LISTA 6B GABARITO ANOTAÇÕES. Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 1. Conceitos importantes:



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LISTA 6B GABARITO Conceitos importantes: Relação entre Investimento Externo Líquido, Teoria da Paridade do Poder de Compra. Exportações Líquidas e Poupança Externa. Teoria Macroeconômica da Economia Aberta ANOTAÇÕES Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 1

FIXAÇÃO CONCEITUAL 1. "Contabilmente, o investimento líquido proveniente do exterior será sempre igual às importações líquidas". Diga se concorda com a afirmativa, justificando. A expressão Investimento Externo Líquido se refere à aquisição de ativos estrangeiros por residentes internos menos a aquisição de ativos internos por residentes no estrangeiro. Deve-se lembrar, ademais, que tais investimentos podem assumir a forma de investimentos externos diretos ou de portfolio (de carteira). Exportações Líquidas, por outro lado, representam as despesas de estrangeiros em bens produzidos internamente (exportações) menos despesas dos residentes internos em bens produzidos no exterior (importações). Dessa forma, as exportações líquidas (EL) e os investimentos externos líquidos (IEL) medem, cada um, um tipo de desequilíbrio entre as exportações e importações de um país. Um fato importante da contabilidade explica que esses dois desequilíbrios devem se compensar, isto é, EL=IEL. Essa igualdade se mantém porque cada transação que afeta um de seus lados deve afetar o outro lado em mesmo montante. (...) Isso decorre do fato de que toda transação internacional é uma troca. Quando um vendedor de um país transfere um bem ou serviço a um comprador de outro país, este comprador lhe entrega algum ativo para pagar pelo bem ou serviço. O valor deste ativo iguala o valor do bem ou serviço vendido (Mankiw, cap. 29). Ao contabilizar tudo, o valor líquido dos bens e serviços vendidos por um país (EL) deve ser igual ao valor líquido dos ativos adquiridos (IEL). O fluxo internacional de bens e serviços e o fluxo internacional de capitais são, assim, dois lados de uma mesma moeda. Uma importante aplicação se faz presente: quando as importações superam as exportações, ou seja, quando M>X, incorre-se em um déficit comercial; este, por outro lado, nem sempre é mal para um país. O déficit é uma medida do IEL, pois representa, de certa forma, um investimento do exterior no país. Ao contrário, um superávit representaria um investimento nacional no exterior. Assim, os Investimentos Líquidos do Exterior no país () seriam o oposto do IEL e, por conseguinte, das EL. = IEL = EL Além disso, partindo da identidade do produto, é possível obter outra aplicação: Y = C + G + I + ( X M ) Y C G X + M = I Levando em consideração os tributos, mas sem alterar a identidade, teremos: ( Y C T ) + ( T G ) + ( M X ) = I Poupança Privada + Poupança Pública + Poupança Externa = Investimento Vendo que a poupança externa, definida pela diferença entre importações e exportações, só é positiva se houver déficit comercial ( como prova = EL ), pode-se concluir que ela pode contribuir para elevar o nível geral de investimentos. 2. Explique a teoria da paridade do poder de compra, mencionando: (a) a lei do preço único e o processo de arbitragem; (b) as implicações da teoria quanto à fixação da taxa de câmbio nominal. a) As taxas de câmbio variam consideravelmente ao longo do tempo. A teoria mais simples para explicar essas variações nas taxas de câmbio é a Teoria da Paridade de Poder de Compra. Tal teoria afirma que uma unidade de qualquer moeda dada tem que poder comprar a mesma quantidade de bens em todos os países. É neste ponto que esta teoria se assenta num princípio chamado de lei do preço único: um bem deve ser vendido pelo mesmo preço em todas as localidades. Caso isso não ocorresse, haveria oportunidades de lucro não exploradas. O processo de tirar vantagem das diferenças de preço em diferentes mercados é chamado arbitragem. Suponha, por exemplo, se um dólar puder comprar mais café no Brasil do que nos EUA, os vendedores Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 2

internacionais poderiam lucrar comprando café no Brasil e vendendo-os nos EUA. Esta exportação de café do Brasil para os EUA elevaria os preços do produto no Brasil e os reduziria nos EUA. Esta lógica nos leva à teoria da paridade de poder de compra, segundo a qual uma moeda tem que ter o mesmo poder aquisitivo em todos os países. b) Como implicações, temos que a taxa de câmbio nominal entre as moedas de dois países deve refletir os níveis de preços destes dois países. Consequentemente, os países com taxa de inflação relativamente elevada verão sua moeda se depreciar e os países com taxa de inflação relativamente reduzida deverão ver sua moeda se apreciar. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 1: 1. CESPE Instituto Rio Branco (2012) Políticas fiscais expansionistas contribuem para a depreciação da moeda e para o aumento do investimento e das exportações líquidas. F uma política fiscal expansionista, ou um déficit fiscal, se financiado pela emissão de títulos públicos, diminui a poupança do governo, aumentando a taxa de juros. Com isso, atrai capitais externos, aumentando o. Dessa forma, a oferta de dólares da economia aumenta, valorizando a moeda nacional e diminuindo as exportações líquidas, provocando a situação conhecida como déficits gêmeos. 2. CESPE Instituto Rio Branco (2010) Consoante a teoria da paridade do poder de compra, país cuja taxa de inflação é mais elevada que a que prevalece nas demais nações enfrenta pressões para apreciar a moeda nacional. F Dado que a inflação é mais elevada, as pressões serão para depreciar a moeda nacional. Para ver isso, é só olhar para equação que relaciona a taxa de câmbio nominal com a real e lembrar que o objetivo da PPC é manter a taxa de câmbio real constante: Supondo a inflação internacional constante, caso haja inflação doméstica, para manter a taxa de câmbio real constante, é preciso aumentar o preço do dólar ou seja, desvalorizar a moeda nacional. 3. Anpec 1993 (adaptada): Se numa economia o investimento é superior à poupança doméstica, o saldo total do balanço de pagamentos é necessariamente negativo. F - Se o Investimento é superior a poupança doméstica é porque o país necessita de poupança externa. Lembre-se que a poupança externa coincide com déficit de transações correntes, ou seja, o saldo de transações correntes com o sinal trocado. Dessa forma, tudo que se pode dizer é que a poupança externa é positiva e que por isso o saldo de transações correntes é negativo, sem poder afirmar nada sobre o saldo do balanço de pagamentos. 4. CESPE ANP (2009) De acordo com o princípio da teoria da paridade do poder de compra, a taxa de câmbio entre duas moedas deve depender dos níveis de preços nos dois países. V - Pela PPC, tem-se que 5. INSTITUTO RIO BRANCO (2003 - adaptada) Se o investimento doméstico excede a poupança doméstica, Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 3

então, o investimento líquido [do exterior no país] é positivo e a economia apresenta um excedente na balança comercial. Errado. A primeira parte da assertiva está certa. O erro reside na segunda conclusão. Apesar de o investimento líquido do exterior no país ser realmente positivo, isso significa que o saldo da balança comercial é negativo pois, conforme visto na questão 13, essa entrada de capitais () terá um montante igual ao valor dos gastos das importações líquidas (- EL). 6. 7. INSTITUTO RIO BRANCO (2003 - adaptada) De acordo com a hipótese da paridade do poder de compra, a longo prazo, a taxa de câmbio [nominal] entre duas moedas nacionais quaisquer deve refletir o diferencial de inflação existente entre essas duas economias. Certo. A hipótese da Teoria da Paridade do Poder de Compra é que a taxa de câmbio real seja constante, sendo a taxa de câmbio real igual a Taxa Nominal x (Preços Externos / Preços Internos ). Segue-se que, para manter fixa a taxa real, a taxa nominal deverá refletir o diferencial de preços entre os dois países. 8. INSTITUTO RIO BRANCO (2003 - adaptada) Em uma economia globalizada, taxas de juros elevadas em um país, ceteris paribus, atrairão mais capital estrangeiro, provocando a apreciação da moeda nacional e a expansão das exportações e do PIB. Errado. A atração de capital estrangeiro aumenta a oferta de dólares, o que realmente provoca a apreciação da moeda nacional. Entretanto, tal apreciação leva a uma contração, e não expansão, das exportações e do PIB. 9. INSTITUTO RIO BRANCO (2003 - adaptada) Em um regime de taxas de câmbio flexíveis, a imposição de restrições ao comércio internacional, tais como quotas às importações ou tarifas, não afeta a balança comercial, a longo prazo, porque a apreciação da moeda nacional aumenta as importações, compensando o aumento inicial das exportações líquidas. Certo. Com as restrições ao comércio as importações, inicialmente, sofrerão uma queda; por conseguinte, e devido ao menor envio de moeda estrangeira para o exterior, a moeda se aprecia e eleva a competitividade dos bens e serviços importados no mercado nacional, compensando o aumento inicial das exportações líquidas. 10. Caso a inflação doméstica seja superior à desvalorização nominal da moeda nacional (sob regime de câmbio fixo) e a inflação externa é constante, uma desvalorização real deve ocorrer. F Como a taxa de câmbio nominal não poderá se desvalorizar mais (já que o câmbio é fixo), haverá uma variação na taxa de câmbio real, uma valorização real dos bens nacionais, que passam a valer mais em moeda estrangeira, perdendo competitividade já que a desvalorização não ocorreu de maneira completa. 11. O regime de câmbio flexível apresenta tendência a saldos nulos no balanço de pagamentos. Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 4

V pois no regime de câmbio flexível o câmbio funciona como mecanismo corretor de desequilíbrios no caso de um déficit, a consequência é uma desvalorização que corrige esse déficit. Já se o problema for um superávit, tem-se uma valorização que corrige o superávit. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 2: 1. PROVÃO [1999 nº28] O valor da poupança externa é dado pelo: A) valor dos investimentos estrangeiros diretos. B) valor dos empréstimos obtidos no exterior. C) valor das entradas de recursos de instituições multilaterais. D) déficit de transações correntes. E) saldo do Balanço de Pagamentos acima da linha. Veja a resposta às pergunta anteriores. Notar que esta é uma questão que, geralmente, causa confusão, em função da definição macroeconômica de poupança externa. A rigor, o déficit em conta corrente de um país é equivalente macroeconomicamente à sua poupança externa, isto é, se um país tem saldo negativo entre suas exportações e importações de bens e serviços, isto significa que ele está absorvendo poupança externa para financiar este déficit. 2. (Instituto Rio Branco, 2010, adaptada) A globalização do espaço econômico torna o estudo da economia internacional cada vez mais relevante para o entendimento das relações de comércio entre as nações. A esse respeito, assinale a opção correta. (A) No longo prazo, a adoção de barreiras comerciais, como, por exemplo, tarifas e quotas à importação, conduz ao aumento da taxa de câmbio real, o que favorece o aumento das exportações líquidas da economia e a redução do déficit de conta-corrente na economia. (B) De acordo com o princípio das vantagens comparativas, a produção mundial total será maximizada se cada bem for produzido pelo país capaz de fazê-lo com os menores custos. (C) Consoante a teoria da paridade do poder de compra, país cuja taxa de inflação é mais elevada que a que prevalece nas demais nações enfrenta pressões para depreciar a moeda nacional. (D) O modelo clássico de comércio internacional, formulado no começo do século XIX, não pode ser aplicado ao comércio de serviços. 3. Dada a inter-relação entre os mercados de câmbio e de fundos de empréstimos, tudo o mais constante, quais os prováveis efeitos de um aumento do déficit governamental sobre o investimento líquido do exterior no país (), as importações líquidas (M-X) e a taxa de juros de uma economia, respectivamente? A) aumenta/diminui/diminui. B) aumenta/aumenta/aumenta. C) diminui/aumenta/diminui. D) diminui/diminui/diminui. E) diminui/diminui/aumenta. 4. Em 2002, diante da iminência de vitória de Lula nas eleições presidenciais, e o temor dos investidores internacionais gerado pela perspectiva de mudanças drásticas na política econômica do país, o real se Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 5

desvalorizou significativamente em relação ao dólar, chegando a quase R$4/US$1. Sobre isso, é correto afirmar que: A) Trata-se de uma situação típica de fuga de capitais, com retração da curva de e aumento da taxa de juros real. B) Trata-se de uma situação típica de atração de capitais, com aumento da curva de e redução da taxa de juros real. C) Trata-se de uma situação típica de déficits gêmeos, com aumento do déficit governamental e do déficit comercial. D) Trata-se de uma situação típica de estabelecimento de quotas à importação, o que não altera, no longo prazo, a balança comercial do país. E) Trata-se de situação típica de deslocamento ao longo da curva do no sentido de sua redução, desvalorizando o câmbio e favorecendo exportações. EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 1. As transações internacionais são tema recorrente nos jornais de todo o País. Discuta, no contexto do trecho abaixo, publicado no Jornal do Brasil, as questões a seguir: Mercado reduz projeção de inflação De acordo com o relatório, o País receberá neste ano US$ 15,45 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED), volume US$ 100 milhões maior do que o apostado na semana passada. (NOGUEIRA, Fernando. Caderno Economia, 4 de julho de 2006) a) O que a matéria publicada chama de investimento estrangeiro direto consiste no investimento líquido do exterior no País ()? Por quê? Não. O IED, sendo investimento estrangeiro, faz parte do, que é o resultado de todos os investimentos feitos por estrangeiros no aís menos os investimentos feitos por residentes brasileiros no exterior. Entretanto, o engloba ainda outros tipos de investimentos, como os investimentos indiretos, também chamados de investimentos em carteira (ou ainda, investimentos de portfolio), os derivativos e empréstimos junto ao sistema financeiro internacional ou ao Fundo Monetário Internacional. A diferença entre investimentos diretos e indiretos reside no fato de os primeiros serem investimentos feitos diretamente na produção do País, como uma empresa multinacional que se instala em território nacional. Já os investimentos indiretos são feitos por meio de capital financeiro aplicado no país em questão, como a compra de títulos do governo ou de ações negociadas em bolsas de valores. b) Explique a igualdade =-EL (exportações líquidas). Ela diz que uma entrada de moeda internacional oriunda de um saldo positivo das exportações liquidas representará uma saída de investimentos de mesmo montante, ou seja, um mesmo valor (porém negativo) do investimento liquido do exterior no país. Para entender este mecanismo, basta pensar da seguinte maneira: quando um país exporta mais do que importa, ele, além de utilizar parte dessa quantia na forma de investimentos no exterior, retém moeda estrangeira consigo. Conforme visto na unidade 4, a moeda não é um ativo? Então, seja aumentando as reservas internacionais, seja aumentando os investimentos no exterior, o país está adquirindo ativos estrangeiros. Adquirir um ativo é a mesma coisa que investir. Portanto, e por definição, ter um superávit na balança comercial (exportações menos importações) significa ter um déficit com relação ao investimento liquido do exterior do país (que inclui, no caso, a variação das reservas). O país está investindo mais no exterior, exportando, do que o exterior investe no país. Entretanto, adquirir moeda estrangeira é um tipo de investimento cuja rentabilidade é zero. Por isso, manter reservas internacionais em Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 6

moeda estrangeira não é um bom negócio, e a maioria dos paises o faz somente para prevenir-se de eventuais desequilíbrios. 2. (Instituto Rio Branco, 2003) A teoria da paridade do poder de compra afirma que, no longo prazo, diferenças de preços entre países, para os mesmos produtos, não são sustentáveis em razão da possibilidade de arbitragem. Explique o funcionamento desse processo de arbitragem e analise suas implicações para a determinação da taxa de câmbio de longo prazo. Discuta, também, os pressupostos e limites dessa teoria. A paridade do poder de compra (PPP) pondera o nível de determinada economia com relação ao poder de compra da moeda nacional. Ela é muito utilizada para comparações entre salários, preços e mesmo o PIB de diferentes países. Por exemplo, pode-se afirmar que o PIB e os salários de países como o Brasil e a China são proporcionalmente maiores quando comparados aos EUA ou ao Japão em termos da paridade do poder de compra. Um operário brasileiro que ganhe cerca de US$ 200,00 por mês teria, de acordo com o indicador, incremento substantivo proporcionalmente ao seu colega norte-americano que perceba US$ 1000,00, já que o custo de vida no Brasil, em dólar, é bem menor. São eliminadas, portanto, distorções entre preços relativos. A elaboração de uma teoria da paridade do poder de compra criou a argumentação de que diferenças de preços entre países, para os mesmos produtos, no longo prazo, não seriam sustentáveis. Isso decorre das possibilidades de arbitragem: a compra de determinado produto em determinada economia para revenda em outro país que tenha preços (ajustados pela PPP) maiores. Conforme esse processo se desenvolva, necessariamente haveria convergência entre os preços (ajustados pela PPP) de produtos homogêneos em diferentes países. No caso, ajuste na taxa de câmbio de longo prazo refletiriam exclusivamente o diferencial de inflação entre os países, desconsiderando a produtividade no cálculo. Os pressupostos para a validade da teoria são variados, muitos deles interdependentes: concorrência perfeita; bens homogêneos; sem barreiras de entrada ou saída; informação perfeita; mobilidade dos fatores de produção (capital, trabalho); tecnologia padrão disponível; flexibilidade dos salários; sem rendimentos de escala; não existência de gargalos de oferta. Os limites da teoria são, evidentemente, relacionados ao fato de que tais pressupostos, em graus variados, não se verificam no mundo real. Deve-se ressaltar, no entanto, que a teoria tem grande utilidade para a compreensão de estruturas do comércio internacional e, como exposto anteriormente, para a comparação entre países. 3. Explique porque, no longo prazo, políticas protecionistas, que incluem a fixação de tarifas elevadas e quotas à importação, não contribuem para reduzir o déficit comercial. No curto prazo, a fixação de quotas ou tarifas realmente pode contribuir para a redução de um déficit na balança comercial, pois desestimularia as importações. Entretanto, uma importante implicação do regime de taxas flexíveis é que os desequilíbrios tendem a se auto-corrigir. Para entender esse mecanismo, basta ter em mente que os importadores precisam, a princípio, comprar divisas (moeda estrangeira) no mercado cambial para poderem adquirir os produtos importados. Com as restrições à importação, cairia a demanda por divisas, o que levaria a apreciação da moeda nacional (o dólar, por exemplo, ficaria mais barato). O barateamento da moeda estrangeira, num horizonte temporal maior, incentivaria novamente as importações, restabelecendo o nível anterior da Balança Comercial. É interessante observar também que esse tipo de política não provoca nenhuma alteração no nível do Investimento Líquido do Exterior no País e, tampouco, no mercado de fundos emprestáveis: Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 7

Taxa de juros Mercado de fundos emprestáveis O Taxa de juros 2. O nível do Investimento Líquido do Exterior no País permanec eria inalterado. Taxa 1 D 3. A taxa de juros real e o volume de empréstimos concedidos também permanec eria inalterado. Fundos 1. A fixação de quotas à importação diminuiria as importaç ões e, portanto, a demanda por moeda estrangeira, reduzindo a taxa cambial e o déficit na balança comercial do país. Entretanto, no longo prazo esse desequilíbrio tenderia a se restabelecer. Taxa de câmbio Taxa 1 Taxa 2 Mercado cambial D Divisas 4. Programas bem sucedidos de ajuste fiscal, ao reduzir o déficit público contribuem para aumentar as exportações líquidas do país, diminuindo, assim, o déficit da Balança Comercial. Avalie. Trata-se do problema dos déficits gêmeos. Uma redução do déficit governamental eleva a poupança doméstica. Esse aumento dos recursos disponíveis reduz as taxas de juros e diminui a entrada de capitais no país, já que, ceteris paribus, o diferencial de juros ficou menor. A redução da oferta de dólares conduz à elevação da taxa de câmbio e a consequente depreciação da moeda nacional. Essa depreciação reduz as importações e aumenta a competitividade de nossas exportações reduzindo, assim, o déficit comercial. Basta ver o gráfico abaixo: Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 8

Taxa de juros Mercado de fundos emprestáveis O1 O2 Taxa de juros 2. Um a taxa de juros real m enor desestimula o Investimento Líquido do Exterior no País. Taxa 1 Taxa 2 D 1. Um a redução do déficit públic o (T - G) aumenta a poupança total, que desloca a oferta de fundos emprestáveis (poupança) para a direita, diminuindo a taxa de juros real. Fundos Taxa de câmbio Taxa 2 Taxa 1 3. Um a redução no diminui a oferta de moeda estrangeira no mercado cambial, o que contribui para um aumento da taxa de câmbio, fac ilitando as exportações, diminuindo o déficit na balança comercial. Mercado cambial D Divisas 5. Durante a crise asiática, em 1997, o governo brasileiro aumentou fortemente as taxas de juros tendo sido, por isso, duramente criticado por alguns setores da sociedade que alegavam o conhecido efeito recessivo dessas medidas. Com base nos conhecimentos adquiridos no curso explique algumas das possíveis razões que teriam levado o governo a adotar essa política. Uma possível razão foi o fato de o governo precisar atrair capitais (com o aumento do diferencial entre a taxa de juros doméstica e internacional), aumentar a oferta de dólares, para uma dada demanda, e assim reduzir a pressão sobre a taxa de câmbio, para evitar a forte depreciação da moeda brasileira, a exemplo do que estava ocorrendo nos países asiáticos. Veja o gráfico. Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 9

Taxa de juros Mercado de fundos emprestáveis O1 O2 Taxa de juros 1. Um aumento nas taxas de juros nominais atraem capitais do exterior, aumentando o Investimento Líquido do Exterior no País. 1 2 Taxa 1 Taxa 2 D 2. Esse fluxo de capitais oriundos do exterior contribui para aumentar a poupança externa, deslocando a oferta para a direita, diminuindo a taxa de juros real. Fundos Taxa de câmbio Taxa 1 Taxa 2 3. Ao mesmo tempo, o provoca um fluxo de moeda estrangeira para o mercado cambial, contribuindo para um aumento da oferta e, portanto, uma diminuição da taxa de câmbio, o que facilita as importações e diminui as exportações. Mercado cambial D Divisas 6. (Instituto Rio Branco, 2003) Explique como o financiamento da guerra no Iraque, mediante o aumento substancial do déficit público americano, pode reduzir o investimento em outros países. Para demonstrarmos a validade da assertiva, devemos partir da identidade macroeconômica fundamental: DA=RA. A demanda agregada (DA) é composta por gastos em consumo (C), investimentos (I), gastos do governo (G) e exportações (X). A renda agregada (RA) é a soma dos gastos em consumo, da poupança privada (Sp), dos gastos com impostos (T) e das importações (M). Igualando as duas equações, temos que: (G-T) = (Sp I) + (M X) 1 2 3 O déficit público americano (1) deve ser financiado por aumento proporcional da poupança privada ou do déficit externo (3, que é a poupança externa). O aumento da poupança externa para financiar incremento do déficit público americano significa que países outros estão transferindo poupança para sustentar o esforço de guerra dos EUA. A questão está correta em ressaltar que o déficit pode ser financiado por poupança externa, já que um incremento na poupança privada seria outra opção. Do ponto de vista dos outros países, temos que, partindo da igualdade DA=RA, o investimento pode ser traduzido na seguinte fórmula: I = Sp + (T - G) + (M - X) Sg Se Ora, se a poupança externa desses países diminui (pois estão financiando o esforço de guerra dos EUA), haverá redução no nível de investimento, caso não haja compensação pela poupança do governo ou privada. 7. O Brasil encerrou o primeiro trimestre de 2010 com um déficit em Transações Correntes de mais de 12 bilhões. Explique por que um saldo negativo na conta de Transações Correntes do balanço de pagamentos significa um investimento do exterior no país. Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 10

O déficit provocado nas Transações Correntes tenderá a ser proveniente da Balança Comercial, ou seja, há mais importações do que importações. Na estrutura do Balanço de Pagamentos, este déficit tenderá a ser corrigido pela entrada de investimentos e/ou empréstimos tomados que são contabilizados na Conta Capital e Financeira. Os investimentos que entram, por serem externos são chamados de Investimentos do Exterior no País () cuja identidade afirma ser, em módulo, igual às Exportações Líquidas, mas com valores opostos ( = - IEL). 8. (Processo Seletivo da Monitoria de Introdução à Economia 2º/2012) A agência de análise de risco Standard & Poor's colocou o rating de crédito soberano da República do Paraguai avaliação da capacidade do país de saldar suas dívidas em CreditWatch (observação) negativa após o recente impeachment do presidente Fernando Lugo (Valor Econômico, 25/08/2012 - adaptada). A partir do excerto, e com base no modelo de interligação entre os mercados de fundos emprestáveis e de câmbio, explique quais as possíveis consequências da diminuição do rating de crédito do Paraguai sobre: a) A poupança total; b) O investimento nacional; c) A taxa de câmbio real (em guaranis/dólar); d) A balança comercial. Destrinchando conceitos: A taxa cambial e a taxa de juros são valores referentes a dois mercados distintos: o mercado cambial e o mercado de fundos emprestáveis, respectivamente. No entanto, estes dois mercados tem em comum o Investimento Líquido do Exterior no País, que determina suas ofertas. - Investimento Líquido do Exterior no País () representa o valor de todo o dinheiro colocado pelo estrangeiro no país, líquido do valor gasto pelo brasileiro nos mercados externos. Como o investimento tradicional, responde à possibilidade de retornos que o mercado em que é aplicado pode proporcionar, o que é quantificado através da taxa de juros real da economia em questão; - Mercado de fundos emprestáveis reúne os tomadores de empréstimo/investidores (aqueles que possuem gastos maiores do que a quantidade de dinheiro que possuem) e os poupadores (aqueles que gastam menos do que ganham), de modo que ambos possam maximizar seus ganhos dadas as suas condições. O preço para a tomada de empréstimo (que também representa o ganho que o poupador vai obter ao ceder o seu dinheiro) é a taxa de juros. - Mercado cambial representa encontro entre ofertantes de divisas () e seus demandantes (importações líquidas de exportações). O custo para comprar divisas é representado pela taxa cambial. Uma idiossincrasia deste mercado é que sua oferta é inelástica, uma vez que os fatores que a determinam estão relacionados unicamente com o mercado de fundos emprestáveis. A ocorrência da diminuição do rating do crédito soberano do Paraguai por parte dos bancos de investimento representa o descrédito de que o país seja capaz de honrar com compromissos firmados ao ter dinheiro aplicado na sua economia. Investidores estrangeiros, receosos de que ao aplicar dinheiro em território paraguaio possam não obter retornos satisfatórios, vão procurar mercados mais seguros. Este é o fenômeno denominado fuga de capitais. A partir disso, a qualquer taxa de juros dada, haverá uma redução no volume de dinheiro disponível para Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 11

investimento (redução da poupança total e, subsequentemente, do investimento nacional), o que encarece a tomada de empréstimo (aumento da taxa de juros). Além disso, como a oferta de divisas dentro de um país é determinada pelo, à redução do seu volume, haverá um aumento no preço de moeda estrangeira a taxa cambial, demandada pelas importações líquidas de exportações. Um aumento na taxa cambial torna a moeda nacional mais barata no cenário mundial, barateando como consequência a produção do país, estimulando as exportações. Concomitantemente a isso, uma moeda estrangeira mais cara leva a uma redução no volume de importações. Portanto, a Balança Comercial tenderá a um superávit. Lista de Exercícios 6B Introdução à Economia 12