FACULDADE PITÁGORAS DE TEIXEIRA DE FREITAS CURSO DE DIREITO



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Transcrição:

FACULDADE PITÁGORAS DE TEIXEIRA DE FREITAS CURSO DE DIREITO DIREITO CIVIL: Sucessões 2 cm Bruna Marques Bragatto Raiza Luz Thaine Lacerda Bahia 8 o período N Teixeira de Freitas - BA Novembro/2011

BRUNA MARQUES BRAGATTO RAIZA LUZ THAINE LARCERDA BAHIA DIREITO CIVIL: Sucessões Trabalho acadêmico apresentado à disciplina de direito civil da Faculdade Pitágoras como requisito para obtenção de conhecimentos na referida disciplina. Teixeira de Freitas - BA Novembro/2011

1 INTRODUÇÃO Suceder é substituir, tomar o lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos. Na sucessão, existe uma substituição do titular de um direito. Esse e o conceito amplo de sucessão no direito. Quando o conteúdo e o objeto da relação jurídica permanecem os mesmos, mas mudam os titulares da relação jurídica, operando-se uma substituição, diz-se que houve uma transmissão no direito ou uma sucessão. Assim, sempre que uma pessoa tomar o lugar de outra em uma relação jurídica há um sucessão. No direito, costuma-se fazer uma grande linha divisória entre duas formas de sucessão: a que deriva de um ato entre vivos, como um exemplo temos o contrato, e a que deriva ou tem como causa a morte, quando os direitos e obrigações da pessoa que morre transferem-se para seus herdeiros e legatários. Na ciência jurídica quando falamos em direito das sucessões, estamos nos referindo de um campo especifico do direito civil que é a transmissão dos bens, direitos e obrigações em razão da morte. É o direito hereditário, que se distingue do sentido lato da palavra sucessão, que se aplica também à sucessão entre vivos.

1ª JURISPRUDENCIA Tema: Direitos sucessórios da concubina RECURSO DE APELAÇÃO DIREITO - ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA EXPOLICIAL MILITAR ESTADUAL - PRETENSÃO AO - RECEBIMENTO DE PENSÃO POR MORTE DO FALECIDO CONCUBINO - POSSIBILIDADE. 1. Sentença que julgou extinta a ação com fulcro no artigo 269, IV, do CPC. 2. Prescrição do fundo de direito inocorrente e afastada. 3. Inteligência dos artigos 23 da Lei Estadual nº 452/74 e 3º do Decreto Federal nº 20.910/31. 4. CBPM que reconheceu a condição da autora de companheira do ex-servidor militar. 5. Comprovada a união estável, de rigor a concessão do benefício de pensão por morte, observada a prescrição qüinqüenal. 6. Precedentes deste Tribunal de Justiça. 7. Sentença reformada. 8. Recurso de apelação provido. Trata-se de recurso e de apelação interposto contra a r. sentença de fls. 256/258, que julgou extinta ação previdenciária, com fundamento no artigo 269, IV, do CPC, reconhecendo a ocorrência da prescrição do direito, condenado a apelante ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 500,00. Em razões recursais, a apelante postulou pela reforma integral do r. julgado, alegando, em síntese, o seguinte (fls. 260/264): a dede o óbito do companheiro vem requerendo o benefício à apelada; b) a ação de justificação de concubinato distribuída em 07/05/92, terminou apenas em 1998; c) deve ser aplicado o artigo 23 da Lei Estadual nº 452/74; d) em 8/11/89, no prazo legal, postulou, administrativamente, o benefício perante a apelada; e) violação ao 2º, do artigo 20, da Lei de Introdução ao Código Civil e inciso II do artigo 5º da CF. O recurso, tempestivo e isento de preparo, foi recebido nos regulares efeitos e apresentadas contrarrazões (fls. 267/273).

É o relatório. O recurso da apelante comporta provimento, respeitado, contudo, o entendimento do MM. Juízo sentenciante. Inicialmente, inexiste a prescrição reconhecida pela r. sentença.isso porque a pretensão ao recebimento de pensão é imprescritível, pois, em se tratando de obrigação de trato sucessivo, não se submete aos efeitos da prescrição do fundo de direito. Nos termos do artigo 3º do Decreto Federal nº 20.910/32 e da Súmula nº 85 do STJ, prescrevem apenas as parcelas vencidas há mais de cinco anos do ajuizamento da ação. Desse modo, deve prevalecer o disposto no artigo 23 da Lei Estadual nº 452/74, segundo o qual o direito à pensão não está sujeito à prescrição ou decadência (fls. 263). Superada esta questão, passa-se ao exame do mérito propriamente dito. Pois bem. A apelante viveu em concubinato com o policial militar contribuinte, ainda casado, mas separado de fato, nos últimos 17 anos anteriores ao óbito, que ocorreu em 07/09/89. Aos 8/11/89, dentro, portanto, do prazo determinado no 1º, do artigo 23 da Lei Estadual nº 452/74, a apelante protocolou pedido de pensão por morte do companheiro, perante a apelada (fls. 17). E a mulher do falecido, também solicitou o benefício aos 25/10/89, tendo falecido em 04/07/93 (fls. 16 e 244). A apelada houve por bem conceder o benefício à viúva e indeferir o pedido da apelante, por não encontrar amparo no inciso V, do artigo 8º da mencionada lei, concedendo-lhe a alternativa de promover a exclusão do cônjuge sobrevivente, nos termos do artigo 10, 1º, item 3, deste mesmo diploma legal (fls. 23). Ou seja, negou a concessão do benefício pelo fato do contribuinte, à época do óbito, não ser solteiro, viúvo ou desquitado, devendo a apelante, se pretender o benefício, comprovar que a viúva abandonou o lar conjugal injustamente.

E razão assiste à apelante. Ora, a apelada tomou conhecimento da condição da apelante de companheira do ex-servidor. Mesmo assim, a ação de justificação de concubinato promovida pela apelante, após mais de seis anos de tramitação, confirmou a união estável (fls. 201/202), tratando-se, portanto, de fato incontroverso. E restando comprovada a convivência, de rigor a concessão do benefício. E este é o entendimento desta Corte de Justiça, consoante os seguintes julgados: apelação nº 349.169-5/4-00, 3ª Câmara de Direito Público, Rel. Marrey Uint, j. 16/12/08; apelação nº 9288734-09.2008, 9ª Câmara de Direito Público, rel. Oswaldo Luiz Palu, j. 6/4/11; apelação nº 372.357-5/6-00, 1ª Câmara de Direito Público, Rel. Venício Salles, j. 14/8/07. O último é neste sentido: Comprovada a convivência, de mister a concessão a autora de pensão por morte. A companheira ou convivente, ostenta os direitos inerentes a esta situação, estando superadas as restrições contidas no artigo 8º, da LC 452/74, que somente admite o benefício previdenciário à companheira de contribuinte solteiro, viúvo ou desquitado. A nova ordem constitucional exigiu, da legislação antecedente, certo ajuste compatível com o seu sentido e finalidade. Assim, ao conferir efeito à união estável (artigo 226, 3º), a Carta veio afastar todas as formas de discriminação ou de restrição, entre estas, aquela que reconhecia o direito à concubina, mas apenas nos restritos casos elencados. A restrição legal já não mais se sustenta, sendo de se reconhecer o direito pleiteado.

Assim, julga-se procedente a ação para determinar ainclusão da apelada no rol de pensionistas, como beneficiária do falecido companheiro, ex-contribuinte, com direito a receber, mensalmente, a pensão previdenciária integral, além dos atrasados, estes apenas aqueles compreendidos no período de cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação, respeitada a prescrição qüinqüenal, nos termos do artigo 3º do Decreto Federal nº 20.910/32, corrigidos monetariamente pela tabela prática deste Tribunal de Justiça, mais juros de mora de 6% ao ano, com fundamento no artigo 1º-F, da Lei Federal nº 9.494/97, invertidos os ônus sucumbenciais. Isto posto, DÁ-SE PROVIMENTO ao recurso de apelação, para os fins acima estipulados, reformada, integralmente, a r. sentença recorrida. FRANCISCO BIANCO Relator Lição doutrinária: 1. Diz Washington de Barros Monteiro A sucessão legitima restringe-se às pessoas expressamente indicadas. O mesmo acontece no tocante à companheira, que, a exemplo da legislação mexicana, já figurou entre os herdeiros legítimos, tendo hoje a qualidade de participante obrigatória da herança deixada pelo companheiro. Mas, na sucessão legitima e testamentária, sofrem os concubinos a restrição constante dos artigos 1.727 e 1.801, III, do Código Civil de 2002. O legislador de 2002 traçou nítida linha divisória entre os companheiros, participes da união estável, e os concubinos, entre os quais não se estabelecem direitos sucessórios. 2. De acordo com Silvo de Salvo Venosa: Em principio, o companheiro ou companheira que recebe herança do convivente morte exclui o direito do cônjuge. No entanto, no denominado concubinato impuro poderão ocorrer situações nas quais se atribuirão duas meações, ao cônjuge e ao companheiro ou concubino.

Comentário : De acordo com o artigo 1.801 do Código Civil de 2002, o concubino não pode ser herdeiro nem legatário do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separada de fato do cônjuge há mais de cinco anos. Os direitos sucessórios dos concubinos é um tema bastante controverso e discutido. O referido artigo cria uma suspeição em relação ao concubino, suspeição que desaparecerá se de fato o testador estiver separado de fato há mais de cinco anos. Sendo assim, na maioria dos casos, os concubinos procuram a justiça para encontrarem seus direitos. 2º Jurisprudência Tema: Indignidade RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE EXCLUSÃO DE HERANÇA - SENTENÇA - ARGUIÇÃO DE NULIDADE - DECISÃO JUDICIAL PROFERIDA ENQUANTO SUSPENSO O TRÂMITE PROCESSUAL - CIRCUNSTÂNCIA NÃO VERIFICADA, NA ESPÉCIE - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - INDEFERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL - POSSIBILIDADE - CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO - INDIGNIDADE - DISCUSSÕES FAMILIARES - EXCLUSÃO DO HERDEIRO - INADMISSIBILIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - CONDENAÇÃO EM QUANTIA CERTA - CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL - DATA DA DECISÃO JUDICIAL QUE OS FIXOU - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1. Inexiste nulidade na sentença, ao contrário do que afirma a parte, esta não é proferida durante o período no qual o processo encontrava-se suspenso. 2. Não há falar em cerceamento do direito de defesa quando o magistrado, destinatário final das provas, dispensa a produção daquelas que julga

impertinentes, formando sua convicção com aquelas outras já constantes nos autos e, nesta medida, julga antecipadamente a lide. 3. A indignidade tem como finalidade impedir que aquele que atente contra os princípios basilares de justiça e da moral, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, venha receber determinado acervo patrimonial, circunstâncias não verificadas na espécie ora analisada. 4. A abertura desta Instância especial exige o prévio questionamento da matéria na Corte de origem, requisito não verificado quanto ao termo inicial da correção monetária do valor da verba honorária (Súmula n. 211/STJ). 5.Recurso especial improvido. (REsp 1102360/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/02/2010, DJe 01/07/2010) Lição Doutrinária: 1- Pode acontecer de serem praticados atos de indignidade por pessoas a serem sucessoras; nestes casos pode se recorrer ao processo de indignidade, por sentença judicial. Essa indignidade se posiciona na sucessão legítima e seus casos são vistos pelo padrão da moral ou a vontade presumida do de cujus. Ao lado da indignidade figura a deserdação art. 1814 CC que só ocorre no testamento e tem por objetivo afastar os herdeiros necessários da herança:... tirando-lhes a legítima, ou seja, a metade da herança que, afora tal situação, não pode ser afastada pelo testamento 2-3- Conceitua Maria Helena Diniz: Instituto bem próximo da incapacidade sucessória é o da exclusão do herdeiro ou do legatário, incurso em falta grave contra autor da herança e pessoas de sua família, que o impede de receber o acervo hereditário, dado que se tornou indigno. Assim, podemos observar que ela é atribuída mediante lei ao qual desfavorece um herdeiro que fica impedido de suceder. (Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Sucessões, Vol. 6, p. 50)

Comentário: A indignidade como instituto jurídico do direito das sucessões ora analisado, visa amparar a vontade do de cujus, resguardando seus direitos civis e protegendo seu patrimônio. O Código civil trás neste contexto uma exceção a capacidade de suceder, ou seja, aqueles que estão excluídos deste rol. Em nosso país, somente tem o efeito de declarar o herdeiro indigno a sentença penal condenatória, que nada mais é que um procedimento de jurisdição contenciosa, no entanto, a jurisprudência, tem sido unanime em penalizar o indigno e também o deserdado, determinando estes excluídos da herança. 3º Jurisprudência Tema: Renuncia da Herança INVENTÁRIO - Renúncia à herança em favor de outro herdeiro - Possibilidade de sua formalização por termos nos autos - Situação que se equivale a uma doação - Incidência do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) - Agravo provido. (168869420118260000 SP 0016886-94.2011.8.26.0000, Relator: Luiz Antonio de Godoy, Data de Julgamento: 01/03/2011, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/03/2011, undefined) Lição doutrinária: 1- Clóvis Beviláqua apud Maria Helena Diniz (2008, p.75) preleciona: Renúncia é o ato jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a herança a que tem direito, despojando-se de sua titularidade. Na ocorrência da renúncia da herança por parte do herdeiro, não é criado nenhum tipo de direito ao mesmo, sendo considerado como se nunca tivesse herdado algo.

Segundo expressa o parágrafo único do art.1.804, CC/2002: A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança 2-"Para que se caracterize como tal, é preciso ser pura e simples, sem condições nem termo, pois, se a renúncia é modal, se nela se encontram cláusulas criando ônus, ou se o renunciante declara que deseja beneficiar um herdeiro mais do que os outros, não se pode falar em renuncia. O que houver foi à aceitação, com subseqüente transmissão". Quando o herdeiro renuncia, pode haver dois efeitos, primeiro a renúncia abdicativa, nesse efeito, o herdeiro manifesta sua vontade e deixa ao critério da lei a destinação do quinhão renunciado. Essa renúncia significa que a pessoa não quer ser herdeira, que não se importa com o destino que será dado à sua parte, deixa que a lei diga o que será feito. E, nesse caso, seguese a ordem de vocação hereditária. A segunda renúncia translativa, que ao contrário da anterior, o renunciante vai indicar o beneficiário do quinhão renunciado, alterando, assim, a destinação da lei. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciar a herança poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.( Rodrigues Silvio, Direito Civil, voi. 07, pág. 197) Comentário: O tema retratado não é alvo de muita discordância no que tange as sentenças jurisprudenciais, sendo que uma vez renunciada a herança, está cessada a capacidade sucessória. Antigamente quando o herdeiro respondia pelas dívidas do falecido além dos limites da herança, a renúncia era mais comum. Atualmente, com a limitação do art. 1.792 a renúncia se tornou rara, mas pode ocorrer. O único ponto divergente de opiniões fica reservado ao herdeiro insolvente que renuncia à herança para prejudicar seus credores cometendo então fraude, passível de punição.

4º Jurisprudência Tema: União estável/inventário ARROLAMENTO - UNIÃO ESTÁVEL - COMPANHEIRA - PEDIDO DE ABERTURA - LEGITIMIDADE - AUSÊNCIA. NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO PRÉVIO A SER FEITO EM AÇÃO PRÓPRIA. A comprovação da condição de companheira constitui requisito inafastável para a admissão da recorrente no pólo ativo do pedido de arrolamento e, com muito mais razão, para a sua nomeação para o cargo de inventariante, carecendo de reconhecimento prévio a ser feito nas vias ordinárias, onde serão delimitados, inclusive, seus eventuais direitos sucessórios. APELAÇÃO CÍVEL N 1.0016.09.092877-7/001 - COMARCA DE ALFENAS - APELANTE(S): ISSO - APELADO(A)(S): DPR E OUTRO(A)(S) - RELATOR: EXMO. SR. DES. EDILSON FERNANDES 1 [...] Até a promulgação da Constituição de 1988, dúvidas não havia que o companheiro ou companheira não eram herdeiros. A nova Carta reconheceu a união estável do homem e da mulher como entidade a ser protegida, (art. 226, 3o), DEVENDO A LEI FACILITAR SUA CONVERSÃO EM CASAMENTO. Porém, em que pesem algumas posições doutrinárias e jurisprudenciais isoladas, tal proteção não atribuiu direito sucessório à concubina ou concubino. Os tribunais admitiam a divisão do patrimônio adquirido pelo esforço comum dos concubinos, a título de liquidação de uma sociedade de fato (Súmula 380 do STF). De qualquer modo, essa divisão podia interferir na partilha de bens hereditários quando, por exemplo, tivesse havido o chamado concubinato impuro ou adulterino e o autor da herança falecesse no estado de casado, com eventual separação de fato. Nessa situação, perdurante até a novel legislação, cabe ao juiz, separar os bens adquiridos pelo esforço comum daqueles pertencentes à meação ou herança do cônjuge. Toda a matéria se revolve na prova [ ] Silvio Salvo Venosa, Direito sucessório dos companheiros na união

estável, Artigo publicado no Mundo Jurídico (www.mundojuridico.adv.br) em julho/2002. 2 - [...] as Turmas que compõem a Seção de Direito Privado desta Corte assentaram que para os efeitos da Súmula nº 377 do Supremo Tribunal Federal não se exige a prova do esforço comum para partilhar o patrimônio adquirido na constância da união. Na verdade, para a evolução jurisprudencial e legal, já agora com o art. 1.725 do Código Civil de 2002, o que vale é a vida em comum, não sendo significativo avaliar a contribuição financeira, mas, sim, a participação direta e indireta representada pela solidariedade que deve unir o casal, medida pela comunhão da vida, na presença em todos os momentos da convivência, base da família, fonte do êxito pessoal e profissional de seus membros. (STJ 3ª. Turma Resp. nº 736.627/PR, Relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJU de 01.8.2006, p. 436). Comentários: A união estável foi equiparada ao casamento pela Constituição Federal, devendo ser reconhecida a qualidade de companheiro (a) para fins de inventário, ha controvérsias recursais que dizem respeito à legitimidade de recorrentes e para figurar na condição de inventariante dos bens deixados por seu (a) suposto (a) companheiro (a). Assim a inventariante pode ser considerada parte legitima para propor a ação, visto que vivia em união estável com o De Cujus e atualmente esta amparada pela lei. 5º Jurisprudência Tema: Aceitação tácita da herança. AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO SUCESSÓRIO. ARROLAMENTO. ACEITAÇÃO TÁCITA DA HERANÇA. RENÚNCIA AO USUFRUTO DE BEM IMÓVEL. INADMISSIBILIDADE. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS. EXIGÊNCIA DE ESCRITURA PÚBLICA. I - A concordância com os termos das primeiras declarações apresentadas pela inventariante, bem como a juntada aos autos de instrumento de procuração, constituem formas de aceitação tácita da herança, que, nos termos do art. 1.812 do CC/2002, é irrevogável. II - Possível, a

teor do art. 1.793 da Lei Civil, a cessão de direitos hereditários, que demanda, para sua efetivação, escritura pública. III - Insuscetível de apreciação, no inventário, instituição de direito real de usufruto imobiliário, por meeira, relativamente à porção do domínio que lhe seja reservada, eis que, quanto a tal, o direito respectivo não integra a sucessão e sua doação, com reserva de usufruto, constitui ato 'inter vivos' completamente alheio ao campo de conhecimento, do inventário. AGRAVO DE INSTRUMENTO N 1.0223.07.217289-1/001 - COMARCA DE DIVINÓPOLIS - AGRAVANTE(S): MARIA DO CARMO MARQUES - RELATOR: EXMO. SR. DES. FERNANDO BOTELHO 1 - [...] A aceitação pode ser expressa, mas não é comum e se faz por declaração escrita através de instrumento público, particular ou termo nos autos do inventário ou tácita, quando se deduz da prática de algum ato próprio de herdeiro. A regra é a aceitação tácita que se verifica, entre outros atos, quando: a) o herdeiro intervém no inventário habilitando-se ou manifestando-se sobre os atos processuais; b) administra, em proveito próprio e dos demais herdeiros, os bens da herança; c) promove melhoria em imóveis. A aceitação será presumida, se algum interessado requerer ao Juiz, até 20 dias depois da abertura da sucessão, para que mande o herdeiro pronunciar-se em até 30 dias. Caso não se pronuncie presumida será aceitação da herança [...]. Tatiane Sander Graduada em Direito pela UNISINOS/RS, Foi Tabeliã-Substituta do Tabelionato de Notas de Estância Velha-RS de 1993 até 2004. Publicado em 14/7/2005, (www.boletimjuridico.com.br). 2 - [...] A aceitação da herança pode ser expressa ou tácita expressa quando por escrito e tácita quando decorrer da prática de atos inerentes à condição de herdeiro 2. Pode, ainda, ser presumida, quando o herdeiro chamado a dizer se aceita a herança, não se manifesta 3. Porém, a aceitação é sempre irrevogável (tal como a renúncia) 4, uma vez que, com ela, a transmissão da herança se efetiva, sendo uma das principais conseqüências práticas a incidência do imposto de transmissão causa mortis, tendo como contribuinte o aceitante. Por essa razão, muito se discute a respeito dos atos que configuram a aceitação tácita da herança. Por falta de enumeração legal, a doutrina elenca alguns atos que, inequivocamente, demonstram a intenção de aceitar a herança, como por exemplo: nomeação de advogado para intervenção do inventário na defesa dos direitos de herdeiro,

manifestação a respeito de quaisquer das diversas fases do inventário (primeiras declarações, avaliações, cálculo de tributos), posse de bens do acervo transmitido, etc. Por outro lado, não exprimem aceitação da herança os atos meramente conservatórios e de administração provisória dos bens do Espólio, bem como aqueles decorrentes do dever moral e familiar [...].Vanessa Scuro advogada especializada em Direito de Família e de Sucessões (www.migalhas.com.br). Comentários: O inventário constitui procedimento especial, no qual há relação, descrição e avaliação dos bens e dos herdeiros deixados pelo autor da herança, a fim de que se proceda à subseqüente partilha, Iniciado o procedimento de inventário dos bens, cabe aos herdeiros aceitarem ou renunciarem à herança, a ele é facultado aceitar ou não a herança, em razão do princípio de que ninguém é herdeiro contra a sua vontade. Será expressa a aceitação quando feita por declaração escrita, por termo nos autos, por escritura pública ou escrito particular, já tácita será a aceitação quando resultar da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro. São, por exemplo, atos privativos do herdeiro que assume esta qualidade, incompatíveis com a postura de quem recusa ou repudia a herança, como disposto no art. 1805 do cc.

CONCLUSÁO O Direito das Sucessões como os tantos outros Institutos do Código Civil regula a passagem/transmissão de bens deixados pelo falecido aos herdeiros. Podemos dizer que esse direito é natural da pessoa porque desde os tempos mais antigos, relata a história que esse exercício do direito sempre foi causa de continuação do patrimônio que muito embora ficou e agora será administrado pelo seu novo titular. Com a realização deste trabalho pudemos observar que nem sempre o que está expresso na lei, é o que será de fato aplicado. O direito, por ser uma ciência dinâmica, não permite aplicar sempre a mesma regra para todos os casos, pois cada situação é única, devendo ser analisada cuidadosamente. Em decorrência disso é normal encontrarmos lei, jurisprudências e doutrinas em conflito, como retratado no presente trabalho.

REFERÊNCIAS VENOSA, Silvo de Salvo. Direito Civil: Direito das Sucessões. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Direito das Sucessões. 37 ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2009. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: vl. 6. São Paulo: Saraiva, 2009. RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva; 2004. www.jurisway.org.br www.migalhas.com.br www.boletimjuridico.com.br www.mundojuridico.adv.br