Venda de voos pelas agências portuguesas acaba 2010 a cair, mas ainda fica acima de 2009 A venda de voos regulares pelas agências de viagens IATA portuguesas, um mercado que em 2008 ultrapassou os 900 milhões de euros, acabou 2010 com três meses consecutivos de queda, mas ainda assim, no conjunto do ano, recuperou 27,1% da quebra de 131,56 milhões de euros que sofrera pela recessão de 2009. Em 2010 as agências de viagens IATA portuguesas tiveram um volume de negócios de 822,699 milhões de euros com a venda de voos regulares através dos GDS (sistemas de reservas globais), ficando assim 4,5% ou 35,6 milhões de euros acima de 2009. Esta evolução em 2010 não só não deu para recuperar a totalidade da queda que tinha ocorrido em 2009, como o último trimestre, marcado pelo debate político sobre as medidas de austeridade para este ano, deixa sinais Venda de voos internacionais atinge em 2010 87,4% de todas as vendas BSP Praticamente nove em cada dez euros que as agências de viagens IATA portuguesas realizaram em 2010 com as reservas de bilhetes de avião nos GDS foram em voos internacionais, que não estando isentos do efeito queda continuada da tarifa média, designadamente nas ligações intra-europeias, foram os responsáveis únicos da recuperação do mercado no ano transacto. As vendas líquidas (antes de taxas e sobretaxas) BSP situaram-se no ano passado em 624,28 milhões de euros, mais 2,8% ou mais 16,97 milhões que em 2009. O montante das vendas líquidas BSP em 2010 é o mais baixo desde pelo menos 2004, mas como a própria evolução das vendas o demonstra, o que essa evolução evidencia é a continuada queda da tarifa média e não necessariamente um decréscimo do número de viagens vendidas. Esta evolução reflecte a queda da tarifa média, bem como a forma como as companhia aéreas "compõem" os preços finais dos voos, com taxas e sobretaxas, que no ano passado atingiram os 198,4 milhões de euros, mais 10,4% ou mais 18,6 Mercado dos voos domésticos "encolhe" 32,5% desde o ano de 2007 O balanço das vendas BSP em 2010 mostra as vendas líquidas (antes de taxas e sobretaxas) de voos domésticos a prosseguirem numa tendência de queda continuada, que coloca este segmento em menos de 13% do mercado e num montante 32,5% inferior ao que era em 2007. No ano passado, as agências de viagens IATA portugueses realizaram 78,59 milhões de euros de vendas líquidas de voos domésticos, menos 13,8% ou menos 12,5 milhões que em 2009, ano em que já tinham caído 14,9% ou 16 milhões face a 2008. Neste segmento, porém, dizem as fontes contactadas pelo PressTUR, além da conjuntura económica negativa, o que mais penaliza as vendas é uma mudança estrutural, decorrente da liberalização das ligações com a Madeira, que é a rota doméstica com mais peso. A liberalização, dizem, acarretou desde logo uma descida substancial dos preços a que acresce uma tendência crescente dos clientes para reservarem online nos sites das companhias aéreas, que são vendas não contabilizadas em BSP, por se tratarem de vendas directas. Esta tendência, segundo as mesmas fontes, foi impulsionada pela entrada preocupantes. As primeiras indicações de Janeiro apontam para que essa tendência de queda não só prossiga como se agrave, o que dificilmente constitui surpresa, tendo em conta a conjuntura económica que o País atravessa e que algumas medidas de austeridade só começaram a fazer-se sentir este ano (aumento de impostos e corte de salários, por exemplo). milhões que em 2009 e só abaixo dos 216 milhões de 2008, que foi o ano em que os preços do combustível de avião atingiram os maiores valores de sempre. A recuperação verificada em 2010 foi por inteiro da responsabilidade do segmento de voos internacionais, que no ano passado totalizaram 545,69 milhões de euros, ou seja, 87,4% das vendas líquidas totais, quando em 2009 tinham representado 85% e em 2005 estavam em 84,3%. da easyjet na linha da Madeira. A low cost, dizem, impulsionou a tendência para os clientes compararem e reservarem online, tanto na low cost como nas outras companhias, designadamente na TAP e na SATA. 6 REVISTA APAVT JANEIRO/FEVEREIRO 2011
Passageiros de cruzeiros no Funchal e Lisboa aumentam 23% em Janeiro Os portos do Funchal e de Lisboa, que são os dois maiores portos de cruzeiros portugueses, tiveram em Janeiro um aumento médio do número de passageiros em 23,1%, para 67.296, com aumentos de 13,7%, para 53.627, na Madeira e de 82%, para 13.669, na capital, de acordo com os dados da APRAM e da APL. Em 2010, os portos do Funchal e de Lisboa atingiram recordes de passageiros de cruzeiro, respectivamente com 495.323 e com 448.497. No primeiro mês deste ano, de acordo com os dados publicados pela APRAM - Administração dos Portos da Madeira, o aumento em 6.456 passageiros no Porto do Funchal, face a Janeiro de 2010, deuse com aumentos de 11% ou 5.043 passageiros em trânsito, que iniciam e terminam o cruzeiro noutros portos, visitando a Madeira apenas durante a escala do navio, e de 108,4% ou 1.413 nos passageiros em turnaround, que iniciam e/ou terminam os cruzeiros no Funchal. Os passageiros em trânsito foram 50.910 e os turnaround foram 2.717, com 1.449 embarques, +123,3% ou mais 800 que há um ano, e 1.268 desembarques, +93,6% ou mais 613 que em Janeiro de 2010. A informação da APRAM indica ainda que em Janeiro passado o porto do Funchal teve 27 escalas de navios de cruzeiro, mais duas que no primeiro mês de 2010. De acordo com os dados da APRAM, em Janeiro não só aumentou o número de escalas, como também o número médio de passageiros por navio que fez escala no Funchal em relação a Janeiro de 2010, tendo passado de 1.887 para 1.986 (+5,3%). Passageiros em trânsito mais que duplicam em Lisboa No porto de Lisboa, de acordo com a informação da APL - Administração do Porto de Lisboa, o aumento de 6.158 passageiros em Janeiro deu-se pelo crescimento dos passageiros em trânsito, que mais do que duplicaram, enquanto nos turnaround houve queda acentuada. O porto de Lisboa, que em Janeiro recebeu oito escalas de navios de cruzeiro, mais duas que no mês homólogo de 2010, teve 13.593 passageiros em trânsito, mais 104,1% ou mais 6.934 que há um ano. Nos turnaround, porém, houve um decréscimo de 91,1% ou 776, para 76, com quedas a três dígitos nos embarques, que baixaram 428 para 28, e nos desembarques, que baixaram de 424 para 48. Os dados da APL indicam que além de mais escalas, também houve um aumento do número médio de passageiros por navio que fez escala no porto da capital, que passou de 1.252 em Janeiro de 2010 para 1.709 em Janeiro deste ano (+36,5%). Passageiros de cruzeiros no Porto de Leixões aumentam 56% em 2010 O número de passageiros no Porto de Leixões em 2010 cresceu em 56%, para 27.500 entre trânsitos e embarques, prevendo-se que com a conclusão do novo cais de passageiros haja maiores evoluções nesta área de nogócio da infraestrutura. Em comunicado o Porto de Leixões diz que todos os recordes históricos de Leixões foram batidos em 2010, o que prova que os cruzeiros são uma área de negócio do Porto de Leixões com maior índice de crescimento. No total passaram por aquele porto que dá acesso à Invicta 27.500 passageiros dos quais 27.130 foram em trânsito, mais 65% face a 2009. Também em número de escalas o Porto de Leixões teve um aumento em 29%, para 49, das quais oito foram inaugurais. Entre os navios que se estrearam naquele porto estão o Seven Seas Voyager da Regent Seven Seas, o Empress da Pullmantur, o Thomson Dream da Thomson, o Le Boreal da Compagnie des Iles du Ponant, o Ocean Countess da Cruise & Maritime Voyages, do Spirit of Oceanus da Cruise West e do Prince Albert II da Silversea Cruises. O porto de Leixões vai ter um novo cais de cruzeiros, cuja conclusão está prevista para Março, irá permitir escalas de navios com mais de 250 metros, o que não acontece no presente. REVISTA APAVT JANEIRO/FEVEREIRO 2011 7
Portugueses nunca dormiram tanto na hotelaria mas estrangeiros atrasam recuperação A hotelaria portuguesa, embora tendo mais dormidas que em 2009, ainda ficou no ano passado 5,6% ou 2,23 milhões de pernoitas abaixo de 2007, que se mantém o ano recorde, exclusivamente pela evolução das pernoitas de estrangeiros, que subiram 2,2% ou 504,5 mil face a 2009 mas ainda ficaram 11,4% ou 3,049 milhões abaixo de 2007, de acordo com os dados do INE. A informação do Instituto, ainda com dados preliminares para o ano de 2010, mostra que a hotelaria portuguesa teve quebras das dormidas de estrangeiros em 2,1% ou 564,28 mil em 2008, que se agravaram em 2009, ano da recessão económica mundial, com a queda homóloga a atingir 11,4% ou 2,989 milhões. Nos dois anos, a quebra totaliza assim 3,554 milhões de dormidas, das quais foram "recuperadas" 504,5 mil em 2010, o que representa uma redução da perda em 14,2%. Em dormidas totais, porém, a recuperação em relação às quebras de 2008 e 2007 situa-se em 31,7%, porque desde pelo menos 2002 que o mercado dos residentes em Portugal tem atingido sucessivos recordes, tendo passado de 10,64 milhões de pernoitas nesse ano para 13,778 milhões. Entre 2007, ano recorde em dormidas totais, e 2010, as dormidas na hotelaria de residentes em Portugal aumentaram 6,25% ou 810,7 mil, o que permitiu anular parcialmente a queda dos mercados internacionais, atenuando a queda das dormidas totais para 5,6% ou 2,38 milhões. Nas dormidas de estrangeiros, só a hotelaria do Porto e Norte teve em 2010 um ano recorde, com 1,94 milhões, por um aumento em 11,7% ou 203,8 mil face a 2009 e também de 6% ou 110,47 mil em relação a 2008, que era o melhor ano. Nas restantes regiões, 2008 manteve-se o ano recorde no Centro, com 1,4 milhões de dormidas de estrangeiros, no Alentejo, com 291,5 mil, e na Madeira, com 5,44 milhões. Em Lisboa e no Algarve o melhor ano mantém-se o de 2007, respectivamente com 6,16 milhões e 11,356 milhões de dormidas de estrangeiros, enquanto nos Açores é 2006, com 665,4 mil. No Centro, a hotelaria teve em 2010 mais 5,5% ou mais 71,47 mil dormidas de estrangeiros que em 2009, mas ainda ficou 2,6% ou 36,9 mil abaixo de 2008, não tendo superado totalmente a queda de 7,7% ou 108,4 mil entre 2009 e 2008. No Alentejo, a evolução é similar, já que houve um aumento de 2,6% ou 6,8 mil dormidas em 2010 face a 2009, mas que não chega para anular a queda em 6,2% ou 18,09 mil dormidas ocorrida em 2009. Na Madeira, que tinha sofrido uma queda das dormidas de estrangeiros em 15,4% ou 838,5 mil em 2009, no ano passado, com o impacto dos temporais de há um ano, ocorreu nova queda, em 10,3% ou 474,96 mil pernoitas, pelo que em 2010, com 4,13 milhões de dormidas de estrangeiros ficou 24,1% ou 1,3 milhões abaixo de 2008. Em Lisboa, 2010 foi de recuperação das dormidas de estrangeiros, com um aumento de 9,1% ou 501,56 mil face a 2009, mas ainda sem anular a queda entre 2007 e 2009, que atingiu 10,5% ou 649,38 mil pernoitas, com quedas de 4,1% ou 254,8 mil em 2008 e de 6,7% ou 394,5 mil em 2009. Assim, apesar da recuperação, a hotelaria de Lisboa ainda ficou 2,4% ou 147,8 mil dormidas de estrangeiros abaixo do ano recorde de 2007. O Algarve, que é a região portuguesa com maior número de dormidas de estrangeiros, baixou das 11,356 milhões em 2007, para 10,728 milhões em 2008 e 9,28 milhões em 2009, o que significa que perdeu nesses dois anos 18,3% ou 2,075 milhões. No ano passado, embora ficando 2% ou 184,6 mil dormidas acima de 2009, ainda ficou 16,7% ou 1,89 milhões abaixo de 2007. Na hotelaria dos Açores, o melhor ano em dormidas de estrangeiros foi 2006, com 665,4 mil, tendo baixado para 646,66 mil em 2007, 597,59 mil em 2008 e 515,17 mil em 2009, pelo que nesses três anos teve uma queda de 22,6% ou 150,2 mil pernoitas dos mercados internacionais. No ano passado, teve um aumento face a 2009 em 2,2% ou 11,19 mil, mas ficou 20,9% ou 139 mil pernoitas abaixo de 2006. 8 REVISTA APAVT JANEIRO/FEVEREIRO 2011
Proveitos e preços mostram "outra história" Receitas só recuperam 28,4% da queda de 2009 A hotelaria portuguesa, embora tendo um número recorde de clientes em 2010, em receitas ainda ficou 7,3% ou 143,7 milhões de euros abaixo de 2008, que é o melhor ano de sempre em proveitos totais, porque ganhou menos 8,2% por hóspede, com a facturação por dormida a baixar 2,5%, segundo os dados publicados hoje pelo INE. A facturação da hotelaria portuguesa em 2010 foi de 1,82 mil milhões de euros, segundo os valores preliminares do Instituto, em alta 3,2% ou 56,9 milhões em relação a 2009, mas ainda aquém de 2008 em 7,3% ou 143,7 milhões de euros e também abaixo de 2007 em 6,3% ou 122,7 milhões de euros. O que esta evolução reflecte é que o crescimento em número de clientes para o recorde de 2010 foi pelo menos parcialmente anulado pelo decréscimo da facturação por cliente, o que também decorre da queda da estada média. A hotelaria portuguesa facturou em média 134,08 euros por cliente em 2010, inclusivamente menos 1,7% ou menos 2,36 euros que em 2009 e, depois da queda em 6,5% ou 9,56 euros em 2009, ficou 8,2% ou 11,92 euros abaixo de 2008, ano em que facturou em média por hóspede foi de 146 euros. Esta tendência é reflexo, sobretudo, da queda continuada da estada média, que baixou 5,3% entre 008 e 2010. No entanto, os dados do INE mostram que também há o efeito do que a hotelaria portuguesa facturou por dormida, que no ano passado ficou em 32,90 euros, mais 0,8% ou mais 0,26 euros que em 2009, mas -2,5% ou menos 0,85 euros que em 2008, quando tinha em média 33,75 euros de proveitos de aposento por dormida. Os dados do INE mostram que, no entanto, a recuperação foi melhor nos proveitos de aposento que nos proveitos totais. Em 2010, a hotelaria portuguesa teve 1,233 mil milhões de euros de proveitos de aposento, que é o indicador que o INE utiliza para o cálculo da RevPAR, mais 3,7% ou mais 43,66 milhões de euros que em 2009, o que significa que neste caso recuperou 32,6% da queda que tinha no final de 2009, em 10,1% ou 133,9 milhões em relação a 2008. Os outros proveitos, que estão associados a consumos realizados pelos hóspedes durante a permanência nas unidades hoteleiras, designadamente em alimentação e bebidas (F&B), comunicações, lavandaria, entre outros, e que, portanto, são mais influenciados pela estada média, foram a componente da facturação da hotelaria que menos recuperou em Portugal em 2010. REVISTA APAVT JANEIRO/FEVEREIRO 2011 9
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