OBJETO: Recurso Hierárquico promovido pela empresa SANDRO FRAGA SANTOS - EPP, contra decisão que julgou desclassificadas suas respectivas propostas.

Transcrição

1 PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 0150/2017 PREGÃO PRESENCIAL SRP Nº 032/2017 OBJETO: Recurso Hierárquico promovido pela empresa SANDRO FRAGA SANTOS - EPP, contra decisão que julgou desclassificadas suas respectivas propostas. Aos oito dias do mês de agosto de dois mil e dezessete promoveu a empresa SANDRO FRAGA SANTOS - EPP, recurso hierárquico contra decisão que julgou-a inabilitada, após sagrar-se vencedora na etapa de lances, bem como contra decisão que julgou habilitada a empresa MUNDIAL PNEUS ITABERA EIRELI - EPP, declarando-a vencedora do certame. Argumenta em seu recurso, ser facultado a abertura de diligência, na forma do art. 43, 3º da Lei Federal nº 8.666/93, sobretudo porque a documentação exigida fora apresentada, ainda que em forma simples e desacompanhada dos originais, sendo indevida a sua inabilitação sem que fosse aberta a aludida diligência. Requer a reconsideração da decisão por parte deste Pregoeiro, ou o seu encaminhamento para julgamento pela autoridade competente. Não houve apresentação de contrarrazões. Muito embora este Pregoeiro tenha seguido o edital de forma estrita, considerando o teor das alegações, sobretudo citando decisões do TCU, solicito da Assessoria Jurídica da Prefeitura Municipal a emissão de parecer sobre os fundamentos do recurso, antes de manter ou reconsiderar a decisão adotada em sessão. Nilo Peçanha/BA, 11 de agosto de Diego Anselmo Passos Santos Mendes Pregoeiro

2 PARECER JURÍDICO PROCESSO: Pregão Presencial SRP Nº PP 032/2017 OBJETO: Recurso Hierárquico promovido pela empresa SANDRO FRAGA SANTOS - ME, contra decisão que julgou desclassificadas suas respectivas propostas. RELATÓRIO: Trata-se de recurso manejado pela empresa SANDRO FRAGA SANTOS, recurso hierárquico contra decisão que a julgou inabilitada, após sagrar-se vencedora na etapa de lances, bem como contra decisão que julgou habilitada a empresa MUNDIAL PNEUS ITABERA, declarando-a vencedora do certame, por não possuir CNAE para serviços de reparos em pneus. Em seu Recurso, argumenta ter sido indevida e precipitada sua inabilitação, uma vez que deveria ter sido determinada a abertura de diligência, na forma do art. 43, 3º da Lei 8.666/93, sobretudo porque a documentação exigida fora apresentada, ainda que em forma simples e desacompanhada dos originais. Cita decisões do TCU neste sentido. MÉRITO: Não foram ofertadas contrarrazões. Sendo este o breve relato sintético, passo a opinar. O artigo 3º da Lei de Licitações preleciona a busca da seleção da proposta mais vantajosa para a administração: Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. O Mestre Edgar Guimarães sobre a missão do agente público no tocante a seleção da proposta mais vantajosa: No decorrer da licitação, que é voltada a uma finalidade específica, qual seja, a seleção da proposta mais vantajosa ao interesse público, o órgão julgador responsável pela condução dos trabalhos e processamento de todo o certame, seja ele colegiado ou singular comissão de licitação ou pregoeiro, poderá, por vezes, deparar-se com dificuldades para tomada de decisões em face de questões incidentais ou até mesmo de obscuridades. De fato, percebe-se que o Pregoeiro seguiu o edital, como é seu mister, de forma

3 estritamente objetiva, uma vez que, de fato, o licitante Recorrente deixou de apresentar em sessão as vias originais dos documentos que constavam do seu envelope de habilitação, para conferência e autenticação. Contudo, inobstante tal falha, entendemos que deveria ter sido apreciado não apenas a forma de apresentação, mas também se os documentos, ainda que em cópia simples, atendiam as exigências de habilitação ou não e no caso, de fato, atendem. Uma vez que os documentos atendem as exigências de habilitação, ainda que apresentados com falha na sua forma, de fato a faculdade conferida no art. 43, 3º da Lei 8.666/93 deve ser entendida como um dever, sobretudo em louvor ao objetivo principal da licitação, que é a busca da proposta mais vantajosa. Vejamos o que diz o dispositivo: Art. 43. (...) (...) 3º. É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria constar originariamente da proposta A diligência não é simples faculdade de uma COPEL ou do Pregoeiro, mas mostra-se como dever quando a diligência visa unicamente elucidar uma situação de fato, no caso, a autenticidade da documentação apresentada, uma vez que materialmente a mesma satisfaz as exigências de habilitação. A abertura de diligência só não é recomendada quando o documento ou informação que deveria constar da proposta ou habilitação, não é apresentado. Aqui, repita-se, houve mera inobservância quanto a forma de apresentação exigida no Edital, mas se trata de formalidade não essencial, perfeitamente sanável. E de fato não apenas o TCU, consoante os acórdãos 1795/2015, 3615/2013 e 3418/2014 citados no Recurso, como também os Tribunais, vem afastando o excesso de rigor formal nas licitações: ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EXIGÊNCIA EDITALÍCIA. CERTIDÃO DE REGISTRO NO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO. ALVARÁ DE HABILITAÇÃO. PROVA DO REGISTRO E DO RAMO DE ATUAÇÃO. FINALIDADE DA EXIGÊNCIA. EXCESSO DE FORMALISMO. ILEGALIDADE. 1. Em que pese estar a Administração Pública vinculada às condições do Edital (art. 41, Lei 8.666/93), CONFIGURARIA DEMASIADO APEGO AO RIGOR FORMAL A EXCLUSÃO DO CERTAME LICITATÓRIO DE EMPRESAS QUE, EMBORA NÃO TENHAM APRESENTADO A CERTIDÃO DE REGISTRO NO CRA, APRESENTARAM O ALVARÁ DE HABILITAÇÃO, IGUALMENTE EXPEDIDO PELO CONSELHO REGIONAL, QUE COMPROVA NÃO

4 SOMENTE O REGISTRO PERANTE A ENTIDADE PROFISSIONAL COMO TAMBÉM O RAMO DE ATUAÇÃO DA EMPRESA, ALCANÇANDO A FINALIDADE DA EXIGÊNCIA EDITALÍCIA. 2. Segurança denegada. (TRF. 1ª Região. MS MS - MANDADO DE SEGURANÇA Relator(a) DESEMBARGADORA FEDERAL SELENE MARIA DE ALMEIDA Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador TERCEIRA SEÇÃO Fonte DJ DATA:07/11/2003 PAGINA:03) ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICITAÇÃO. MODALIDADE CONVITE. EXIGÊNCIA DO EDITAL COMPROVADA POR MEIO DE DILIGÊNCIA DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO. 1. A não classificação de empresa que deixou de juntar atestado de regularidade de enfermeira do trabalho perante sua entidade de classe, IMPLICA PRESTÍGIO AO EXCESSO DE FORMALISMO EM DETRIMENTO DO INTERESSE PÚBLICO, SE A COMISSÃO DE LICITAÇÃO CONFIRMOU A REGULARIDADE DO REGISTRO EXIGIDO, AO REALIZAR DILIGÊNCIA JUNTO AO COREN, PROCEDIMENTO PREVISTO NO DECRETO 2.745/ Caso em que o edital da licitação exige dos licitantes documentos que comprovem que possuem eles em seus quadros profissionais Enfermeiro(a) do Trabalho, por meio de apresentação da CTPS assinada ou contrato de trabalho ou da ficha de registro funcional, bem assim de Certidão Registro de Quitação em nome do respectivo profissional indicado junto ao COREN. 3. Agravo interno desprovido. (TRF. 1ª Regiao. AGTAG AGTAG - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - Relator(a) DESEMBARGADOR FEDERAL FAGUNDES DE DEUS Sigla do órgão TRF1 Órgão julgador QUINTA TURMA Fonte e-djf1 DATA:22/11/2010 PAGINA:252) Entendemos assim que há fundamento e merece ser reconsiderada a decisão que a inabilitou, para abertura de diligência, para que a mesma apresente as vias originais dos documentos de habilitação, para sua devida conferência e autenticação, ato contínuo, cumprida a diligência, julgá-la habilitada. No que tange as alegações referentes à inabilitação da empresa MUNDIAL PNEUS ITABERA, entendemos que os fundamentos do recurso não prosperam, uma vez que da atividade principal da mesma, é possível a consecução dos serviços de reparo de pneus. CONCLUSÃO: Ante o exposto, opina-se pela procedência parcial do recurso, no sentido de ser reconsiderada a decisão que julgou a Recorrente SANDRO FRAGA SANTOS inabilitada, promovendo a diligência acima citada para, uma vez cumprida, julgá-la habilitada.

5 É o parecer, SMJ. Nilo Peçanha Bahia, 23 de agosto de ANDRÉ DIAS FERRAZ Consultor Jurídico

6 DECISÃO PREGÃO PRESENCIAL SRP Nº 032/2017 O PREGOEIRO OFICIAL DO MUNICÍPIO DE NILO PEÇANHA BAHIA, no uso de suas atribuições legais, em conformidade com o disposto no Art. 109, 4º, da Lei Federal nº 8.666/93. RESOLVE: Acolher como relatório e fundamento de decidir o parecer exarado pela Consultoria Jurídica da Prefeitura Municipal, para reconsiderar a decisão adotada em sessão que julgou a empresa SANDRO FRAGA SANTOS - EPP inabilitada, ato contínuo, convertendo o julgamento em diligência, para que a mesma apresente as vias originais dos documentos de habilitação no dia 29/08/2017 às 09 (nove) horas, para devida conferência e autenticação, quando então se decidirá ou não pela sua habilitação. Nilo Peçanha/BA, 24 de agosto de Diego Anselmo Passos Santos Mendes Pregoeiro

7 AVISO DE RESULTADO DE JULGAMENTO DE RECURSO Referente Pregão Presencial - SRP nº 032/2017 O Pregoeiro Oficial da Prefeitura Municipal de Nilo Peçanha - Bahia, comunica aos interessados que, após análise das argumentações despendidas pela Recorrente SANDRO FRAGA SANTOS - EPP pelo Pregoeiro e Assessoria Jurídica do Município, entendeu-se pelo acolhimento parcial do Recurso, para reconsiderar a decisão adotada em sessão que julgou a empresa SANDRO FRAGA SANTOS - EPP inabilitada, ato contínuo, convertendo o julgamento em diligência, para que a mesma apresente as vias originais dos documentos de habilitação no dia 29/08/2017 às 09 (nove) horas, para devida conferência e autenticação, quando então se decidirá ou não pela sua habilitação. Nilo Peçanha - BA, 24 de agosto de Diego Anselmo Passos Santos Mendes - Pregoeiro.