GESTÃO ESCOLAR NA INCLUSÃO DOS CADEIRANTES NA EJA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PERNAMBUCO

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Transcrição:

GESTÃO ESCOLAR NA INCLUSÃO DOS CADEIRANTES NA EJA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PERNAMBUCO Eixo temático V: Inclusão e Gestão escolar Suely Marilene da Silva¹; Ramon Gadelha ² ¹Universida de Federal de Pernambuco (UFPE), E-mail: suely.marilene@gmail.com; Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), E-mail: fernandacgcarvalho@gmail.com RESUMO Este trabalho apresenta a trajetória da educação de jovens e adultos e em particular em Pernambuco estabelecendo relações com os diversos contextos históricos a partir das políticas públicas implementadas desde a Colônia até os dias atuais e identificando os mecanismos de acesso, permanência ou exclusão nessa modalidade de ensino no que diz respeito à educação formal. A análise efetuada mostra que a educação de jovens e adultos tem caráter discriminatório e assistencialista, e aponta o que está sendo feito para promover a inclusão dos indivíduos que nela estão inseridos. Aborda também a importância da inclusão educacional para os cadeirantes da Educação de Jovens e Adultos que necessitam de um atendimento diferencial; Para isso apresenta a educação de jovens e adultos num conceito ampliado para entender os sujeitos envolvidos, o meio onde se ocorre, as dificuldades encontradas, e quais adaptações são necessárias para o aluno cadeirante no espaço em que vive. Relata o início da Educação de Jovens e Adultos e a educação inclusiva bem como os dilemas e desafios. Palavras Chaves: Educação jovem e adulta, cadeirantes e inclusão. INTRODUÇÃO Pensando na responsabilidade de transformar nossas práticas, ultrapassando alguns obstáculos existentes faz-se necessário a realização de estudos que visem a inclusão dos cadeirantes na EJA, garantido o direito de todos. Apesar das relevantes reflexões existentes, é perceptível a necessidade de mais esclarecimentos sobre a inclusão dos cadeirantes na EJA. O ambiente escolar é um campo amplo, porém são poucos os artigos que mencionam as pessoas em cadeira de rodas na escola. A busca de intervenção passa a ser para esse trabalho um desafio metodológico e prático para a população que utiliza cadeiras de rodas.

Para professora Maria Teresa Eglér Mantoan, escreve sobre os conceitos de igualdade e diferenças e sobre o direito à educação de qualidade para todos. A professora Rosângela Gavioli Prieto, escreve sobre o atendimento escolar com alunos com necessidades especiais e suas implicações, a partir das políticas públicas de educação no Brasil e sua articulação com a formação do professor. Segundo Maria Teresa Eglér Mantoan alerta sobre algumas situações discriminatórias contidas em programas de inclusão escolar, que deveriam basear-se na justiça para todos. A inclusão, segundo a autora, é uma denúncia sobre a homogeneização estabelecida pelo sistema escolar, sem levar em conta as diferenças peculiares de cada um, aumentando a desigualdade social em favor da exclusão. Refletindo sobre as diferenças biológicas e sociais, afirma a necessidade de as diferenças sociais serem eliminadas. A autora ressalta que o discurso da modernidade, ao sustentar uma organização pedagógica onde todos são iguais, nega as diferenças que compõem a tessitura do cotidiano escolar. Assim, esse discurso não gerou a garantia de relações justas nas escolas (p.19) e muitas escolas que afirmam tratar das diferenças de seus alunos ainda se sustentam em critérios niveladores para passagem de séries. Incluir esses alunos nas escolas comuns significa reconhecer as diferenças e de transitar por novos caminhos, estabelecendo relações entre o que se conhece e o que há de se conhecer. Para Freire Saber que ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar a possibilidade para a sua própria produção ou sua construção. (FREIRE, 1996, p.17). É importante refletir sobre a inclusão social em todos os âmbitos, pois num futuro próximo, pois esse tema da inclusão poderá não ser mais viabilizar oportunidades a todos, e sim, adaptar-nos para conviver com a diversidade. Para Alguns educadores insistem em utilizar na EJA os mesmos métodos que utilizam para alfabetizar crianças: O ensino de adultos corresponde a uma atividade específica no tecido educativo pelas distinções no método, nas técnicas, nos currículos que devem ser considerados distintos do ensino na infância e na adolescência. (CARVALHO, 2003, p.95). Lecionar para uma turma de EJA é diferente de lecionar para uma turma de crianças, pois mesmo não conseguindo compreender totalmente o mundo letrado, os jovens e adultos já trazem consigo uma bagagem proveniente do que viveram. Para Freire (1996) o professor deve instigar a inquietude e o debate entre os educadores e educadoras, com seus educando isso é problematizar e desmistificar o olhar social dos educando. É a convivência com seus alunos e na postura curiosa e aberta que

assume e, ao mesmo tempo, provoca-o a se assumir enquanto sujeitos sócio-historicos culturais do ato de conhecer, é que ele pode falar do respeito à dignidade e autonomia do educando. (FREIRE, 1996, p.10) Quando o educador está com seus educando, o aprendizado se dá numa troca mútua de conhecimentos, pois na medida em que o educador ensina, também aprende. Como afirma Freire (1996, p.23) [...] quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. METODOLOGIA A proposta metodológica para desenvolvimento desta pesquisa foi realizada através da abordagem qualitativa, através do estudo de caso. A observação, que segundo Ludke (1986 p. 26) possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado, proporcionou-nos um olhar atento aos dados observados, para compreensão da dinâmica cotidianade uma escola no que se refere ao atendimento prestado aos alunos cadeirantes da EJA. A leitura das obras: Pedagogia do Oprimido (FREIRE, 2005), Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 1996), contribuíram para me aproximar do pensamento de Paulo de Freire e a compreender as fases que aproximam a alfabetização de uma turma de EJA. Os estudos científicos compõem um levantamento bibliográfico e, de acordo com Gil (1999, p.65), Sua principal vantagem é possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. O instrumento de coleta dedados constitui em visita à uma escola municipal de Recife que possui alunos cadeirantes na EJA, e diagnosticar através de entrevistas no ambiente escolar se existe inclusão de cadeirantes e se há acessibilidades para esses estudantes, como também os dados levantar dados estatísticos com realização de análise de conteúdos (SILVA, 2009; FERREIRA, 2008;2009) sobre a verdadeira aprendizagem dos estudantes cadeirantes da EJA de como se encaminha essa inclusão. Inicialmente foi realizada pesquisa bibliográfica, e documental, a respeito da EJA referente à inclusão de alunos cadeirantes. Logo após foi realizada a algumas entrevistas com a gestão, seis docentes e dois alunos cadeirante no ambiente escolar. A pesquisa foi realizada em uma turma de alfabetização da Educação de Jovens e Adultos de uma escola da rede pública municipal do Recife. Esta instituição está localizada

em um bairro do Ibura, COHAB, no período matutino e vespertino atende ao Ensino Fundamental e no período noturno, o Ensino Médio e a EJA. Durante o dia, conta com uma diretora e uma secretária e à noite com uma coordenadora da EJA e um secretário, além dos professores. Os professores contam com o apoio e empenho da direção, que está sempre disposta a os ajudar na superação dos desafios do dia a dia escolar. A maioria dos professores que compõe o quadro pedagógico da escola possui ao menos uma especialização em seu curriculum. Lá foram realizadas seis observações com o intuito de analisar a prática pedagógica de uma professora alfabetizadora de jovens e adultos, observando a forma como apresenta o conteúdo a seus educando, bem como quais materiais e estratégias utiliza. RESULTADOS E DISCUSSÕES Ao longo da história, a educação de jovens e adultos brasileira teve alguns avanços, como por exemplo, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (BRASIL, 1996) que assegura à EJA como modalidade educacional na Constituição de 1988 foi um grande marco para a sociedade brasileira, permitindo que as pessoas que não puderam freqüentar a escolas na idade correta, tenham acesso gratuito à educação. Buscando respeitar a origem histórico cultural de cada educando e suas especificidades e a conclusão do ensino fundamental para os maiores de quinze anos e o ensino médio para os maiores de dezoito anos. Na escola na qual vivenciamos nossa pesquisa registramos aqui a conversa que tivemos com a gestora Irene Silva onde ela respondeu que a escola desenvolve ações para qualificar os espaços da escola para adequar a essa nova realidade. Possuímos serviços de apoio com a Orientação Educacional e Secretaria de Educação que orienta as escolas nos processos de inclusão. Neste sentido observamos que a escola procura respeitar à autonomia e à dignidade de cada aluno é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. [...] O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia [...] (FREIRE, 1996, p. 66-7). O aluno pode ser avançado para a outra série quando se observa avanços significativos na sua aprendizagem. Neste caso o aluno no qual entrevistamos é portador de deficiência

física tem 26 anos, e segundo ele esta deficiência ocorreu devida o um acidente automobilístico que afetou seus membros inferiores. Desde então passou a locomover-se em uma cadeira de rodas sendo necessário um acompanhamento de um profissional especializado que segundo ele não seria necessário, pois as pernas não iriam voltar a movimentar. Sua família no inicio do ocorrido limitou-se, não incentivando a dar continuidade na rotina de sua vida, pensando que, por ele estar naquela situação não iria conseguir vencer esse obstáculo. Mas, com o passar do tempo viram que ele estava precisando de muito apoio e incentivo para voltar aos estudos, porque antes do acontecido ele não se preocupava em estudar. Ao chegar à sala de aula não se sentiu a vontade devido a não interação que a turma teve com ele. Porém ele deu a volta por cima com sua alegria e força de vontade conseguiu o apoio e o respeito tanto da professora como dos colegas de classe. Sente-se muito bem na escola embora não haja rampa e nem sanitários adaptados, seu maior desejo era superar a dificuldade de ler e escrever, pois em relação aos números ele não tinha nenhuma dificuldade. Hoje em dia sua professora diz que o aluno esta apresentando um excelente desenvolvimento. Superou a dificuldade de ler, agora, além de ler escreve pequenos textos, e interage com facilidade com toda turma que chega a sentir sua falta quando ele não vem à escola. Este aluno não consegue ver obstáculo que não consiga transpor, pois o percurso para chegar à escola é muito difícil com ruas esburacadas, com calçadas quebradas, e transportes mal estruturados com tudo isso ele não se desanima. Por isso ele está em uma luta constante em favor de seus direitos participando de tudo que tem acesso a inclusão dos cadeirantes na EJA, com os órgãos competentes, para ajudar não somente a ele, mas a todos os cadeirantes para terem acessibilidade nas escolas, ruas, coletivos e em todos os lugares em que frequenta. O aluno PNE não deve ficar excluído em salas especiais, ele deve participar do processo, justamente para contribuir para a formação de todos os indivíduos, que através das suas histórias possamos analisar como a nossa vida é boa e não sabe aproveitar. Devemos incluir para fortalecer na sala de aula a solidariedade e o respeito. Isso é fundamental para o avanço das políticas de inclusão. CONCLUSÃO É evidente que o caminho a percorrer é longo e cheio de barreiras, principalmente as atitudinais, para que as escolas da rede municipal de ensino se tornem, realmente,

comunidades inclusivas, pois atitudes de rejeição e descrença em relação aos alunos com necessidades educacionais especiais ainda são muito frequentes. No atual cenário políticoeconômico brasileiro deparamo-nos com: o estado de desvalorização do magistério; a má qualidade da formação dos educadores; a inexistência, em muitas escolas, de um projeto político pedagógico que contemple a diversidade dos alunos; a falta de recursos específicos que otimizem a aprendizagem de todos os alunos; o descompromisso de muitas famílias com a educação escolar dos filhos, bem como o caos social e econômico em que muitas se encontram. Contudo, não podemos esquecer que vivemos um processo de mudança que é, ao mesmo tempo, político, social, econômico, pedagógico e histórico e, portanto, lento. Embora cientes das dificuldades, não devemos deixar de reconhecer e publicar os avanços obtidos, pois há uma tendência de se situar determinadas questões como se os estivéssemos sempre começando do zero e nada tivesse sido feito antes, de bom e necessário. Através desta pesquisa constatamos de que as dificuldades não podem ser justificativas para falta de oportunidades, pois quando se acredita em um sonho e luta realmente por ele, ele se torna realidade. É o grande exemplo do aluno cadeirante da EJA que ultrapassou várias barreiras e ainda continua ultrapassando, mas, nunca pensou em parar. A experiência descrita não visa conclusões, mas a abertura para a reflexão sobre as diferentes possibilidades de construção do processo inclusivo. Nesse sentido, fica o respeito e a consideração à individualidade do sujeito entendendo-o na sua singularidade e especificidade. REFERÊNCIAS ARBACHE, Ana Paula Bastos. A formação do educador com pessoas jovens e adultas numa perspectiva multicultural critica. Dissertação de mestrado Rio de Janeiro papel virtual 2001. BELLO, José Luiz de Paiva. Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL. História da Educação no Brasil. Período do Regime militar. Pedagogia em foco, Vitória 1993, Disponível em <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb10a.html>. Acesso em: 03 de maio de 2010. Brasil, Ministério da Educação. SEESP - Educação Inclusiva: direito à diversidade. 2004-2005. Documento Orientador. São Paulo, 2005. Corde. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE: 1994. Eja& Deficiência http://www.ufpe.br/cead/eja/textos/windiz.pdf

CARVALHO, Maria Alcinia Borges Noutel Fontes da Costa. Formação de professores em educação de adultos. Estudo de caso: o ensino recorrente na escola secundaria Rodrigues Freitas. Tese de doutorado faculdade de CC. da Educacion. USC (Universidade da Santiago de Compostela), 2003. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 41ª ed., Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra. 2005.. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paulo Freire: São Paulo. Editora Paz e Terra, 1996. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ª Ed, reimpr, São Paulo. Editora Atlas, 1999. GHIRALDELLI Junior, Paulo. História da Educação Brasileira/Paulo Ghiraldelli JR. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006. MAZZOTTA, Marcos José da Silveira. Fundamentos de educação especial. São Paulo: Pioneira, 1982. MONTOAN, Maria Tereza Engler. Inclusão escolar: o que é: Por quê? E como fazer? São Paulo: Moderna. 2003. MANTOAN, Teresa E; PRIETO, Rosângela G. In: ARANTES, Valéria A. (Org.). Inclusão Escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Ed. Summus, 2006. 103p. SILVA, Renata Tafner Elisabeth. Apostila de metodologia cientifica. Brusque: Assevim (associação educacional do Vale do Itajaí). Miruim, 2006. SILVA, Renata Tafner Elisabeth. Apostila de metodologia cientifica. Brusque: Assevim (associação educacional do Vale do Itajaí). Miruim, 2006.