PARECER JURÍDICO Processo Licitatório nº017/2018 Pregão Presencial nº016/2018/srp/fundeb OBJETO:REGISTRO DE PREÇOS PARA FUTURA AQUISIÇÃO DE GÁS DE COZINHA (GLP) E VASILHAME PARA ATENDER A SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, COM FORNECIMENTO CONTÍNUO E FRACIONADO, DO ARAGUAIA-PA MUNICÍPIO DE SANTANA DO Os presentes autos de Processo Licitatório visa, pela modalidade Pregão Presencial, a contratar empresas para futura aquisição de Gás de Cozinha (GLP) e vasilhames para atender as necessidades da Secretaria Municipal de Educação, no município de Santana do Araguaia-PA. O certame teve início (fase interna) com observância de todos os requisitos legais. A fase externa foiinaugurada, também, conforme os ditames legais e pertinentes à modalidade licitatória Pregão Presencial. Após as devidas publicações para dar publicidade ao certame, na fase de lances, o procedimento transcorreu e atingiu seus objetivos com lances dos participantes em todos os itens previstos no Edital, sendo definidos os vencedores de acordo com o menor preço para cada item. Após isso, na etapa de HABILITAÇÃO e conferência de documentos para tal fim, discordâncias e inconformismos foram registrados e decisões tomadas pelo
Pregoeiro. As duas (02) empresas participantes do certame foram INABILITADAS e diante disso o Pregoeiro concedeu o prazo de oito (08) dias para ambas regularizarem as pendências e irregularidades detectadas na documentação. A empresa C.F.COSTA MARCELINO E CIA LTDA EPP apresentou recurso alegando em suas razões o seguinte:1)compareceu para participar do certame na data, hora e local estipulados no Editale apresentou os documentos necessários para habilitação e os fundamentos da decisão do Pregoeiro que a inabilitou destoa da legislação aplicável ao caso;2)que a empresa ARAGUAIA COMÉRCIO E TRANSPORTE DE GÁS LTDA-ME deve ser desclassificada em razão de vínculo matrimonial entre a representante da empresa licitante e servidor público municipal; 3)existe divergência de endereço constantes na documentação apresentada, pois no Alvará de Licença consta endereço diferente dos demais documentos; 4) há divergência no quadro societário da empresa perante a ANP;5)por fim, requer a DESCLASSIFICAÇÃO da empresa ARAGUAIA COMÉRCIO E TRANSPORTE DE GÁS e requereu provimento ao seu recurso para o fim de habilitar a recorrente. Diante disso, os autos vieram para análise jurídica dos fundamentos levantados em razões e contrarrazões recursais, sobre as quais passamos a discorrer e analisar. A concessão de prazo concedida para as empresas no tocante a regularização dos documentos está fundamentada na legislação. O procedimento regulado no 3 do artigo 48 da vigente Lei Federal de n. 8.666/1993 é possível de ser adotado tanto para a fase de habilitação, quanto para a fase das propostas de preço, portanto, pouco importa o momento no qual se verifique a impossibilidade de se concluir o certame com um único licitante a quem possa ser adjudicado o objeto licitado. Deve sim a Administração Pública adotar o procedimento em questão e conceder o prazo de 08 (oito) dias para que se corrija a documentação de habilitação ou a proposta de preço, sempre que em cada em cada uma das referidas fases, inexista licitante hábil a prosseguir no processo licitatório. Com efeito, a
concessão do prazo para sanar o vício é perfeitamente admitida pela legislação na hipótese de todos os participantes serem inabilitados por irregularidade na documentação. CIA LTDA EPP merece provimento parcial. O recurso apresentado pela empresa C. F. COSTA MARCELINO E Os requisitos para sua habilitação encontram-se nos autos. O atestado de capacidade técnica tem por objetivo dar segurança e confiança para o ente público contratante, no caso o município de Santana do Araguaia,no que diz respeito ao atendimento das demandas objeto de licitação e comprovar que a empresa participante da licitação terá condições de fornecer aquilo que for contratado. Nesse norte, é preciso destacar, ainda,que o ATESTADO DE CAPACIDADE TÉCNICA juntado/apresentado EMORIGINAL pela empresa C. F. COSTA MARCELINO E CIA LTDA EPP,juntamentecom as suas razões de recurso, foi emitido pela própria prefeitura municipal de Santana do Araguaia-PA e sanou anterior irregularidade. No mesmo ato (razões recursais), a empresa apresentou cópias autenticadas do contrato social (de todas as páginas do contrato social). Desta forma, inabilitar a empresa C. F. COSTA MARCELINO E CIA LTDA EPPé contrariar a expressão da verdade real sobre sua real constituição da empresa e sua capacidade técnica da empresa em fornecer o que é objeto do presente processo licitatório. LTDA EPP devidamente HABILITADA. Recomenda-se declarar a empresac. F. COSTA MARCELINO E CIA No que diz respeito a habilitação da empresa ARAGUAIA COMÉRCIO E TRANSPORTE DE GÁS esta apresentou os documentos às fls., que consta o
Certificado de autorização de GLP expedido pela ANP e o competente Certificado do Corpo de Bombeiros. No que se refere ao parentesco entre servidor público e a sócia da empresa ARAGUAIA COMÉRCIO E TRANSPORTE DE GÁS, o recurso da empresa C. F. COSTA MARCELINO E CIA LTDA EPP não procede. A lei 8.666/93, em seu art.9º impede que o servidor público participe do certame licitatório da entidade licitante, mas essa restrição é taxativa e não comporta interpretação extensiva. Vejamos a Lei 8.666/93: Art. 9 o Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários: I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica; II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado; III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação. 1 o É permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração interessada. 2 o O disposto neste artigo não impede a licitação ou contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de projeto executivo
como encargo do contratado ou pelo preço previamente fixado pela Administração. 3 o Considera-se participação indireta, para fins do disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários. 4 o O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos membros da comissão de licitação. O que a lei veda, por analogia,é a participação de licitante que possua relação de parentesco com o gestor ou pessoas envolvidas no procedimento licitatório a fim de evitar e impedir o administrador de passar informações relevantes e privilegiadas ao licitante parental, contribuindo para que esse pudesse vencer o processo. O parente do servidor público que não tem participação direta na elaboração do termo de referência, edital, minuta contratual e de outros atos do procedimento não pode ser impedido de participar do processo licitatório. A sócia cotista casada com um servidor público efetivo só não pode participar do certame licitatório se esse servidor tiver poder de influência e participação nos atos/procedimentos licitatórios, o que não é caso em análise. A sócia ADRIANA RIBEIRO SILVEIRA LIMA é casada com um servidor público municipal que exerce a função de ASSISTENTE ADMINISTRATIVO, no cargo de provimento por concurso público, sem qualquer poder decisório na gestão municipal, em especial no tocante aos procedimentos licitatórios.
Desta forma,não tem procedência suscitar desconfianças sobre favorecimento com informações privilegiadas até porque o procedimento licitatório é público, com dados e informações acessíveis a todos os interessados, conferindo aos participantes todas as informações que entenderem pertinentes. Frise-se que, se partirmos do pressuposto de que parente de servidor público, sem poder de gestão, não possa participar de certame licitatório, estaríamos inviabilizando quase que a totalidade das empresas brasileiras de participarem de licitações Federais, haja vista que, em quase cem porcento (100%) das famílias brasileiras existem membros que são servidores públicos federais e parentes de sócios de empresas. No mesmo norte, quanto às licitações do Estado e municípios, pois difícil encontrar uma família, também, que não tenha um servidor público estadual e municipal no local da licitação. Necessário se faz observar que pelo princípio da razoabilidade não é razoável e nem legítimo impedir que um parente de um servidorsem INFLUÊNCIA E SEM GESTÃO no órgão público fique impedido de competir em certames licitatórios patrocinados pelo órgão empregador do servidor. Em relação a DIVERGÊNCIA DE ENDEREÇO constante do Alvará de Licença e demais documentos apresentados não procede o pedido de inabilitação da empresa ARAGUAIA COMÉRCIO E TRANSPORTE DE GÁS. Verifica-se que na verdade ocorreu um erro de digitação por parte da própria administração municipal quando expediu o referido Alvará, pois que toda a documentação desta empresa demonstra que seu endereço é na Av. José Henrique Bairro Recanto quadra 27 lote 28, na cidade de Santana do Araguaia. Aliás, o número do lote e quadra, bem como nome do bairro, constante de todos os documentos é o mesmo (quadra 27, lote 28). Destarte, não procede o pedido de inabilitação por divergência de endereço. A outra alegação recursal da empresa recorrente é que o quadro societário constante de registro na ANP é diferente do atual quadro societário. Alega que
antes do atual quadro o que constava na ANP era o nome do servidor público JUAN DA CRUZ LIMA e seu sogro Gildásio Alves Silveira, o que levaria a caracterizar afronta a legislação. Não procede o pleito recursal. A constituição da empresa é verificada pelo seu contrato social, certidão da JUCEPA e demais documentos, onde fica claro que o Sr. JUAN DA CRUZ LIMA e o Sr. GILDÁSIO ALVES SILVEIRA já foram sócios da empresa mas atualmente não são componentes do quadro societário. As alterações contratuais da empresa demonstram a retirada dos mesmos. Ademais, a Certidão simplificada digital da JUCEPA comprova os dados necessários e constitutivos da empresa, o que faz registro nesse ato pois lá consta o ENDEREÇO DO ESTABELECIMENTO, OBJETO SOCIAL, CAPITAL SOCIAL, QUADRO DE SÓCIOS E ADMINISTRADORES, etc. O que se analisa no certame licitatório são os documentos atuais da empresa. Há de registrar por fim, para todas as hipóteses acima analisadas, que a jurisprudência do TCU é no sentido de que o ato convocatório deve estabelecer as regras para a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, não se admitindo cláusulas desnecessárias ou inadequadas, que restrinjam o caráter competitivo do certame (Acórdãos 885/2011-TCU-Plenário, Relator Augusto Sherman; 1.028/2011-TCU-Plenário, Relator André de Carvalho; 2.796/2011-TCU-2ª Câmara, Relator Raimundo Carreiro; 168/2009-TCU-Plenário, Relator José Jorge; 1.745/2009-TCU-Plenário, Relator Marcos Bemquerer; 3.966/2009-TCU-2ª Câmara, Relator Benjamin Zymler; 4.300/2009-TCU-2ª Câmara, Relator Aroldo Cedraz; 6.233/2009-TCU-1ª Câmara, Relator Marcos Bemquerer; 354/2008-Plenário, Relator Augusto Nardes). Dessa forma, a exigência de requisitos excessivos ou desarrazoados configura ato irregular, por restringir a participação dos licitantes, ofendendo os princípios constitucionais que regulam a licitação. Diante do exposto, esta assessoria jurídica, recomenda que: sejam consideradas aptas e habilitadas as duas (02) empresas anteriormente inabilitadas.
fins de direito. ESTADO DO PARÁ Eis o parecer que leva à apreciação da autoridade julgadora para os Santana do Araguaia-PA, 16 de março de 2018. WILIANE RODRIGUES AMORIM Advogada - OAB/PA 23.896