, tem-se que a exceção de pré-executividade manejada mostra-se inadequada para o deslinde da questão. LUIZ RODRIGUES WAMBIER, FLÁVIO RENATO CORREIA DE ALMEIDA e EDUARDO TALAMINI, quando do estudo do interesse processual, aduzem que: 4,,,, "A condição da ação consistente no interesse processual se compõe de dois aspectos, ligados entre si, que se podem traduzir no binômio necessidade - utilidade, embora haja setores na doutrina gue prefiram traduzir esse binômio por necessidade - adequação. Normalmente não há diferença substancial entre as duas expressões, pois, no mais das vezes, quando se estiver diante da propositura da ação inadequada, estar-se-á, também, diante da inutilidade do pedido para os fins que se pretenda alcançar. Em tais casos, a adequação é como o fracionamento da utilidade."1 MOACYR AMARAL SANTOS define o instituto ora em comento da seguinte foram, verbis: "Diz-se, pois, que o interesse de agir é um interesse secundário, instrumental, subsidiário, de natureza processual, consistente no interesse ou necessidade de obter uma providência jurisdicional quanto ao interesse substancial contido na pretensão." 2 Com isto, desponta clarividente a ausência de interesse processual da excipiente para o aviamento da exceção de pré-executividade, uma vez que há necessidade de dilação probatória para se examinar a questão acerca de quem 1 In Curso Avançado de Processo Civil : Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento, vol. 1, São Paulo : RT, 5 a ed. rev., atual. e ampl., 2002, p. 127. 2 In Primeiras Linhas de Direito Processual Civil",,di Sarai - a edição, 1977, 1 volume, p. 145/146

realmente é o proprietário do imóvel objeto do gravame, situação que só restará á esclarecida por ocasião dos embargos à execução. Por tais razões, em dissonância com o parecer ministerial, rejeito a preliminar suscitada, e, no mérito, dou provimento à apelação e à remessa oficial, para indeferir a exceção de pré-executividade, a fim de que a execução siga até os seus ulteriores termos. Em razão do princípio da causalidade, condeno o excipiente (MARES INCORPORAÇÕES LTDA) ao pagamento de honorários advocatícios, fixados, conforme faculta o art. 20, 40 do CPC, em R$ 500,00 (quinhentos reais). É o voto. Presidiu os trabalhos, com voto, o Exmo. Sr. Des. Luiz Sílvio Ramalho Júnior, dele participando, além de mim, relator, o Exmo. Sr. Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Presente à sessão, a Exma. Sra. Dra. Maria Edlígia Chaves Leite, Promotora de Justiça convocada. Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em João Pessoa, 18 de setembro de. 5 Des. Je - IBEI NK5:i'KrA / 5

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