25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas
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- Sandra Gonçalves Bastos
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1 JUVENTUDE E TRABALHO RURAL: ANÁLISE DOS PROCESSOS MIGRATÓRIOS NA REGIÃO CENTRO-SUL TOCANTINENSE A PARTIS DA EXPERIÊNCIA DA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE PORTO NACIONAL: Nome dos autores: José Pedro Cabrera Cabral, Cesar Alvarenga Santiago. Cesar Alvarenga Santiago 1 ; José Pedro Cabrera Cabral 2. 1 Aluno do Curso de Licenciatura em História; Campus de Porto Nacional; cesarsantiago@uft.edu.br. PIBIC/CNPq 2 Orientador do Curso de Licenciatura em História; Campus de Porto Nacional; josepedro@mail.uft.edu.br. RESUMO O êxodo rural, fenômeno em que ocorre o abandono do campo para a cidade em busca de melhores condições de vida, tem apresentado elevados índices de crescimento no Brasil, visto que o campo para alguns é sinônimo de atraso tecnológico, relacionado a um modelo de vida extremamente árduo e sem reconhecimento social. Apesar de pesquisas apontarem para a viabilidade da agricultura familiar, a educação é um dos motivos fundamentais que tem levado ao êxodo dos jovens. Sem qualificação suficiente o destino dos mesmos é a inserção em empregos de baixa produtividade e baixa remuneração nos centros urbanos ou até mesmo o desemprego. Há despreparo em lidar com as terras de baixa fertilidade, escassez de água, deficiência na organização comunitária, dependência externa para questões produtivas e ainda a falta de escolarização e difícil acesso à escola. Diante desse contexto, este trabalho visou analisar e identificar os diversos processos migratórios da juventude rural na região centro-sul tocantinense, analisar na juventude rural as causas do êxodo rural e suas modalidades, relacionar processos educacionais e sua contribuição para a permanência da juventude na zona rural, comparar os anseios de jovens tocantinenses assentados da reforma agrária e jovens não assentados e por fim observar a efetividade das políticas públicas de permanência no campo para a juventude e sua aplicação na região. Palavras-chave: Agricultura familiar; êxodo rural; juventude. INTRODUÇÃO Desde os anos de 1950 que políticas públicas para o meio rural latino americano vêm sendo elaboradas por instituições multinacionais pautadas no paradigma do desenvolvimento rural. Por sua vez, a proposta de desenvolvimento territorial rural latino-americano tem como objetivo central combater a pobreza rural, articulando, por Página 1
2 um lado, economia do território com mercados dinâmicos, e por outro, estimulando o consenso entre os diferentes atores sociais locais reunidos entre si associados a atores externos. Com isso, o Estado atual segue na direção do reducionismo nas áreas em que são tradicionalmente de sua competência, tratando as políticas sociais como matérias de negociação, sem, no entanto, perder suas funções de controle e regulação A modernização agrícola e a inovação tecnológica transformaram as bases da agricultura, modificando os níveis de exploração do trabalhador rural e alterando o espaço agrícola e as condições de vida dos trabalhadores do campo. Com a expansão do capital via modernização agrícola e concentração da terra, promoveu-se o êxodo rural e o acirramento do conflito capital x trabalho, expressos nos conflitos de terra e nos movimentos pela garantia de direitos. A proposta deste capítulo consiste em analisar os diferentes processos migratórios da juventude rural na região centro-sul tocantinense. Para alcançar tal objetivo a cinco questões fundamentais que devem ser respondidas: Quais os processos migratórios da juventude rural na região centro-sul tocantinense? O que tem motivado o êxodo entre a juventude rural e quais seriam as modalidades desta problemática? Quais as relações entre os diversos processos educacionais e sua contribuição para a permanência da juventude na região rural? Considerando a juventude rural tocantinense em duas categorias: os jovens assentados da reforma agrária e os jovens agricultores familiares oriundos da pequena propriedade, quais seriam os anseios de ambas as categorias? A aplicação das políticas públicas de permanência no campo para a juventude tem sido efetiva na região? Ao entrevistar 400 estudantes com idade entre 15 e 29 anos, matriculados no 3º ano do ensino médio em escolas do centro-sul tocantinense que adotam a pedagogia da alternância como sistema metodológico de ensino, pode-se constatar que há duas categorias diferenciadas de alunos: os oriundos da agricultura familiar e os assentados da reforma agrária. Partindo desse pressuposto, cabe questionar a efetividade das atuais políticas para a juventude rural, que tem sido beneficiada com políticas generalizantes, desconsiderando as especificidades de cada categoria rural e as intenções entre a permanência e a migração. Página 2
3 MATERIAL E MÉTODOS Com a finalidade de analisar os diferentes processos migratórios da juventude rural na região centro sul tocantinense, se aplicaram questionários a 400 alunos com idade entre 15 e 29 anos. Estes estavam devidamente matriculados no 3º ano do ensino médio nas seguintes escolas: Escola Família Agrícola de Porto Nacional, Escola Municipal de Educação no Campo Chico Mendes em Porto Nacional, Escola Estadual Brigadas Che Guevara, em Monte do Carmo. Realizaram-se 40 entrevistas semi-estruturadas (20 com jovens da agricultura familiar e 20 com jovens dos assentamentos de reforma agrária) como forma de complementar as informações obtidas através dos questionários. As entrevistas foram realizadas no período de 20 de abril a 22 de novembro de 2013 nas respectivas escolas. A partir da tabulação dos dados obtidos pelos questionários aplicados aos alunos, optou-se por trabalhar com duas categorias diferenciadas: alunos oriundos da agricultura familiar da pequena propriedade e alunos assentados da reforma agrária. Foram aplicados 200 questionários a cada categoria. Os jovens da agricultura familiar que participaram da pesquisa são residentes dos municípios de Monte do Carmo, Silvanópolis e Porto Nacional, enquanto que os 200 jovens assentados da reforma agrária residem no município de Monte do Carmo. Os procedimentos metodológicos para a obtenção das informações se deram a partir de 1)aplicação de questionários com os alunos que se encontram na faixa etária proposta; 2)aplicação de questionários com os professores destas escolas e 3) análise das informações constantes no banco de dados do Centro de Capacitação de Jovens da Agricultura Familiar da Escola Família Agrícola de Porto Nacional. Tais informações foram originadas a partir dos encontros e seminários com os agricultores familiares da região. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em ambas as categorias, agricultores familiares e assentados da reforma agrária, a participação masculina (65% e 52%, respectivamente) sobressaiu em detrimento à participação das mulheres (35% e 48%). Portanto, há expressiva participação das mulheres, sobretudo assentadas. O período de residência entre os assentados pesquisados não ultrapassam 10 anos. Em Página 3
4 contrapartida, 25% dos jovens da agricultura moram no campo entre 1 a 5 anos e 5 a 10 anos, respectivamente. Isso mostra que a reforma agrária é viável e necessária para o estabelecimento de unidades produtivas, pois os jovens assentados tendem a permanecer no meio rural após a aquisição da terra. Referente aos agricultores familiares percebe-se uma leve tendência a evasão ainda nos anos iniciais da juventude, bem como após seu término Entre os jovens da agricultura familiar 73% manifestaram que a renda familiar mensal não ultrapassa um salário mínimo. Em relação aos assentados, apenas 2% recebem entre 3 e 5 salários, 8% entre 2 e 3 salários e 90% manifestaram ter renda mensal de até 1 salário mínimo. A composição principal dessas rendas tem origem em programas sociais do governo federal. Enquanto 43% dos agricultores familiares manifestaram receber benéficos governamentais, 90% dos assentados afirmaram ser beneficiários do Programa Bolsa Família. A renda familiar dos agricultores ainda é composta por: 30% de atividades produtivas na propriedade, 12% oriunda de aposentadorias ou pensões, 10% de trabalho assalariado registrado extrapredial, 3% de emprego público. Entre os assentados a renda é complementada por: 14% de atividades produtivas na propriedade, 18% oriunda de aposentadorias ou pensões, 2% de trabalho assalariado registrado extrapredial, 9% de emprego público e, 5% de prestação de serviços. Conclui-se que a renda familiar dos assentados da reforma agrária, é quase que absolutamente dependente de programas governamentais, a pluriatividade, sobretudo em trabalhos informais, é fundamental para compor uma renda mínima. Porém, os agricultores dependem mais da atividade produtiva da terra, contando ainda com emprego formalizado. Sobre a intenção de permanecer ou não no campo após a conclusão do ensino médio, apenas 12% dos agricultores querem ir para a cidade a fim de concluir os estudos, enquanto que 68% desejam migrar em busca de melhores condições de trabalho. Em contrapartida, 17% dos agricultores familiares desejam permanecer na propriedade familiar. Entre os jovens assentados os resultados encontrados foram bem diferentes. O desejo por formação educacional, 25% dos entrevistados, supera a busca por trabalho e renda, 11%. Porém, 59% dos jovens manifestaram o desejo de permanecer na propriedade familiar após a conclusão do ensino médio. Muitas dos estudos acadêmicos têm apontado a busca por educação como um dos principais motivos da migração dos jovens para os centros urbanos. Se o problema é educação, a solução está posta: acesso à educação pública com conteúdo teórico-pedagógico apropriado à realidade do campo, associado à oferta de educação continuada nos assentamentos. Página 4
5 LITERATURA CITADA 25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas BRASIL. Ministério da Educação (MEC); Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Pesquisa Nacional da Educação na Reforma Agrária (PNERA). Brasília: MEC/Inep/MDA/Incra/Pronera, Disponível em: Acesso em: 08 fev CASTRO, Elisa Guaraná de. Juventude rural no Brasil: processos de exclusão e a construção de um ator político. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, v. 7, n 1, enerojunio, 2009, p IBGE. Censo agropecuário 2006: agricultura familiar Brasil grandes regiões. Rio de Janeiro: IBGE. Censo Rio de Janeiro: IBGE, MDA-INCRA. Relatório da diretoria de obtenção de terras e implantação de projetos de assentamentos. INCRA: Brasília, impresso, 10/02/2011. MARIN, Joel Orlando Bevilaqua. Juventud rural: una invención del capitalismo industrial. Estudios Sociológicos, v. XXVII, n. 80, maio-ago, 2009, p MENDRAS, Henri. Sociedades camponesas. Rio de Janeiro, Zahar Editores, PAIS, José Machado. Culturas juvenis, 2. Ed. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, RUA, Maria das Graças. As políticas públicas e a juventude dos anos 90. In:. Jovens acontecendo na trilha das políticas públicas. 2 v. Brasília: CNPD, p , UNEFAB. União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil. Disponível em: Acesso em: 28 fev WEISHEIMER, Nilson. Estudos sobre os jovens rurais do Brasil: mapeando o debate acadêmico. Brasília: NEAD/MDA, ZAGO, Nadir; BORDIGNON, Cristina. Juventude rural no contexto da agricultura familiar: migração e investimento nos estudos. IX ANPED SUL Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul AGRADECIMENTOS Agradeço o apoio do professor orientador José Cabrera durante o tempo de pesquisa, à UFT e seus colaboradores e ao CNPq pela oportunidade de estágio. "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil" "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT Página 5
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