P R Á T I C A - Reintegração Estabilidade Acidente de Trabalho, e - Análise de Jurisprudência Sobre os Temas.
CUSTÓDIO NOGUEIRA Advogado militante especializado em Direito Civil e Processo Civil; Sócio da Tardem e Nogueira Assessoria Empresarial, Professor Universitário, de Pós Graduação e de Cursos Preparatórios para o Exame de Ordem dos Advogados do Brasil e Membro da Comissão de Direito do Trabalho da OAB Subseção de Guarulhos São Paulo. E-mail: g.custodio@uol.com.br Facebook: Custodio Nogueira 2
CONCEITO: É a garantia, PROVISÓRIA, que o empregado tem de não ser despedido, salvo nas hipóteses previstas em lei.
ESTABILIDADE ACIDENTE DE TRABALHO
REQUISITOS: 1º - ter ocorrido um acidente de trabalho ou doença a ele equiparado; 2º - ter o empregado recebido auxílio-doença, e 3º - ter obtido alta médica. Súmula378,II-Sãopressupostosparaaconcessãodaestabilidadeo afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção do auxíliodoença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de emprego.
ACIDENTADO. Acidente de Trabalho. Art. 19 lei 8.213/91. É o que decorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa que provoque lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Pode ser Típico, Atípico e de Trajeto.
TÍPICO: Decorre de evento único dentro da empresa e no horário de trabalho. (art. 19 lei 8.213/91). Doenças ocupacionais - são espécies do acidente de trabalho atípico, como as doenças profissionais (art. 20, I) e as doenças do trabalho (art. 20, II, lei 8.213/91). Atípico: Embora não tenha sido causa única(concausa), acabou Atípico: Embora não tenha sido causa única(concausa), acabou contribuindo diretamente para a morte do trabalhador, ou perda de sua capacidade ou reproduzido lesão que exija atenção médica para sua recuperação. (art. 21, I, lei 8.213/91).
DOENÇAS OCUPACIONAIS DOENÇA PROFISSIONAL - é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada profissão, ou função, ou seja, está diretamente ligada a profissão do trabalhador. Ex.: O soldador que desenvolveu catarata.
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DOENÇA PROFISSIONAL. CONFIGURAÇÃO. Se o nexo causal entre a doença adquirida(equiparada, por força de lei, a acidente de trabalho) e que as condições de trabalho restou reconhecido nos autos não só pelo Perito do Juízo como também pelo órgão previdenciário, que detém competência para tanto, preenchido pressuposto para a garantia de emprego com a obtenção de auxíliodoença acidentário - espécie 91, fazendo jus a empregado à estabilidade acidentária, prevista no artigo 118 da Lei nº. 8.213/91. Aplica-se à hipótese a partefinaldoitemiidasúmulanº.378doc.tst.recursoobreiroparcialmente provido. (TRT-6 - RO: 113600862008506 PE 0113600-86.2008.5.06.0014, Relator: Virgínia Malta Canavarro, Data de Publicação: 01/12/2010)
DOENÇAS OCUPACIONAIS DOENÇA DO TRABALHO - está mais ligada ao meio ambiente de trabalho, é aquela que tem ligação com o ambiente onde o trabalho é exercido. Ex.: Um trabalhador que está exposto ao ruído excessivo, em um galpão de solda, e desenvolve surdez. Esse é um caso típico de doença do trabalho.
DOENÇA DO TRABALHO CONFIGURAÇÃO. Comprovada através de perícia técnica que a moléstia que vitimou o empregado, causando-lhe perda de 25% de sua capacidade laborativa, foi agravada pelas condições de trabalho e riscos ergonômicos que envolviam a atividade por ele desempenhada em favor da empregadora, configura-se a doença do trabalho equiparável ao acidente de trabalho(art. 118 c/c art. 21 da Lei 8.213/91). Eventual pré- existência da moléstia não impede o reconhecimento do direito à estabilidade, pordoençaocupacional,tendoemvistaqueoart.20,dalei8.213/91, equipara a acidente do trabalho a doença ocupacional produzida ou apenas "desencadeada" pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade.
Desse modo, o desenvolvimento de atividade laborativa que contribui para o desencadeamento de doença do empregado (concausa) gera para a empregadora o dever de suportar o pagamento de indenização acidentária em decorrência de conduta, objetiva e subjetivamente culposa, em proporções condizentes com circunstâncias e especificidades do caso. (TRT-3, Relator: Cleube de Freitas Pereira, Oitava Turma)
TRT-PR-07-07-2009 DOENÇA DO TRABALHO - PERÍCIA NÃO CONCLUSIVA - NEXO CAUSAL NÃO CONFIGURADO - De acordo com o entendimento emanado do laudo pericial, não houve conclusão efetiva de que o trabalho desenvolvido pela autora em prol do reclamado tenha contribuído para o surgimento da doença alegada na peça de ingresso. A reclamante não comprovou o nexo de causalidade entre as atividades realizadas no trabalho e a doença desenvolvida, sendo ônus que lhe incumbia, por ser fato constitutivo de seu direito (art. 818, da CLT, c/c art. 333, I, do CPC). (TRT-9 223200511904 PR 223-2005-11-9-0-4, Relator: SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS, 4A. TURMA, Data de Publicação: 07/07/2009)
ACIDENTADO. CONCAUSA art. 21, I, da lei 8.213/91. Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I-oacidenteligadoaotrabalhoque,emboranãotenhasidoacausa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;
Exame pericial concluiu que as atividades desenvolvidas não foram a causa direta dadoençaqueacometeuoempregado,jáquesetratademaldegenerativo.no entanto, o perito afirmou que os movimentos realizados contribuíram para o agravamento do quadro. A sentença reconheceu o direito do trabalhador e condenou a Cargill Agrícola ao pagamento de indenizaçãonovalorder$20mil.aempresarecorreueotribunalregionaldo Trabalho da 15ª Região(Campinas/SP) reformou a sentença, pois concluiu que,comoaperícianãodemonstrouaexistênciadenexocausal,nãosepoderia reconhecer a natureza ocupacional da doença. Portanto, não há o dever de indenizar, mesmo existindo nexo concausal, pois"em se tratando de doença degenerativa, não há se falar em concausa".
O recurso de revista do empregado foi processado na Segunda Turma, que de forma unânime reformou a decisão do Regional e restabeleceu a sentença. O relator, ministro José Roberto Freire Pimenta, adotou posicionamento recorrente do TST no sentido de que, nos casos envolvendo doença ocupacional, o nexo concausal é suficiente para configurar o dever de reparar. O ministro concluiu que"ainda que a atividade desempenhada pelo trabalhador nãosejaacausaúnicadadoençaquelheacometeu,éfatoqueelaatuou como concausa, o que é suficiente a ensejar a reparação pretendida". Processo: RR- 31900-39.2009.5.15.0035
ACIDENTADO. Acidente de Trajeto initinere art. 21, IV, d da lei 8.213/91. Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: desta Lei: IV-oacidentesofridopeloseguradoaindaqueforadolocale horário de trabalho: d)nopercursodaresidênciaparaolocaldetrabalhooudestepara aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
ACIDENTE DE TRABALHO(ACIDENTE IN ITINERE). GARANTIA PROVISÓRIA. REINTEGRAÇÃO. O infortúnio ocorrido no trajeto residência-trabalho ou vice-versa é equiparado ao acidentedetrabalho,nostermosdoart.21,inc.iv,alínea d,daleinº 8.213/91. Implementados os requisitos do art. 118 da citada lei, considerando-se provado o acidente de trabalho(acidente in itinere) e o afastamento superior a 15 dias. Reconhecimento da garantia provisória de emprego. (TRT-4- RO: 00003294420135040802 RS 0000329-44.2013.5.04.0802, Relator: GEORGE ACHUTTI, Data de Julgamento: 03/07/2014, 2ªVara do Trabalho de Uruguaiana)
RECURSO ORDINÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO IN ITINERE. ALei8213/91prevêqueseequiparaaoacidentedetrabalhoosofridopelo segurado no percurso da residência para o local e trabalho ou deste para aquela, qualquerquesejaomeiodelocomoção.onexocausaléindireto,masnãoeximea garantia de emprego prevista na lei. Relata, que passados alguns meses devido o ocorrido, voltou a apresentar complicações uma vez que houve rejeição pelo organismo da placa inserida em sua perna, havendo necessidade de nova cirurgia em fevereiro de 2011, e afastado do labor por auxílio doença acidentário, no período de 13.01.2011 à 30.06.2011, recebendo benefício espécie 31 e retornando para exercer suas funções na ré em 01.07.2011, quando entende preencher os requisitos de nova garantia de emprego,
Argumenta a Reclamada que o 2º benefício não decorreu de acidente de trabalho, nem guarda qualquer correlação com o benefício anterior, razão pela qual não emitida CAT, sendo simples auxílio-doença previdenciário, e não acidentário, sob ocódigo31.verificoqueapremissaparaanálisedestepontoemespecialéa caracterização ou não do segundo afastamento como mera extensão do primeiro e, concluo que o problema de saúde acarretado pelo acidente de trabalho in itinere não abandonou o Reclamante obrigando-o a se afastar uma segunda vez para cuidar das sequelas dali derivadas. Sendo assim, basta um simples exercício de raciocínio lógico para que a segunda licença seja caracterizada como acidentária, tal como aconteceu com a primeira. (TRT-1, Relator:Alvaro Luiz Carvalho Moreira, Data de Julgamento: 12/03/2013, Quarta Turma)
ACIDENTADO. Contrato de trabalho de PRAZO DETERMINADO. Súmulanº378doTST ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. DA LEI Nº 8.213/1991. III - O empregado submetido a contrato de trabalho por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91.
ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. CONTRATO A PRAZO DETERMINADO. Empregado que sofre acidente de trabalho no curso de contrato a prazo determinadofazjusàgarantiadeemprego,nostermosdoart.118da Lei 8.213/91. Adoção do entendimento consubstanciado no item III da Súmula 378 do TST. Recurso desprovido. (TRT-4- RO: 00004680720115040821 RS 0000468-07.2011.5.04.0821, Relator: IRIS LIMA DE MORAES, Data de Julgamento: 15/05/2013,Vara do Trabalho de Alegrete)
Súmulanº371doTST-AVISOPRÉVIOINDENIZADO. EFEITOS. SUPERVENIÊNCIA DE AUXÍLIO-DOENÇA NO CURSODESTE-Res.129/2005,DJ20,22e25.04.2005 Aprojeçãodocontratodetrabalhoparaofuturo,pelaconcessãodoaviso prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso, ou seja, salários, reflexos e verbas rescisórias. No caso de concessão de auxílio-doença no curso do aviso prévio, todavia, só se concretizam os efeitos da dispensa depois de expirado o benefício previdenciário.
EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. SUSPENSÃO CONTRATUAL. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO INDENIZADO. Se o empregado não é detentor de estabilidade ou garantia provisória, descabe a sua reintegração no emprego. A concessão de benefício previdenciário (auxílio-doença) no curso do aviso-prévio indenizado apenas implica a prorrogação do rompimento contratual para o dia imediatamente posterior ao término do período de suspensão contratual, mantendo-se - no entanto - íntegraaintençãodareclamadaemnãomanterocontratode trabalho.aplicaçãodasúmulanº371dotst.recursodareclamadaaquese dá provimento no aspecto.(...)(trt-4- RO:14533320105040005 RS 0001453-33.2010.5.04.0005,Relator:JOÃO ALFREDO BORGES ANTUNES DE MIRANDA, Data de Julgamento: 13/12/2011,5ªVara do Trabalho de Porto Alegre)
AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO CONCEDIDO NO CURSO DO AVISO-PRÉVIO INDENIZADO CONSEQUÊNCIAS.I-Nocasoemexame,adispensadaparte autora ocorreu em 28.12.12, com aviso prévio indenizado, projetandose o contrato de trabalho até 27.04.2013. É que o contrato permanece em plena vigência durante o prazo do aviso prévio, ainda que indenizado(artigo 489 da CLT), restando, desta forma, íntegras as obrigações inerentes ao contrato de emprego. A relação jurídica, embora extinta de fato, permanece produzindo efeitos até o término do prazo do aviso prévio.
II- Assim, a doença decorrente de acidente do trabalho, reconhecida em momento superveniente ao recebimento do aviso-prévio indenizado suspende o seu curso, pois acarreta a suspensão do contrato de trabalho. É neste sentido a interpretação contida na Súmula 371 do colendo Tribunal Superior do Trabalho, privilegiando a continuidade do contrato de trabalho eseusefeitos.iii-nula,portanto,adispensa,queserevelouobstativaà aquisição do direito à estabilidade,nos termos do art.118 da Lei 8213/91eincisoIdaSúmula378doColendoTribunalSuperiordo Trabalho. (TRT-1- RO: 00001532220135010035 RJ, Relator: Evandro Pereira Valadão Lopes, Data de Julgamento: 31/03/2015, Quinta Turma, Data de Publicação: 14/04/2015)
ACIDENTADO. Cessação do Auxílio Doença Estabilidade. Art. 118 lei 8.213/91. Ocorre a cessação do auxilio doença com a ALTA MÉDICA, nascendo daí, a estabilidade. Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, peloprazomínimodedozemeses,amanutençãodoseucontratode trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.
Da constitucionalidade do art. 118 da lei 8.213/91. Otávio Bueno Magano, entende que qualquer estabilidade não prevista na CF só poderia ser criada por meio de LC, face ao art. 7º, I da CF, daí entende ser inconstitucional a estabilidade do acidentado. I- relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; Todavia, jurisprudência majoritária entende ser constitucional, eis que trata-se de estabilidade específica àqueles que sofreram acidente, tratase da norma mais benéfica.
Súmulanº378doTST ACIDENTADO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. I-Éconstitucionaloartigo118daLeinº8.213/1991queassegurao direito à estabilidade provisória por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado acidentado.
VIII-) DA DOENÇA OCUPACIONAL. DA REINTEGRAÇÃO/INDENIZAÇÃO. DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA. O Reclamante, quando da admissão gozava de perfeitas condições de saúde, tanto é verdade que ao realizar o exame admissional foi considerado apto para o exercício da função para a qual foi contratado e desempenhou por longos 15 anos. Ocorre que, no exercício de suas atividades laborais, trabalhava arrastando caixas com 150-200 kg, sozinho para descarregar o caminhão contendo até 15 para-brisas dentro das caixas.
Incomodado e com fortes dores em decorrência de esforços repetitivos, acabou consultando médico especializado, o qual atestou que o Reclamante é portador de LER/DORT (tendinite). Ao entregar referido atestado para a Reclamada, foi o Reclamante dispensado com aviso prévio indenizado, conforme comprova o incluso comunicado. Salienta que embora o Reclamante não tenha sido afastado pelo INSS, temos que não há óbice à estabilidade assegurada pela Lei 8.213/1991. Nesse sentido:(colocar um julgado)
Ressalta que referido entendimento já foi pacificado pela jurisprudência, nos termos estampados na Súmula 378, II do C.TST. Diante de todo o exposto, temos que o Reclamante faz jus à reintegração no emprego em funções compatíveis com sua condição física, ou, caso Vossa Excelência, assim não entenda que seja indenizado o período referente a estabilidade guerreada. IX-) RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DA DOENÇA OCUPACIONAL ADQUIRIDA PELO RECLAMANTE NO EXERCÍCIO DE SUAS ATIVIDADES LABORAIS. DA PENSÃO MENSAL VITALICIA.
DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS.(TeseparaInicial) Como a Reclamada não procedeu com a regular obrigação no tocante a segurança no trabalho, o que, a nosso sentir, acarretou na doença profissional que acometeu o Reclamante, dentre outras irregularidades passíveis de penalidades administrativas. É a presente para requerer expedição de ofícios ao Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho para a instauração de processo administrativo e processo criminal em face da Reclamada, nos termos da lei criminal: CÓDIGO PENAL Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena detenção,de 1 (um) ano a 2 (dois) anos,e multa,além da pena correspondente à violência...