07. CEREAIS, FIBRAS E OLEAGINOSAS



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Transcrição:

07. CEREAIS, FIBRAS E OLEAGINOSAS

Algodão PERSPECTIVAS 2016 DESVALORIZAÇÃO DO REAL FRENTE AO DÓLAR AUMENTA OS CUSTOS DE PRODUÇÃO A PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALGODÃO DEVE CAIR PELO QUARTO ANO CONSECUTIVO E OS ALTOS ESTOQUES DE PASSAGEM MANTÊM OS PREÇOS DA PLUMA POUCO ATRAENTES. EM BUSCA DE MELHORES RENTABILI- DADES, OS PRODUTORES DE MATO GROSSO, GOIÁS E MATO GROSSO DO SUL ESTÃO SUBSTITUINDO O ALGODÃO SAFRA PELO CULTIVO DO ALGO- DÃO SAFRINHA. Para safra 2015/2016, a área de produção mundial deve cair aproximadamente 8% em relação à safra anterior, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Índia deverá plantar 11,8 milhões de hectares, queda de 7% em relação à safra passada, seguida da China, que diminuirá a área em 825 mil hectares, retração de 19%. Os EUA são o terceiro país com maior redução, estimada em 480 mil hectares. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #047 De acordo com o USDA, a produção mundial de algodão em pluma para safra 2015/2016 está estimada em 23,4 milhões de toneladas, queda de 10% em relação ao período 2014/2015. A queda nos volumes produzidos acontece desde a safra 2011/2012, quando a produção chegou a 27,7 milhões de toneladas. Quanto ao consumo, estima-se crescimento de 1,5% em relação à safra passada, chegando a 24,4 milhões de toneladas. Ainda segundo o USDA, os estoques mundiais devem cair para 23,3 milhões de toneladas, 4% a menos do que na safra passada. Mesmo com a constante queda de área e produção, esses estoques se caracterizam como o segundo maior valor armazenado entre todas as safras, oferecendo segurança às indústrias consumidoras.

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #048 Mil/ha Gráfico 1. Evolução da área plantada de algodão Brasil 1.097 1.077 261 220 294 316 843 836 173 147 283 261 1.400 1.393 272 250 405 418 148 271 159 319 136 136 319 295 542 542 387 428 724 726 475 643 563 574 894 1.122 1.017 1.005 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16* Fonte: Conab, outubro de 2015/CNA.*Previsão BRASIL Outros BA MT No mercado interno, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a área nacional de produção de algodão deva se manter próxima a da safra passada, porém com redução em alguns estados como a Bahia, que deve registrar recuo de 4% em relação à safra passada, maior queda entre os principais produtores. O Mato Grosso (MT) tende a manter a mesma área. Porém, os produtores devem aumentar o plantio do algodão safrinha em detrimento do algodão safra. O plantio do algodão segunda safra sobre as áreas de soja possibilita ao produtor maximizar a rentabilidade em uma mesma safra. Para o Mato Grosso do Sul (MS), a tendência é de manutenção de áreas devido aos altos custos de produção e as boas rentabilidades oferecidas para a soja. Em Goiás (GO), o cenário é semelhante ao estado vizinho, mas a expectativa é de leve decréscimo das áreas plantadas em substituição pela soja, em razão da melhor rentabilidade oferecida pela oleaginosa. Tabela 1. Relação oferta e demanda Algodão Pluma Brasil. SAFRA ESTOQUE INICIAL PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL 2009/10 394,2 1.194,1 39,2 1.627,5 1.039,0 512,5 76,0 2010/11 76,0 1.959,8 144,2 2.180,0 900,0 758,3 521,7 2011/12 521,7 1.893,3 3,5 2.418,5 895,2 1.052,8 470,5 2012/13 470,5 1.310,3 17,4 1.798,2 920,2 572,9 305,1 2013/14 305,1 1.734,0 31,5 2.070,6 820,0 748,6 502,0 2014/15 502,0 1.532,8 5,0 2.039,8 780,0 790,0 469,8 2015/16* 469,8 1.547,0 5,0 2.021,8 810,0 780,0 431,8 Fonte: Conab, outubro de 2015. *Previsão O consumo nacional, de acordo com a Conab, terá aumento de 4% em relação à safra passada. As exportações tendem a cair 1%. No entanto, com a desvalorização do Real frente ao dólar, este cenário poderá ser alterado por conta do maior poder de compra da moeda norte-americana. Ao mesmo tempo em que a desvalorização do Real frente ao dólar favorece a comercialização do produto, os custos de produção sobem nas mesmas proporções.

De acordo com estimativas do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), os custos variáveis da safra 2015/2016 devem ficar próximos a R$ 7.500,00 por hectare, aumento de 17% em relação à safra passada. Os custos com sementes, com alta de 77%, representam a maior elevação, seguidos pelos custos com fertilizantes (+24%) e defensivos (+20%). Os gastos com defensivos no manejo da lavoura de algodão têm participação de 48% dos gastos com insumos. Dentro da classe de defensivos, a grande demanda de inseticida para o controle principalmente do bicudo responde por 54% das despesas. BALANÇO 2015 PROBLEMAS CLIMÁTICOS REDUZEM ESTIMATIVAS DE PRODUÇÃO As primeiras previsões de área para a safra de 2014/2015 indicavam plantio semelhante à safra passada, porém os altos custos de produção e as baixas rentabilidades oferecidas pela cultura acabaram desestimulando principalmente os pequenos produtores a investir no plantio do algodão. Desta forma, a redução de área foi de 105 mil hectares, queda de 9% em relação à safra 2013/2014. No Mato Grosso, a queda de área foi de 80 mil hectares, caindo ainda mais a participação do algodão safra em relação ao algodão safrinha. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #049 A safra iniciou com boas expectativas de produção em todos os estados. Contudo, o prolongamento das chuvas até meados de junho prejudicou a produtividade e a qualidade das lavouras de algodão dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia. A queda de produção não foi maior devido às boas produtividades das lavouras de algodão safrinha que recuperaram em parte as perdas das lavouras de Mato Grosso. Gráfico 2. Produção de Algodão Pluma Brasil Mil ton de Algodão Pluma 1.960 1.877 1.524 1.734 1.602 392 347 245 1.533 276 1.310 289 210 1.214 1.194 633 484 222 483 452 496 227 204 453 357 373 407 783 830 614 584 935 1.047 731 1.006 870 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 BRASIL Outros BA MT Fonte: CONAB, outubro de 2015.

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #050 Nos meses de janeiro a maio de 2014, período de tomada de decisão em relação ao plantio de algodão, os preços ofertados pela fibra estavam acima de US 93/lb. Porém, com o andamento da safra os preços seguiram em queda, sendo que no período do plantio os preços estavam nos patamares de US 65/lb, queda de 32%. Esta constante desvalorização da fibra incentivou os produtores que não haviam fechado contratos futuros de venda da produção e da compra dos insumos a rever o planejamento quanto ao tamanho da área de plantio e isso refletiu em leves reduções de área. Os produtores que não fixaram preços de venda do produto, no período do planejamento da safra e que necessitaram vender a produção durante o período da colheita, tiveram a rentabilidade seriamente comprometida devido à manutenção dos preços abaixo dos US 65/lb pela fibra. Segundo informações de comércio exterior (Alice Web/MDIC), as exportações de janeiro a agosto deste ano já somam 313 mil toneladas de algodão em pluma, crescimento de 29% em relação ao mesmo período da safra passada. A Indonésia, com praticamente o mesmo valor da safra passada, continua sendo o maior importador nacional, somando 66 mil toneladas, seguida por Vietnã, Coréia do Sul, China e Turquia, que se destacam entre os cinco maiores importadores. Arroz PERSPECTIVAS 2016 ÁREA DE PLANTIO SEGUE TENDÊNCIA DE QUEDA A PRODUÇÃO MUNDIAL DE ARROZ TERÁ LEVE QUEDA E OS ESTOQUES DE PASSAGEM CAÍRÃO PARA 88 MILHÕES DE TONELADAS. O BRASIL MANTEM A MESMA TENDÊNCIA DE REDUÇÃO DE ÁREA E PRODUÇÃO, COMPROMETENDO ASSIM AS EXPECTATIVAS DE EXPORTAÇÃO E OS ESTOQUES FINAIS. De acordo com o Foreign Agricultural Service (FAS) do USDA, a previsão da produção de arroz beneficiado para a safra 2015/2016 é de 474 milhões, ante 479 milhões de toneladas da safra passada. Os estoques de passagem devem cair de 102 milhões para 88 milhões de toneladas. Ainda segundo o USDA, a China se manterá como o maior país produtor mundial do cereal, com produção de 145 milhões de toneladas, seguida da Índia, com 105 milhões de toneladas. A Índia deverá exportar 9,5 milhões de toneladas, queda de 18% em relação à safra passada. Em contrapartida, a Tailândia deverá ter aumento

de 6% nas exportações, em relação à última safra, com 9,5 milhões de toneladas. A Tailândia recuou sua produção pelo segundo ano consecutivo devido aos problemas climáticos, mas deve aumentar as exportações em razão dos estoques, que se mantêm acima de 10 milhões de toneladas. No Brasil, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa para a safra 2015/2016 é que a área plantada continue com tendência de queda, como já vem ocorrendo nos últimos anos. A queda de 2% da área plantada é atribuída à substituição pela soja, pelo fato de a oleaginosa proporcionar rentabilidade superior ao cereal. Entretanto, a produção ficará acima das estimativas do consumo nacional. milhões/ha Gráfico 1. Evolução da área plantada de arroz Brasil 3,0 2,9 2,9 2,8 2,8 2,4 2,4 2,4 2,3 2,2 1,7 1,7 1,8 1,7 1,8 1,5 1,5 1,6 1,6 1,5 1,2 1,1 1,1 1,1 1,0 0,9 0,9 0,8 0,7 0,7 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16* Fonte: Conab, outubro de 2015/CNA. *Previsão BRASIL Centro - Sul Norte/Nordeste 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #051 O Nordeste, principalmente Bahia e Piauí, mesmo com uma leve queda de área, será a região que apresentará a maior expectativa de crescimento de produção (8%) para a safra 2015/2016. Em contrapartida, a região Centro-Sul, com a mesma redução de área das outras regiões, deverá diminuir a oferta em 4%. A justificativa se deve ao fato de o Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro, reduzir em 3% a expectativa de plantio para a próxima safra. Como o estado adota um sistema altamente tecnificado, com produtividades acima de 150 sacas por hectare, esta leve queda na área plantada implicará redução de aproximadamente 450 mil toneladas. Tabela 1. Relação oferta e demanda arroz Brasil SAFRA ESTOQUE INICIAL BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA (MIL TON) PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL 2009/10 2.531,6 11.660,9 1.044,8 15.237,3 12.152,5 627,4 2.457,4 2010/11 2.457,4 13.613,1 825,4 16.895,9 12.236,7 2.089,6 2.569,6 2011/12 2.569,6 11.599,5 1.068,0 15.237,1 11.656,5 1.455,2 2.125,4 2012/13 2.125,4 11.819,7 965,5 14.910,6 12.617,7 1.210,7 1.082,2 2013/14 1.082,2 12.121,6 807,2 14.011,0 11.954,3 1.188,4 868,3 2014/15 868,3 12.448,6 650,0 13.966,9 12.000,0 1.250,0 716,9 2015/16* 716,9 12.089,4 600,0 13.406,3 12.000,0 1.000,0 406,3 Fonte: Conab, outubro de 2015. *Previsão

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #052 Com a expectativa de produção em torno de 12 milhões de toneladas, contando com uma demanda interna e externa de praticamente 13 milhões de toneladas, a relação estoque/uso ficará em apenas 3%. Isso significa que, na safra 2015/2016 não há espaço para quebras de produção em nenhuma região. Com este cenário de oferta e demanda, a expetativa é de que os preços se mantenham acima dos preços mínimos em todas as regiões produtoras, gerando rentabilidade positiva para os rizicultores. Com relação ao clima, há previsão de ocorrência do fenômeno El Niño, assim como na safra passada. Nestas condições, o tempo chuvoso nos últimos meses deste ano prevalece na região Sul. Por outro lado, no Centro-Oeste e no Nordeste, predomina o tempo seco e quente. Dessa forma, a produção na região Sul deverá ser tão boa quanto à da safra passada para os produtores que conseguiram semear as lavouras até o mês de outubro e que realizaram os tratos culturais de forma preventiva. BALANÇO 2015 INFLUÊNCIA DO EL NIÑO INTERFERE NA PRODUÇÃO EM TODOS ESTADOS Na safra 2014/2015, mesmo com a redução de 3% de área, a produção cresceu 3%. A expansão se deve ao fato de o El Niño ter favorecido o desenvolvimento das lavouras no Rio Grande do Sul, maior produtor brasileiro. Em contrapartida, a influência negativa deste fenômeno climático fez com que os estados do Nordeste e Sudeste contabilizassem perdas de 24 e 11%, respectivamente. Gráfico 2. Evolução do preço do arroz em casca, segundo Indicador Cepea 40,16 R$/Saca de 50 kg 37,99 38,16 37,30 37,41 36,61 36,22 36,80 36,74 36,37 35,80 35,96 35,78 34,91 33,69 37,72 34,67 33,58 mai-14 jul-14 set-14 nov-14 jan-15 mar-15 mai-15 jul-15 set-15 Fonte: CEPEA/CNA

De acordo com o levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em conjunto com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), por meio do projeto Campo Futuro, o Custo Operacional Total (COT) para uma lavoura de arroz irrigado na região de Uruguaiana (RS) foi de R$ 5.608,03, com rendimento de 160 sacos de 50 quilos por hectare. Em Santa Catarina, na região de Tubarão, o COT para uma produção semeada em solo seco foi de R$ 3.043,80, com produtividade estimada em 137 sacas por hectare. Com estes níveis de produtividade, os rizicultores que optaram por não vender o produto no período da colheita, na expectativa de melhores preços, conseguiram obter melhores rentabilidades. Entretanto, quem precisou comercializar a produção durante a colheita para cumprir contratos ficou com a renda comprometida ou com situação próxima do break even (sem lucros nem prejuízos), devido aos baixos preços nos meses de fevereiro a junho. As exportações brasileiras vêm diminuindo anualmente devido à produção se manter próxima ao consumo interno. A área plantada vem caindo principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Na safra 2006/2007, a área ocupada pela cultura era de três milhões de hectares e a expectativa para a safra 2015/2016 é de 2,3 milhões de hectares. Isso tem ocorrido devido à baixa rentabilidade oferecida pela cultura em anos onde os estoques estiveram muito altos. Feijão 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #053 PERSPECTIVAS 2016 ÁREA DE PLANTIO DEVERÁ SE MANTER ESTÁVEL A ÁREA DE PLANTIO DO FEIJÃO DEVE SE MANTER SEMELHANTE À DA SAFRA PASSADA. MAS A PREVISÃO DO FENÔMENO EL NIÑO PODERÁ INTERFERIR NA PRODUÇÃO DOS ESTADOS DO SUL E DO NODESTE. DIANTE DESSE CENÁ- RIO, COM A PRODUÇÃO NACIONAL INFERIOR AO CONSUMO, OS ESTOQUES DE PASSAGEM DEVEM CAIR IMPULSIONANDO AS IMPORTAÇÕES DO GRÃO. A produção brasileira de feijão está dividida em três diferentes períodos. O feijão de primeira safra é plantado normalmente entre outubro e janeiro, sendo colhido até meados de maio. O feijão segunda safra é plantado de janeiro a meados de maio, com a colheita ocorrendo de maio a setembro. Já o feijão terceira safra, cultivado de abril a junho, tem a colheita entre julho e outubro.

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #054 A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o plantio de feijão, somando as três safras, mantenha a área plantada em três milhões de hectares, semelhante à verificada na safra passada. Na primeira safra, os estados que se destacam com as maiores áreas de plantio são Bahia (240 mil hectares); Piauí (210 mil); Paraná (180 mil); e Minas Gerais (160 mil). Para o feijão segunda safra, os estados com maior participação são os do Ceará, Paraná e Mato Grosso, com 394, 208 e 200 mil hectares, respectivamente. O feijão terceira safra tem como principais produtores os estados da Bahia (245 mil hectares) e Pernambuco (129 mil). Milhões/ha 4,1 0,8 1,7 Gráfico 1. Evolução da Área Plantada de Feijão Brasil 4,0 0,8 1,9 4,1 0,8 2,0 3,6 0,8 1,4 4,0 0,8 1,8 1,6 1,3 1,4 1,4 1,4 1,2 1,1 1,2 1,1 1,0 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16* FEIJÃO TOTAL Feijão 3ª Safra Feijão 2ª Safra Feijão 1ª Safra 3,3 0,6 1,4 3,1 0,7 1,3 3,4 0,7 1,5 3,0 0,7 1,3 3,0 0,7 1,3 Fonte: Conab, outubro 2015/CNA.*Previsão O feijão de primeira e segunda safra representa 75% da produção brasileira. É justamente durante o desenvolvimento destas duas safras que o fenômeno do El Niño tem a maior influência nas regiões Sul e Nordeste. No Paraná, maior produtor do feijão de primeira safra, o clima chuvoso dos meses de novembro e dezembro poderá influenciar negativamente o rendimento e a qualidade dos grãos. Em contrapartida, os estados da Bahia e de Mina Gerias, que representam praticamente 35% da produção do feijão primeira safra, devem sofrer com escassez de chuvas até meados de dezembro. Sendo assim, o preço do feijão preto e do carioca poderá oscilar significativamente e os valores podem ficar acima da média do último ano. No restante da safra, as condições climáticas devem se regularizar, possibilitando o ajuste da oferta do produto. O vazio sanitário para a cultura do feijão foi introduzido pela primeira vez nos estados de Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás durante 30 dias, no período compreendido entre 20 de setembro e 20 de outubro. A medida busca o controle da mosca branca, principal transmissora do vírus do mosaico dourado, fator que obriga os produtores a eliminarem qualquer planta viva da cultura do feijoeiro comum pelo prazo de 30 dias. Esta prática possibilita quebrar o ciclo de reprodução da mosca branca, inferior a 30 dias.

O feijão terceira safra, com participação de 25% na produção nacional, deve ser favorecido pelo prolongamento das chuvas que devem ocorrer até meados de maio e junho nos estados da Bahia Minas Gerais e Goiás. Juntos, esses estados respondem por 55% da produção deste período. Milhões/ha 3,3 0,78 Gráfico 2. Evolução da Produção de Feijão Brasil 3,5 3,5 0,83 0,77 3,3 0,84 1,00 1,45 1,37 1,02 3,7 0,73 1,33 2,9 2,8 1,57 1,24 1,34 1,46 1,68 1,24 0,96 1,26 1,13 1,15 0,62 1,06 0,74 1,11 0,86 FEIJÃO TOTAL Feijão 3ª Safra Feijão 2ª Safra Feijão 1ª Safra 3,5 3,2 3,2 0,83 0,81 1,33 1,23 1,27 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16* Fonte: CEPEA/CNA A demanda de feijão para a próxima safra deverá ser mantida acima de 3,3 milhões de toneladas e a previsão de oferta interna está prevista em 3,2 milhões de toneladas. Neste contexto a tendência é que as cotações continuem oscilando e possibilitando rentabilidade positiva ao produtor, de acordo com a oferta e a demanda durante o ano safra. Em casos de necessidade, o Brasil deve manter as importações de feijão preto do Canadá, Estados Unidos, Argentina e China. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #055 O feijão-caupi (Vigna unguiculata L. Walp.), que vem ganhando espaço na produção nacional, tem se tornado uma nova fonte de renda para os produtores do Norte e Nordeste. Estima-se que a área cultivada com essa cultura esteja próxima de 1,2 milhão de hectares. A falta de defensivos agrícolas registrados para o uso na cultura deixa os produtores na ilegalidade involuntária. BALANÇO 2015 QUEDA DA PRODUÇÃO REDUZ OS ESTOQUES INTERNOS. A produção estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2014/2015 foi de 3,2 milhões de toneladas, queda de 8% em relação à safra passada. A produção do feijão primeira safra teve redução de 127 mil toneladas, queda de 10% em relação à safra anterior. Já a produção de feijão segunda safra teve redução de 104 mil toneladas (-8%) em relação à safra passada.

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #056 Tabela 1. Relação oferta e demanda Feijão Brasil SAFRA ESTOQUE INICIAL BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA (MIL TON) PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL 2009/10 317,7 3.322,5 181,2 3.821,4 3.450,0 4,5 366,9 2010/11 366,9 3.732,8 207,1 4.306,8 3.600,0 20,4 686,4 2011/12 686,4 2.918,4 312,3 3.917,1 3.500,0 43,3 373,8 2012/13 373,8 2.806,3 304,4 3.484,5 3.320,0 35,3 129,2 2013/14 129,2 3.453,7 135,9 3.718,8 3.350,0 65,0 303,8 2014/15 303,8 3.185,1 110,0 3.598,9 3.350,0 90,0 158,9 Fonte: Conab, outubro 2015/CNA Com a manutenção do consumo nos mesmos níveis da safra passada, a queda de produção reduziu os estoques em 145 mil toneladas. Com o aperto na oferta, o preço do feijão carioca no estado do Paraná superou os patamares de R$ 150,00 a saca de 60 kg, no período de março a maio. Em contrapartida, os menores preços ocorreram em meados de outubro de 2015, quando a saca estava sendo comercializada a R$ 75,00. O feijão preto seguiu a mesma tendência do feijão carioca. De acordo com o levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em conjunto com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), por meio do projeto Campo Futuro na região de Castro (PR), o feijão das águas teve um Custo Operacional Efetivo (COE) próximo a R$3.350,00 por hectare, com produtividade de 39 sacas por hectare. O COE para o feijão da seca foi de R$ 3.500,00 por hectare, com produtividade de 44 sacas por hectare. Gráfico 3. Evolução dos Preços PR R$/sc - 60 kg 119,55 131,87 94,63 120,42 136,94 118,29 81,61 93,55 87,42 62,02 90,66 76,24 152,65 145,85 117,44 126,24 118,23 145,45 135,27 122,39 118,49 fev-14 mar-14 abr-14 mai-14 jun-14 jul-14 ago-14 set-14 out-14 nov-14 dez-14 jan-15 fev-15 mar-15 abr-15 mai-15 jun-15 jul-15 ago-15 set-15 out-15 121,18 99,64 88,57 113,00 130,83 96,11 Feijão Carioca Feijão Preto Fonte: Agrolink/CNA Na safra 2014/2015, os produtores que conseguiram rendimentos similares aos observados pelo levantamento do Campo Futuro, que tiveram condições de esperar o melhor momento para comercializar a safra, obtiveram rentabilidade positivas. Em contrapartida, os produtores que foram obrigados a cumprir contratos em meados de outubro e novembro tiveram suas receitas comprometidas.

Milho PERSPECTIVAS 2016 AUMENTO DA COMERCIALIZAÇÃO FUTURA DO CEREAL INDICA CRESCIMENTO DE ÁREA DO MILHO SAFRINHA A PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO DEVERÁ TER UMA LEVE QUEDA. OS PREÇOS, NO ENTANTO, DEVERÃO SE MANTER PRÓXIMOS A US$ 5,00/BUSHEL. NO BRASIL, A PRODUÇÃO DE MILHO VERÃO DEVERÁ TER QUEDA NOVAMENTE. EM CONTRA- PARTIDA, OS BONS PREÇOS OFERTADOS PELO CEREAL, PARA O SEGUNDO SEMES- TRE DE 2016, INDICAM CRESCIMENTO DE ÁREA PARA O MILHO SAFRINHA. A área de plantio de milho nos EUA teve leve redução, sendo substituído pela soja. Com o início de safra muito chuvoso, as previsões apontavam quedas ainda maiores da produção. Mas com a colheita em andamento as previsões indicam produtividades próximas das expectativas inicias na maioria dos estados americanos. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #057 De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), a produção mundial será de 973 milhões de toneladas, queda de 4% em relação à safra passada. Os Estados Unidos, maior produtor mundial, teve redução da área plantada e a produção está estimada em 344 milhões de toneladas, queda de 5% em relação à última safra. O consumo mundial para o período de 2015/2016 está estimado em 982 milhões de toneladas: aumento de 5,5 milhões em relação à safra passada. Ao mesmo tempo, os estoques de passagem devem cair para 187 milhões de toneladas, queda de 4% em relação safra passada. Gráfico 1. Produção de Milho Brasil 73,0 81,5 80,1 85,5 83,1 Milhões de toneladas 58,7 56,0 57,4 51,4 51,0 14,8 18,7 17,3 21,9 22,5 39,1 46,9 48,4 54,8 54,6 36,6 40,0 33,7 34,1 34,9 33,9 34,6 31,7 30,7 28,5 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16* MILHO TOTAL Milho Safrinha Milho Verão Fonte: Conab, outubro de 2015/CNA. *Previsão

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #058 A safra brasileira 2015/2016 já está sendo plantada e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima, novamente, queda da área plantada do milho verão, substituída pela soja. Para esta safra, a Conab estima área de 5,9 milhões de hectares de milho verão, queda de 5% em comparação com a safra passada. Os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia se destacam com reduções de área de 90, 88 e 62 mil hectares, respectivamente. Essas áreas devem ser substituídas pela soja, devido ao menor desembolso necessário para a implantação da oleaginosa, assim como a melhor rentabilidade oferecida pela soja em relação ao milho. Para o milho safrinha, a Conab estima o plantio de 9,6 milhões de hectares, mesma área da safra passada. O alto percentual de grãos comercializado antecipadamente e os bons preços ofertados pelo cereal, para os meses de fevereiro e março, são indicativos de que a área de segunda safra será superior à estimada até então. A Conab, em seu primeiro levantamento de safra, indica queda de produção do milho verão de 7% em relação à safra passada. Para o milho safrinha, a Companhia estima produção semelhante à obtida na safra anterior. Caso a segunda safra tenha o incremento indicado pelo mercado, o rendimento nacional deverá superar a safra anterior. O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, sendo o segundo maior exportador. A queda na produção dos EUA, juntamente com o aumento anual na produção brasileira, tem favorecido a entrada do milho nacional nos mais diversos mercados. Desta forma, a exportação vem ultrapassando os 20 milhões de toneladas desde a safra de 2011/2012. Para a safra 2015/2016, as estimativas iniciais são de exportações equivalentes a 28 milhões de toneladas. Caso se confirme esses números, será o maior embarque do cereal para o mercado externo já realizado pelo Brasil. Gráfico 2. Relação de consumo, exportações e estoques Brasil 14,4 11,9 Milhões de toneladas 5,6 5,4 11,0 9,3 4,4 22,3 6,6 11,8 26,2 20,9 27,2 28,0 47,0 49,0 52,4 54,1 54,6 56,0 58,2 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16* Estoque Final Exportação Consumo Fonte: Conab, outubro de 2015. *Previsão Para a safra 2015/2016, a estimativa da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB) é de aumento nos custos de produção para o milho, em torno de 38%. Isso se deve principalmente aos reajustes nos preços dos defensivos, fertilizantes e sementes.

Devido aos elevados custos de produção do milho verão, as áreas plantadas vêm caindo consideravelmente nos últimos anos. A queda constante dos preços do milho na Bolsa de Chicago (CBOT) tem reduzido de forma considerável a rentabilidade do produtor. A valorização do dólar frente ao real é o fator que tem favorecido o produtor brasileiro, pois as margens estão se mantendo positivas para a comercialização dos grãos. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) indica que, do total do volume do cereal, a ser colhido em meados de junho e julho no estado, aproximadamente 48% já foi comercializado até outubro de 2015. Neste mesmo período da safra passada, a venda do cereal ainda não tinha sido iniciada devido aos baixos preços do cereal. A cotação do cereal na CBOT para os contratos de março e maio de 2016 estão abaixo dos U$ 4,00 por bushel, porém, qualquer demanda extra dos EUA ou demais consumidores, ou ainda uma queda de produção nos países da América do Sul pode favorecer a elevação dos preços acima deste patamar. BALANÇO 2015 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #059 SAFRA DE CONTRASTES PARA O MILHO VERÃO A produção recorde de 85,5 milhões de toneladas na safra de 2014/2015 foi resultado das boas produtividades obtidas pelo milho verão na região Sul, favorecida pelas boas condições climáticas e também, pelas excelentes produtividades obtidas pelo milho safrinha nos estados do Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Desta forma, como já vem ocorrendo desde a safra 2011/2012, o milho safrinha é o cereal que teve o maior crescimento da produção, tornando-se uma segunda fonte de renda para os produtores desses estados. A safra brasileira do milho verão foi de contrastes. Ao mesmo tempo em que a região Sul apresentou as condições climáticas ideais para o desenvolvimento das lavouras, os estados da Bahia, Minas Gerais, Maranhão e Goiás enfrentaram problemas climáticos que prejudicaram drasticamente o rendimento das lavouras. A produção do milho verão da safra 2014/2015 foi a menor das últimas dez safras. Em contrapartida, o milho safrinha teve um incremento de 4% em área e o aumento da produção foi de 13%. Essa foi a primeira safra em que o milho safrinha ultrapassou 50 milhões de toneladas, como reflexo do prolongamento das chuvas até meados de junho e das boas práticas agrícolas adotadas pelos produtores. Com esse aumento da produção, a demanda por silos bag aumentou consideravelmente nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O silo bag é um

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #060 saco de fácil utilização e com durabilidade de até três anos, substituindo a armazenagem tradicional em silos nas propriedades, cooperativas ou cerealistas com capacidade de armazenamento de até 180 toneladas. A adoção de esse sistema sana as deficiências na capacidade de armazenamento estática. E, em razão disso, está sendo amplamente utilizado devido ao baixo custo e a praticidade de sua utilização. Diante do aumento dos estoques, a exportação brasileira do cereal bateu novo recorde, com embarque de aproximadamente 27 milhões de toneladas, valor 30% acima da safra passada. Até então, o maior valor exportado em uma única safra foi de aproximadamente 26 milhões de toneladas, registrado no biênio 2012/2013. Levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em conjunto com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), por meio do projeto Campo Futuro, mostra que o custo operacional efetivo para a implantação de uma lavoura de milho verão, de alta tecnologia, na região de Carazinho/RS, foi de R$ 2.898,66 por hectare, rendimento de 140 sacas/ hectare. Para a região de Guarapuava/PR, os custos operacionais efetivos para o mesmo nível de tecnologia foi de R$ 3.895,37 por hectare e a produtividade de 185 sacas/hectare. Para o milho safrinha, o COE para a região de Sorriso/MT foi de R$ 1.808,30 por hectare, com produtividade de 120 sacas/hectares. Para Rio Verde/GO, o COE foi de R$ 2.031,68 por hectare e produtividade de 110 sacas/hectare. O Oeste do Paraná teve um custo de aproximadamente R$ 2.677,00 com produtividade de 135 sacas/hectares. Gráfico 3. Preços em reais e dólares ofertados pelo milho na BMF 32,84 28,75 27,66 29,44 25,99 31,04 32,68 26,83 23,66 27,41 25,34 14,12 11,26 12,94 10,63 10,84 10,40 9,37 8,28 8,07 7,95 8,44 jan-14 mar-14 mai-14 jul-14 set-14 nov-14 jan-15 mar-15 mai-15 jul-15 set-15 R$/sc US$/sc Fonte: CEPEA/CNA. Com a desvalorização do real frente ao dólar, o preço ofertado para o milho vem crescendo no segundo semestre. Os produtores que optaram em guardar o cereal na espera da melhora dos preços estão obtendo boa rentabilidade. Nesta safra, o governo federal não precisou acionar os programas de apoio à comercialização do grão, já que as cotações se mantiveram acima dos preços mínimos durante toda a safra.

Soja PERSPECTIVAS 2016 BOA PRODUÇÃO AMERICANA NÃO IMPEDE CRESCIMENTO DA ÁREA NO BRASIL A SAFRA DOS ESTADOS UNIDOS COMEÇOU COM EXCESSO DE CHUVA EM MUITAS REGIÕES PRODUTORAS. ENTRETANTO, A PRODUÇÃO NÃO TEVE A QUEDA QUE ESTAVA SENDO ESPECULADA PELO MERCADO. NA AMÉRICA DO SUL, A SAFRA INICIA COM EXPECTATIVA DE AUMENTO DE ÁREA NO BRASIL, ARGENTINA E PARAGUAI. COM A EXPECTATIVA DE AUMENTO DA OFERTA DA OLEAGINOSA, OS PREÇOS NO MERCADO NACIONAL TÊM SE MANTIDO ACI- MA DOS R$ 60,00/SACA EM PRATICAMENTE TODOS OS ESTADOS, DEVIDO À DESVALORIZAÇÃO DO REAL. A colheita da safra 2015/2016 nos Estados Unidos está na reta final e a estimativa de produção, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), é de que a produção deverá ficar próxima de 107 milhões de toneladas, queda de 1% em relação à safra passada. A área cultivada nos EUA teve acréscimo de 200 mil hectares. No entanto, o início da safra muito chuvosa acabou prejudicando o desenvolvimento inicial das lavouras em alguns estados, impedindo que o recorde de produção fosse atingido pela segunda safra consecutiva. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #061 A exportação mundial, liderada por Brasil, EUA e Argentina está estimada em 127 milhões de toneladas. A participação dos EUA deve cair 6% em relação à safra passada, devido ao alto consumo interno, que está estimado em 54 milhões de toneladas e à reposição dos estoques internos, que devem ficar próximos de 12 milhões de toneladas. No caso da Argentina, que vem passando por sérios problemas econômicos, os produtores estão evitando vender a produção devido à desvalorização cambial, o que deve elevar os estoques internos acima de 33 milhões de toneladas.

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #062 Milhões de toneladas Gráfico 1. Evolução da Produção de Soja Principais Mercados 236,3 87 73 59 61 219 212 81 58 261 264 91 91 69 75 49 46 32 55 49 40 49 54 61 57 240 84 67 269 83 82 283 91 87 319 320 108 107 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16* Fonte: USDA. *Previsão MUNDO Argentina Brasil Estados Unidos De acordo com o USDA, a produção mundial da safra 2015/2016 deve atingir novo recorde, mesmo com a estimativa dos três principais produtores colherem menos que a safra passada. A maior participação dos mercados com pouca expressão na produção da oleaginosa como Índia, União Europeia, Paraguai e África do Sul, entre outros, deve contribuir para este aumento. 95 97 O primeiro levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima área plantada, no Brasil, próxima a 33 milhões de hectares, crescimento de 3% em relação à safra passada. A Bahia, com o maior crescimento percentual, deverá plantar em 1,6 milhão de hectares, crescimento de 13% na comparação com o período anterior. Esse crescimento deve prevalecer sobre novas áreas e sobre as lavouras de algodão e de milho. O Mato Grosso, com 9,1 milhões de hectares, continua sendo o estado com a maior área plantada, seguido do Paraná (5,4 milhões de hectares) e Rio Grande do Sul (5,4 milhões de hectares). O plantio da safra 2015/2016 iniciou de forma lenta, devido às chuvas irregulares que atingiram principalmente o Mato Grosso. No Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul, o plantio evolui de forma normal e deverá ser finalizado dentro do calendário ideal. Nos demais estados, o plantio ganhou ritmo após a segunda quinzena de outubro. A preocupação para essa safra está focada principalmente nas condições climáticas, que de acordo com todas as previsões, sofrerão forte influência do fenômeno El Niño. Os estados da região Nordeste, além de Minas Gerais e Goiás deverão ser os maiores prejudicados, pois a previsão de veranicos é elevada para esses estados. A previsão de exportação para a safra 2015/2016 é de 53 milhões de toneladas, com crescimento de 4% em relação à safra passada. Devido à expectativa de produção recorde, acima dos 100 milhões de toneladas, será possível aumentar as exportações e repor os estoques em aproximadamente 4 milhões de toneladas.

Tabela 1. Relação oferta e demanda Soja Brasil SAFRA ESTOQUE INICIAL BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA (MIL TON) PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL 2009/10 674,4 68.688,2 117,8 69.480,4 37.800,0 29.073,2 2.607,2 2010/11 2.607,2 75.324,3 41,0 77.972,5 41.970,0 32.986,0 3.016,5 2011/12 3.016,5 66.383,0 266,5 69.666,0 36.754,0 32.468,0 444,0 2012/13 444,0 81.499,4 282,8 82.226,2 38.694,3 42.791,9 740,0 2013/14 740,0 86.120,8 578,7 87.439,6 40.332,8 45.691,0 1.415,8 2014/15 1.415,8 96.243,3 300,0 97.959,1 44.638,9 50.800,0 2.520,1 2015/16* 2.520,1 100.993,0 300,0 103.813,1 46.946,0 53.000,0 3.867,1 Fonte: Conab, outubro de 2015. *Previsão Para a safra 2015/2016, o Instituto de Economia Agrícola do Mato Grosso (Imea) estima um aumento dos custos de produção de aproximadamente 17%. Os principais responsáveis por este incremento são os defensivos, com participação de 29%, seguido pelos fertilizantes, com 11%. De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), o aumento dos custos para o estado deve ser de aproximadamente 27%, com os maiores crescimentos para os defensivos (54%), fertilizantes (53%) e sementes (33%). Devido à desvalorização do dólar frente ao Real, os preços ofertados pela saca de 60 kg para o Mato Grosso, para a entrega em março de 2016, estão acima dos R$60,00 em todas as regiões. O reflexo desses bons preços é que praticamente 50% da safra já foi comercializada, ante 16% no mesmo período da safra passada. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #063 Em relação à área de soja safrinha para safra 2015/16, a previsão é de redução considerável nos estados do Mato Grosso e Goiás. Isso se deve ao fato de o plantio de soja estar limitado até 31 de dezembro, em função do vazio sanitário. BALANÇO 2015 BOAS PRODUÇÕES NO SUL, MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL RECUPERAM AS PERDAS DO NORDESTE, SUDESTE E GOIÁS As primeiras previsões para a safra 2014/2015 apontavam produção acima dos 100 milhões de toneladas, porém o rendimento ficou em 96,2 milhões de toneladas. O plantio começou de forma lenta no Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul devido ao tempo mais seco. Porém, em meados de outubro, o plantio se normalizou e foi finalizado dentro do período ideal em todos os estados. As condições climáticas prejudicaram as lavouras dos estados da Bahia, Maranhão Piauí, Minas Gerais e Goiás. A estiagem que ocorreu nos meses de novembro,

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #064 dezembro e janeiro afetou o desenvolvimento e enchimento de grão da oleaginosa. No Rio Grande do Sul, as boas condições climáticas indicavam safra recorde, mas a alta incidência de ferrugem asiática limitou a produção do estado em 49 sacos por hectare. De acordo com o levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), por meio do projeto Campo Futuro, o Custo Operacional Efetivo (COE) para a implantação de uma lavoura de soja na região de Cruz Alta (RS) foi de R$2.035,13 por hectare, com rendimento de 58 sacas/ha. Para a região de Cascavel (PR), onde prevalece o plantio de soja precoce, o COE foi de R$ 1.982,24 por hectare, com rendimento de 62 sacas/ha. Para a região de Guarapuava (PR), onde predomina a soja de ciclo médio e tardio, o COE foi de R$ 2.567,01 por hectare, com rendimento de 60sacas/ha. Para os estados de Goiás e Minas Gerias a produtividade do grão foi de 40 sacos por hectare, devido aos problemas climáticos. Na região de Rio Verde (GO), o COE foi de R$ 1.763,09 por hectare, enquanto em Uberaba (MG) foi de R$ 1.799,02 por hectare. No início da safra de 2014/2015, os preços de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) apontavam valores acima dos U$ 10,50/bushel, porém com o andamento da safra os valores ficaram abaixo dos U$ 9,00/bushel. Para o produtor brasileiro, a queda na CBOT não interferiu de forma negativa nos preços ofertados, pois com a desvalorização do Real frente ao dólar, os preços se mantiveram acima dos R$ 60,00 por saca, na maioria dos estados, durante toda a safra. A safra 2014/2015 foi o segundo ano em que foi plantada comercialmente a soja INTACTA RR2 PRO, resistente às lagartas da soja (Anticarsia gemmatalis)e falsa medideira (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu), lagarta das maçãs (Heliothis virescens) e à broca das axilas ou broca dos ponteiros (Crocidosema aporema), além de supressão às lagartas do tipo Elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e Helicoverpa (H. zea e H. armigera). As estimativas apontam plantio de aproximadamente 20% da área com esta tecnologia. Trigo PERSPECTIVAS 2016 PRODUÇÃO MUNDIAL SUPERA CONSUMO EM 27 MILHÕES DE TONELADAS ELEVANDO OS ESTOQUES DE PASSAGEM.

A PRODUÇÃO MUNDIAL DE TRIGO VEM CRESCENDO EM ÍNDICES SUPERIORES AO CONSUMO. ASSIM, OS ESTOQUES DE PASSAGEM ESTÃO SE MANTENDO ACIMA DE 200 MILHÕES DE TONELADAS. AO MESMO TEMPO, A PRODUÇÃO BRASILEIRA CONTINUA MUITO ABAIXO DO CONSUMO NACIONAL, FAZENDO COM QUE O PAÍS SEJA O PRINCIPAL IMPORTADOR DE CEREAL DO MERCOSUL. As previsões para a safra mundial de trigo no biênio 2015/2016, segundo o Foreign Agricultural Service (FAS), do United States Department of Agriculture (USDA), indicam produção de 733 milhões de toneladas, aumento de aproximadamente sete milhões de toneladas em relação à safra passada. A União Europeia, como principal produtor, terá novamente uma safra acima dos 155 milhões de toneladas. A China segue como segundo maior produtor mundial: 130 milhões de toneladas, aumento de 3% em relação à safra anterior. Com o consumo mundial estimado em 706 milhões de toneladas, os estoques finais devem permanecer acima de 228 milhões de toneladas, elevação de 8% em relação à safra 2014/2015. A China vem mantendo sua política de aumentar os estoques internos nos últimos anos. Para a safra 2015/2016 a previsão é de volumes próximos a 90 milhões de toneladas, crescimento de 20% em relação à safra passada. Assim como a China, os EUA também devem aumentar seus estoques internos, passando de 20,5 para 23,5 milhões de toneladas. A área de produção de trigo no Brasil teve redução de 10% em relação à safra anterior. O Paraná, com a maior área de cultivo de trigo, deverá reduzir a produção em 4%, em comparação com a safra passada, devido à diminuição na área plantada e aos problemas climáticos que ocorreram pontualmente em algumas regiões. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #065 Gráfico 1. Evolução da Área de Plantio de Trigo Brasil 2,8 Milhões/ha 1,9 1,8 0,1 0,1 0,1 0,1 0,7 0,8 2,4 2,4 0,2 0,2 0,1 0,1 1,0 0,9 2,1 2,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,8 0,9 1,9 0,1 0,1 1,0 2,2 0,1 0,1 1,0 0,2 0,1 1,1 2,5 0,2 0,1 0,9 0,9 0,8 1,1 1,3 1,1 1,0 0,8 1,0 1,4 1,3 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 PR RS SC Outros TOTAL Fonte: Conab, outubro de 2015. *Previsão O Rio Grande do Sul, com redução de 20% na área plantada em relação à safra passada, é o estado que apresentou a maior queda entre as regiões produtoras. Com estimativas iniciais de 2,3 milhões de toneladas, o crescimento de 49% em

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #066 relação à safra passada não deverá se confirmar. As geadas ocorridas em meados de setembro, juntamente com o tempo chuvoso durante o mês de outubro, deverão reduzir consideravelmente as estimativas de produção. Devido às perdas consideráveis em produtividade e qualidade dos grãos decorrentes dos problemas climáticos ocorridos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, já há relatos de produtores que estão acionando o seguro rural. A colheita já começou em algumas regiões e os grãos estão sendo destinados à fabricação de ração por estarem sendo classificados como triguilho, devido à baixa qualidade. Com a expectativa do consumo interno próximo a 11 milhões de toneladas para esta safra, as importações deverão superar 5 milhões de toneladas, podendo ser ainda maior devido aos problemas climáticos que tem afetado as lavouras no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e áreas específicas do Paraná. Tabela 1. Relação oferta e demanda no mercado brasileiro de trigo, Safra 2009/10 a 2015/16. Fonte: Conab, outubro de 2015. SAFRA ESTOQUE INICIAL BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA (MIL TON) PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO SUPRIMENTO CONSUMO EXPORTAÇÃO ESTOQUE FINAL 2010 2.879,9 5.881,6 5.798,4 14.559,9 9.842,4 2.515,9 2.201,6 2011 2.201,6 5.788,6 6.011,8 14.002,0 10.144,9 1.901,0 1.956,1 2012 1.956,1 4.379,5 7.010,2 13.345,8 10.134,3 1.683,9 1.527,7 2013 1.527,7 5.527,9 6.642,4 13.698,0 11.381,5 47,4 2.269,1 2014 2.269,1 5.971,1 5.328,8 13.569,0 10.713,7 1.680,5 1.174,8 2015* 1.174,8 6.652,6 5.350,0 13.177,4 10.873,1 1.300,0 1.004,3 *Previsão As importações brasileiras são feitas, preferencialmente, junto aos países do Mercosul. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a previsão de exportação desses países é de aproximadamente 7,4 milhões de toneladas. A Argentina é o principal produtor e ofertante do bloco, com previsão de exportar 5,5 milhões de toneladas. Em seguida está o Uruguai, com expectativa de vender ao Brasil 1,1 milhão de toneladas. De acordo com o levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), por meio do projeto do Campo Futuro, o Custo Operacional Efetivo (COE) para a safra 2015/2016 na região de Carazinho/RS está estimado em R$ 1.825,55 por hectare, e produtividade de 35 sacas por hectare. Para a região de Guarapuava/PR, o COE chegou a R$ 2.206,04 por hectare, com produtividade de 60 sacas por hectare. Com o objetivo de melhorar as condições da triticultura nacional, o segmento produtivo vem buscando soluções para seus principais problemas junto ao governo federal, de forma que a produção nacional possa evoluir. O apoio oficial, por meio de políticas públicas, é importante para o crescimento da produção nacional, reduzindo assim a dependência externa.

Algumas das medidas defendidas pelos produtores: plano bianual para os cereais de inverno, com políticas para preços mínimos; revisão da metodologia de cálculo dos preços mínimos; manutenção da Tarifa Externa Comum (TEC) do trigo em pelo menos 10%. Outro ponto importante é a atualização do zoneamento agrícola para o trigo de acordo com os avanços tecnológicos e, ainda, incentivos ao transporte por cabotagem na costa brasileira. Essas são medidas que deverão contribuir para o desenvolvimento e o aumento da competitividade da triticultura no Brasil. BALANÇO 2015 PROBLEMAS CLIMÁTICOS REDUZEM AS ESTIMATIVAS DE PRODUÇÃO NO SUL A safra de trigo no biênio 2014/15, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi de aproximadamente 6 milhões de toneladas, com destaque para o Paraná com 3,8 milhões de toneladas, ante uma produção de 1,8 milhões de toneladas na safra 2013/2014. O Rio Grande do Sul teve perdas consideráveis em quantidade e qualidade devido aos problemas climáticos. Nos meses de outubro, novembro e dezembro, o clima chuvoso prejudicou drasticamente o desenvolvimento das lavouras, sendo que a produção do estado foi de 1,5 milhão de toneladas. Na safra de 2013/2014 o estado tinha colhido aproximadamente 3,2 milhões de toneladas. 07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #067 Com uma demanda estimada em 10,7 milhões de toneladas, o Brasil precisou importar cerca de 6,3 milhões de toneladas, principalmente dos países do Mercosul. O volume importado nessa safra foi o menor dos últimos quatro anos e 20% inferior ao da última safra. O consumo interno de trigo foi inferior a 11 milhões de toneladas, queda de 6% em relação à safra anterior. Gráfico 2. Evolução do preço do trigo no Rio Grande do Sul e Paraná 47,48 36,72 31,43 32,70 33,99 40,64 39,68 42,24 R$/sc 36,03 27,73 29,38 30,27 34,14 33,93 34,72 37,05 jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 RS (Trigo Brando) PR (Trigo Pão) Fonte: Cepea/CNA (2015).

07. Cereais, fibras e oleaginosas BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #068 Os preços ofertados ao produtor seguiam em uma decrescente, atingindo o preço mínimo em outubro de 2014. Porém, no decorrer do ano até outubro de 2015 o cereal teve valorização de 25% em ambos os estados, devido à desvalorização do real e da baixa oferta de trigo no mercado interno. Mesmo com a melhora dos preços ofertados, a rentabilidade do produtor está próxima ao brek-even devido aos altos custos de produção e às baixas produtividades das últimas safras que foram prejudicadas pelas adversidades climáticas.

08. CAFÉ

PERSPECTIVAS 2016 REGIME DE CHUVAS NO BRASIL EM 2016 E PREVISÃO DE BAIXOS ESTOQUES MUNDIAIS IRÃO BALIZAR PREÇOS DO GRÃO O REGIME DE CHUVAS NO BRASIL SERÁ UM BALIZADOR DE PREÇOS EM 2016. OS BAIXOS ESTOQUES MUNDIAIS, ALIADO À POSSIBILIDADE DE QUEBRAS DE SAFRA NOS PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES, PODEM PROMOVER FIRMEZA DOS PREÇOS. O clima, fator determinante para o bom desenvolvimento da safra 2016/17, preocupa novamente os cafeicultores brasileiros, que temem por uma nova quebra de safra. Na segunda quinzena de setembro de 2015, as chuvas induziram boas floradas nos cafezais nas principais regiões produtoras do país, animando os cafeicultores após consecutivos anos de queda na produção. Pela bienalidade do café no ano 2016 ser positiva, a probabilidade é de alto volume de produção. 08. Café BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #071 Entretanto, o baixo crescimento vegetativo das lavouras na safra 2015/2016, ocasionado pela falta de chuvas, é um indicador que reduz o potencial produtivo da safra. Por análises estatísticas, sem considerar influência de fatores climáticos adversos, é possível que o total produzido pelo Brasil atinja 45 milhões de sacas na temporada 2016/2017, levando em conta o incremento de 7% em função da bienalidade alta. Gráfico 1. Evolução da produção brasileira e de preços do café Bienalidade positiva Bienalidade negativa Preço médio anual 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Bienalidade positiva 48,5 39,3 42,5 46,0 48,1 50,8 Bienalidade negativa 31,3 28,8 32,9 36,1 39,5 43,5 Preço médio anual 118,09 129,56 173,79 217,18 265,43 250,99 252,22 260,08 262,85 311,02 494,68 390,8 600 500 400 300 200 100 0 2013 2014 2015 2016* 45,3 45,0 49,2 42,1 288,8 418,11 445,68 Fonte: MAPA SPAE / CONAB, elaborado pela CNA. (*) Estimativa CNA

08. Café BALANÇO 2015 PERSPECTIVAS 2016 #072 Com relação aos preços do grão para 2016, prevê-se a continuidade da firmeza no mercado interno. Apesar da enorme divergência nas estimativas para a safra brasileira, as previsões parecem realmente convergir para a expectativa de um novo déficit no mercado global de café, explicado principalmente pelos baixos estoques de passagem brasileiros e por possíveis choques negativos de oferta (quebras de safra) causados por fenômenos climáticos. O menor volume colhido pelo Brasil em 2015 quando comparado às previsões de safra, aliado ao ritmo de consumo global se mantendo em 2,3%, valor médio dos últimos quatro anos divulgado pela Organização Internacional do Café (OIC), deverá promover este suporte nos preços do café em 2016. Segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 31 de março de 2015, o Brasil possuía 14.369.048 sacas de 60 kg em seus armazéns privados. O volume representa uma queda de 5,58% na comparação com as 15.217.572, do levantamento realizado em 2014, levando a crer que o estoque de passagem de 2016 será o mais baixo de toda a história cafeeira do País, projetado pelo Conselho Nacional do Café em 6 milhões de sacas. O menor patamar já registrado pelo Brasil nos estoques de passagem ocorreu em 2012, com 8,4 milhões de sacas. Entretanto, as possíveis valorizações no preço da commodity não garantirão, pelo menos a médio e longo prazo, o aumento da competitividade da cafeicultura brasileira como um todo. A partir de dados do Projeto Campo Futuro (CNA-CIM/UFLA), levantados em 2015, a diferença do custo de produção entre regiões com a realidade manual e mecanizada pode chegar a mais de 100%. Enquanto Guaxupé, localizada no Sul de Minas Gerais, caracterizada por áreas montanhosas, apresenta um Custo Operacional Efetivo (COE) de R$ 454,82 por saca de 60 quilos, Luiz Eduardo Magalhães (BA), que conta com topografia plana, registra R$ 212,62 por saca. Pela alta participação dos itens fertilizantes e defensivos na atividade cafeeira e por eles estarem altamente atrelados ao dólar, para 2016 espera-se um aumento geral no custo de produção na maioria dos estados produtores de café do Brasil. Ainda segundo dados do Projeto Campo Futuro 2015, o impacto destes insumos no COE é de 35% para a espécie arábica e 27% para o conilon. É coerente e importante que o cafeicultor busque alternativas para aumentar os índices de competitividade por meio da gestão do custo de produção, diversificação da lavoura e utilização de estratégias na comercialização utilizando ferramentas disponíveis. O mercado de cafés especiais, com alto valor agregado, deve ser uma das alternativas para o aumento da renda do cafeicultor. O consumidor, tanto nacional quanto internacional, tem buscado grãos especiais, com Indicação Geográfica e produzidos a partir de práticas sustentáveis. Como uma maneira de incentivar o setor produtivo para aumento da renda e, consequentemente, capacidade de pagamento, o Governo e o setor privado devem atuar em projetos que visam garantir a renda do produtor. Além disso, os gestores do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) necessitam de se sensibilizar para disponibilizar o recurso no momento e na quantidade certa, tanto para custeio da produção, quanto para o momento da colheita e estocagem.