E no futuro, existirão primaveras? Talvez, se com Arte ampliarmos o olhar sobre a natureza



Documentos relacionados
LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

Leitura e Literatura

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA: e os museus com isso? Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG)

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

V Seminário de Metodologia de Ensino de Educação Física da FEUSP Relato de Experiência INSERINDO A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO COPA DO MUNDO.

BEM-VINDO AO ESPAÇO DO PROFESSOR

CHARGE COMO ESTRATÉGIA INTERDISCIPLINAR TRANSVERSAL DE ENSINO NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO AUZANIR LACERDA

Estudos da Natureza na Educação Infantil

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

DICA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL

Relato de Experiência Educativa 1 JUSTIFICATIVA:

RESUMOS SIMPLES RELATOS DE EXPERIÊNCIAS RESUMOS DE PROJETOS...456

APRESENTAÇÃO DO PROJETO e-jovem

ESCOLA MUNICIPAL DE PERÍODO INTEGRAL IRMÃ MARIA TAMBOSI

ESCOLA, LEITURA E A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL- PIBID: LETRAS - PORTUGUÊS

Colégio Cenecista Dr. José Ferreira

A FIBRA VAI À ESCOLA E A ESCOLA VAI À FIBRA: Uma experiência em nível de extensão para estabelecer relações entre ensino e pesquisa

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Missão. Objetivo Geral

MEU MUNDO INTEGRADO: ELABORAÇÃO DE VÍDEO EDUCATIVO SOBRE O PERCURSO DO LÁPIS

PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

CENÁRIOS DA PAISAGEM URBANA TRANSFORMAÇÕES DA PAISAGEM DA CIDADE DE SÃO PAULO

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES NA CIDADE DE GOIÂNIA

PRÓ-MATATEMÁTICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

GUIA DE IMPLEMENTAÇÃO DO CURRICULO ANO 2 - APROFUNDAMENTO

Paula Almozara «Paisagem-ficção»

POLO ARTE NA ESCOLA: FORMAÇÃO CONTINUADA DE ENSINO DA ARTE PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE BANANEIRAS/PB

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - INSTITUTO DE ARTES ESCOLA DE ARTES VISUAIS DO PARQUE LAGE

A PESQUISA NO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS: RELAÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA DOCENTE DE ENSINO

Outubro/2014. Período. 1 a 31 de outubro de 2014

ABORDAGENS MULTIDISCIPLINARES NAS TRILHAS INTERPRETATIVAS COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II: VISITAS GUIADAS AO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA QUIMICA AMBIENTAL NO CURSINHO PRÉ-UNIVERSITÁRIO DO LITORAL NORTE: UMA AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO DOS ALUNOS

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

Produção de um documentário amador por turmas de ensino médio e EJA, (ensino de jovens e adultos) com o uso do Windows Movie Maker

CINEMA NOSSO. Ação educacional pela democratização e convergência do audiovisual

Estudos da Natureza na Educação Infantil

História e ensino da tabela periódica através de jogo educativo

ANAIS DA 66ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC - RIO BRANCO, AC - JULHO/2014

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA PROGRAMA SÍNTESE: NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA

ARTEBR EXPOSIÇÃO DE FERNANDO VILELA CIDADES GRÁFICAS

MATRIZES CURRICULARES MUNICIPAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA - MATEMÁTICA: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA EM MOGI DAS CRUZES

FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NO ENSINO SUPERIOR

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA LEITURA NA PONTA DA LÍNGUA E ESCRITA NA PONTA DO LÁPIS

A ABORDAGEM DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHO NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA. Palavras-chave: Ensino de química; histórias em quadrinhos; livro didático.

Fórum 2013 Ensino Básico de Química. 11 de dezembro de 2013

Projeto de Redesenho Curricular

SERVIÇO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Secretaria de Estado da Educação Superintendência Regional de Ensino de Carangola Diretoria Educacional

PNBE Programa Nacional Biblioteca da Escola: análise descritiva e crítica de uma política de formação de leitores

TÍTULO: ALUNOS DE MEDICINA CAPACITAM AGENTES COMUNITÁRIOS NO OBAS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

PROJETO ARARIBÁ. Um projeto que trabalha a compreensão leitora, apresenta uma organização clara dos conteúdos e um programa de atividades específico.

P R O J E T O : A R T E N A E S C O L A M Ú S I C A NA E S C O L A

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO RADIAL DE SÃO PAULO SÍNTESE DO PROJETO PEDAGÓGICO DE CURSO 1

O olho que pensa, a mão que faz, o corpo que inventa

Currículo Referência em Artes Visuais Ensino Médio

FÍSICA E FOTOGRAFIA: DESVENDANDO A FOTOGRAFIA ANALÓGICA E DIGITAL.

Conhecendo o Método C3

Colégio Pedro II Departamento de Filosofia Programas Curriculares Ano Letivo: 2010 (Ensino Médio Regular, Ensino Médio Integrado, PROEJA)

Aula-passeio: como fomentar o trabalho docente em Artes Visuais

CONSELHO DE CLASSE DICIONÁRIO

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE OUTUBRO DE 2012 EREM JOAQUIM NABUCO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Universidade São Marcos Pedagogia Comunicação, Educação e Novas Tecnologias RELEITURA DE OBRAS. Jane Ap. Fiorenzano RGM:

ARTES DA INFÂNCIA 1/5 CABEÇAS

Animação, infantil, escovação, cuidados, dentes, respeito.

Portfólio fotográfico com o tema Unicamp Caroline Maria Manabe Universidade Estadual de Campinas Instituto de Artes

Projeto Quem sou eu? Tema: Identidade e Autonomia Público alvo: Educação Infantil Disciplina: Natureza e Sociedade Duração: Seis semanas

Questão 1 / Tarefa 1. Questão 1 / Tarefa 2. Questão 1 / Tarefa 3. Questão

Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto. Comunicação no Agro. Setembro, 2011

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado

RELATO DE EXPERIÊNCIA: PROJETO DE EXTENSÃO PRÁTICA DE ENSINO E FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

TRIANGULAÇÃO DE IMAGENS

Composição dos PCN 1ª a 4ª

Experiencia aprobada especialmente por el Comité de Selección de OMEP para su publicación electrónica:

A FIGURA HUMANA NA ARTE DOS ÍNDIOS KARAJÁ

CONSTRUINDO TRIÂNGULOS: UMA ABORDAGEM ENFATIZANDO A CONDIÇÃO DE EXISTÊNCIA E CLASSIFICAÇÕES

APRENDENDO A CONVERTER VÍDEOS

Projeto - A afrodescendência brasileira: desmistificando a história

PROGRAMA ESCOLA DA INTELIGÊNCIA - Grupo III ao 5º Ano

XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015

PROJETO MEIO AMBIENTE NA SALA DE AULA

PROJETO MEIO AMBIENTE NA SALA DE AULA

Educação Patrimonial Centro de Memória

(61)

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

Questionário a ser Respondido Pelos Estudantes em EaD.

MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA EDITORA MODERNA

Uma análise sobre a produção de conteúdo e a interatividade na TV digital interativa

OBJETIVO Reestruturação de dois laboratórios interdisciplinares de formação de educadores

Duração: Aproximadamente um mês. O tempo é flexível diante do perfil de cada turma.

Promover o cartaz como uma das mais importantes formas de comunicação e expressão.

HISTÓRIAS EM REDE. Programa de valorização da relação do indivíduo com a empresa, sua identidade, seus vínculos e o sentimento de pertencimento.

PLURALIDADE CULTURAL E INCLUSÃO NA ESCOLA Uma pesquisa no IFC - Camboriú

Prefeitura Municipal de Santos ESTÂNCIA BALNEÁRIA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO PEDAGÓGICO

Um espaço colaborativo de formação continuada de professores de Matemática: Reflexões acerca de atividades com o GeoGebra

Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Sociais

AS CONTRIBUIÇÕES DO CENTRO DE APOIO POPULAR ESTUDANTIL DO TOCANTINS PARA A SOCIEDADE PORTUENSE

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO. Secretaria de Educação Especial/ MEC

Coordenadoras: Enalva de Santana Santos e Márcia Soares Ramos Alves

AS REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES SOBRE A DOCENCIA COMO PROFISSÃO: UMA QUESTÃO A SE PENSAR NOS PROJETOS FORMATIVOS.

Transcrição:

E no futuro, existirão primaveras? Talvez, se com Arte ampliarmos o olhar sobre a natureza Márcia Maria de Sousa A solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e depende da relação que se estabelece entre sociedade/natureza, tanto na dimensão coletiva quanto na individual. [...] É fundamental, na sua abordagem, considerar os aspectos físicos e biológicos e, principalmente, os modos de interação do ser humano com a natureza, por meio de suas relações sociais, do trabalho, da ciência, da arte e da tecnologia. (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS - Temas Transversais, 1998, p. 169). Meio Ambiente e Sustentabilidade foi o tema do Fórum Sócio Cultural 1 do INEI-COC (Instituto de Educação Integral - Colégio Osvaldo Cruz) de Uberlândia em agosto 2007. Ainda recém chegada à escola e buscando atender a solicitação da Coordenação Pedagógica da mesma para que a área de Artes integrasse efetivamente a programação do evento, convidei a Coordenadora Geral do Pólo UFU da Rede Arte na Escola 2 para ministrar um vídeo-debate no qual foram apresentados e discutidos partes dos DVDs Araquém Alcântara 3 e a natureza e Siron Franco 4 : natureza e cultura. Durante o vídeo-debate, uma questão enfatizada pela ministrante, e que chamou minha atenção, foi exatamente a singularidade do olhar e da conseqüente poética de cada um desses artistas ao tratarem das questões ambientais, fosse para contemplar a natureza em sua magnitude, como faz Araquém Alcântara em suas fotografias, ou para 1 O Fórum Sócio-Cultural é um evento anual que faz parte das atividades curriculares do INEI-COC Uberlândia desde 2006. Tem como objetivo discutir um tema atual do ponto de vista de várias áreas do conhecimento e conta com a participação de palestrantes convidados. 2 Por ser um centro de referência local dos professores de Artes em termos de materiais didáticos e no desenvolvimento ações educativas em Artes, o Pólo UFU da Rede Arte na Escola foi convidado a participar do Fórum expondo dois documentários de artistas brasileiros que constam de seu acervo. 3 Araquém Alcântara (Florianópolis SC 1951) é fotógrafo, jornalista e professor. Seu trabalho em fotografia tem um cunho documental e ambientalista, É autor de 17 livros de fotografia, sendo a maioria sobre os ecossistemas nacionais. Além das atividades fotográficas, atua como professor em worshops em vários Estados do Brasil. Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index 4 Siron Franco (Goiás Velho GO 1947) é pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte. Sua obra caracteriza-se pela crítica que desfere sobre a realidade social do país. Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.

denunciar e criticar as ações devastadoras do homem, como alerta Siron Franco em suas pinturas e instalações. A partir do Fórum, foi realizado com os alunos do 1º ano do Ensino Médio um percurso educativo em artes visuais que teve como intuito orientá-los para participar de uma Mostra de Fotografias que aconteceria no final do ano letivo. A Mostra de Fotografias foi a forma encontrada pela Coordenação do Fórum de valorizar a participação dos alunos no evento, ampliar as discussões empreendidas durante o Fórum e avaliar a repercussão e extensão das visões apresentadas pelos palestrantes no conhecimento construído pelos alunos sobre as questões relacionadas a Meio Ambiente e Sustentabilidade. As fotografias seriam realizadas pelos alunos como um trabalho complementar ao qual seria conferido uma nota mínima a todos os participantes e uma nota adicional de até dois pontos aos três melhores trabalhos de cada sala. As fotografias seriam avaliadas por uma comissão julgadora composta por professores de Geografia, Física e Literatura da escola e convidados externos: fotógrafos profissionais, professores de Artes e artistas plásticos da cidade. Dessa forma, desenvolvi com os alunos, durante os meses de agosto, setembro e outubro, um percurso educativo em artes visuais para orientá-los na obtenção de fotografias compatíveis com as idéias e percepções sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade que os impactaram e que gostariam de apresentar. Nesse processo os alunos tiveram aulas sobre princípios técnicos, plásticovisuais e culturais da fotografia, informações sobre a história da fotografia e leitura de imagens fotográficas contemporâneas que discutem e abordam a temática ambiental, além de visitas a duas exposições sobre fotografia em museus da cidade. Esse percurso contemplou informações e imagens sobre Meio Ambiente de fontes diversas como revistas, internet, catálogos de exposições, livros e vídeos, como forma de articular o tema a conteúdos específicos da área de artes visuais. Princípios técnicos, plástico-visuais e culturais da fotografia Numa etapa inicial discuti com os alunos a definição de fotografia como processo de gravar imagens por meio da luz, cujo desenvolvimento envolve conhecimentos e recursos técnicos, plástico-visuais e sócio-histórico-culturais. Esclareci que os conhecimentos e recursos técnicos referiam-se aos equipamentos e materiais

utilizados na gravação e reprodução das imagens, que por sua vez envolvem conhecimentos e princípios da Física sobre luz (radiação, intensidade, refração) e sobre lentes (côncavo-convexo); e da Química sobre propriedades de alguns elementos e reações químicas (sais de prata, albumina e outros elementos fixadores). Para explicar as possibilidades de utilização de conceitos e princípios da linguagem visual (Composição, Luz e Sombra, intensidade e contraste das Cores, Perspectiva, Planos, Representação e Abstração) na fotografia, utilizei como exemplo imagens de fotógrafos brasileiros de diferentes épocas cujas visualidades remetiam a questões ambientais, entre eles Manuel da Costa (fotografias da Série Plano Branco de 1996), Sebastião Salgado (obra México de 1980), Paulo Jares (obra Natureza Pollock de 2000) e Marcos Santilli (fotografia do Projeto Nharamaã, anos 70) 5. Quanto aos princípios sócio-histórico-culturais, discuti o fato da fotografia ser uma linguagem que remete diretamente à realidade visual, e que por isso serve como registro e documentação de fatos, memórias e costumes. Expliquei também sobre a relação, aparentemente contraditória, entre a ética e a estética, esclarecendo que o olhar do fotógrafo, por vezes, ao enfatizar um determinado aspecto sobre o tema poderia apresentar uma imagem desagradável do ponto de vista ético, mas visualmente bela pelo modo como tirou partido dos recursos plástico-visuais. Essa primeira etapa foi considerada de extrema importância para atentar o olhar dos alunos a buscar uma autonomia expressiva e não apenas captar imagens relacionadas ao tema, porém sem sentido para eles. História da fotografia Para melhor fundamentar os trabalhos em fotografia, os alunos tiveram algumas aulas sobre a história da fotografia nas quais puderam observar o impacto da fotografia nos modos tradicionais de arte, quando da sua difusão como meio inovador de captar cenas e fatos reais em meados de 1826, e consequentemente, nas formas de olhar e representar a realidade. Além de observarem a influência recíproca entre a fotografia e as outras linguagens plásticas, os alunos conheceram a importância dos avanços tecnológicos no 5 Essas imagens foram selecionadas do livro Visões e Alumbramentos (ver referências bibliográficas).

desenvolvimento de câmeras e equipamentos fotográficos ao longo dos séculos XIX e XX e a distinção entre os processos da fotografia analógica e da fotografia digital. Esses conhecimentos foram importantes para que os alunos compreendessem a fotografia como uma linguagem que prescinde de um meio técnico e cujas especificidades implicam na interação entre homem-máquina-objeto. Visitas a exposições de fotografias em museus da cidade No mês de setembro, em horário extra-turno, portanto com a presença de aproximadamente um quarto dos alunos, visitamos duas exposições que abordavam tanto a fotografia como a questão ambiental: a exposição Cidade Invadida no MUnA - Museu Universitário de Arte da Universidade Federal de Uberlândia, que tratava da relação homem-cidade e a Exposição de Câmeras Fotográficas do acervo do Museu Municipal de Uberlândia. As visitas a esses espaços culturais tiveram como conseqüência mostrar aos alunos que a fotografia, além do valor histórico, conferido por seu caráter de registro e documento, é uma forma de arte amplamente utilizada na contemporaneidade e que permite expor as relações do homem com os espaços urbanos, repercutindo um dos motes de discussão das questões ambientais tratadas no Fórum. Leitura de imagens fotográficas contemporâneas que discutem a abordam a temática ambiental. Como forma de propiciar aos alunos uma visão mais próxima do processo de seleção e registro de imagens sobre o tema proposto, apresentei um ensaio fotográfico (seqüência de oito fotos sobre o tema árvore florida ) realizado por mim com uma câmera digital em uma praça da cidade. Tal ensaio serviu como uma referência visual para discutirmos as etapas envolvidas no processo de criação das fotografias: a procura e seleção do lugar ou objeto a ser fotografado, a definição do olhar do fotógrafo (se contemplativo, denunciativo, crítico, criativo, tradicional ou inusitado), a pesquisa das condições de luminosidade e melhor ângulo de captação das imagens e a experimentação das potencialidades do equipamento disponível.

Finalizando essa etapa de fundamentação e preparação, apresentei algumas imagens de Araquém Alcântara, Franz Krajcberg 6, Sebastião Salgado 7 e Vik Muniz 8 enfatizando como os diferentes olhares desses artistas e fotógrafos configuravam imagens que, apesar de distintas, remetiam ao mesmo tema: a relação do homem com o Meio Ambiente. Ao final do percurso, cada aluno entregou à Coordenação da Mostra duas imagens, perfazendo um total de 218 fotografias que após serem avaliadas e discutidas pela comissão avaliadora quanto à utilização dos conhecimentos e recursos da linguagem visual e à criatividade e criticidade na abordagem do tema, foram expostas na escola juntamente com trechos das avaliações escritas pelos alunos ao final do processo. FIGURA 1 [...]não há nada igual quando você sente o perfume de uma flor, quando você vê ela se desabrochar, quando você cuida para que a planta não morra e possa dar mais flores no ano seguinte; não há nada igual à espera da outra primavera... Foi então que eu me perguntei: E no futuro, existirão próximas primaveras? Ainda existirão flores para se abrirem? Fiquei desejando que sim para que outras pessoas possam sentir o prazer de cuidar de uma flor e serem recompensadas com um dos melhores perfumes que existe! (Fotografia entitulada Outubro e trecho da avaliação da aluna Amanda Alves Bacarim). Analisando as imagens e textos produzidos quanto à utilização dos conhecimentos e recursos da linguagem visual, percebemos a utilização deliberada dos conteúdos específicos da linguagem visual que foram trabalhados durante as aulas, assim como a criatividade e a criticidade presentes nas diferentes formas de abordagem do tema e que em alguns casos, remetem aos recursos visuais e técnicos utilizados pelos fotógrafos e artistas estudados. 6 Frans Krajcberg (Kozienice Polônia 1921). Escultor, pintor, gravador, fotógrafo naturalizado brasileiro. Sua obra é marcada pela pesquisa e utilização de elementos da natureza, em especial da floresta amazônica, e a defesa do meio ambiente. Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index. 7 Sebastião Salgado (Aimorés MG 1944) é fotógrafo cuja produção tem como característica registrar as condições da vida humana em várias regiões do mundo como uma forma de denunciar a miséria e os problemas sociais no mundo. Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index 8 Vik Muniz (São Paulo SP 1961) é fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Desde 1988 realiza séries de trabalhos nas quais investiga temas relativos à memória, à percepção e à representação de imagens do mundo das artes e dos meios de comunicação, abordando questões relacionadas à circulação e retenção de imagens. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Fonte: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index

FIGURA 2 FIGURA 3 Guilherme Henrique Azevedo Santos Gabriela Vieira Azevedo O resultado desse processo revela a diversidade de olhares e percepções com os quais os alunos foram capazes de expressar visual e verbalmente os aprendizados sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade seja do ponto de vista crítico, ao denunciar a degradação causada pela ação humana, ao propor soluções e outras possibilidades de tratar o espaço urbano, ou do ponto de vista contemplativo, ao apresentar a beleza e a diversidade de formas e cores da natureza em sua plenitude. Dessa forma, concluo que este percurso educativo foi de extrema importância no sentido de proporcionar a esses jovens experiências nas quais puderam desenvolver sua consciência ambiental e sua consciência estética, entrelaçando visualidades e informações na construção de conhecimentos efetivos e significativos para suas vidas. Referências Bibliográficas BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, 436p. PAIVA, Joaquim (org.). Visões e Alumbramentos: fotografia contemporânea Brasileira na Coleção Joaquim Paiva. São Paulo: BrasilConnects, 2002. Fontes Videográficas Todo o passado dentro do presente. São Paulo: Quark/ TV Cultura/Instituto Arte na Escola, s/d. Siron Franco: natureza e cultura. São Paulo: Rede SescSenac de Televisão, 2001, 23 Série O Mundo da Arte. Direção Sarah Yakhni. Araquém Alcântara e a natureza. São Paulo: Rede SescSenac de Televisão, 2001, 23 Série O Mundo da Fotografia. Direção Mariana Cronenberger. Fontes Eletrônicas http://www.tharrell.prof.ufu.br/fotografia-setechaves.htm http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia http://www.sergiosakall.com.br/montagem/fotografia-brasil1.htm

http://masters-of-photography.com/mopcd.html http://www.fotoserumos.com/histfoto.htm http://www.eportateis.com.br/tacio/fotografia/tecnicas/index.html http://photos.uol.com.br/materia.asp?id_materia=1835 http://www.cotianet.com.br/photo/