UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB Administração de Recursos Materiais ARM 2/2010 Professor: Guillermo Asper J06 - OS FLUXOS ASSOCIADOS AO TIPO DE GESTÃO DE ESTOQUE: Estudo de Caso Lojas Novo Mundo Grupo 14D Amanda Gurgel... 09/06859 Débora Maia... 10/0128823 Eduardo Barbosa... 09/93301 Emanuel Lucas... 09/0066618 Brasília, 27 de janeiro de 2011
1. INTRODUÇÃO O Brasil é um país de dimensões continentais, e por tal natureza, necessita de meios de transporte dos mais diversos modais. Eficiência, eficácia e efetividade são características que devem estar no cerne da logística, e assim cooperar para o desenvolvimento da nação. A vertente mais rica no atual pensamento em logística é sem dúvida o de Supply Chain Management. Ela conjuga os processos logísticos, que tratam do fluxo de materiais e informações dentro e fora das empresas, com os relacionamentos que surgem ao longo da cadeia para assegurar seus melhores resultados em termos de redução de desperdício e agregação de valor. Ao lidar com os relacionamentos entre empresas, é natural que o pensamento logístico aborde uma questão afim - a das parcerias e alianças estratégicas logísticas. Estas estratégias colaborativas promovem a união de forças de empresas - cliente e fornecedora, cliente e cliente ou fornecedora e fornecedora - visando explorar as atividades logísticas em busca de vantagens mútuas. Estudar como funciona a gestão de estoques é parte essencial para qualquer administrador, desta forma podem-se aplicar recursos de forma correta, diminuindo custos e agregando valor para o cliente. Além do conteúdo ensinado em sala de aula, é essencial aprofundar o aprendizado para compreender a realidade que as empresas situadas no Brasil enfrentam. Como complemento de estudo, iremos analisar o caso da Novo Mundo, uma das maiores e mais importantes lojas de varejo do Centro-Norte, e relacionar o aprendizado empírico com a teoria aprendida em sala, vista nos livros e pesquisada em artigo.
2. DESENVOLVIMENTO O gerenciamento da cadeia logística vem ganhando cada vez maior relevância na gestão das empresas, decorrente da terceirização de serviços para operadores logísticos e da utilização progressiva de tecnologias de informação aplicadas à logística. A necessidade de aprimoramento das relações entre empresas de uma cadeia fez surgir à preocupação de monitoramento de indicadores de âmbito externo. Muito mais do que ferramentas de acompanhamento do serviço prestado pelos parceiros da cadeia de suprimentos para possível negociação, os indicadores de desempenho logístico externo são fundamentais para a definição de políticas e processos internos que dependem do desempenho de seus parceiros. Além disso, eles são essenciais na coordenação de políticas que garantam a competitividade da cadeia de suprimentos. As empresas cada vez mais estão conscientizando-se de que não é possível atender às exigências de serviço dos clientes e, simultaneamente, cumprir com os objetivos de custo da empresa sem trabalhar de forma coordenada com outros participantes da cadeia de suprimentos (Fleury e Lavalle, 2000).
Para a consecução desses objetivos, é extremamente necessária a melhor prática da Gestão de Estoques. Para tanto, devemos nos ater aos aspectos e as melhores formas de maximizar o processo. De acordo com Slack, Chambers, Harland et al. (1997, p.423), Gestão de Estoque originou-se na função de compras em empresas que compreenderam a importância de integrar o fluxo de materiais a suas funções de suporte, tanto por meio de negócios, como por meio de fornecimento aos clientes imediatos. O processo de gestão de estoques pode ser decomposto em quatro aspectos: as políticas e modelos quantitativos utilizados, as questões organizacionais envolvidas, o tipo de tecnologia utilizada, e o monitoramento do desempenho em processo. Como foco em nosso estudo de caso, nos ateremos ao monitoramento de desempenho em processo, pois é percebido um grande envolvimento da empresa quanto a este quesito relacionado a estoques. O desenvolvimento de um comportamento operacional compatível com a estratégia definida é fortemente influenciado pelo acompanhamento de indicadores que monitoram as atividades que agregam valor ao negócio. Os indicadores de
desempenho são um meio para se analisar o cumprimento dos objetivos previamente traçados pelo planejamento estratégico. A estruturação dos sistemas de monitoramento de processos é de grande valia para o gerenciamento de estoques. Uma questão chave é a determinação de quais indicadores de desempenho logísticos utilizados de maneira que o sistema de monitoramento atenda às necessidades do processo e esteja alinhado à estratégia da empresa. Os indicadores de desempenho utilizados na gestão de estoques podem ser identificados em três grupos: custo, serviço de conformidade em processo, estes relacionados diretamente aos resultados do processo de balanceamento de níveis de estoque com o nível de serviço com vistas ao menor custo total; e pelas razões inibidoras dos resultados do processo. Ocorre que em muitas empresas os indicadores de custo são os mais utilizados no monitoramento da gestão de estoques, quando não o único. Isto vem a ocorrer por uma falta de visão global da gestão de estoques, não mensurando que o grau em que se reduzem os estoques impactam a disponibilidade do produto, que podem estar focados no cliente, que mensura sua satisfação e freqüência, servindo de guia para que atenda as necessidades estabelecidas pela estratégia da empresa, ou no produto, que visa o entendimento deste para monitoramento no nível de produto que este influencia os clientes e sua relação interna com a empresa, e no nível de serviço. Os indicadores de nível de serviço estão associados à disponibilidade dos produtos. Sua meta de serviço irá influenciar diretamente o nível de estoque. A manutenção de estoques e os custos associados à falta do mesmo são as formas de medi-lo, o que nem sempre ocorre simultaneamente.
Os indicadores de conformidade visam buscar a causa do desempenho obtido. A principal função do estoque é garantir disponibilidade de produto em função das características da empresa a assimilar as incertezas inerentes. A movimentação do fluxo de materiais que é composto por diversas atividades distintas e interdependentes é, portanto, fundamental para defini-lo o nível de estoque ideal para a empresa. Isto relacionado desde a aquisição da matéria-prima, passando para os meios de transformação até a entrega ao cliente final. Estudando-se as causas e efeitos do processo, possibilitará a visão global da empresa e focal nos problemas que surjam no processo, além de influenciar a melhora na hora de agir como determinantes na cadeia de logística. 3. ESTUDO DE CASO: NOVO MUNDO História A Novo Mundo surgiu, em 1956, está presente em diversos lares brasileiros. São mais de cem lojas espalhadas pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal. Com pouco mais de meio século de atuação, a Novo Mundo se consolida como uma das maiores e mais importantes lojas de varejo do Centro-Norte. Com uma filosofia de transparência e honestidade, a Novo Mundo firma uma parceria saudável e concreta com todos os seus clientes, colaboradores, investidores e fornecedores. A empresa emprega atualmente mais de três mil colaboradores. Visão
Ser líder com sustentabilidade e inovação. Missão Encantar pessoas realizando sonhos para uma vida melhor Valores Respeito às pessoas e aos compromissos; honestidade com transparência; perseverança; solidez; simplicidade, cultura do nós. Logística A visão tradicional é de que os produtos devem ser mantidos em estoques, no entanto, o controle de estoque exerce uma influencia muito grande na rentabilidade da empresa, já que, é uma parte do capital que fica parada, depreciando. Percebe-se na Novo Mundo que seu enfoque logístico não se trata apenas de controle de estoque, como antigamente as empresas relacionavam estoque e logística, mas sim de gestão de estoque, haja visto que buscam integrar seu fluxo de produtos com as funções de suporte, objetivando o sucesso do negócio e maior valor atribuído ao cliente, gerenciando cada processo de forma interdependente ao outro. Isto ocorre desde o fornecimento das mercadorias pelos fabricantes, passando por seu centro distribuição, levadas às lojas e finalmente à entrega aos clientes. A busca por eficiência tem como pré-requisito a alta qualidade dos serviços prestados ao cliente final.
- Processo A empresa busca gerenciar sua demanda de acordo com os dados obtidos nas filiais, onde cada venda é computada instantaneamente, sendo realizada uma baixa direta no estoque através da emissão de notas fiscais feitas no caixa. O desenvolvimento de um comportamento operacional compatível com a estratégia definida é fortemente influenciado pelo acompanhamento de indicadores que monitoram as atividades que agregam valor ao negócio. Os indicadores de desempenho são um meio para se analisar o cumprimento dos objetivos previamente traçados pelo planejamento estratégico. As lojas possuem um software que mostra os produtos disponíveis e eles só preenchem o campo das unidades, essa opção pode ser feita 1 vez por dia. Há códigos de identificação dos produtos, para o controle da quantidade que a loja tem disponível e quantidade que tem na loja, também para saber se há a necessidade de pedir produtos ou não. Nesse momento, no sistema do Novo Mundo é utilizada a tela chamada "autorização de transferência de produto para a filial". São visualizadas as informações: - Para o que não é preciso, basta "zerar" no sistema; Para o que é preciso, basta especificar a quantidade, dentro da quantidade sugerida, do produto requerido. - Terminado o processo, basta salvar a listagem que as informações "caem" no sistema e são automaticamente enviadas para o centro de distribuição. Os produtos só são transportados portando as notas de transferência. Quando chegam na loja, é dada a entrada nas notas fiscais, gerando o estoque da loja.
- Estoques As lojas possuem pouco estoque e a maioria fica a vista (como nas fotos/vídeo), estes produtos são os mesmos para a venda, caracterizando a utilização do método Just in Time, para evitar perdas e custos com estoque, focando mais a expectativa da demanda ao invés de vender os produtos pré-determinados pela gerência da empresa (arm's length). Mas alguns produtos menores como notebooks e celulares ficam armazenados em um pequeno espaço dentro da loja para não ocuparem o espaço dos demais artigos. Mesmo assim, não ficam diretamente no chão, para não pegarem friagem ou, no caso de lojas de rua, correr riscos com alagamentos. Há produtos, porém, que estão apenas em exposição, sendo que alguns deles não possuem "pronta entrega". Estão lá apenas para 'emitir do depósito para entregar', apenas para mostrar para o cliente o produto que será fornecido. Foi relatado que se o espaço fosse maior, evitaria a frequência de entregas pela distribuidora e melhoria a eficiência na entrega, se contrapondo assim ao próprio Just in Time. - Estoque físico x Informação O ponto de reposição da loja, no caso do Conjunto Nacional, não é feito periodicamente, sendo avaliadas as informações baixadas no sistema (pois vai depender da demanda do consumo, sendo assim o estoque para a demanda). O interessante é observar que mesmo sendo para a demanda, a reposição é feita semanalmente pelo volume de saída dos materiais, pelos produtos não ficarem parados. Analisando desta forma, percebe-se um fluxo sincrônico de material da
loja com o distribuidor, e um fluxo contínuo de material do distribuidor com os fabricantes dos produtos, já que é relatado aos fornecedores o nível de reabastecimento quando se atinge um certo nível estoque. Também não feito nenhum balanceamento da capacidade, tendo em vista que varia de acordo com a demanda, evitando assim flutuações estatísticas. Desta forma, gera-se um acúmulo de informações com os dados do centro de distribuição para elaborar o plano de vendas e o planejamento dos tempos de ressuprimento de sua distribuidora e as saídas dos produtos de suas lojas para fazer novos pedidos aos fornecedores, e para tanto atualizando e verificando constantemente as informações que saem das lojas para o centro de distribuição, fazendo um controle minucioso dos produtos, para manter o atendimento da demanda de forma contínua. Com base nessas informações e no contato direto com os fabricantes, a administração da empresa remodela o plano de negócios a fim de identificar as famílias e os grupos de mercadorias que deverão integrar seu rol de produtos, assim aliando a gestão dos materiais constantemente com o negócio da Novo Mundo. Este processo é refeito de continuamente para identificar a situação real da empresa, e caso seja necessário devido a alguma inconsistência das informações, reformular o planejamento do fluxo do estoque.
4. CONCLUSÃO Com a visita à loja Novo Mundo, tivemos a oportunidade de ver na prática os conceitos logísticos estudados, e aprender como funcionam os processos de compra (das fornecedoras), armazenamentos em depósito e em loja, distribuição centro de distribuição-filial, controle de estoque e baixas após a compra final. Também constatamos a real necessidade de integrar os diversos de níveis estratégicos na sua escala de tomada de decisão quanto ao sistema logístico, essencialmente a gestão de estoques e sua distribuição. A forma como conduzem o negócio, especificamente relação loja-centro de distribuição, exemplifica o grau de relevância da integração da Novo Mundo com as práticas da logística integrada, sendo assim uma grande contribuição para a percepção da matéria em voga. Seu sistema de monitoramento através de leitores de códigos de barras e o uso da TI para o controle dos níveis de estoque na loja foram muito vantajosos. São exemplos como esse dentre tantos que proporcionam a dimensão do caráter estratégico da abordagem, e por assim dizer, este trabalho proporciona um grande aprendizado.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de haver um sistema que identifica a saída dos materiais na loja instantaneamente ao centro de distribuição, percebemos que a comunicação se torna às vezes falha em relação a este fluxo e os fornecedores da empresa. Haveria uma melhora contínuo neste fluxo caso fosse utilizado o modelo sincrônico, que a medida que saísse um produto, o centro de distribuição pudesse comunicar aos fabricantes a demanda que surgisse para que fosse lhe fosse enviado o mesmo produto, facilitando assim o nível e o a dimensão real do lead time para as lojas, de produtos como sofás, geladeiras, etc., além de garantir uma entrega mais efetiva ao cliente. Também seria viável fazer um estudo detalhado de layout para a loja, para maximizar o espaço o nível de mercadoria distribuído na loja, haja vista que o estoque é visível à loja. Mesmo com um trabalho bem elaborado, sempre podem ocorrer melhorias que só agregariam valor ao negócio, como em toda empresa. Tendo isto em vista, fica provado que a Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada é um trabalho contínuo.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AROZO, Rodrigo Monitoramento de Desempenho na Gestão de Estoque Março 2006, Revista Cel/COPPEAD/UFRJ. CHING, Hong Yuh Gestão de Estoques na Cadeia Logística Integrada Supply Chain. São Paulo, 2010. Editora Atlas, 4ª edição.