SINTHORESP. Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4067



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Transcrição:

EXCELENTISSÍMO SENHOR MINISTRO RELATOR DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL JOAQUIM BARBOSA. Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4067 SINTHORESP - SINDICATO DOS TRABALHADADORES EM HOTÉIS, APART HOTÉIS, MOTÉIS, FLATS, RESTAURANTES, BARES, LANCHONETES E SIMILARES DE SÃO PAULO E REGIÃO, vem à presença de Vossa Excelência, diante da decisão que indeferiu o pedido de amicus curiae, apresentar agravo regimental, nos termos do artigo 137, do Regimento Interno do Colendo Supremo Tribunal Federal, requerendo o seu regular processamento, caso não seja reconsiderado despacho agravado. Nestes termos, Pede deferimento. São Paulo, 11 de novembro de 2009. Antonio Carlos Nobre Lacerda OAB/SP 114.565

Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 4.067 Agravo Regimental I Dos fatos. O agravante requereu em 26 de outubro de 2009 o ingresso na qualidade amicus curiae na ação direta de inconstitucionalidade n.º 4067, proposta pelo DEM Democratas, em face da Lei 11.648, de 31 de março de 2008, com esteio no parágrafo segundo, do artigo 7º, da Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999. Infelizmente o pedido de amicus curiae do agravante foi indeferido, sob o argumento de ter sido interposto após a liberação dos autos para julgamento pelo relator. Leia-se o despacho: A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB, a Nova Central Sindical de Trabalhadores - NCST e o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Apart Hotéis, Motéis, Flats, Restaurantes, Lanchonetes e Similares de São Paulo e Região - SINTHORESP postulam a admissão nos autos na qualidade de amici curiae. As manifestações são extemporâneas, dado que apresentadas após a liberação da ação para julgamento, que ocorreu em 02.03.2009 (ADI 4.071-AgR, rel. min. MENEZES DIREITO, Tribunal Pleno, julgado em 22/04/2009, DJe-195 DIVULG 15-10-2009 PUBLIC 16-10-2009 EMENT VOL-02378-01 PP-00085). Ante o exposto, indefiro os pedidos para intervenção dos postulantes nestes autos na qualidade de amici curiae. Encaminhem-se os autos ao gabinete do eminente Ministro Eros Grau, em razão do pedido de vista formulado na sessão de 24.06.2009. Comunique-se o teor desta decisão aos postulantes. Publique-se.

O indeferimento do pedido de amicus curiae formulado pelo agravante tomou por base o julgado do agravo regimental interposto na ADI 4.071, no qual se estabeleceu o debate acerca da oportunidade para requerer o ingresso na ação como participante do debate constitucional. É com vista ao teor do acórdão prolatado nos autos do agravo regimental n.º 4.071 e o debate estabelecido no pronunciamento do pleno ao prolatar o acórdão no indigitado recurso. Por fim, deve-se trazer a lume que o agravante tomou ciência da decisão em 13 de novembro de 2009, consoante aviso de recebimento do ofício n. 4986/SEJ. II Da reconsideração do despacho. Nos termos do parágrafo segundo, do artigo 317, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o prolator do despacho pode reconsiderar o ato, o que não fazendo caberá a turma a competência para o julgamento remédio recursal. Assim, diante da possibilidade de reconsideração do despacho agravado, o agravante postula que após a análise das razões deduzidas no presente agravo regimental que Vossa Excelência reconsidere a decisão que indeferiu a intervenção do peticionário no feito na qualidade de amicus curiae.

Ressalte-se que no julgamento da argüição de descumprimento de preceito fundamental ADP33 o ministro relator do referido feito Gilmar Mendes assentou a possibilidade de revisão da decisão de indeferimento do pedido de amicus curiae, após a apreciação da liminar requerida. ministro 1 : Declina-se o excerto do voto do eminente Posteriormente ao julgamento da cautelar, vieram aos autos Afonso Silva Mendes e outros, postulando o ingresso no feito na condição de amici curiae e apresentando razões em desfavor da tese do reclamante. Inicialmente indeferi tal pleito. Em face de provocação fundamentada reconsiderei aquela primeira decisão e admiti o ingresso daqueles interessados no presente feito, na condição de amici curiae (fl 287). Continuando a leitura do relatório do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, verificar-se-á que não somente foi possível a participação dos interessados na indigitada ADP 33 na qualidade amici curiae, como a relevância das informações prestadas pelos admitidos no feito foi determinante para que se instasse a Procuradoria Geral da República para manifestação. Assim, o precedente construído na ADP 33 deve ser utilizado pelo nobre ministro, conhecido pela clareza e contemporaneidade do pensamento desenvolvido nos processos sob a sua apreciação. 1 A íntegra do acórdão em que consta a manifestação do ministro Gilmar Mendes pode ser obtido no sítio do Supremo Tribunal Federal: http://www.stf.jus.br/portal/inteiroteor/obterinteiroteor.asp?numero=33&classe=adpf

O agravante busca tão somente que suas considerações referente aos efeitos no sistema sindical decorrente da edição da Lei 11.648, de 31 de março de 2008, e que indubitavelmente essa Corte Constitucional não se mostrará insensível ou mesmo inerte ante o teor da manifestação do agravante indeferida. III Do mérito. Como cediço o instituto do amicus curiae adentrou no sistema processual pátrio mediante a edição da Lei n.º 9.868, de 10 de novembro de 1999. O instituto do amicus curiae tem por fito permitir a abertura do debate referente à constitucionalidade dos atos normativos federais e estaduais, garantindo a legitimidade das decisões proferidas em sede de ação objetiva. Não somente a amplitude do debate referente à constitucionalidade dos atos normativos encontra-se como finalidade da intervenção de entidades na qualidade de amicus curiae, como também permite que os julgadores, no caso em tela o pleno do Supremo Tribunal Federal sejam informados a respeito dos efeitos sociais decorrentes da lei em aferição de congruência com o texto constitucional. A intervenção do amicus curiae garante que a Corte Constitucional decida sobre a validade da norma com mais acuro, observando as mudanças fáticas que influenciam no julgamento do feito.

Vê-se, pois, que intervenção de interessados no feito na qualidade de amicus curiae corresponde a um verdadeiro interesse público, mormente quando encontra-se em validade de norma ordinária em face da Constituição Federal. O ministro Gilmar Mendes e o professor Ives Gandra da Silva Martins lecionam nesse sentido a respeito da importância do amicus curiae 2 : Da mesma, com o objetivo precípuo de assegurar melhor nível de informação ao Tribunal e maior grau de participação, admite-se expressamente, no processo constitucional, a figura do amicus curiae, consagrando-se a possibilidade de o Relator, tendo em vista a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, autorizar a manifestação de outros órgãos e entidades. Por outro lado, a lei preservou o entendimento do Tribunal sobre a impossibilidade de se autorizar a intervenção de terceiros (art. 7º, caput), que estava sintetizado em seu Regimento Interno. A lei, como se observa, permite uma significativa modernização do nosso processo constitucional, conferindo-lhe maior abertura procedimental e, ao mesmo tempo, dotando o Supremo Tribunal Federal de instrumentos adequados para uma aferição mais precisa dos fatos e prognoses estabelecidos ou pressupostos pelo legislador. 2 Controle Concentrado de Constitucionalidade. Editora Saraiva. Páginas 158 e 159.

Portanto, nobre ministro, ainda, que no entender de Vossa Excelência, o pedido de amicus curiae tenha sido formulado extemporaneamente, haja vista o protocolo após liberação dos autos para julgamento, a participação do peticionário no processo objetivo deve manter-se, sob pena de esvaziar o instituto da amplitude da discussão da constitucionalidade das normas. O despacho toma por paradigma o julgado ADI 4.071-AgR, de relatoria do ministro Menezes Direito, no qual por maioria de votos o pleno do Supremo Tribunal Federal adotou o entendimento esposado por vossa excelência. Entretanto, o nobre ministro durante os debates acerca do indeferimento do amicus curiae formulado em sede agravo regimental, demonstrou posição condizente com a lógica do processo objetivo de controle de constitucionalidade e o alcance dos efeitos da decisão perante os jurisdicionados, entendendo Vossa Excelência, que deva permanecer entendimento equilibrado quanto à admissão do amicus curiae, ou seja, ainda que não seja permitida a sustentação oral, permite-se a juntada da manifestação como memoriais, o que deve ocorrer no caso em tela.

Protocolado o pedido de amicus curiae após a liberação dos autos para julgamento pelo pleno, talvez não seja mais possível a sustentação oral na tribuna, faculdade esta franqueada aos advogados por construção jurisprudencial dessa corte constitucional, mas não obsta a possibilidade de trazer ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal considerações e documentos hábeis a orientar o julgamento das ações referentes à constitucionalidade dos diplomas normativos. Outrossim, ante a importância do controle abstrato das normas e o interesse público no resultado do julgamento da ação por esse colegiado constitucional, necessário destacar que o ingresso do amicus curiae no processo não pode ser impedido por qualquer óbice de natureza cronológica, sob pena de não se alcançar a finalidade da lei que rege a ação direta de inconstitucionalidade. O próprio Supremo Tribunal Federal em atenção ao interesse público do debate constitucional, já se manifestou acerca da aceitação ainda que extemporânea do amicus curiae no feito. Leia-se a ementa a seguir transcrita 3 : 3 Ementa obtida no sítio do Supremo Tribunal Federal em 21 de setembro de 2009, com último acesso às 14:22: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarementa.asp?s1=000094592&base=baseacordaos

EMENTA: 1. Argüição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada com o objetivo de impugnar o art. 34 do Regulamento de Pessoal do Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social do Pará (IDESP), sob o fundamento de ofensa ao princípio federativo, no que diz respeito à autonomia dos Estados e Municípios (art. 60, 4o, CF/88) e à vedação constitucional de vinculação do salário mínimo para qualquer fim (art. 7º, IV, CF/88). 2. Existência de ADI contra a Lei nº 9.882/99 não constitui óbice à continuidade do julgamento de argüição de descumprimento de preceito fundamental ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal. 3. Admissão de amicus curiae mesmo após terem sido prestadas as informações 4. Norma impugnada que trata da remuneração do pessoal de autarquia estadual, vinculando o quadro de salários ao salário mínimo. 5. Cabimento da argüição de descumprimento de preceito fundamental (sob o prisma do art. 3º, V, da Lei nº 9.882/99) em virtude da existência de inúmeras decisões do Tribunal de Justiça do Pará em sentido manifestamente oposto à jurisprudência pacificada desta Corte quanto à vinculação de salários a múltiplos do salário mínimo. 6. Cabimento de argüição de descumprimento de preceito fundamental para solver controvérsia sobre legitimidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, inclusive anterior à Constituição (norma pré-constitucional). 7. Requisito de admissibilidade implícito relativo à relevância do interesse público presente no caso. 8. Governador de Estado detém aptidão processual plena para propor ação direta (ADIMC 127/AL, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 04.12.92), bem como argüição de descumprimento de preceito fundamental, constituindo-se verdadeira hipótese excepcional de jus postulandi. 9. ADPF configura modalidade de integração entre os modelos de perfil difuso e concentrado no Supremo Tribunal Federal. 10. Revogação da lei ou a to normativo não impede o exame da matéria em sede de ADPF, porque o que se postula nessa ação é a declaração de ilegitimidade ou de não-recepção da norma pela ordem constitucional superveniente. 11. Eventual cogitação sobre a inconstitucionalidade da norma impugnada em face da Constituição anterior, sob cujo império ela foi editada, não constitui óbice ao conhecimento da argüição de descumprimento de preceito fundamental, uma vez que nessa ação o que se persegue é a verificação da compatibilidade, ou não, da norma pré-constitucional com a ordem constitucional superveniente. 12. Caracterizada controvérsia relevante sobre a legitimidade do Decreto Estadual nº 4.307/86, que

aprovou o Regulamento de Pessoal do IDESP (Resolução do Conselho Administrativo nº 8/86), ambos anteriores à Constituição, em face de preceitos fundamentais da Constituição (art. 60, 4º, I, c/c art. 7º, inciso IV, in fine, da Constituição Federal) revela-se cabível a ADPF. 13. Princípio da subsidiariedade (art. 4o, 1o, da Lei no 9.882/99): inexistência de outro meio eficaz de sanar a lesão, compreendido no contexto da ordem constitucional global, como aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata. 14. A existência de processos ordinários e recursos extraordinários não deve excluir, a priori, a utilização da argüição de descumprimento de preceito fundamental, em virtude da feição marcadamente objetiva dessa ação. 15. Argüição de descumprimento de preceito fundamental julgada procedente para declarar a ilegitimidade (não-recepção) do Regulamento de Pessoal do extinto IDESP em face do princípio federativo e da proibição de vinculação de salários a múltiplos do salário mínimo (art. 60, 4º, I, c/c art. 7º, inciso IV, in fine, da Constituição Federal) (ADPF 33, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 07/12/2005, DJ 27-10-2006 PP-00031 EM(ENT VOL-02253-01 PP-00001 RTJ VOL-00199-03 PP- 00873) (grifamos). Ademais, a intervenção de interessados como o agravante na forma de amicus curiae busca trazer ao conhecimento dos julgadores novos fatos que se observam após a propositura da ação direta de inconstitucionalidade, como os relatos dos conflitos entre sindicalistas fomentadas por centrais sindicais, consoante os documentos acostados aos autos pelo agravante. A importância do debate de validade da norma ordinária em face do texto constitucional deve necessariamente prestigiar a intervenção de interessado na qualidade de amicus curiae. Aliás, a importância da participação no debate constitucional encontra contornos maiores que o formalismo processual.

A despeito da permissão da corte para a participação do amicus curiae no feito mediante o exercício do direito de voz, com o uso da tribuna, não se deve olvidar que antes da intercessão do patrono do interessado, o sistema processual brasileiro privilegia a manifestação escrita e documental, como fez o peticionário, o que torna possível a manutenção da petição nos autos e a consideração dos seus termos pelos demais ministros que ainda hão de proferir votos. Não se pode negar que preenchido os pressupostos de admissibilidade do amicus curiae, os argumentos trazidos ao feito pelo peticionário podem influir no espírito julgador dos demais ministros que não se pronunciaram sobre o tema. O ministro Gilmar Mendes, também no julgado paradigma que fundamentou a decisão de indeferimento de pedido de amicus curiae expôs, ainda que voto vencido, a evolução do posicionamento do Supremo Tribunal Federal no tocante à possibilidade sustentação oral dos admitidos no feito. Entretanto, a lei que regulamenta o procedimento da ação direta de inconstitucionalidade não prevê a possibilidade de sustentação oral, mas tão somente a juntada de manifestação e documentos por entidade que tenha interesse no pronunciamento da corte acerca da constitucionalidade da lei em análise.

Verifica-se que o debate estabelecido no ADI- AgR 4071 refere-se à possibilidade de sustentação oral do amicus curiae admitido, como óbice para o julgamento do feito, com o qual o peticionário concorda. Nessa esteira, ainda que não seja deferida a manifestação do peticionário na tribuna dessa egrégia corte, a sua manifestação traz elementos importantes para a apreciação da matéria, tais como os interesses escusos que se encontram por traz da Lei 11.648, de 31 de março de 2008, incentivadores de desestruturação do sistema sindical como delineado pela Constituição Federal de 1988. Ora, tendo em vista a preocupação dos efeitos sociais decorrentes da alteração legislativa decorrente da Lei 11.648, de 31 de março de 2008 a manifestação do peticionário deve ser mantida nos autos e apreciada pelos demais julgadores no momento da prolação do voto. Não se pode olvidar que se encontra em discussão a sustentabilidade do sistema sindical, como delineado na Constituição Federal, necessário para a observância da integridade dos princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF), os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV, CF) e a valorização do trabalho humano (art. 170, caput, CF), princípios e valores que não são respeitados por centrais sindicais destituídas de qualquer apego à proteção dos direitos daqueles que deveriam proteger: os trabalhadores.

Como exposto na petição de amicus curiae os conflitos entre as entidades sindicais de primeiro grau vêm se intensificando na medida em que centrais sindicais, atualmente inseridas no sistema de representação sindical, por força da lei objeto de aferição de constitucionalidade, na sede de aumentar o seu poder político e econômico fomentam conflitos armados como o ocorrido no município de Osasco 4. E ainda deve-se ressaltar que com o passar dos anos este Colendo Tribunal Constitucional tem se atentado para o princípio da instrumentalidade das formas com o objetivo de alcançar o julgamento das matérias de fundo. Verifica-se essa corrente com a admissão de embargos de declaração com efeito modificativo decorrente de premissa equivocada, exemplificativamente. Leia-se a ementa: EMENTA: Embargos de Declaração em Embargos de Declaração em Recurso Extraordinário. 2. Admissibilidade de efeito infringente ou modificativo do julgado, em face de premissa equivocada capaz de alterar o julgado. 3. Embargos declaratórios opostos pela parte vencida. Alegação de omissão, obscuridade e contradição. Inexistência. 4. Embargos de declaração rejeitados (RE 194662 ED-ED, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 31/05/2005, DJ 07-10-2005 PP- 00052 EMENT VOL-02208-02 PP-00480 RTJ VOL-00195-03 PP- 00993) 4 Para maiores esclarecimentos consultar o pedido de amicus curiae em que são anexadas ata notarial e laudo pericial acerca do confronto.

Logo, a decisão vergastada não se coaduna com o princípio da instrumentalidade das formas, mas sim com o rigor formal do procedimento, preocupante quando a própria Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999, não estipula prazo para o pedido de amicus curiae. Ressalte-se que a apreciação da manifestação do peticionário pelos demais ministros não redunda em prejuízo, uma vez que não prolatados votos nos termos do artigo 23, da Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999, como se depreende da leitura da decisão a seguir colacionada: Após os votos dos Senhores Ministros Joaquim Barbosa (Relator), Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso, julgando parcialmente procedente a ação direta para dar interpretação conforme ao caput do artigo 1º e seu respectivo inciso II da Lei 11.648/2008 e declarar a inconstitucionalidade da integralidade das modificações efetuadas pela referida lei nos artigos 589 e 591 da CLT, da expressão ou central sindical, contida nos 3º e 4º do artigo 590, bem como da expressão e às centrais sindicais, constante do caput do artigo 593 e de seu parágrafo único; o voto da Senhora Ministra Cármen Lúcia, julgando procedente a ação quanto ao artigo 1º, inciso II, e improcedente quanto aos artigos que modificaram o 589 e o 593 da CLT; e o voto do Senhor Ministro Marco Aurélio, julgando a ação improcedente, pediu vista dos autos o Senhor Ministro Eros Grau. Ausente, licenciado, o Senhor Ministro Menezes Direito. Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes. Plenário, 24.06.2009

Dessa maneira, requer-se o conhecimento do agravo regimental interposto, com a conseqüente reforma do despacho que indeferiu o pedido de amicus curiae, permitindo a apreciação dos termos da petição pelos demais ministros, o que garante a abertura do debate de congruência constitucional da Lei 11.648, de 31 de março de 2008. IV Pedido. Diante de todo o exposto requer-se o processamento do agravo regimental, com a aplicação do juízo de reconsideração, ou não sendo este o entendimento de Vossa Excelência, o regular processamento do agravo regimental com a conseqüente procedência e o provimento do recurso com o processamento do amicus curiae interposto. Nestes termos, Pede deferimento. São Paulo, 13 de novembro de 2009. Antonio Carlos Nobre Lacerda João Herbeth Martins Costa OAB/SP 114.565 OAB/SP 226.967