Análise Funcional do Transtorno Compulsivo (TOC): Implicações Clínicas e Relações com a Neuropsicologia



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Transcrição:

3º Encontro de Análise do Comportamento do Vale do São Francisco Petrolina, Pernambuco. 2012 Análise Funcional do Transtorno Compulsivo (TOC): Implicações Clínicas e Relações com a Neuropsicologia Sandro Iêgo Psicólogo Clínico Instituto Baiano de Análise do Comportamento - IBAAC Especialista em Neuropsicologia Mestre em Medicina e Saúde - UFBA Doutorando em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas - UFBA

Transtorno Obsessivo Compulsivo - TOC Transtorno psiquiátrico caracterizado pela presença de obsessões e compulsões recorrentes que causam sofrimento ou prejuízo. Obsessões são pensamentos intrusivos, repetitivos, que causam mal estar e ansiedade. Compulsões são comportamentos ou atos mentais ritualísticos, repetitivos que visam diminuir o mal estar causado pelas obsessões.

Será que eu tenho TOC? Pesquisas mostram que a maioria das pessoas experimentam pensamentos intrusivos com os mesmos conteúdos daqueles relatados por pacientes com TOC. (Rachman & de Silva, 1978; Salkovskis & Harrison, 1984).

Dados Epidemiológicos É o quarto transtorno psiquiátrico mais freqüente (Del-Porto, 2001) Prevalência: 1 a 3 % da população mundial (Karno & Golding, 1991) Atinge semelhantemente homens e mulheres (Rasmussen & Eisen, 1991) Universalidade das manifestações clínicas (Del-Porto, 2004) Heterogeneidade clínica e etiológica (Leckman et. al., 1997; Miguel et. al., 2004) Até o ano de 2020 o TOC estará entre as dez doenças de todas as especialidades que terão maior impacto sobre a incapacitação (Murray & Lopez, 1996)

Formas de Apresentação do TOC Aumento da Ansiedade Obsessões Fenômenos Sensoriais Nada (Compulsões Puras) Diminuição da Ansiedade Compulsões Rituais Mentais Evitações Tique Like Nada (Obsessões Puras)

Considerações Iniciais O TOC é um Transtorno Heterogêneo Etiológico Manifestação Clínica Resposta ao Tratamento A compreensão ampla do transtorno deve considerar a interação dos três níveis de seleção Foco no 2º Nível: Como a Seleção Operante participa desse Processo Fases da Aprendizagem Aquisição da Resposta - Etiologia Manutenção da Resposta Manifestações Clínicas Extinção da Resposta Tratamento

Fases da Aprendizagem no Reforço Operante Apresentação da Conseqüência Retirada da Conseqüência Freqüência de Respostas Linha de Base Aquisição Manutenção Extinção Tempo

FASE I: Aquisição de Respostas Obsessivo-Compulsivas Apresentação da Conseqüência Retirada da Conseqüência Freqüência de Respostas Linha de Base Manutenção Extinção Tempo

FASE I: Aquisição de Respostas Obsessivo-Compulsivas Importância de fatores fisiológicos na etiologia do TOC Geralmente não é creditado ao eventos do 2º ou 3º níveis papéis decisivos na etiologia do TOC. Mas sua interação com processos fisiológicos Eventos ambientais parecem servir como gatilho em indivíduos que possuem sensibilidade fisiológica ao Transtorno. Início associado a: Gravidez Eventos traumáticos

Exemplo de como a Seleção Operante pode selecionar Repostas Obsessivo- Compulsivas Modelo de Contingências Acidentais 1. Uma resposta quando seguida de uma conseqüência reforçadora, tende a aumentar a probabilidade de sua ocorrência no futuro. 2. Quanto a conseqüência não é produzida pela resposta, dizemos que ocorreu uma contingencia acidental. 3. Mesmo acidentalmente, a resposta é influenciada alterada por esta conseqüência e a sua probabilidade de ocorrência é alterada. 4. Quando a resposta é seguida por esta conseqüência repetidas vezes, a resposta se fortalece e a denominamos de comportamento supersticioso.

Comportamento Supersticioso em Pombos (Skinner, 1947) O experimento Oito pombos privados de comida. Comida dispensada regularmente a cada 5 segundos, independentemente da resposta do pombo. Pombo 1 Girava duas vezes no sentido horário entre a apresentação da comida. Pombo 2 Batia sua cabeça contra um dos cantos superiores da caixa; Pombo 3 Desenvolveu uma reposta de balançar, como se estivesse colocando sua cabeça debaixo de uma barra invisível e a levantava repetidamente. Pombos 4 e 5 movimento de pêndulo da cabeça e do corpo, oscilando da direita para esquerda. Pombo 6 fazia movimentos de bicar e escovar o chão, mas sem tocá-lo. Pombos 7 e 8 não foi possível identificar um padrão de repostas reconhecível.

TOC e Filogenética Nesting Checking Grooming Hoarding Del Porto, 2007

Fases da Aprendizagem Aquisição Contingências Acidentais 2 Nível de Seleção parece ter papel de gatilho no desencadeamento de SOC. Importância da sensibilidade aumentada Aspectos fisiológicos Manutenção Extinção

FASE II: Manutenção de Respostas Obsessivo-Compulsivas Apresentação da Conseqüência Retirada da Conseqüência Freqüência de Respostas Linha de Base Aquisição Manutenção Extinção Tempo

Caso 1 JMS, 23 anos tem TOC desde os 07 anos. Depois que o filho nasceu os sintomas agravaram bastante. Ela relata que sempre que ela precisa pegar o bebê, ela tem que lavar várias vezes as mãos antes de tocá-lo. Ela diz que faz isso porque tem pensamentos de que o filho pode pegar AIDS caso o procedimento não seja realizado corretamente. Embora nunca tenha tentado, ela afirma que a possibilidade de não lavar as mãos antes de segurar o filho a deixaria extremamente ansiosa.

Possibilidade A: Análise de Contingências do Caso I ESTÍMULOS ANTECEDENTES RESPOSTAS CONSEQUÊNCIAS Estímulo Obsessões Compulsões Conseqüências Possibilidade de segurar o filho sem estar com as mãos lavadas ( mãos infectadas ) Pensamentos de que o filho pegará AIDS Lavar as Mãos Evita segurar o filho sem estar com as mãos lavadas ( mãos infectadas ) Resposta mantida por Reforço Negativo - Esquiva -

Insight Preservado Mas eu sei que a minha mão não está infectada com o vírus da AIDS... Além do mais, mesmo que estivesse, eu sei que o vírus não é transmissível pelo contato com as mãos...

Possibilidade B: Análise de Contingências do Caso I Estímulo Respostas Conseqüências Pensamentos de que o filho pegará AIDS (Obsessões) Lavar as Mãos (Compulsões) Diminuição ou suspensão dos pensamentos de que o filho pegará AIDS (Obsessões) (...) para Skinner, o ambiente é externo à ação, não ao organismo. M.A. Matos, 2001 Resposta mantida por Reforço Negativo - Fuga -

Mas os pensamentos continuam a vir mesmo depois de lavar as mãos... O que muda mesmo depois que eu lavo minhas mãos é que a ansiedade que eu sinto diminui.

Possibilidade C: Análise de Contingências do Caso I Estímulo Respostas Conseqüências Aumento da Ansiedade Lavar as Mãos (Compulsões) Diminuição ou suspensão da ansiedade Resposta mantida por Reforço Negativo - Fuga - Mas o que é mesmo esta tal ansiedade???

Ansiedade Pelo menos parte daquilo que é denominado de ansiedade correspondem a respostas autonômicas: Manifestação do Sistema Nervoso Autônomo Taquicardia Taquipnéia Sensações de Desconforto... São aprendidos mediante Condicionamento Respondente. Comportamento Respondente

Possibilidade C: Análise de Contingências do Caso I COMPORTAMENTO RESPONDENTE Estímulo Condicionado CS Resposta Condicionada CR Respondente com função de Antecedente para uma resposta reforçada negativamente - Fuga Mãos Sujas Elicia Respostas autonômicas: -Taquicardia -Taquipnéia - Desconforto gastrointestinal -Tremor Lavar as Mãos Diminuição de respostas autonômicas Estímulo Discriminativo SD Resposta Conseqüência COMPORTAMENTO OPERANTE

Múltiplos Esquemas de Contingências Antecedente Resposta Conseqüência Tipo de Interação Possibilidade de segurar o filho sem estar com as mãos lavadas ( mãos infectadas ) Respostas autonômicas Pensamentos de que o filho pegará AIDS (Obsessões) Respostas autonômicas: Taquicardia, Taquipnéia, Tremor, Desconforto gastrointestinal, etc. Pensamentos de que o filho pegará AIDS (Obsessões) Lavar as Mãos Lavar as Mãos Lavar as Mãos (Compulsões) - Evita segurar o filho sem estar com as mãos lavadas ( mãos infectadas ) Diminuição ou Suspensão das Respostas autonômicas Diminuição ou suspensão dos pensamentos de que o filho pegará AIDS (Obsessões) Comportamento Respondente Comportamento Operante Reforço Negativo (Esquiva) Comportamento Operante Reforço Negativo (Fuga) Comportamento Operante Reforço Negativo (Fuga)

Fases da Aprendizagem Aquisição Manutenção Tipos de interação característicos no TOC Comportamento Respondente Comportamento Operante Fuga Extinção Esquiva Tanto respondentes como eventos privados podem ter função de ambiente para respostas obsessivo-compulsivas.

FASE III: Extinção de Respostas Obsessivo-Compulsivas Apresentação da Conseqüência Retirada da Conseqüência Freqüência de Respostas Linha de Base Aquisição Manutenção Extinção Tempo

O Problema... Parte I A extinção das respostas obsessivo-compulsivas envolveria... 1. Extinção das respostas de Fuga Problema O característica aversiva do estímulo aversivo pode estar associada com os respondentes com função de ambiente. Parte da solução envolve a habituação dessas respostas. 2. Extinção das respostas de Esquiva Problema Nem sempre a diminuição da taxa de freqüência da resposta ocorre após a suspensão do reforço. É preciso que o organismo não emita a resposta de esquiva para experimentar a mudança no ambiente.

Fases da Aprendizagem Operante Apresentação da Conseqüência Retirada da Conseqüência Freqüência de Respostas Linha de Base Aquisição Manutenção Extinção Tempo

Fases da Aprendizagem Operante: Esquiva Apresentação da Conseqüência Retirada da Conseqüência Freqüência de Respostas Linha de Base Aquisição Manutenção Extinção Tempo

O que fazer???

Extinção da Resposta Obsessivo-Compulsiva Técnica da Exposição com Prevenção de Respostas (Rituais) - EPR Tratamento de primeira escolha recomendado pelo Consenso Internacional em TOC. Considerado padrão-ouro no tratamento do TOC. Eficácia semelhante aos fármacos de primeira linha para o tratamento do TOC. Procedimentos Desencorajamento da luta contra as obsessões Fazer escala de graduação dos estímulos aversivos Exposição gradual aos estímulos ansiogênicos As compulsões são impedidas de serem realizadas

Efeito I: Tratamento com EPR Respostas de Esquiva ESTÍMULOS ANTECEDENTES RESPOSTAS CONSEQUÊNCIAS Estímulo Obsessões Compulsões Conseqüências SITUAÇÃO TOC SITUAÇÃO EPR Possibilidade de segurar o filho sem estar com as mãos lavadas Pensamentos de que o filho pegará AIDS Desencoraja a luta para evitar as obsessões Lavar as Mãos Previne a emissão das compulsões (Lavagem das mãos) Evita segurar o filho sem estar com as mãos lavadas Paciente entra em contato com a contingência em vigor: Quebra da relação supersticiosa Diminuição da Freqüência das Respostas na Extinção Operante

Efeito II: Tratamento com EPR Respostas de Fuga Estímulo Antecedente Respostas Conseqüências SITUAÇÃO TOC SITUAÇÃO EPR Pensamentos de que o filho pegará AIDS (Obsessões) Desencoraja a luta para evitar as obsessões Lavar as Mãos Previne a emissão das compulsões (Lavagem das Mãos) Diminuição ou suspensão dos pensamentos de que o filho pegará AIDS Aumento da ansiedade e posterior habituação Habituação dos Respondentes com função de ambiente associados a ansiedade

Efeito III: Tratamento com EPR Comportamento Respondente Estímulo Eliciador Respostas SITUAÇÃO TOC SITUAÇÃO EPR Mãos Sujas 1. Eliciação de respostas condicionadas (autonômicas) 2. A lavagem das mãos não permite o estabelecimento da contingência: CS NS 1. Eliciação de respostas condicionadas (autonômicas) 2. A não lavagem das mãos permite o estabelecimento da contingência: CS NS Perpetuação da Relação CR CS Extinção Respondente Extinção Respondente: Diminuição do caráter aversivo das Obsessões

O Problema... Parte II Resposta Condicionada Conseqüência 1: Reforço Positivo Estímulo Conseqüência 2: Reforço Negativo Resposta Operante Conseqüência 3: Punição Positiva Geralmente no tratamento de pacientes com TOC, a aplicação da Técnica de EPR não garante o sucesso do tratamento devido a presença de outros reforçadores disponíveis. Conseqüência 4: Punição Negativa

Exemplos de possíveis conseqüências às respostas obsessivo-compulsivas em adultos com TOC Reforço Positivo Reforçadores Sociais: -Atenção - Cuidado Benefício da Previdência Ganhos indiretos Reforço Negativo Esquiva de atividades domésticas, laborais e/ou acadêmicas Punição Positiva Problemas com Familiares Controle Social Críticas Punição Negativa Diminuição do círculo social Afastamento de Familiares Perda de Emprego Conseqüências Fortalecedoras Conseqüências Enfraquecedoras Motivação para o Tratamento

Proposta de Intervenção 1º Passo Substituir as respostas reforçadas positivamente por outras mais adaptativas Reforço Positivo Reforço Negativo Punição Positiva Punição Negativa Reforçadores Sociais: -Atenção - Cuidado Benefício da Previdência Esquiva de atividades domésticas, laborais e/ou acadêmicas Problemas com Familiares Controle Social Diminuição do círculo social Afastamento de Familiares Ganhos indiretos Críticas Perda de Emprego Enfraquecimento do Efeito Reforçador: Operação Estabelecedora

Proposta de Intervenção 2º Passo Ensinar e fortalecer estratégias de enfrentamento diante de contingências aversivas Reforço Positivo Reforço Negativo Punição Positiva Punição Negativa Reforçadores Sociais: -Atenção - Cuidado Benefício da Previdência Esquiva de atividades domésticas, laborais e/ou acadêmicas Problemas com Familiares Controle Social Diminuição do círculo social Afastamento de Familiares Ganhos indiretos Críticas Perda de Emprego Perda do Efeito Reforçador

Proposta de Intervenção 3º Passo Aumentar percepção do cliente sobre estímulos punitivos em vigor. Reforço Positivo Reforço Negativo Punição Positiva Punição Negativa Reforçadores Sociais: -Atenção - Cuidado Benefício da Previdência Esquiva de atividades domésticas, laborais e/ou acadêmicas Problemas com Familiares Controle Social Diminuição do círculo social Afastamento de Familiares Ganhos indiretos Críticas Perda de Emprego Operação Estabelecedora

Proposta de Intervenção O uso de técnicas para tratamento do TOC deve ser associado com uma intervenção que considere as outras contingências presentes. Isso visar garantir a manutenção dos ganhos e prevenção de recaídas.

A Neuropsicologia e o Transtorno Obsessivo-Compulsivos

A Neuropsicologia Clínica A neuropsicologia clínica é uma ciência aplicada interessada na expressão comportamental do funcionamento cerebral (Lezak, 2004). Correspondência entre aspectos psíquicos e o funcionamento cerebral LEZAK, Neuropsychological Assessment. 2004

Neuropsicologia do TOC Tentativa de estabelecer relação entre achados neuropsicológicos, áreas cerebrais e manifestações clínicas. Funcionamento Executivo Memória Hipóteses explicativas para os sintomas baseados numa síndrome mnemônica. Os checadores

1ª Hipótese Checadores compulsivos tem problemas de memória

Woods et al., Clinical Psychology: Science And Practice V9 N4, Winter 2002

2ª Hipótese Checadores compulsivos tem problemas em esquecer

O ESTUDO Grupo: -TOC -Controles Saudáveis Tipo de Palavras: - Negativa - Neutras -Positivas Instrução: - Lembrar - Esquecer Pacientes com TOC exibiram prejuízos na habilidade de esquecer materiais com conteúdos negativos em comparação aos conteúdos positivos e neutros, quando comparados aos controles.

Esquecimento no TOC Wilhelm et al., Behav. Res. Ther. Vol. 34, No. 8, pp. 633-641, 1996 Abramowitz et al.,2003 Pensamentos Intrusivos ocorrem em 80% das pessoas. Conteúdos Semelhantes aos experimentados por pacientes com TOC. Diferença na estratégia de controle das obsessões Distração Controle Social Ocupar-se com outras preocupações Punir-se Questionar a validade das obsessões J.S. Abramowitz et al. / Behaviour Research and Therapy 41 (2003) 529 540

Implicações para Prática Clínica Ineficiência de lutar contra as obsessões: Questionando a validade Tentando esquecer Foco no controle das Compulsões!!!

Peço tanto a Deus Para lhe esquecer Mas só de pedir me lembro Vanessa da Mata

3ª Hipótese Checadores compulsivos não confiam naquilo que memorizam

Confiança na Memória Realidade de Monitoramento (MacNally, 1993). Hipótese checar compulsivo x confiança na memória Mais de uma dezena de estudos conduzidos entre 2000-2010 avaliando confiança da memória. Pacientes com TOC confiam menos na sua própria Memória que indivíduos sem TOC A desconfiança da memória causa a checagem compulsiva?

4ª Hipótese A desconfiança na memória causa o checar compulsivo

M. van den Hout, M. Kindt / Behaviour Research and Therapy 41 (2003) 301 316

M. van den Hout, M. Kindt / Behaviour Research and Therapy 41 (2003) 301 316

Estudo replicado com pacientes com TOC A.S. Radomsky et al. / Behaviour Research and Therapy 44 (2006) 305 316

M.E. Coles et al. / Behaviour Research and Therapy 44 (2006) 995 1006

Conclusões 1. As alterações neuropsicológicas são resultados de contingências específicas, não o contrário. 2. No TOC, parece haver uma dissociação entre aquilo que o sujeito conhece (aquilo que ele descreve), e o que ele faz (comportamento não-verbal). 3. Parece ser mais importante no TOC evitar o ritual de checagem que convencer o sujeito que o pensamento é irracional. 4. Tentativas de controle dos pensamentos parecem ser uma estratégia contraproducente no tratamento do TOC. 5. A técnica da Exposição com Prevenção de Respostas é legitimada pelos princípios da Análise do Comportamento, pelas recentes avanços da neuropsicologia do TOC, bem como pelos resultados clínicos.

Na minha opinião, o TOC é a pior doença que existe. As pessoas olham para você e acham que você está bem, porque não há nada de errado com suas pernas ou braços. Daí elas pensam que o que você sente é besteira e falta de esforço. O que estas pessoas não sabem, é que embora seu corpo esteja bem, a pessoa com TOC está presa pela sua própria mente. ATS, 54 anos, paciente com TOC.

Obrigado!!! sandroiego@gmail.com Instituto Baiano de Análise do Comportamento - IBAAC Rua Mato Grosso, 164. Pituba. Salvador - Ba Tels: 71 4109-0170 / 71 9664-6072 www.ibaacsalvador.com.br