Auditório das Piscinas do Jamor 20 e 21 de Outubro. Fisiologia da Corrida

Documentos relacionados
Fisiologia do Esforço

28/10/2016.

BIOENERGÉTICA PRODUÇÃO ATP

Adaptações Metabólicas do Treinamento. Capítulo 6 Wilmore & Costill Fisiologia do Exercício e do Esporte

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra Ano Lectivo 2010/2011. Unidade Curricular de BIOQUÍMICA II Mestrado Integrado em MEDICINA 1º Ano

Miologia. Tema C PROCESSOS ENERGÉTICOS NO MÚSCULO ESQUELÉTICO

Objetivo da aula. Trabalho celular 01/09/2016 GASTO ENERGÉTICO. Energia e Trabalho Biológico

Exercícios Aquáticos. Princípios NATAÇÃO. Teste máximo de corrida realizado na água PROGRAMAÇÃO

RESISTÊNCIA MÉTODOS DE TREINO

Bioenergética. Trabalho Biológico. Bioenergetica. Definição. Nutrição no Esporte. 1

Fisiologia do Esforço

Prof. Ms Artur Monteiro

Ergonomia Fisiologia do Trabalho. Fisiologia do Trabalho. Coração. Módulo: Fisiologia do trabalho. Sistema circulatório > 03 componentes

BE066 - Fisiologia do Exercício BE066 Fisiologia do Exercício. Bioenergética. Sergio Gregorio da Silva, PhD

Metabolismo do exercício e Mensuração do trabalho, potência e gasto energético. Profa. Kalyne de Menezes Bezerra Cavalcanti

Métodos de Treino da Resistência. António nio Graça a * 2006

Adaptações cardiovasculares agudas e crônicas ao exercício

21/10/2014. Referências Bibliográficas. Produção de ATP. Substratos Energéticos. Lipídeos Características. Lipídeos Papel no Corpo

CURSO PREPARADOR FÍSICO CURSO METODÓLOGO DO TREINO CURSO TREINADOR GUARDA- REDES MÓDULO I: FISIOLOGIA

Métodos de Treino da Resistência. António Graça

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA Curso de Educação Física Disciplina: Fisiologia do Exercício. Ms. Sandro de Souza

Divisão de Actividade Física e Rendimento Desportivo Ficha Informativa

Orientações para o Treino da Resistência no Montanhismo

FISIOLOGIA CARDIORESPIRATÓRIA. AF Aveiro Formação de Treinadores

Avaliação do VO²máx. Avaliação do VO²máx

Exercício Físico.

TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO ESPECÍFICO

Alterações Metabólicas do Treinamento

A partir do consumo de nutrientes, os mecanismos de transferência de energia (ATP), tem início e estes auxiliam os processos celulares.

CEF CARDIO. CEF Cardio. Prescrição de Treino Cardio-Respiratório. Componentes Sessão de Treino. FITTE Factors Progressão do Treino

08/08/2016.

A intensidade e duração do exercício determinam o dispêndio calórico total durante uma sessão de treinamento, e estão inversamente relacionadas.

Faculdade de Motricidade Humana Unidade Orgânica de Ciências do Desporto TREINO DA RESISTÊNCIA

O TREINO DE UM(a) JOVEM MEIO- FUNDISTA

CONCEITOS BÁSICOS PARA O TRABALHO DAS ÁREAS FUNCIONAIS DA NATAÇÃO

TIPOS DE ENERGIAS E FORMAS DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA NO CORPO As fontes energéticas são encontradas nas células musculares e em algumas partes do co

Consumo Máximo de Oxigênio

TREINAMENTO Processo repetitivo e sistemático composto de exercícios progressivos que visam o aperfeiçoamento da performance.

Capítulo V. Exercício e Capacidade Funcional

ESTRUTURA FREQUÊNCIA CARDÍACA 09/06/2013. O número de batimentos cardíacos por unidade de tempo, geralmente expresso em batimentos por minuto (bpm).

Bacharelado em Educação Física. Função Cardio-vascular e Exercício

VI Congresso Internacional de Corrida- 2015

Substratos Energéticos Para Exercício Físico

AVALIAÇÃO DO CAVALO ATLETA EM TESTES A CAMPO

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO. Profa. Ainá Innocencio da Silva Gomes

Repouso Freqüência cardíaca 75 bpm. Exercício intenso Freqüência cardíaca 180 bpm. sístole diástole sístole. 0,3 segundos (1/3) 0,5 segundos (2/3)

Avaliação do VO²máx. Teste de Esforço Cardiorrespiratório. Avaliação da Função Cardíaca; Avaliação do Consumo Máximo de O²;

BE066 - Fisiologia do Exercício. Consumo Máximo de Oxigênio

Da avaliação à prática orientada

Testes de Consumo máximo de Oxigênio (Vo 2 máx) Fisiologia Do Esforço Prof.Dra. Bruna Oneda 2016

Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico e Princípios do Treinamento

BIOENERGÉTICA. O que é Bioenergética? ENERGIA. Trabalho Biológico

NUT A80 - NUTRIÇÃO E ATIVIDADE FÍSICA

Limiar Anaeróbio. Prof. Sergio Gregorio da Silva, PhD. Wasserman & McIlroy Am. M. Cardiol, 14: , 1964

BIOENERGÉTICA. O que é Bioenergética? ENERGIA. Ramo da biologia próximo da bioquímica que

TEORIA DO TREINAMENTO DE NATAÇÃO

Avaliação do VO²máx. Teste de Esforço Cardiorrespiratório. Avaliação da Função Cardíaca; Avaliação do Consumo Máximo de O²;

BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA FUNÇÃO CARDIO-VASCULAR E EXERCÍCIO

Fisologia do esforço e metabolismo energético

Fisiologia Comparativa (animais) Fisologia do esforço e metabolismo energético. Fisiologia Aplicada (Humanos) Potência. Duração

NUT-A80 -NUTRIÇÃO ESPORTIVA

FISIOLOGIA CARDIORESPIRATÓRIA ENVELHECIMENTO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

AF Aveiro Formação de Treinadores. Fisiologia do Exercício

19/10/ login: profrocha e senha: profrocha

TEORIA E PRÁTICA DO TREINAMENTO TREINAMENTO PRINCÍPIOS PIOS CIENTÍFICOS DO TREINAMENTO AULA 2

Fases de uma Periodização 23/8/2010. Processo de Recuperação Fosfagênio Sist. ATP-CP. 1 Macrociclo = 6 meses Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.

2 MÉTODO DE ESFORÇOS (OU RITMOS) VARIADOS

Atividade Física e Cardiopatia

NUTRIÇÃO E SUPLEMENTAÇÃO NO ESPORTE

05)Quanto ao ciclo de Krebs é INCORRETO afirmar que:

Nutrição e Fisiologia Humana

Treinamento Intervalado - TI Recomendações para prescrição do treinamento O 2

PREPARAÇÃO FÍSICA. Qualidades físicas e métodos de treinamento. 30/09/2014 Anselmo Perez

Fisiologia do exercício

Fazer de Cada Momento uma Oportunidade de Aprendizagem!

ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO, NUTRIÇÃO E TREINAMENTO PERSONALIZADO

Ficha Informativa da Área dos Conhecimentos

III Ciclo de Atualização do Cavalo Atleta. Marcos Jun Watanabe

Testes Metabólicos. Avaliação do componente Cardiorrespiratório

Na ESGB, os testes utilizados para avaliar a força são: força abdominal; flexões/extensões de braços.

Funções: Constituição: Distribuição nutrientes e oxigénio; Eliminação dióxido de carbono; Transporte hormonas; Manutenção temperatura corporal e ph;

E TREINAMENTO DE FORÇA BRIEF-REVIEW

Educação Física. Atividade desportiva. Processo de Elevação e manutenção da Condição Física TREINO

RESISTÊNCIA SÍNTESE. 1. A resistência. 2. Caraterização do esforço no Futebol. 3. Treino de jovens. 4. Princípios metodológicos. 5. Síntese 13/04/2015

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular BIOLOGIA DO TREINO Ano Lectivo 2012/2013

Sistema glicolítico ou metabolismo anaeróbio lático

Prof. Dr. Bruno Pena Couto Teoria do Treinamento Desportivo. Encontro Multiesportivo de Técnicos Formadores Solidariedade Olímpica / COI

Efeitos do exercício cio na fisiologia cardiovascular. Helena Santa-Clara

TRABALHO PESADO. Apostila 09

Bioenergé)ca: Intodução Nutrimentos

MONITORAMENTO FISIOLÓGICO DO EXERCÍCIO: O FUTURO DO CAVALO ATLETA

25/05/2017. Avaliação da aptidão aeróbia. Avaliação da potência aeróbia. Medida direta do consumo máximo de oxigênio Ergoespirometria (Padrão-ouro)

METABOLISMO EN E ER E GÉ G T É I T C I O

Fisiologia do Exercício. Aula 01

Como evitar os riscos e aumentar os benefícios??

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA PROGRAMA DE DISCIPLINA CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA DISCIPLINA: FISIOLOGIA DO ESFORÇO

Portal da Educação Física Referência em Educação Física na Internet

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Ano Lectivo 2011/2012

Capacidades Motoras 1 e 2

Transcrição:

Auditório das Piscinas do Jamor 20 e 21 de Outubro Fisiologia da Corrida

Fisiologia da Corrida Objetivo: abordar a fisiologia básica e partir para a forma como o corpo se adapta ao esforço da corrida.

Fisiologia da Corrida (1) Introdução (definições) (2) Parâmetros fisiológicos (3) Adaptações agudas/crónicas (4) Estímulos /treino/adaptações (5) Aplicação prática

Fisiologia da Corrida Corrida é uma forma de locomoção Corrida/Treino: é a aplicação de exercícios (estímulos) de uma forma sistemática, provocando adaptações cardio - respiratórias. «Resistência» A fisiologia do exercício (corrida) é o estudo da adaptação aguda e crónica. É uma área do conhecimento científico que estuda como o organismo se adapta fisiologicamente ao esforço ( stress ) agudo do exercício físico e ao esforço crónico do treino/corrida.

Corrida Corrida/treino é uma subclasse da atividade física, planeada, estruturada, repetida, por forma a manter ou melhorar um ou mais componentes da Condição Física. (1) - Composição corporal (2) - Capacidade Aeróbia (3) - Força Muscular (4) - Resistência Muscular 5 3 4 (5) - Flexibilidade 1 2

(2) Parâmetros fisiológicos (a) Débito Cardíaco (b) Frequência Cardíaca (c) Volume Sistólico (d) Pressão arterial (i) VO2 (máx.; relativo) (ii) Lactato (iii) Eq. Hidrolítico (iv) Eq. Hormonal

(2) Parâmetros fisiológicos (exemplos) Ciclo Cardíaco Sistole (0,3 s) Diástole (0,5 s) 70 bat/mim Sistole (0,2 s) Diástole (0,13 s) 180 bat/mim Débito Cardíaco (DC) = Frequência Cardíaca(FC) x Volume sistólico(vs) FC VS DC (bat/min) (ml/bat) (l/min) Repouso s/ Treino c/ Treino M M 72 50 70 100 5,0 5,0 F F 75 55 60 80 4,5 4,4 Exercício Máximal s/ Treino c/ Treino M M 200 190 110 180 22,0 34,2 F F 200 190 90 125 18,0 23,8

(3) Adaptações agudas/crónicas Agúdas Cardiorespiratórias e metabólicas durante o exercício Crónicas Cardiorespiratórias e metabólicas provocadas pelo treino

(3) Adaptações agudas estas regulações dizem respeito à capacidade em produzir energia necessária ao movimento, através de processos químicos. Energia do ATP é utilizado em todas as funções do corpo

(3) Adaptações agudas a energia necessária é aproveitada dos alimentos (hidratos de carbono, gorduras e proteínas), e armazenada numa molécula altamente energética ATP. os componentes básicos dos alimentos são quebradas libertando energia. Energia ATP = Adenosine P i P i Energia P i

(3) Adaptações agudas

(3) Adaptações agudas Contribuição energética

(3) Adaptações agudas a célula produz ATP por 3 processos Creatina Fosfato Lactato ATP creatina fosfato sistema Glicolítico sistema oxidativo. ADP + P Glicogénio Gorduras Proteínas Energia para a contracção Zintl.F. 1990

(3) Adaptações crónicas as adaptações crónicas são adaptações resultantes do exercício sistemático. Quando os sistemas são sujeitos a estímulos repetidos, estes adaptam-se para melhor responder às exigências. factor limitador. ponto crítico limiar anaeróbio ( altura em que a concentração de lactato no sangue atinge valores superiores a 4 mmol/l ) acontece +/- a 50%, 60% do VO2 máx em sedentários saudáveis

(3) Adaptações crónicas Fadiga depleção dos sistemas energéticos ( ATP-CP, Glicolítico e oxidativo ) acumulação de metabolitos produzidos sistema nervoso incapacidade do mecanismo contráctil

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço Intensidade Relativa Intensidade % FC Res %FC máx PSE Muito ligeira Ligeira Moderada Forte Muito Forte Maximal <20 20 39 40 59 60 84 > 85 100 <35 35 54 55 69 70 89 > 90 100 FC Reserva = FC máx FC repouso <10 10 11 12 13 14 16 17 19 100

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço FC VO 2 %FC máx = 0.64 x %VO 2máx + 37 David Swain FC máx = 217 - (0.85 * Idade) - 3 bat. remo - 5 bat. ciclo ergómetro -3 bat. antigos atletas 30 anos + 2 bat. antigos atletas +30 anos + 4 bat. antigos atletas +55 anos Miller FC VO 2 50 20.3 52 23.4 54 26.6 56 29.7 58 32.8 60 35.9 62 39.1 64 42.2 66 45.3 68 48.4 70 51.6 72 54.7 74 57.8 76 60.9 78 64.1 80 67.2 82 70.3 84 73.4 86 76.6 88 79.7 90 82.8 92 85.9 94 89.1 96 92.2 98 95.3 100 98.4

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço Frequência Cardíaca FC máx = 220 - id FC máx = 217 - (0.85 * Id) FC máx = 208 - (0.7 * Id) FC(bat/mi 210 200 190 180 170 160 150 140 220-ID Miller Tanaka 130 0 20 40 60 80 100 IDADE

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço 3 patamares de esforço Incremento progressivo e linear (*) Avaliação Carga inicial 5 km/h - 4%inc 2º Patamar 5.5 km/h 6 % Incremento 2% 1 2 MET s ( ml/kg/min ) Componente Horizontal = vel ( m / min ) x 0.1 [ ( ml / kg / min ) / ( m / min )] ( corrida - 0.2) Componente Vertical = % inc x vel ( m / min ) x 1.8 [ ( ml / kg / min ) / ( m / min )] Componente Repouso = 3,5 ( ml / kg / min ) ( corrida - 0.9) Andar Corrida Vel. Inc. 10 6 Resultados 45,92 ( ml/min/kg ) 13,12 ( MET s)

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço Int.: 50-60% FC 20-36% VO 2 máx Ligeiro Vol.: + 50 min Efeito: Metabolização de gorduras Obj.: Jogging e ultra Distâncias Int.: 60-70% FC 36-52% VO 2 máx Moderada Vol.: 45-90 min Efeito: Metabolização de glicogénio e gorduras Obj.: Maratonistas - Melhoria Cardio-Respiratória - Capilarização Int.: 70-80% FC 52-68% VO 2 máx Elevada Vol.: + 30-45 min Efeito: Metabolização de glicogénio Obj.: 10 Km - Melhoria Cardio-Respiratória - Capilarização Int.: 80-90% FC 68-83% VO 2 máx Mtº. Elevada Vol.: 10-20 min Efeito: Metabolização de glicogénio; remoção e tolerância láctica Obj.: 5 Km - Melhoria Cardio-Respiratória - Capilarização Int.: 90-100% FC 83-99% VO 2 máx Máxima Vol.: 1-5 min Efeito: Metabolização de glicogénio; remoção e tolerância láctica Obj.: 800m-5Km FC VO 2 50 20.3 52 23.4 54 26.6 56 29.7 58 32.8 60 35.9 62 39.1 64 42.2 66 45.3 68 48.4 70 51.6 72 54.7 74 57.8 76 60.9 78 64.1 80 67.2 82 70.3 84 73.4 86 76.6 88 79.7 90 82.8 92 85.9 94 89.1 96 92.2 98 95.3 100 98.4

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço o nº de capilares mioglobina no músculo melhor adaptação no transporte de oxigénio > armazenamento de glicose e triglicérios no músculo melhores adaptações através do treino intervalado e contínuo

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço contractilidade ventrículo esquerdo frequência cardíaca de repouso frequência cardíaca no exercício submáximo frequência cardíaca máxima intensidade no Lana QR VO2máx. utilização dos ácidos gordos

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço Princípios básicos de prescrição The art of exercise prescription is the successful integration of exercice science with behavioral techniques that result in long-term program compliance and attainment of the individual s goals David Swain A arte da prescrição do exercício é a integração bem-sucedida da ciência do exercício (Fisiologia e treino da corrida) com técnicas comportamentais que resultam na conformidade dos programas de treino a longo prazo e na obtenção dos objetivos do indivíduo

(3) Adaptações crónicas I intensidade do esforço FITT F frequência do exercício (dias por semana) I intensidade do esforço (% do esforço máximo) T tempo de exercício (duração da sessão) T tipo de exercício (o tipo de exercício)

Auditório das Piscinas do Jamor 20 e 21 de Outubro