Infarto cerebelar e vertigem aguda



Documentos relacionados
FACULDADE DE MEDICINA/UFC-SOBRAL MÓDULO SISTEMA NERVOSO NEUROANATOMIA FUNCIONAL. AVC Isquêmico. Acd. Gabrielle Holanda. w w w. s c n s. c o m.

Vertigem na emergência. Dra. Cristiana Borges Pereira

FACULDADE DE MEDICINA/UFC-SOBRAL MÓDULO SISTEMA NERVOSO NEUROANATOMIA FUNCIONAL. Ataxias. Acd. Flora Paz. w w w. s c n s. c o m.

TUMORES CEREBRAIS. Maria da Conceição Muniz Ribeiro

Sinais e sintomas de AVC

ARTIGO DE REVISÃO. Abstract. Resumo. Este artigo consiste em uma revisão ampla sobre vertigem e seu diagnóstico diferencial.

EstudoDirigido Exercícios de Fixação Doenças Vasculares TCE Hipertensão Intracraniana Hidrocefalia Meningite

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

Imagem da Semana: Tomografia computadorizada, exame de líquor e EEG

Ficha de Identificação do Paciente (Apenas para uso interno. Esta informação não é para ser incluída no CRF)

TONTURA. Qual é a fisiologia do sistema vestibular?

PATOLOGIAS DO APARELHO AUDITIVO ANDERSON CELSO LUANA MUNIQUE PRISCILA PAMELA

A EFETIVIDADE DA REABILITAÇÃO VESTIBULAR NA SÍNDROME LABIRÍNTICA PERIFÉRICA IRRITATIVA

Sessão Cardiovascular

IDENTIFICADORES SINTOMATOLÓGICOS DA SÍNDROME VESTIBULAR PERIFÉRICA* SYMPTOMS THAT IDENTIFY THE PERIPHERAL VESTIBULAR SYNDROME

Perguntas Frequentes 1. Quais são os principais benefícios deste seguro? 2. Quem pode adquirir este seguro?

AMBULATÓRIO DE DISTÚRBIOS VESTIBULARES. Cristiana B. Pereira

Curso de Exploração Funcional Vestibular

6º par craneano - nervo abducens

XV Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalasen.

Doença do Neurônio Motor

CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS (IHS 2004)

ABORDAGEM E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE PROBLEMAS NA COLUNA VERTEBRAL E MEDULA ESPINHAL

Doença de Paget. Definição:

Perguntas Frequentes 1. Quais são os principais benefícios deste seguro? 2. Quem pode adquirir este seguro?

Considerações Anatomoclínicas - Neuroanatomia Aplicada -

Tabulação Paralisia Cerebral

PERCEPÇÃO DE SINTOMAS AUDITIVOS E NÃO-AUDITIVOS DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS DE TRANSPORTE

Comparação da força da musculatura respiratória em pacientes acometidos por acidente vascular encefálico (AVE) com os esperados para a idade e sexo

RESPOSTA RÁPIDA 365/2014 Doença de Parkinson Exelon Pacth

Semiologia do sistema vestibular e motor ocular. Dra. Cristiana Borges Pereira

OTORRINOLARINGOLOGIA Labirintite e Zumbido no Ouvido

RESIDÊNCIA MÉDICA 2014 PROVA OBJETIVA

DISTÚRBIOS DE CONSCIÊNCIA. Alunas: Natalie Rios Reginara Souza Sara Felipe Tatiane Costa Thamy Marques

12 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS MÉDICO NEUROLOGISTA

Imagem da Semana: Radiografia de tórax

SELEÇÃO EXTERNA DE PROFESSORES. Curso de Medicina EDITAL DE SELEÇÃO

Síndromes Neurológicos

ANEXO XXIV TABELA DE HONORÁRIOS DE FISIOTERAPIA E NORMAS DE AUTORIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS

INSTITUTO DE DOENÇAS CARDIOLÓGICAS

2. HIPERTENSÃO ARTERIAL

Reunião de casos clínicos

Fisioterapia no Acidente Vascular Encefálico (AVE)

DEMÊNCIAS. Medicina Abril Francisco Vale Grupo de Neurologia Comportamental HCFMRP-USP

SÍNDROME DE USHER: ESTUDO CLÍNICO E GENÉTICO NA ESPANHA

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR TRM. Prof. Fernando Ramos Gonçalves-Msc

Humberto Bia Lima Forte

PROGRAMA TEÓRICO E PRÁTICO PARA ESTÁGIO EM CARDIOLOGIA 2014 Credenciado e reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia

Tipos de tumores cerebrais

DOENÇAS DO OUVIDO E DA APÓFISE MASTÓIDE (H60 H95) Justificativa Tipos N máximo de sessões Pedido médico + Laudo médico + Exames complementares

CRESEMS, CISCOPAR e 20ª. Regional de Saúde Toledo PR PROTOCOLOS CLÍNICOS ESPECIALIZADOS

Pâncreas. Pancreatite aguda. Escolha uma das opções abaixo para ler mais detalhes.

Residência Saúde 2013 PROVA OBJETIVA PROVA DISCURSIVA FISIOTERAPIA ORGANIZADOR

EXAMES DE IMAGEM EM DOENÇAS VASCULARES CEREBRAIS

AVC: Acidente Vascular Cerebral AVE: Acidente Vascular Encefálico

Como escolher um método de imagem? - Dor abdominal. Aula Prá:ca Abdome 1

Cavernomas: O Diagnóstico em Imagens

ESPECTRO DA NEUROPATIA AUDITIVA Profa. Dra. Doris R. Lewis

SIMPÓSIO DE ELETROCARDIOGRAMA

Introdução à Neuroimagem

Sound for a Young Generation Second Latin American Pediatric Conference

RESUMO EXPANDIDO SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE DAS PROVAS MONOTERMAIS NO DIAGNÓSTICO OTONEUROLÓGICO

Paralisia facial periférica Resumo de diretriz NHG M93 (agosto 2010)

Profa Silvia Mitiko Nishida Depto de Fisiologia SENTIDO VESTIBULAR

Diretrizes Assistenciais TRAUMA RAQUIMEDULAR

Intestino Delgado. Bárbara Andrade Silva Allyson Cândido de Abreu

20º Imagem da Semana: Ressonância Magnética de Crânio

Estudo do perfil audiológico de pacientes com idade acima de 60 anos

Retinopatia Diabética

MAPEAMENTO ELETROANATOMICO NA ABLAÇÃO. Cristiane Miranda Hospital São Lucas - RJ

O que é O que é. colesterol?

Cintilografia Cerebral LARYSSA MARINNA RESIDENTE DE ENFERMAGEM EM NEONATOLOGIA

Acidente Vascular Cerebral Isquêmico - AVCI. Prof. Fernando Ramos Gonçalves-Msc

Costuma- se classificar o Schwannoma em quatro estágios evolutivos:

PORTARIA Nº 1.278, DE 20 DE OUTUBRO DE

Variação dos Custos Médicos Hospitalares VCMH/IESS Data-base - junho de 2010

QUEIXAS E SINTOMAS VOCAIS PRÉ FONOTERAPIA EM GRUPO

COMPARAÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE CÂNCER SNC NAS REGIÕES DO BRASIL. Av. Prof. Luís Freire, 1000, Recife/PE, , 2

NOVEMBRO DOURADO VIVA ESTA IDEIA! VENHA PARTICIPAR!

PLANO DE TRABALHO: DISCIPLINA TECNOLOGIA EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA II

Esclerose Lateral Amiotrófica ELA

Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico

RELATÓRIO FINAL. PROJETO: Estudo Eletroencefalográfico e por Ressonância Magnética dos Alunos da APAE - JD

Indicações e Cuidados Transfusionais com o Paciente Idoso

Perda Auditiva Induzida pelo Ruído - PAIR

18º Imagem da Semana: Tomografia Computadorizada de Crânio

Doença de Alzheimer: uma visão epidemiológica quanto ao processo de saúde-doença.

Universidade Federal de Santa Catarina

Ateroembolismo renal

CEREBELO PROFª. RESPONSÁVEL: NORMA M. S. FRANCO ORGANIZADOR: ANDRÉ R MENDONÇA

4º par craneano - nervo troclear

INCOR REALIZA MUTIRÃO NESTE FINAL DE SEMANA PARA CORREÇÃO DE ARRITMIA

Projeto Medicina. Dr. Onésimo Duarte Ribeiro Júnior Professor Assistente da Disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina do ABC

O que é câncer de mama?

Qual é a função do Sistema Nervoso Central?


Subespecialidade: Cabeça e pescoço / Tipo de trabalho: Ensaio pictórico

AULACRÂNIO-ACUPUNTURA CHINESA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Curso de Graduação em Enfermagem Liga de Enfermagem em Neurologia

Transcrição:

Página 1 de 6 Infarto cerebelar e vertigem aguda Cerebellar infarction and acute vertigo Sérgio Albertino Pedro Ferreira Moreira Filho Professor doutor em Neurologia Aída Regina Monteiro Assunção Mestranda em Otorrinolaringologia. Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Jano Alves de Souza Carla da Cunha Jevoux Mestre em Neurologia Endereço para correspondência: Clínica Otorrinos Reunidos Rua Mem de Sá, 186 - CEP 24220-261 Niterói - RJ - Tel: (21) 710-7733 Unitermos: infarto cerebelar, vertigem, tontura, desequilíbrio, instabilidade, cerebelo. Unterms: cerebellar infarction, vertigo, dizziness, cerebellum. Sumário São apresentados dois pacientes do sexo masculino com quadro de vertigem aguda e ataxia da marcha. Em ambos os casos o infarto cerebelar foi a etiologia comprovada pelos exames de neuroimagem. Estes pacientes evoluíram para a recuperação completa dos sintomas vestibulares, em um dos casos o paciente permaneceu com disacusia sensório-neural à esquerda. Acreditamos que pacientes com clínica semelhante devam ser submetidos de rotina a exames radiográficos como a tomografia computadorizada e/ou ressonância nuclear magnética. Sumary We have reported two male patients with acute vertigo and gait ataxic. In both cases the cause was the cerebellar infartion which was only proved by the image tests. These patients had made a completely recovery from the vestibular symptoms; however, one of them was still shown a left sensorioneural hearing loss. We believe that patients with similar symptoms should be evaluated with Computer Tomography and/or Magnetic Resonance Image as routine. Introdução As crises vertiginosas, caracterizadas por intensa vertigem, náusea, vômitos, instabilidade postural, nistagmo espontâneo, freqüentemente acompanhadas de sintomas cocleares como plenitude aural, zumbidos e hipoacusia sensório-neural, podem ter sua origem no órgão terminal periférico cocleovestibular ou em

Página 2 de 6 estruturas do sistema nervoso central. A maioria absoluta das crises vertiginosas se relaciona às estruturas periféricas, entretanto uma possível causa central deve ser sempre pesquisada. Dificilmente o otorrinolaringologista reconhece o infarto cerebelar como agente causal de uma crise vertiginosa. Os grandes infartos são facilmente diagnosticados, sendo os sintomas vertiginosos obscurecidos pelos evidentes sinais neurológicos (ataxia cerebelar, disartria, disdiadococinesia etc.). Os pequenos infartos cerebelares podem apresentar-se somente como alterações vestibulares periféricas, acompanhados ou não de sintomatologia coclear, sendo diagnosticados pela tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética nuclear. Nos quadros de vertigem aguda, dentro de suas inúmeras causas periféricas e centrais, devemos incluir o diagnóstico diferencial com infartos cerebelares. Quando a vertigem aguda estiver associada a qualquer sinal de comprometimento das vias nervosas centrais, a avaliação através de imagens deve ser obrigatória. Fisiopatologia - vascularização As causas vasculares de vertigem aguda são relacionadas principalmente às regiões irrigadas pelo sistema vértebro-basilar (cóclea, sáculo, utrículo, ductos semicirculares, nervo cocleovestibular e seus núcleos, tronco encefálico e cerebelo). - Artéria basilar ð art. cerebelar ântero-inferior (irriga a região pontino-bulbar, porção anterior dos núcleos vestibulares, flocculus, nodulus e úvula do cerebelo). - Artéria cerebelar ântero-inferior ð art. auditiva interna (irriga cóclea e vestíbulo). Excepcionalmente a art. auditiva pode ser ramo direto da artéria basilar. - Artéria vertebral ð art. cerebelar póstero-inferior (irriga porção inferior dos núcleos vestibulares, tronco encefálico e porção inferior do cerebelo). - Artéria cerebelar ântero-superior (principal irrigação do hemisfério cerebelar). Alterações no sistema arterial vertebrobasilar podem causar infartos isquêmicos ou hemorrágicos no vestíbulo, tronco encefálico, cerebelo ou em mais de uma região, simultaneamente, com o desenvolvimento de crises vertiginosas de início súbito (Hotson, 1998). O infarto isquêmico ou hemorrágico da região cerebelar inferior, suprido principalmente pela artéria cerebelar póstero-inferior, pode manifestar-se como uma labirintopatia periférica. Fatores predisponentes ao infarto cerebelar Os principais fatores predisponentes ao infarto cerebelar isquêmico ou hemorrágico são: hipertensão arterial sistêmica, vasculopatia (arteriosclerose, aneurismas), diabetes, tabagismo, doença cardíaca valvular, discrasia sangüínea e trauma. Incidência do infarto cerebelar O infarto cerebelar é uma patologia pouco diagnosticada nos serviços de otorrinolaringologia. O pequeno número de relatos de infartos cerebelares, relacionados a distúrbios cocleovestibulares sem alterações ou seqüelas

Página 3 de 6 neurológicas, sugere que este é um evento raro ou pouco reconhecido e diagnosticado tanto clinicamente como por métodos de imagem. O infarto cerebelar pode acometer qualquer região do cerebelo, sendo mais freqüente na porção póstero-inferior de um dos hemisférios cerebelares (Sypert, 1975). É mais freqüente no sexo masculino (Tohgi, 1993). Sypert (1975) em um estudo realizado com autópsia encontrou 1,5% de infarto cerebelar. Tomaszek (1985) em um grupo de 3 mil tomografias computadorizadas encontrou 21 pacientes (0,7%) com evidente infarto cerebelar. Tohgi (1993), analisando pacientes com infarto agudo cerebral, em um estudo multicêntrico, encontrou 293 com infarto cerebelar o que correspondeu a 2,3% do total de infartos, e cita Hinshaw que em uma avaliação realizada com tomografia computadorizada e angiografia encontrou 0,6% de infarto cerebelar. Diagnóstico Nos casos de crise vertiginosa uma cuidadosa anamnese e exame físico podem revelar sinais e sintomas relacionados ao comprometimento de estruturas centrais, como o tronco encefálico e cerebelo. Nos grandes infartos cerebelares a sintomatologia típica facilmente nos informará o diagnóstico (ataxia cerebelar, disartria, disdiadococinesia). Os principais sintomas e sinais relacionados ao infarto cerebelar são: vertigem, tontura, náusea, vômitos, cefaléia, incoordenação motora, desequilíbrio, disartria e nistagmo. O nível de consciência dependerá da extensão do comprometimento cerebelar e de envolvimento de outras áreas, podendo estar normal ou diminuído. Na dependência do infarto acometer estruturas do tronco encefálico, poderá estar associado ao quadro clínico outras alterações, tais como disacusia sensório-neural, zumbidos, paralisia facial, perda do reflexo pupilar e síndrome de Horner. Na eletronistagmografia poderemos encontrar hiporreflexia ou arreflexia labiríntica, sem sinais de comprometimento central, simulando labirintopatia periférica. Rubenstein (1980) descreve que um paciente com arreflexia labiríntica do lado afetado teve respostas normais à prova calórica em um reteste realizado oito meses mais tarde. Nos quadros vertiginosos agudos de início súbito o diagnóstico diferencial entre as patologias periféricas (vestíbulo), estruturas do tronco encefálico e cerebelo é dado principalmente pelo tipo de nistagmo apresentado, intensidade da instabilidade corporal e manifestação ou não de sinais neurológicos centrais (Hotson, 1998). O estudo através da imagem computadorizada é o método mais apurado para diagnosticar um infarto hemorrágico ou isquêmico do cerebelo (Rubenstein, 1980). Na fase inicial de um infarto cerebelar a tomografia computadorizada é pouco sensível. Nos primeiros dias da vertigem o estudo através de imagens deve ser feito com ressonância magnética nuclear, que é um método bastante preciso para diagnosticar o infarto cerebelar inferior. A angiografia cerebral também poderá ser indicada (Hotson, 1998).

Página 4 de 6 O fato de termos tido a oportunidade de avaliar dois pacientes com vertigem aguda e ataxia nos levou a apresentar estes casos. Caso 1 Paciente do sexo masculino, 60 anos, lúcido, tabagista, etilista crônico, com quadro de vertigem aguda, associada a náusea e vômitos, paralisia facial central à direita, nistagmo espontâneo bidirecional, disartria (Figura 1). Figura 1 - Tomografia computadorizada: área hipodensa, não captante do contraste, ocupando parte do hemisfério cerebelar esquerdo (infarto isquêmico). Quarto ventrículo centrado assimétrico, com discreto aumento volumétrico. Caso 2 Paciente do sexo masculino, 43 anos, lúcido, com quadro de vertigem aguda, associada a náusea e vômitos, hipoacusia e zumbidos à esquerda. Não apresenta fatores de risco para infarto cerebelar, tais como hipertensão arterial sistêmica, vasculopatia (arteriosclerose, aneurismas), diabetes, tabagismo, doença cardíaca valvular, discrasia sangüínea e trauma. Audiometria: ouvido direito: escotoma em 4000 Hz (40 db). Discriminação da fala 94%. Ouvido esquerdo: disacusia sensórioneural acentuada. Discriminação da fala 45%. Exame neurológico normal (Figuras 2 e 3).

Página 5 de 6 %IMG3% Figuras 2 e 3 - Ressonância magnética nuclear (RMN) - áreas com sinais intenso em DP e P2 heterogêneo em T1 predominantemente hipointenso com focos hiperintensos, captando o meio de contraste localizado na corticalidade inferior do hemisfério cerebelar direito. O aspecto é de infarto com perfusão luxuriante e hemorragia petequial. Demais estruturas normais. Comentário Os pequenos infartos cerebelares apresentam um quadro evolutivo benigno, não acarretando normalmente seqüelas neurológicas, como ocorreu nos casos apresentados. No segundo paciente a disacusia sensório-neural foi permanente, porém não interfere na atividade rotineira. A queda em 4000 Hz no ouvido direito (contralateral) é possivelmente devido à atividade exercida pelo paciente (mecânico de veículos). Em decorrência destes fatos apresentados (ausência de sinais ou seqüelas neurológicas), acreditamos que muitos pacientes com vertigem súbita e/ou surdez súbita, devido a pequenos infartos cerebelares, ficam sem um diagnóstico preciso, quando não submetidos à avaliação por imagem. Bibliografia 1. Amarenco, P.; Hauw, J.J.; Gautier, J.C. - Arterial Pathology. In Cerebelar Infarction. Stroke. 21:1299-305, 1990. 2. Hotson, J.R.; Balow, R.W. - Acute Vestibular Syndrome. New Engl. J. Med. 33:357-63, 1975. 3. Rubenstein, R.L.; Norman, D.M.; Schindler, R.A.; Kaseff, L. - Cerebellar Infarction - A presentation of Vertigo. Laringoscope. 90:505-14, 1980. 4. Simmons, Z.; Biller, J.; Adams, H.P.Jr.; Dunn, V.; Jocoby, C.G. - Cerebellar Infarction: Comparison of Computed Tomography and Magnetic Resonance Imaging. Ann. Neurol. 19:291-3, 1986.

Página 6 de 6 5. Sypert, G.W.; Alvord, E.C. - Cerebellar Infarction - A Clinical pathological Study. Arch. Neurol. 32:357-63, 1975. 6. Tohgi, H.; Takahashi, S.; Chiba, K.; Hirata, Y. - Cerebellar Infarction - Clinical and Neuroimaging Analysis in 293 Patients. Stroke. 24: 1697-701, 1993. 7. Tomaszek, D.; Rosner, M. - Cerebellar Infarction: Analysis of Twenty-one Cases. Surg. Neurol. 24:23-6, 1985.