Tendência da Certificação Digital no Prontuário Eletrônico do Paciente Kathia Dayane da Silva Araújo Rodrigues 1, Henrique Tomaz do Amaral Silva 2 1. Bacharel em Ciências da Computação. Centro Universitário Nove de Julho. MBA em Gestão de Projetos. Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). 2. Professor Doutor. Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo (SP), Brasil. Resumo A Certificação Digital é uma tecnologia que permite validar oficialmente um documento digital e possui hoje grande adesão na área da saúde com a crescente popularidade dos sistemas de Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). O objetivo desse artigo é analisar a tendência da certificação digital no prontuário eletrônico do paciente. Essa revisão de literatura foi baseada em um estudo retrospectivo observacional com utilização de artigos científicos encontrados em bases públicas sem limites de período de publicação. Foram selecionados 06 artigos envolvendo o tema proposto com o intuído de explorar as vantagens de utilizar a Certificação Digital. O presente artigo analisou que o uso da Certificação Digital no PEP tende a ganhar espaço devido as suas vantagens em relação ao não uso do papel; das quais podemos citar a redução de burocracia, facilidade da realização de atividades organizacionais, segurança da informação relacionada ao paciente e no atendimento médico. Descritores: certificação digital, assinatura digital, prontuário eletrônico. Introdução O prontuário é um conjunto de informações obtidas com base nos atendimentos passados de um paciente. Para se obter uma melhor organização do arquivamento dos prontuários dos pacientes foi estabelecido o armazenamento em ordem cronológica, para facilitar a pesquisa das informações. Tudo isso era armazenado em papel, porém com a crescente evolução da tecnologia, atualmente já é possível disponibilizar esse prontuário de forma eletrônica, utilizando o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) (1).
Desde 2007, quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou a digitalização das informações do paciente, o uso de sistemas informatizados e a extinção do uso de papel foram criadas diversas ferramentas para garantir a segurança do armazenamento digital dos dados do paciente (1). A importância da segurança da informação no ambiente digital para a saúde se torna essencial quando se têm desenvolvidos diversos sistemas de PEP e a utilização de diferentes vocabulários em seu uso (2). Para um atendimento de forma mais ágil, diminuindo o tempo de atendimento e o consumo excessivo de papel dentro de uma Instituição Hospitalar, esses dados atualmente já podem ser acessados através de uma assinatura digital válida em documentos eletrônicos (3). A assinatura digital é uma assinatura eletrônica criada de uma operação matemática que é criptografia que permite aferir a origem e integridade dos documentos. Para se obter um valor legal, a assinatura eletrônica precisa atender os três elementos essências que são autenticidade, confidencialidade e integridade (1). O Certificado Digital é um arquivo eletrônico contendo um conjunto de informações que identificam a pessoa física ou jurídica perante a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) (4). É uma expansão tecnológica que atinge diversos serviços, trazendo benefícios, agilidade para organizações quem possuem grande quantidade de documentos (1). Um software para se certificar é necessário que ele atenda os requisitos de conformidade do Manual de Certificação para Sistema de Registro Eletrônico em Saúde (S-RES), desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) juntamente com o CFM (4). Como um caso de sucesso, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC-FMRP-USP) demonstra a vantajosa migração digital e o retorno do investimento que foi realizado no projeto de Certificação Digital, e em pouco tempo (5). O objetivo desse artigo é analisar a tendência da certificação digital no prontuário eletrônico do paciente no cenário nacional. Método Essa pesquisa trata de uma revisão bibliográfica de literatura, observacional e retrospectiva onde foi realizada a busca e análise de todo o material relevante que já foi publicado sobre o tema.
Foram selecionados seis estudos dentro das bases de dados do Pubmed, Lilacs, Medline, Scielo e Google Scholar por período ilimitado. Não foi delimitado um período para a realização de buscas por materiais bibliográficos (artigos e livros) devido a falta de publicações sobre o tema a ser investigado. Quanto aos critérios de inclusão foram considerados artigos publicados e indexados, sem limitação temporal, com livre acesso ao texto, e localizados por meio da busca efetiva pela informação dos descritores, em bases de dados públicas e confiáveis e relacionados ao tema e problema objeto dessa pesquisa. Já os artigos indisponíveis nas bases de dados e artigos que não se referem ao tema proposto foram desconsiderados conforme os critérios de exclusão definidos na modelagem do estudo. Resultados Foram encontrados poucos artigos relacionados ao tema na literatura. Após seguir todos os critérios descritos acima, restaram seis artigos para a análise do presente trabalho. Veja a Tabela 1. Tabela 1 Artigos selecionados para a realização do estudo. Título do Artigo/Referência Objetivo Resultados Mostrar os desafios que ainda Processo de Certificação de Garantir a confidencialidade, integridade, Sistemas de Registro precisamos enfrentar na área da saúde autenticidade e o não-repúdio nos sistemas Eletrônico de Saúde no Brasil: devido o avanço tecnológico e também que gerenciam todas as informações do uma abordagem abrangente e os principais desafios (4) garantir toda a segurança de sistema de registro de prontuário. pacientes. Dados esses que podem ser sigilosos. Assegurando assim o hospital e o paciente na segurança da informação. Quality and Certification of Eletronic Health Records: An overview of current approaches from the US and Europe (7) Análise do Impacto Orçamentário causado pela implantação da assinatura digital no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (5) Abordar os tipos de certificação para os Sistemas de Registros Eletrônicos e comparar a sua qualidade. A projeção do retorno financeiro após o uso e renovação do Certificado Digital nos prontuários dos pacientes após 6 anos de uso. Também tem como objetivo mostrar os benefícios obtidos na instituição e o aproveitamento desses ganhos fazendo uso dos recursos em áreas de escassez. Foram abordados e comparados diferentes organizações de saúde de diferentes países como Comissão de Certificação de Tecnologia de Informação em Saúde (CCHIT), Instituto Europeu para o Registro de Saúde (EuroRec), Healthcare Enterprise (IES), OpenEH and EN13606 com foco na certificação dos dados da saúde e analisado a diferença com relação a estrutura e processo. O retorno financeiro com a certificação digital é absolutamente certo quando se programado um investimento calculando o seu Payback. Nesse case, o período de payback ocorreu em menos de 1 ano trazendo qualidade e melhorias para toda a Instituição A certificação digital nas instituições de saúde é uma tendência que só tem a aumentar. A certificação não é um custo e sim um investimento de muitos benefícios, financeiros, segurança e trazendo mais
qualidade aos serviços prestados. Digital Certification in the Brazilian E-Government (6) A importância da Segurança da Informação no Ambiente Digital para a Saúde (2) O prontuário eletrônico do paciente no sistema de saúde brasileiro: uma realidade para os médicos? (1) Foi realizada uma pesquisa qualitativa, onde foram entrevistados 10 importantes cargos relacionados ao governo como também a certificação digital. Então foram extraídas questões culturais uma das informações mais relevantes para a inclusão do digital no país. Analisar as ferramentas de segurança para a comunição de dados na área da saúde. Mostrar os conceitos do Prontuário Eletrônico e suas vantagens e desvantagens na adoção do mesmo nas instituições de saúde, corroborando na área administrativa, na pesquisa e no ensino como também nas tomadas de decisões. Podemos observar que as principais vantagens dessa adoção, permite a redução de burocracia e facilidade da realização de atividades da organização, como também na realização de segurança da informação, onde já possui autenticidade, confidencialidade e integridade dos dados. Não foram mencionados possíveis desvantagens com o uso da Certificação Digital nos processos do Governo eletrônico e na Administração Pública. Porém seu potencial ainda não esta completamente explorado, devido o baixo nível da inclusão digital no país. A tecnologia nos trouxe e ainda nos traz a cada dia muitas inovações, permitindo muitas melhorias em controle e gestão de uma instituição. Porém não podemos nos esquecer da segurança de tudo isso. A importância do armazenamento seguro das informações digitais é de extremo cuidado. Sendo assim, foi visto que possuímos algumas ferramentas específicas que asseguram todo esse banco de dados. A certificação digital é a única da forma de assegurar autenticidade. Os sistemas de prontuários eletrônicos requerem muitas melhorias e precisão, o que ainda não é a realidade, principalmente no Brasil. Alguns pontos fortes como a resistência/receio dos médicos e questionamentos jurídicos dificultam a implantação do Prontuário Eletrônico. Um forte consenso da aplicação de uma disciplina de Prontuário eletrônico nos cursos de Medicina é uma indução muito conveniente ao futuro médico, reforçando a importância de uma consulta médica padronizada, organizada e com registros legíveis. Discussão A certificação digital no PEP demonstrou inúmeras melhorias em todo o fluxo de documentos e no atendimento à população (1). Com a certificação digital é obtida a disponibilidade das informações do paciente de forma mais ágil, qualidade do preenchimento dos dados, a inexistência do extravio de fichas e duplicidade de dados. Porém, com tantas vantagens, existem alguns desafios significantes para a utilização da certificação digital: a resistência dos profissionais e o receio da perda de autonomia na conduta dos pacientes são
alguns dos pontos à serem mais discutidos. Alguns autores relatam que para obter uma melhor adoção na utilização pelos médicos, ainda irá demorar uma década (1). Mesmo ainda não sendo totalmente explorado, devido a necessidade de amadurecimento, principalmente no desenvolvimento de sistemas interoperáveis, o impacto na gerencia da saúde é muito positivo (2,6). Não tão menos importante, temos a segurança e o sigilo de todas essas informações que é um ponto fortíssimo a ser observado. E na busca da segurança a certificação possui validade jurídica assegurando aos usuários a autenticidade, confidencialidade, integridade e o não repúdio dos dados (4). Para garantir a segurança das informações foram criados padrões de interoperabilidade entre os sistemas, garantindo a não adulteração das informações (2). Embora muitos S-RES são desenvolvidos, os autores discutem quanto a qualidade desses softwares e o fornecimento do suporte. Uma pesquisa foi realizada na comparação entre organizações certificadoras e a diferença vista esta na estrutura e no processo. Os mesmos ressaltam que a qualidade de software é uma característica específica regional (7). Adicionalmente, a eficiência de tais sistemas (com a utilização da Certificação Digital) na diminuição do tempo de atendimento e na melhoria em toda a assistência ao paciente são importantes fatores a serem considerados (3). O caso do HC-FMRP-USP demostra que todo investimento realizado foi revertido em menos de um ano. Dentre todas as vantagens, a economia realizada no decorrer do tempo, colaborou em outras áreas internas mais escassas de recursos, caracterizando assim um caso de sucesso (5). A certificação contribui muito na área da saúde, principalmente no momento de uma aquisição tecnologia. Pois facilita na escolha de sistemas que gerenciem todo o fluxo da Instituição como também indica as características técnicas e as funcionalidades necessárias para um sistema confiável (8). Para uma Organização a colaboração de futuras pesquisas, tomadas de decisões e a diminuição de custos são fatores significantes (1). Conclusões A utilização da Certificação Digital no PEP é bastante promissora, devido a considerável redução de impressão de documentos que se faz necessária
permanecer dentro do prontuário do paciente e a facilidade de acesso as informações. Quanto à segurança dos dados, a assinatura digital do médico é o que garante a autenticidade, confidencialidade e integridade das informações, gerando oficialmente um documento válido juridicamente. Referências 1. Patricio CM, Maia MM, Machiavelli JL, Navaes MA. O prontuário eletrônico do paciente no sistema de saúde brasileiro: uma realidade para os médicos? Sci Med. 2011; 21 (3): 121-31. 2. Alves GMS, Souza MVR, Silva, PMO. A importância da segurança da informação no ambiente digital para a saúde. Gestão.Org. 2015; 13: 396-401. 3. Silva, FOG, Moura CR. A Implementação de um projeto de certificação digital em ambiente hospitalar. XIII CBIS. 2012. 4. Araújo BG, Valentim RAM, Hekis HR, Diniz Junior J, Tourinho FSV, Alves RLS. Processo de certificação de sistemas de registro eletrônico de saúde no Brasil: uma abordagem abrangente e os principais desafios. R-Bits. 2013; 11-26. 5. Pellison FC, Carneiro A, Namburete E, Santana F, Roveri L, Pereira MR, Tavares T, Pazin Filho. A análise do impacto orçamentário causado pela implantação da assinatura digital no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Medicina Ribeirão Preto. 2015; 48(1): 57-64. 6. Ferneda E, Alonso LBN, Braga LV. Digital certification in the Brazilian E-government. G&T. 2011; 8 (2): 331-46. 7. Hoerbst A, Ammenwerth E. Quality and certification of eletronic health records: an overview of current approaches from the US and Europe. ACI. 2010; 1: 149-64. 8. Silva, ML, Virginio Junior LA. Manual de Certificação para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde Versão 4.2. SBIS/CFM. 2016. Disponível em: http://www.sbis.org.br/certificacao/manual_certificacao_sbis-cfm_2016_v4-2.pdf. Acesso em: 20 de Novembro de 2016.